As perdas fortes de mais cedo - com derretimento de ações de bancos mundo afora, recuo de 7% no petróleo, queda expressiva nos juros e subida forte do dólar - foram aparadas na etapa da tarde desta quarta-feira. A crise no Credit Suisse segue como pano de fundo, mas os investidores foram assimilando informações de bastidores de que as autoridades suíças buscavam soluções. Emergiram como possibilidade venda de ativos e surgiram até rumores de aliança com o UBS. Além disso, o banco central suíço (SNB) se dispôs a fornecer liquidez ao Credit e a principal autoridade de supervisão financeira do país (FINMA, na sigla em inglês) assegurou que a empresa atende as exigências de capital e liquidez impostas aos bancos considerados "sistematicamente importantes". Neste ambiente, os índices Dow Jones e S&P 500 saíram de perdas superiores a 2% no pior momento do dia para queda respectiva de 0,87% e 0,70% no fechamento. O Nasdaq até fechou em leve alta (0,05%), com o suporte de ações de tecnologia que se beneficiaram da aposta de corte de juros nos Estados Unidos este ano. Durante a tarde, a precificação de manutenção dos Fed Funds na semana que vem chegou a ficar majoritária, mas a aposta em aperto de 25 pontos voltou a aparecer com mais força. O juro da T-note de 2 anos voltou a ficar abaixo da marca de 4%, cedendo a 3,899% no fim da tarde em Nova York. No campo monetário, todas as atenções estão voltadas para a decisão do Banco Central Europeu (BCE) amanhã cedo, quando será posta à prova a promessa de elevação de 50 pontos do juro básico. Entre as commodities, o petróleo acabou com perda na casa de 4% em Londres e de 5% em Nova York. Aqui no Brasil, a Bolsa chegou até a subir pontualmente no meio da tarde, mas o sinal negativo prevaleceu. Aos 102.675,45 pontos (-0,25%), agora o Ibovespa está no menor fechamento em mais de sete meses, desde 1º de agosto de 2022. De um lado, Petrobras teve recuo firme (ON -2,44% e PN -1,77%), mas ações de consumo, como Magazine Luiza (+2,14%), se beneficiaram da queda dos juros futuros. Esses acompanharam os Treasuries no movimento de retirada de prêmios. A precificação para Selic no fim de 2023 passou de 12,30% para 12% hoje, mas o orçamento de 250 pontos de corte no ciclo se manteve o mesmo. No câmbio, depois de mirar os R$ 5,33, o dólar à vista terminou em R$ 5,2943 (+0,70%), maior nível desde 5 de janeiro. As perdas do real foram inferiores a pares emergentes, como os pesos colombiano e mexicano.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
A recuperação das gigantes de tecnologia ao longo da tarde arrefeceu a pressão vendedora que derrubava Nova York desde a abertura e levou o Nasdaq a encerrar em leve alta. O setor é o principal beneficiário da crescente aposta no mercado de que as incertezas sobre o sistema bancário induzirão o Federal Reserve (Fed) a uma pausa no aperto monetário já na semana que vem. A disposição do banco central suíço em fornecer liquidez ao Credit Suisse, caso necessário, também contribuiu marginalmente para a melhora. No entanto, o CDS da empresa na máxima história e os alertas de agências de classificação de risco sobre bancos regionais dos EUA expõem uma confiança ainda fragilizada. Assim, investidores buscaram refúgio no dólar, iene, Treasuries e ouro, em detrimento de commodities. O petróleo chegou a cair 7%, mas moderou a perda e fechou em baixa ao redor de 4%.
Os ventos contrários que derrubaram bancos regionais nos EUA atravessaram o Atlântico e chegaram à Europa de forma clara na sessão de hoje com as dúvidas sobre o Credit Suisse. Agora à tarde, a autoridade de supervisão da Suíça buscou atestar a posição de capital da empresa, enquanto o BC local se dispôs a fornecer liquidez caso necessário. Mas, conforme mostrou a Bloomberg, o custo dos derivativos de crédito (CDS) vinculados ao grupo bancário superou os níveis da crise financeira de 2008, à medida que credores buscam proteção contra um possível calote da companhia com sede em Zurique.
O quadro complica os planos do Banco Central Europeu (BCE), que já havia se comprometido a subir juros em 50 pontos-base na reunião de amanhã. O Barclays já espera que a instituição abandone o próprio forward guidance e opte por uma elevação de 25 pontos-base. A interrogação, agora, é sobre a disposição do BCE em ameaçar a sua credibilidade.
