BALANÇOS INTERNACIONAIS ANIMAM E BOLSAS ESTENDEM RALI; PETRÓLEO CAI COM UE E EUA

Blog, Cenário

Os mercados externo e local viram mais um dia de corrida para as ações, à medida que o início da temporada de balanços lá fora trouxe dados positivos para as companhias. Em geral, os números mostram que as empresas têm conseguido driblar as adversidades da economia global. Neste contexto, uma ação se destacou em Nova York hoje: a do Goldman Sachs (+2,33%), cujo balanço veio melhor do que o projetado por analistas. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 1,12%, o S&P 500 ganhou 1,14% e o Nasdaq avançou 0,90%. Mas o cenário para a atividade econômica mundial segue turvo. Os temores em relação à perda de fôlego do crescimento diante do necessário aperto monetário para debelar a inflação estão no pano de fundo, bem como a crise no mercado de energia global. Aliás, desdobramentos em relação a esse último fator foram o tema da segunda narrativa que predominou entre os investidores hoje. Para frear o aumento do gás natural, a Comissão Europeia anunciou medidas como o "desenvolvimento de um novo benchmark" para os preços do gás natural liquefeito (GNL) e um mecanismo para limitar os "preços excessivos" da commodity. E para reequilibrar o mercado global de petróleo, após o corte de produção anunciado em outubro pelo cartel formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), os Estados Unidos devem anunciar amanhã a liberação de mais 14 bilhões de barris do óleo de suas reservas estratégicas. Assim, o barril do WTI para dezembro fechou em queda de 2,91%, a US$ 82,07, e o do Brent para o mesmo mês recuou 1,73%, a US$ 90,03. Aqui no Brasil, o Ibovespa terminou perto da máxima, em alta de 1,87%, aos 115.743,07 pontos, com impulso de ações do segmento financeiro e da Petrobras, que subiram mais de 2%. A entrada de recursos para a Bolsa levou à valorização do real. O dólar à vista terminou o dia cotado aos R$ 5,2547, queda de 0,91%. Nos juros futuros, a melhora do câmbio e do petróleo levaram as taxas a um recuo moderado. O mercado local monitora de longe a corrida eleitoral, na qual as pesquisas mostram uma tendência de diminuição de diferença entre Lula e Bolsonaro.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

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MERCADOS INTERNACIONAIS

Mesmo com a continuidade da perspectiva de aperto monetário pelos principais bancos centrais, especialmente o Federal Reserve (Fed), as bolsas de NY estenderam o rali de ontem, favorecidas por balanços corporativos que animaram investidores. De acordo com o Bank of America (BofA), há uma grande possibilidade de um rali entre ativos de risco no primeiro semestre de 2023, quando a expectativa de cortes de juros pelo BC americano se tornarem um consenso no mercado. Enquanto esse período não chega, o dólar se valorizou, e os rendimentos dos Treasuries caíram, em meio ao aumento da demanda pela segurança. A Fitch divulgou hoje que espera que a economia dos EUA entre em território de recessão de fato, no segundo trimestre de 2023. Entre as commodities, o petróleo fechou com quedas robustas, pressionado pelo anúncio da União Europeia (UE) de conter o avanço dos preços de gás no continente. Além disso, a liberação de reservas dos Estados Unidos e o corte de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) estiveram no radar.

"Os avanços consecutivos das ações nos EUA foram impulsionados por outra rodada de ganhos fortes nos balanços de empresas e dados econômicos mistos que sugerem que a economia está abrandando. Este é um rali impressionante que provavelmente se desvanecerá, já que o Fed está longe de estar pronto para reduzir seu ritmo de aperto", analisa o economista da Oanda, Edward Moya. O Goldman Sachs anunciou hoje que teve lucro líquido 43% menor do que o ganho apurado em igual período do ano passado, mas o lucro por ação ficou bem acima do consenso. No entanto, o CEO do banco americano, David Solomon, alertou hoje que a economia global segue com "ventos contrários significativos". Já a Johnson & Johnson superou estimativas de lucro e receita no 3° trimestre. Ações da primeira subiram 2,33% e da última caíram 0,26%. "Os consumidores parecem surpreendentemente resilientes. A temporada de lucros não foi o colapso com o qual as pessoas se preocuparam", disse Altaf Kassam, da State Street Global Advisors, ao WSJ. No fechamento, o Dow Jones subiu 1,12%, a 30.523,80 pontos, o S&P 500 avançou 1,14%, a 3.719,98 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,90%, a 10.772,40 pontos.

