BOE AMPLIA CAUTELA EXTERNA E PENALIZA ATIVOS DOMÉSTICOS NO PRÉ-FERIADO

Blog, Cenário

O clima externo já estava avesso ao risco desde a manhã desta terça-feira, com a notícia de recrudescimento da covid-19 na China, a tensão crescente no Leste Europeu e a expectativa com dados de inflação dos Estados Unidos. Mas a situação piorou quando o Banco da Inglaterra (BoE) confirmou que, mesmo com a pressão do mercado, vai encerrar nesta semana o programa temporário de compras de bônus para conter a disparada dos juros da dívida britânica. O presidente do BC inglês, Andrew Bailey, reforçou o discurso de que a intervenção foi pontual, com foco na estabilidade financeira. "Vocês têm três dias para resolver isso", disse o BoE a fundos de pensão, conforme relato de Bailey nesta tarde em evento do Instituto de Finanças Internacionais (IIF). O recado do BoE penalizou, de imediato, a libra, que mergulhou a US$ 1,09 e, consequentemente, impulsionou o dólar na cesta do DXY. Depois de ensaiarem algum fôlego no começo da tarde, as bolsas americanas viraram para o vermelho, com perda mais pronunciada no Nasdaq (-1,10%). Ao fim, o Dow Jones conseguiu voltar ao azul (+0,12%), com apoio de ações de consumo. Os juros de Treasuries de prazo mais longo subiram. No Brasil, a cautela externa se amplificou com a sessão pré-feriado de Nossa Senhora Aparecida, uma vez que a agenda lá fora é recheada amanhã (só nos EUA saem o PPI e a ata do Fomc). O dólar à vista fechou em R$ 5,2722 (+1,57%) e o Ibovespa caiu aos 114.827,12 pontos (-0,96%). Real e Bolsa caíram, assim, ao menor nível desde a sexta-feira antes do primeiro turno da eleição presidencial. Os juros futuros tiveram também avanço firme, com o IPCA levemente acima do esperado sendo mais monitorado do efetivamente fazendo preço.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em discurso nesta tarde, o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, defendeu o caráter limitado das ações para apoiar a estabilidade financeira, o que pressionou a libra. As perspectivas de aperto monetário voltaram a pesar sobre ativos de risco, em dia de revisões para baixo nas projeções econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI). O petróleo recuou, de olho em uma eventual queda na demanda. As bolsas de Nova York fecharam em baixa, com o Nasdaq renovando sua mínima em dois anos, e os rendimentos dos Treasuries operaram mistos.

Bailey afirmou hoje que a instituição tem lidado com um quadro de "muita volatilidade" nos mercados britânicos nas últimas semanas. Mais cedo, o BoE anunciou a compra de Gilts indexados, para tentar conter o que considera risco de "disfunções" nos mercados. Bailey lembrou nesta tarde que a duração prevista para esse programa é apenas até esta sexta-feira. Segundo ele, o BoE nesse sentido enviou uma mensagem aos fundos de pensão de que "vocês têm três dias para resolver". Ao final da tarde, a libra recuava a US$ 1,0986. Enquanto isso, o euro operava estável, em US$ 0,9711, e o índice DXY fechou com avanço de 0,07%, a 113,221 pontos.

Ainda hoje, a presidente do Federal Reserve (Fed) de Cleveland, Loretta Mester, voltou a afirmar que não prevê cortes nas taxas dos Fed Funds no próximo ano. Segundo Mester, a inflação "inaceitavelmente alta e persistente" continua sendo o principal desafio, assim como as interrupções na cadeia de suprimentos. Dessa forma, para ela, o BC americano precisa continuar a aumentar as taxas de juros. Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, os investidores estão nervosos com os dados de inflação desta semana, e as chamadas de aperto do Fed exigirão aumentos mais agressivos além de novembro. "Podemos estar vendo outra grande rodada de vendas", avalia. "O cenário macro continua ficando mais feio devido à última escalada com a guerra na Ucrânia e os crescentes temores de que a estagflação possa forçar os banqueiros centrais globalmente a permanecerem agressivos com o aperto e isso desencadeará recessões severas" projeta.