Escolhas igualmente complexas estão no horizonte do Fed, que tem decisão marcada para a próxima quarta-feira. Ao longo do dia, o monitoramento do CME Group mostrou oscilação na precificação majoritária por dois possíveis cenários: manutenção dos juros ou elevação de 25 pontos-base. No fim da tarde, a probabilidade de alta aparecia em leve vantagem (52,4%), mas ainda bem dividido.
Diante dessa possibilidade de alívio no ritmo de aperto, os rendimentos dos Treasuries recuaram e impulsionaram a retomada de tecnologia. Por volta das 17h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos recuava a 3,899%, o da T-note de 10 anos cedia a 3,476%, e o do T-bond de 30 anos baixava a 3,678%.
Em Nova York, o Nasdaq terminou o dia em alta marginal de 0,05%, a 11.434,05 pontos, enquanto o S&P 500 cedeu 0,70%, a 3.891,93 pontos, e o Dow Jones recuou 0,87%, a 31.874,57 pontos. Bancos continuaram sob forte pressão: Goldman Sachs caiu 3,09% e JPMorgan perdeu 4,72%. First Republic Bank desabou 21,73%, depois que S&P e Fitch rebaixaram os ratings da companhia. Para a Fitch, as pressões de liquidez afetam alguns bancos, mas a maioria está em posição boa para gerir saques moderados.
No câmbio, as turbulências globais mantiveram aquecida a demanda por dólar e iene. O índice DXY avançou 1,01%, aos 104,646 pontos, enquanto a moeda americana recuou a 133,21 ienes, o euro caiu a US$ 1,0579 e a libra cedeu a US$ 1,2056.
Para o Rabobank, a volatilidade deve continuar a dar tom dos negócios cambiais, diante do ambiente incerto. Se o estresse persistir, a tendência é de que o euro em particular se mostre vulnerável, de acordo com a análise. "Até que ponto o euro recupera terreno depende se o nervosismo no setor financeiro se estende ou se é contido", avalia.
O dólar forte amplificou o movimento descendente do petróleo, que nas mínimas apresentou desvalorização de 7%. No fim, o barril do WTI para abril baixou 5,22%, a US$ 67,61, e o do Brent para maio cedeu 4,85%, a US$ 73,69. Mais cedo, a Agência Internacional de Energia (AIE) elevou sua projeção para a oferta global da commodity e manteve a de demanda para este ano. Também no radar, o Departamento de Energia (DoE) dos EUA mostrou que os estoques do ativo energético subiram mais que o esperado na semana passada. (André [email protected])
BOLSA
O Ibovespa mostrou resiliência à tarde, moderando perdas apesar da aversão global a risco que atingiu, desde cedo, em especial o setor bancário europeu e no Brasil, com intensidade, as ações de commodities, ante mergulho que chegou a exceder 6% para os preços do petróleo durante a sessão na B3 - e em queda acima de 4% no fechamento do Brent e superior a 5% para o WTI, nesta quarta-feira.
Ao final, o índice da bolsa brasileira mostrava leve baixa de 0,25%, aos 102.675,45 pontos, mais próximo à máxima, de 103.048,28 (+0,11%), do que do piso da sessão, de 100.692,04 pontos, mínima intradia desde 27 de julho. Ainda assim, foi o menor nível de fechamento para o Ibovespa desde 1º de agosto (102.225,08), que emendou hoje a quinta perda diária. O giro foi a R$ 52,5 bilhões nesta quarta-feira de vencimento de opções sobre o índice, o que reforça o volume. Na semana, o Ibovespa cai 0,91%; no mês cede 2,15% e, no ano, perde 6,43%.
Petrobras ON e Vale ON, que chegaram a cair mais de 4% no pior momento, limitaram as perdas e fecharam em baixa, respectivamente, de 2,44% e 3,01% - Petrobras PN cedeu hoje 1,77%. O movimento de contenção de perdas, em paralelo ao observado em Nova York - onde o Nasdaq conseguiu virar e fechar em alta de 0,05%, com o S&P 500 ainda em baixa de 0,70% e o Dow Jones, de 0,87% no fechamento - foi amplificado pelos grandes bancos na B3, que reagiram no meio da tarde e, na maioria, passaram a operar em alta, com destaque para Bradesco (ON +1,89%, PN +1,42%).
Na ponta do Ibovespa, destaque hoje para Méliuz (+14,44%), após balanço trimestral na noite de ontem, à frente na sessão de MRV (+7,19%), Natura (+6,63%) e Eletrobras PNB (+6,01%). No lado contrário, CVC (-6,12%), CSN (-6,04%), Gerdau PN (-4,66%) e Gerdau Metalúrgica (-4,10%).