Dados mistos da economia americana também estiveram no radar. A produção industrial teve alta de 0,4% em setembro, quando a previsão era avanço de apenas 0,1% no período. Já o índice de confiança das construtoras caiu de 46 em setembro para 38 em outubro, marcando sua 10ª queda consecutiva. O resultado ficou bem abaixo da expectativa de analistas.

O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, admitiu hoje que é possível ocorrer "alguma dor no curto prazo", diante do aperto monetário conduzido pelo BC dos Estados Unidos para controlar os preços. Já o BofA vê uma grande possibilidade de um rali entre ativos de risco no primeiro semestre de 2023, quando a perspectiva por cortes de juros do Fed se tornarem um consenso no mercado. Por outro lado, a Fitch divulgou que espera que a economia dos EUA entre em território de recessão de fato, no segundo trimestre de 2023.

Enquanto persiste a expectativa de aperto monetário e desaceleração econômica, a demanda por ativos de segurança se mantém firme. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos tinha baixa de 4,430, o da T-note de 10 anos caía a 3,993 e o do T-bond de 30 anos perdia a 4,019%. Já o dólar avançava a 149,19 ienes, o euro subia a US$ 0,9858 e a libra tinha baixa a US$ 1,1321. O índice DXY subiu 0,08%, a 112,130 pontos. De acordo com o ING, um cenário-base não apenas do Fed, mas de outros bancos centrais caminhando para uma recessão iminente deve significar que a tendência de alta do dólar permanece intacta.

Após uma sessão volátil, o petróleo fechou em queda robusta, pressionado pelo anúncio de novas propostas da UE a fim de conter o avanço dos preços de gás no continente, como "desenvolvimento de um novo benchmark" para os preços do gás natural liquefeito (GNL) e um mecanismo para limitar os "preços excessivos" da commodity, enquanto o novo benchmark não é lançado. Além disso, a potencials liberação de reservas dos Estados Unidos e o corte de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) estiveram no radar. O petróleo WTI para dezembro fechou em queda de 2,91% (US$ 2,46), em US$ 82,07 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês recuou 1,73% (US$ 1,59), a US$ 90,03 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

BOLSA

À tarde, a guinada de Petrobras para o positivo, com ON e PN em alta superior a 2% no fechamento, mesmo com as perdas acentuadas registradas pelo petróleo na sessão, contribuiu para que o Ibovespa ampliasse ganhos e fechasse em alta de 1,87%, a 115.743,07 pontos, bem perto do pico da sessão, também nos ajustes finais, a 115.795,05 pontos. Assim, o índice estendeu a recuperação iniciada no dia anterior após cinco perdas, com a retomada do apetite por risco no exterior motivada, em especial, pela revogação do pacote de cortes tributários no Reino Unido, que havia sido mal recebido pelos investidores globais.

Hoje, a referência da B3 oscilou entre mínima de 113.626,63, da abertura, e máxima de 115.795,05 pontos, colada ao fechamento, com giro financeiro a R$ 29,7 bilhões nesta terça-feira. Na semana, o Ibovespa avança 3,28%; no mês, 5,19%, e no ano, 10,42%.

O índice contou também com o suporte proporcionado pelo desempenho de Vale, em torno de 1,8%, e, especialmente, dos grandes bancos (BB ON em alta em torno de 5%, e Itaú PN, com ganho acima de 2,4%, ambas nas máximas do dia perto do fechamento). Na ponta do Ibovespa, destaque para Natura, com ganho superior a 9%, à frente de Vibra, na casa dos 6%. No lado oposto, Assaí, com perda em torno de 9%.

Desde o exterior, "resultados do 3T22 acima do esperado, a reviravolta na situação fiscal no Reino Unido e a notícia de novo adiamento no início do QT (quantitative tightening, ajuste restritivo da política monetária) do BoE (Banco da Inglaterra) levam as bolsas a novas altas, apesar da pressão altista nos juros, com os dos Treasuries de 10 anos já acima dos 4,0%", observa em nota a Nova Futura Investimentos. Nesse contexto, os índices de Nova York mostraram ganhos mais acomodados ao longo da tarde, limitados a 1,14% no fechamento (S&P 500), após o Nasdaq (hoje, +0,90%) ter subido mais de 3% ontem.

