Em um dia de aversão global ao risco, com as preocupações em relação ao efeito da segunda onda de covid no mundo, o ruído político no Brasil impeliu os ativos domésticos a um desempenho bem pior do que os pares ao redor do mundo. E as tensões ganharam ainda mais corpo na reta final dos negócios, em meio a troca de acusações, durante entrevistas, entre o presidente Jair Bolsonaro, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o governador de São Paulo, João Doria. A briga pública trouxe o temor de que o clima político siga em deterioração, afetando o andamento da agenda de reformas. Além disso, a possibilidade de que o Congresso antecipe sua volta para debater a situação de Manaus e também alguma medida relacionada ao auxílio emergencial agravam a percepção em relação ao risco fiscal. Para completar, o processo de vacinação, que é lento no mundo, nem começou no Brasil, que encara obstáculos para importar dois milhões de doses de um imunizante da Índia, até então dados como certos. Não por acaso, os juros futuros, que já aceleraram na reta final do dia, ganharam ainda mais corpo na sessão estendida, com os vencimentos longos incorporando cerca de 10 pontos adicionais ante o fechado do pregão regular. No câmbio, o dólar à vista terminou na máxima do dia, com alta de 1,81%, a R$ 5,3042, num encerramento que ocorreu de forma concomitante ao bate-boca entre autoridades do País. Como resultado, o real voltou a ter uma das piores performances do mundo, nesta sexta-feira, dentro de uma cesta de 34 moedas mais líquidas, ainda que o comportamento acumulado na semana tenha sido positivo, diante de uma série de captações de empresas brasileiras no exterior. Já o Ibovespa não apenas tombou hoje, como acumulou perda de 3,78% entre sexta passada e hoje, resultado de uma semana negativa para os principais mercados acionários globais, mas potencializada pela incerteza local, tanto política quanto diante do agravamento da pandemia, inclusive com novas variantes do vírus. No fim do dia, a Bolsa cedeu 2,54%, aos 120.348,80 pontos, com Petrobras, Vale, siderúrgicas e bancos em forte baixa. Enquanto isso, em Wall Street, onde é feriado na segunda-feira, as bolsas até reduziram as perdas à tarde, mas o cenário negativo continuou a prevalecer com a nova onda de covid-19 e as incertezas em relação à viabilidade de implantação do pacote de estímulos proposto ontem por Joe Biden. Vale notar que os países seguem endurecendo as regras de restrição e que hoje, quando o mundo ultrapassou a marca de 2 milhões de mortes pelo coronavírus, a Pfizer atrasou entregas de seu imunizante para alguns países da Europa.
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