Hoje, o diretor do Departamento de Pesquisas do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, alertou que a China se mostra uma "exceção importante", no contexto global de normalização da atividade, após o auge dos impactos da pandemia da covid-19. Além disso, o Fundo alertou que "o pior está por vir" para e economia global. Neste cenário, o petróleo voltou a cair, após as fortes altas da última semana, acima de 16%. O contrato do petróleo WTI para novembro fechou em baixa de 1,95% (US$ 1,78), a US$ 89,35 o barril, e o Brent para dezembro caiu 1,97% (US$ 1,90), a US$ 94,29 o barril.

Em Nova York, as ações de tecnologia estão nas mínimas de dois anos no caos do mercado de títulos e nas expectativas de uma temporada de balanços sombria, aponta Moya. "Parece que muitos investidores estão apenas esperando para ver se as ações dos EUA caem mais 5% ou 10% antes de fazer algumas apostas de longo prazo", avalia. Além disso, as empresas de chips estão sendo duramente atingidas após uma nova rodada de restrições à tecnologia chinesa de ponta, lembra. Intel (-0,63%) e Nvidia (-0,72%) recuaram. O S&P 500 recuou 0,65%, a 3.588,84 pontos e Nasdaq baixou 1,10%, a 10.426,19 pontos. Na contramão, o Dow Jones subiu 0,12%. Na Europa, o cenário também foi de perdas, com FTSE 100 caindo 1,06% em Londres e DAX recuando 0,43% em Frankfurt.

Nos juros dos Treasuries, ao final da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos tinha baixa a 4,299%, o da de 10 anos subia a 3,933% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,909%. (Matheus Andrade - [email protected])

CÂMBIO

Uma onda de fortalecimento da moeda americana no exterior ao longo da tarde, após dirigente do Banco da Inglaterra (BoE) confirmar o fim do programa de compra de títulos públicos (gilts) nesta semana, levou a uma arrancada do dólar nas últimas horas da sessão desta terça-feira (11). Em alta moderada desde a manhã e já acima da linha de R$ 5,20, em meio a típicos ajustes defensivos em véspera de feriado, a moeda renovou sucessivas máximas à tarde e chegou a ser negociada pontualmente acima de R$ 5,28. No fim do dia, o dólar subia 1,57%, cotado a R$ 5,2722 - maior valor fechamento em outubro.

No exterior, a corrida para a moeda americana foi evidente. Termômetro do comportamento do dólar frente uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY não apenas zerou as perdas como passou a trabalhar em terreno positivo, acima do nível de 113,200 pontos, em especial por causa da fraqueza da libra. O euro, que ganhava força, passou a operar entre leve baixa e estabilidade. Divisas países exportadores de commodities e emergentes em geral também sentiram o baque.

Em evento do Instituto de Finanças Internacionais (IFF, na sigla em inglês), o presidente do BoE, Andrew Bailey, reafirmou que a duração do programa de compra de gilts - que foi vital para estabilizar os mercados e interromper a queda livre da libra na esteira do anúncio de planos para redução de impostos no Reino Unido - vai somente até sexta-feira (14). Bayley mandou um recado duro aos fundos de pensão, ao dizer que o BoE abriu uma "janela de oportunidade" para que eles reequilibrem suas carteiras. "Vocês têm três dias para resolver isso", disse.

Responsável pela gestão do fundo macro multimercado do Opportunity, Marcos Mollica observou, em post no Twitter, que o mercado "não estava entendendo que o BoE", com a compra de títulos, não estava retornando ao "QE Mode", mas realizando uma operação temporária de liquidez. "Bailey teve que ser explicito. Tradução: a festa acabou. Postura corajosa embora descuidada, vamos ver até quando dura", escreve Mollica.

O real, que já vinha em rota descendente, apresentou as maiores perdas entre divisas emergentes. Segundo operadores, após o rali da semana passada, quando teve desempenho bem superior em relação a seus pares, a moeda brasileira sofreu hoje com movimento de realização de lucros e ajuste defensivos típicos de véspera de feriado.