"O dólar está extremamente forte, no mundo, com o DXY (índice que contrapõe a moeda americana a uma cesta de moedas de referência, como euro, iene e libra) em máximas históricas, e com extrema volatilidade. A volatilidade no mercado de moedas está semelhante aos momentos mais críticos da Covid-19", diz Wagner Varejão, especialista em renda variável da Valor Investimentos. "É um reflexo direto do momento, em que o Fed eleva os juros em ritmo mais forte do que o resto do mundo."

Além da pressão persistente sobre os rendimentos dos títulos americanos, as commodities tiveram manhã "predominantemente negativa, com destaque para a queda dos preços do petróleo após o governo Biden anunciar novos planos de liberação de reservas estratégicas para impedir o aumento de preços dos combustíveis nos EUA", aponta em nota a Guide Investimentos. Os contratos futuros tanto da referência global (Brent) como da americana (WTI) operaram parte do dia abaixo de US$ 90 por barril. Novas propostas da União Europeia para conter o avanço dos preços de gás no continente também contribuíram para a correção dos preços do petróleo na sessão.

Amanhã será a vez de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fazer um anúncio sobre como reduzir os preços da gasolina, segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em coletiva à imprensa nesta terça-feira. Ela preferiu não comentar relatos da imprensa de que Biden planeja novas liberações de reservas estratégias de petróleo.

O grupo de produtores da Opep decidiu, por unanimidade, cortar a produção para conter a volatilidade dos preços, detalhou hoje o secretário-geral da organização, Haitham al-Ghais, em conferência de energia na África do Sul. "Como todos sabem, a última reunião ministerial da Opep foi realizada há apenas alguns dias e os chefes das delegações, por unanimidade, decidiram tomar uma postura proativa e preventiva para promover a estabilidade sustentável nos mercados globais", afirmou.

A defasagem entre os preços domésticos e internacionais de gasolina e diesel aumentou nas últimas semanas, mas ainda é improvável que a Petrobras reajuste os combustíveis nos próximos dias, na avaliação dos analistas de petróleo, gás e petroquímicos do Itaú BBA Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello.

No noticiário doméstico, o presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que anuncie uma medida econômica a cada pelo menos dois dias até o segundo turno da eleição, em 30 de outubro. O Broadcast Político apurou que o Fies para ensino técnico, mencionado pelo presidente no debate do último domingo, na Band, está entre os temas que devem ser lançados nos próximos dias. A informação foi passada ao Broadcast Político por fontes da campanha de reeleição que presenciaram conversa do chefe do Executivo com o ministro na segunda, 17.

"A partir do momento em que o mercado começou a entender que o resultado mais provável da eleição tende a ser apertado no segundo turno, voltou a operar em correlação mais forte com os mercados externos, o que é válido tanto para o câmbio como para a Bolsa. Uma vitória apertada abre a possibilidade de algum tipo de contestação e de algum barulho institucional por conta das eleições", diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group, que prevê cenário mais desafiador para os ativos de risco nos próximos meses, apesar do "repique técnico recente" e do "rebalanceamento dentro da tendência de baixa" observado nos mercados de fora.

Apesar dos fatores de incerteza que ainda persistem, aqui e no exterior, o Ibovespa pode chegar a 130 mil ou mesmo 140 mil pontos no fim do próximo ano, conforme 66% dos gestores de América Latina que participaram de pesquisa realizada pelo Bank of America (BofA). A maioria (65%) dos entrevistados acredita que a situação do Brasil vai melhorar nos próximos meses, embora esperem que seja algo marginal. De acordo com a sondagem, 68% planejam aumentar a alocação de capital nos próximos seis meses, o nível mais alto desde o início da pesquisa, em 2018, informa o banco em relatório. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Maria Regina Silva e Cícero Cotrim)

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 115743.07 1.865

Máxima 115795.05 +1.91

Mínima 113626.63 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.96B

Volume (US$ Bilhões) 5.62B

17:54

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 118245 2.0233

Máxima 118265 +2.04

Mínima 116215 +0.27

CÂMBIO

O dólar emendou o segundo dia seguido de queda na sessão desta terça-feira (18) e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,30, apesar do sinal misto da moeda americana no exterior. Operadores relataram entrada de capital estrangeiro para a bolsa brasileira ao longo do pregão, marcado por apetite ao risco e alta firme dos mercados acionários em Nova York.

Sem indicadores de peso e novidades na corrida presidencial, a sessão foi morna e de liquidez moderada, com o dólar oscilando apenas cerca de cinco centavos entre a mínima (R$ 5,2417) e a máxima (R$ 5,2991). No fim do dia, a divisa era negociada a R$ 5,2547, em queda de 0,91% - o que levou as perdas acumuladas em outubro a 2,59%. Em 2022, o dólar recua 5,76%.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou entre estabilidade e leve alta, acima da linha dos 112,000 pontos, com queda frente ao euro e ganhos na comparação com o iene e a libra. Contratos de gás natural negociados na Europa apresentaram baixa de dois dígitos após a União Europeia anunciar planos para conter os preços da commodity, com criação de novo benchmark. No Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) confirmou hoje que adiará o início das vendas de gilts, os bônus britânicos, para 1º de novembro.

Com algumas exceções, como o real e o dólar neozelandês, a moeda americana avançou na comparação com divisas emergentes, em dia de tombo do petróleo e de perdas de commodities agrícolas e metálicas. O barril do tipo Brent para dezembro, referência para a Petrobras, caiu 1,72%, a US$ 90,03.

Analistas comentam que a taxa de juro real doméstica elevada, fruto da combinação de Selic em 13,75% ao ano com queda das expectativas de inflação, desestimula apostas contra o real, favorecido também pelo desempenho positivo da economia brasileira na comparação com outros países emergentes.

"Os balanços americanos estão vindo bem, o que estimula o apetite ao risco. O dólar acaba caindo aqui e se mantém numa faixa confortável para os estrangeiros, entre R$ 5,20 e R$ 5,40", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, acrescentando que a divulgação de dados fortes da indústria americana, que sugerem mais aperto monetário nos EUA, não chegaram a abalar os negócios.

"Tivemos uma manhã mais animada com os mercados internacionais impulsionados pelos resultados dos bancos americanos acima das expectativas. Vimos uma desaceleração os ganhos do S&P 500 à tarde, o que amenizou um pouco as perdas do dólar aqui", diz o economista da Valor Investimentos Paulo Henrique Duarte.

Pela manhã, foi divulgado que a produção industrial dos Estados Unidos subiu 0,4% em setembro em relação a agosto, acima das expectativas (+0,1%). Na contramão, o índice de confiança das construtoras nos EUA caiu de 46 em setembro para 38 em outubro, bem abaixo do esperado (44). Foi 10ª queda consecutiva. A rodada de alta da taxa básica americana já se reflete em piora nas condições de crédito imobiliário. À tarde, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, admitiu que pode haver "alguma dor no curto prazo" em razão do ciclo de aperto monetário para controlar a inflação, que está "muito elevada".

Apesar do recuo do dólar e de relatos de entrada de capital externo, o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, vê cerca cautela do investidor local e estrangeiro com a corrida eleitoral como um empecilho para uma rodada maior de apreciação do real nos próximos dias.

"Como Ibovespa subindo mais de 1%, era para o dólar até ter caindo mais aqui, mesmo com o dia negativo para commodities", afirma Velloni, que vê possibilidade de uma descida da moeda americana para a faixa de R$ 5,00 assim que de dissiparem as incertezas sobre a condução da política econômica em 2023. "O mercado ainda espera o nome do ministro da Fazenda do Lula, que é o favorito para a eleição".

Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ordenou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que anuncie uma medida econômica a cada pelo menos dois dias até o segundo turno da eleição presidencial, no próximo dia 30. O assessor especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri, disse ao Broadcast que o pedido ainda "não chegou ao chão de fábrica", mas que, "assim que essa demanda chegar, estaremos prontos para atuar". (Antonio Perez - [email protected])

17:54

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.25470 -0.9071 5.29910 5.24170

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5251.000 -0.88713 5312.000 5247.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5313.000 17/10    

JUROS

Após alternarem viés de alta e de baixa ao longo do dia, os juros futuros acabaram fechando a etapa regular em queda moderada nos vencimentos intermediários e longos, e estáveis na ponta curta. A perda de inclinação da curva, definida na última meia hora de negócios, coincidiu com alívio nos Treasuries, com os yields desacelerando a alta e rondando os níveis anteriores. De maneira geral, a terça-feira foi morna, com liquidez novamente escassa e investidores em busca de um gatilho para operar. O ambiente externo hoje sem estresse, com petróleo em queda e dólar bem comportado, serviu para ancorar as taxas, mas questões conjunturais como o risco para a economia global e tensões geopolíticas sustentaram alguma cautela.