"Os investidores estrangeiros voltaram do feriado em Nova York ontem e já estão se protegendo para o feriado de amanhã no Brasil. Lá fora, a situação é complicada e aparentemente não tem uma solução rápida e indolor. O caminho será mesmo uma recessão global", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

Amanhã, quando o mercado local estará fechado em razão do Dia de Nossa Senhora Aparecida, sai a ata do encontro mais recente do Federal Reserve e o índice de inflação ao produtor (PPI) nos Estados Unidos. Ambos os eventos podem levar a um rearranjo das expectativas para a intensidade e a extensão do aperto monetário nos EUA e, por tabela, provocar solavancos nas taxas dos Treasuries e na cotação do dólar. Há também certa cautela diante da conflagração do conflito na Ucrânia, de novos bloqueios para conter a covid-19 na China e de eventual surpresa na corrida eleitoral para o Palácio do Planalto.

"Ontem, o dólar caiu aqui porque as commodities subiram. Mas hoje o cenário é oposto e há uma apreensão do que pode acontecer amanhã lá fora, com os dados do PPI e a ata do Fed. Isso impacta os ativos locais porque nosso mercado estará fechado", afirma a especialista em renda fixa da Blue 3, Fernanda Bandeira, ressaltando que o real havia sido beneficiado na semana passada pela leitura benigna do resultado do primeiro turno das eleições.

Pela manhã, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a projeção de crescimento dos EUA neste ano de 2,3% estimados em julho para 1,6%. Para 2023, foi mantida a previsão de alta de 1% do PIB americano. À tarde, a presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, que voltou a observa que a inflação está alta e presidente, disse que não espera cortes na taxa dos Fed Funds em 2023. (Antonio Perez - [email protected])

17:33

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.27220 1.5721 5.28170 5.17800

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5310.000 1.94874 5318.500 5200.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5246.334 05/10    

BOLSA

A piora do humor externo no meio da tarde lançou o Ibovespa em direção a perdas maiores no fechamento desta terça-feira, véspera de feriado aqui com mercados que estarão abertos lá fora. Assim, a cautela pré-feriado doméstico ganhou contornos de aversão a risco mais para o fim do dia, quando o Ibovespa perdeu de vez a linha dos 115 mil pontos, atingindo 114.296,52 pontos na mínima da sessão, menor nível desde a abertura de 3 de outubro (110.047,56 pontos), quando o índice da B3 passou a escalar naquele dia seguinte ao resultado do primeiro turno das eleições.

Hoje, nem a melhora parcial e passageira em Nova York em parte da tarde, onde o blue chip Dow Jones chegou a subir mais de 1% (e fechou em leve alta de 0,12%), contribuía para evitar que o Ibovespa emendasse hoje a terceira perda, em queda de 0,96%, aos 114.827,12 pontos no fechamento, com máxima do dia correspondente à abertura, aos 115.927,72 pontos.

O humor externo piorou no meio da tarde, com reflexos aqui especialmente nos juros futuros e no câmbio, mas também na Bolsa, em razão de comentários de autoridade monetária britânica sobre a volatilidade no mercado de lá. Aqui, a aguardada deflação do IPCA em setembro, a terceira seguida, também não foi o suficiente para impedir que a referência da B3 navegasse no negativo desde o início da sessão. Na semana, o Ibovespa cede agora 1,33%, limitando o ganho do mês a 4,35% - no ano, o índice sobe 9,54%. O giro financeiro foi a R$ 31,6 bilhões nesta terça-feira.

Após ter andado à frente de pares externos na semana passada, com leitura entusiasmada do mercado sobre o resultado do primeiro turno da eleição, o Ibovespa mostra um grau maior de cautela neste começo de nova semana, ainda bem negativa para referências de fora como Nasdaq (-2,12%); FTSE 100 (-1,51%), de Londres; e Hang Seng (-5,12%), de Hong Kong, no menor nível em 13 anos nesta terça-feira, em meio a preocupações sobre liquidez no setor imobiliário chinês.