No fim da sessão regular, as taxas longas tinham queda de no máximo 5 pontos-base. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) mais negociado foi o janeiro de 2024, com 228,3 mil contratos, bem abaixo da média diária de 584,9 mil vista nos últimos 30 dias. Fechou com taxa de 12,825%, de 12,837% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,63% para 11,60% e a do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,45%, de 11,48%.

Com a empolgação de Wall Street assegurada por balanços corporativos, hoje com resultados do Goldman Sachs, o mercado de juros se ressentiu da agenda doméstica reduzida e mesmo eventos externos não conseguiram turbinar a dinâmica das taxas. Nos Estados Unidos, a produção industrial veio acima do esperado, mas, de outro lado, o índice de confiança das construtoras caiu mais do que o previsto. "Enquanto o dado da indústria mostra uma economia americana ainda resiliente, o do setor imobiliário reforça uma desaceleração mais à frente", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Para Rostagno, a reformulação do pacote fiscal no Reino Unido, anunciada ontem, ainda sustentou certa tranquilidade nos mercados, mas as persistentes fontes de tensão externa acabaram por limitar o apetite pelo risco, "seja pela questão da guerra na Ucrânia, preocupações com economia dos EUA, China e agora protestos na França". No Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) confirmou hoje que adiará o início das vendas de Gilts, os bônus britânicos, para 1º de novembro.

Nos Treasuries, as taxas estiveram pressionadas para cima em boa parte da sessão, mas arrefeciam no fim do dia, com a da T-Note de dez anos abaixo de 4% (4,01% ontem). No câmbio, o dólar chegou a cair abaixo de R$ 5,25 nas mínimas, para fechar em R$ 5,2547 (-0,91%).

No Brasil, a agenda de indicadores contemplou o IGP-10 de outubro, com deflação de 1,04%, praticamente em linha com a mediana de -1,02%, sem força para provocar reações na curva. As questões fiscais embutidas na corrida eleitoral continuam no radar, hoje com noticiário movimentado, mas também absorvido sem grande repercussão.

Depois do governo anunciar programas de renegociação de dívidas e de crédito para empreendedorismo feminino da Caixa nos últimos dias, o Conselho Curador do FGTS aprovou hoje o uso de recursos futuros do fundo para o pagamento de parcelas de financiamentos imobiliários. Anunciada a poucos dias do segundo turno, a medida pode turbinar o Programa Casa Verde Amarela e a operação funcionará como um consignado com base em depósitos que as empresas ainda farão nas contas individuais dos empregados.

Atrás nas pesquisas de intenção de votos, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ordenou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que anuncie uma medida econômica a cada pelo menos dois dias até o segundo turno. O assessor especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri, disse ao Broadcast que o pedido ainda "não chegou ao chão de fábrica", mas que, "assim que essa demanda chegar, estaremos prontos para atuar".

"O mercado trabalha com um risco fiscal maior caso Lula seja eleito. Então, a percepção é de que, no limite, as medidas podem favorecer a eleição de Bolsonaro. Ainda, são medidas de curto prazo e, passada a eleição, deve-se retomar o bom senso fiscal", avalia Rostagno.

A movimentação do governo porém está chamando a atenção das autoridades. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da concessão do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa, citando possível "desvio de finalidade" e uso "meramente eleitoral".

Na gestão da dívida, o Tesouro reduziu a oferta de NTN-B nesta terça-feira, mesmo com o mercado aparentemente mais afeito ao risco. Dos 950 mil títulos ofertados, vendeu todo o lote de 500 mil para 2025 e de 300 mil para 2032, mas só 29 mil das 150 mil ofertadas para 2045. O DV01 (risco para mercado) ficou em US$ 389 mil, ante US$ 869 mil na operação da semana passada, em dados informados pela Necton Investimentos. (Denise Abarca - [email protected])

17:53

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

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