No exterior, o acirramento das tensões militares no Leste Europeu, as limitações impostas pelos Estados Unidos a componentes eletrônicos direcionados à China e a expectativa, amanhã, para a ata do Federal Reserve também são fatores citados por analistas para justificar a cautela ainda prevalecente. E amanhã, dia quente no noticiário externo, não haverá negócios na B3, no feriado da Padroeira.

Destaque da agenda doméstica nesta terça-feira, a leitura sobre o IPCA, embora positiva para o apetite por risco, ainda divide opiniões com relação ao que projeta para o comportamento futuro dos preços. "O IPCA trouxe a terceira leitura consecutiva de deflação, quadro um pouco mais confortável para a inflação daqui ao fim do ano. Até julho, a inflação em 12 meses estava rodando em patamar de dois dígitos, e conseguiu romper esse patamar, agora a 7,1%, com grande parte desse efeito vindo das medidas de desoneração tributária, principalmente nos combustíveis", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

"Além das medidas tributárias adotadas neste ano, a desaceleração dos preços das commodities internacionais tem contribuído para uma desaceleração do cenário inflacionário brasileiro", aponta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

"A deflação de setembro foi menor do que imaginávamos, com algumas surpresas, como as pressões ainda muito grandes de vestuário, dentro de bens industriais, em nível ainda muito forte, sem ceder, e a parte de serviços ainda disseminada, com números um pouquinho acima do que a gente esperava", diz Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital.

"A deflação está ainda muito concentrada naqueles grupos iniciais, de gasolina, energia elétrica e depois comunicações - os setores que receberam as medidas tributárias -, e agora entrando parte do grupo de alimentos, notavelmente leite e carnes", acrescenta. "O resto, a parte de bens industriais e serviços, vemos muito pouco sinal de mudança em relação à inflação."

"A deflação de 0,29% em setembro ante agosto veio um pouco aquém do consenso, de -0,33% para o mês - esperávamos -0,37% para agosto. Temos uma dinâmica de preços mais arrefecida, um pouco melhor, mas serviços ainda preocupa, embora haja também uma melhora. Problema da inflação ainda existe, mas a qualidade do dado tem melhorado", diz Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital.

Na B3, dando prosseguimento de forma moderada à recente realização de lucros, as blue chips de commodities seguiram em leve ajuste (Petrobras ON -0,97%, PN -0,75%, Vale ON -0,68%), em dia amplamente negativo para as ações de grandes bancos, com destaque para BB (ON -2,40%) e Santander (Unit -2,37%). Na ponta de perdas, Locaweb (-6,92%), Qualicorp (-5,57%), CVC (-5,50%) e Hapvida (-4,11%). No lado oposto, destaque absoluto para Braskem (+20,40%), bem à frente de Raízen (+6,62%), de Rumo (+4,22%) e de Cielo (+1,76%).

A gestora americana Apollo fez nova oferta pela Braskem, que inclui o fechamento de capital da empresa na B3 e a posterior reabertura na Bolsa de Nova York, antecipou o colunista Lauro Jardim, de O Globo. "Pelo que vimos aqui, houve mais uma proposta, 25% maior do que a anterior, chegando a quase R$ 50 por ação, o que possivelmente abrange a participação de Petrobras. Então, há um ganho enorme em relação à cotação atual do papel, puxando hoje bastante pra cima" os preços da ação da Braskem, diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos. Braskem PNA foi o sexto papel mais negociado no pregão.

"Um ponto que tem que ficar de olho é eventual mudança de governo. Caso haja mudança, seria bastante positivo que a venda ocorra antes disso, porque é difícil que um novo governo queira a saída da Petrobras do ativo. Essa é a grande dificuldade do negócio", acrescenta Meira. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 114827.12 -0.96042

Máxima 115927.72 -0.01

Mínima 114296.52 -1.42

Volume (R$ Bilhões) 3.15B

Volume (US$ Bilhões) 6.06B

17:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114525 -1.32259

Máxima 116000 -0.05

Mínima 114230 -1.58

JUROS

Os juros futuros subiram nesta terça-feira, mais pela pressão do cenário externo do que pela deflação do IPCA levemente mais fraca do que a esperada, com a escalada da guerra na Ucrânia e o salto nos casos de Covid na China somando-se às sinalizações hawkish dos bancos centrais para reforçar as preocupações com a economia global, além da tensão no mercado de títulos britânico. Uma grande dose de cautela antes do feriado no Brasil também respondeu por boa parte da adição de prêmios de risco na curva. Enquanto os mercados por aqui estarão fechados nesta quarta-feira, a agenda americana contempla amanhã a inflação no atacado em setembro e a divulgação da ata do Federal Reserve.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,805%, de 12,707% ontem o ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou na máxima de 11,65%, de 11,49% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2027, também na máxima, terminou em 11,51%, de 11,32%.

"Não foi o IPCA, mas sim uma série de fatores no 'overnight' que elevaram as preocupações com o cenário global", explicou a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira. Ela cita os últimos eventos relacionados à guerra na Ucrânia, com mais bombardeios russos no país, e os bloqueios impostos pela China após o número de casos de Covid ter triplicado no feriado de uma semana. "E amanhã tem PPI, ata do Fomc e feriado aqui", completou.

A depender da reação dos ativos ao dado e à mensagem do banco central americano, os mercados locais terão de se enquadrar na quinta-feira, quando já haverá outro vetor com potencial grande para mexer com os preços: o índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês). Pela pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana das expectativas é de alta de 0,2% para o índice cheio em setembro (8,1% em 12 meses) e de 0,4% para o núcleo (6,5% em 12 meses). Em agosto, o CPI subiu 0,1% e o núcleo, 0,6%, com respectivas taxas em 12 meses de 8,3% e 6,3%. Especialmente para o mercado de juros, há na quinta-feira o agravante do leilão de prefixados, que pode adicionar pressão às taxas.

A postura defensiva antes do feriado em homenagem a Nossa Senhora Aparecida foi reforçada na reta final da sessão regular, ajudando boa parte das taxas a fecharem nas máximas do dia. O movimento teve ainda impulso de comentários do presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, sobre o programa de recompra de Gilts indexados, anunciado mais cedo para tentar conter o que considera risco de "disfunções" nos mercados britânicos. Em tom firme, Bailey reafirmou que o programa valerá até sexta-feira. "Vocês têm três dias para se resolverem. O BoE estará fora do mercado até o fim da semana", disse ele a fundos de pensão. Segundo Bailey, a volatilidade recente na ponta longa do mercado de gilts tem sido "sem precedentes".

Dado o quadro externo turbulento, sobrou pouco espaço para reações ao IPCA, até porque o desvio ante a mediana das estimativas foi pequeno, de apenas 3 pontos-base. A deflação de 0,29% em setembro ficou levemente menor do que o consenso de -0,32%, mas ainda assim a maior para o mês na série história. A variação de -1,32% entre julho e setembro também é a maior queda trimestral da série histórica, iniciada em janeiro de 1980. Na abertura do indicador, analistas destacaram a desaceleração dos núcleos e do índice de difusão, ainda que o arrefecimento em serviços subjacentes, acompanhados de perto pelo BC devido à sua correlação com o nível da atividade, tenha vindo acima das medianas.

Diante do quadro geral mostrado pelo IPCA, alguns profissionais revisaram para baixo suas estimativas para inflação no ano e não descartam que possa fechar abaixo do teto da meta de 5,00%. Para o estrategista da Constância Investimentos Alexandre Lohmann, a dinâmica dos preços sugere que tal cenário é possível. "A distância entre a inflação que pode se realizar e o teto da meta começa a estar em um nível próximo o suficiente", disse, destacando que o IPCA de setembro caiu mais do que apontava o Boletim Focus (-0,25%), o que pode puxar uma correção nas previsões do mercado nos próximos dias.

Na gestão da dívida, o Tesouro vendeu integralmente a oferta de 1,9 milhão de NTN-B, com risco menor para o mercado ante a operação da semana passada. O DV01, de acordo com a Necton, foi de US$ 869 mil, ante US$ 1,02 milhão na última terça-feira. (Denise Abarca - [email protected])

17:33

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

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