As preocupações em torno de dificuldades no sistema bancário, que emergiram no fim da semana passada com a quebra do californiano SVB, ganharam nesta quarta-feira nome de mais peso, que já vinha no radar: o europeu Credit Suisse. O principal acionista do banco suíço, o Saudi National Bank, descartou mais assistência financeira à instituição - inclusive por questões regulatórias -, o que deflagrou nova onda global de aversão a risco.
Assim, ficou totalmente em segundo plano, na sessão, leitura melhor do que o esperado para o índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, em retração de 0,1% em fevereiro, na margem, comparada à expectativa de alta de 0,3% para o mês.
De acordo com o Financial Times, o Credit Suisse apelou ao Banco Nacional Suíço por demonstração pública de apoio depois que suas ações caíram até 30%, provocando liquidação mais ampla nas ações de bancos europeus e americanos, nesta quarta-feira. O banco pediu uma resposta semelhante da Finma, reguladora suíça, disseram duas fontes, mas nenhuma das instituições, a princípio, decidiu intervir publicamente, relata o FT. Segundo a Bloomberg, o custo dos derivativos de crédito vinculados ao Credit Suisse explodiu a níveis que lembraram o pânico de 2008.
No fim do dia, o BC suíço veio a público dizer que o Credit atende a exigências de capital e liquidez, e que a instituição fornecerá liquidez ao banco, caso seja necessário. "Não há risco de contágio direto de turbulência nos Estados Unidos às instituições suíças", acrescentou a autoridade monetária, em comunicado conjunto com a autoridade financeira do país sobre a "incerteza no mercado".
Neste contexto desafiador, os movimentos no mercado de ações vão ficando "muito curtos e a volatilidade, muito grande", diz José Simão, sócio da Legend Investimentos. "Não é uma situação exatamente nova (a do Credit Suisse), mas há preocupação quanto a contágio (de problemas no sistema bancário), e de que novos 'cadáveres' continuem a surgir", acrescenta Simão, destacando o temor quanto ao efeito que as dificuldades no sistema de crédito, em ambiente de juros globalmente já elevados, poderão trazer ao crescimento econômico mundial.
"A perspectiva de arrefecimento da expansão econômica, com possibilidade de recessão nos Estados Unidos, tem ganhado força, conforme visto hoje nessa forte correção dos preços de commodities como o petróleo", diz Simão.
Na quinta-feira passada, ruídos em torno do banco suíço já haviam contribuído para fazer preço em Nova York, piorando o desempenho dos índices de ações por lá naquela tarde, "após o Credit Suisse anunciar atraso na publicação do relatório anual referente a 2022, por conta de um pedido dos reguladores do mercado de ações dos Estados Unidos por mais informações sobre demonstrações dos anos de 2019 e 2020", aponta Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3.
"Paira uma desconfiança sobre as instituições financeiras globais", diz Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. Ele chama atenção para a acentuada correção, nesta quarta-feira, dos rendimentos dos Treasuries de 2 anos - mais sensíveis à perspectiva de curto prazo para a política monetária americana -, agora abaixo de 3,90%, com a aversão a risco e a perspectiva de espaço cada vez menor para que o Federal Reserve continue elevando os juros, em um contexto de dificuldades no setor bancário. "Na próxima reunião do Fed (na semana que vem), deve vir mais 25 pontos-base de alta nos juros de referência, mas o mercado espera que pare por aí", acrescenta. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 102675.45 -0.24961
Máxima 103048.28 +0.11
Mínima 100692.04 -2.18
Volume (R$ Bilhões) 5.25B
Volume (US$ Bilhões) 9.91B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 103645 -0.26463
Máxima 103925 0.00
Mínima 101485 -2.34
JUROS
O ambiente externo continuou servindo de referência para o mercado de juros no Brasil, com as taxas em queda firme nos contratos até o miolo da curva, enquanto a ponta longa teve mais volatilidade, alternando sinais de alta e de baixa. Após a pausa de ontem, a preocupação com o sistema financeiro global voltou a predominar nos ativos, com mais problemas do Credit Suisse vindo à tona e enfraquecendo apostas de aperto monetário pelos bancos centrais nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, no entanto, o quadro de apostas para a Selic não teve mudança relevante em relação aos últimos dias.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou a 12,94%, de 13,05% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,21% para 12,06%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,51%, de 12,58%, e a do DI para janeiro de 2029, em 12,93%, de 13,00%.
Após Saudi National Bank (SNB), principal acionista do Credit Suisse, descartar a hipótese de oferecer mais assistência financeira à instituição, os mercados retomaram o receio, ontem adormecido, de uma crise no sistema bancário que pudesse resultar num "credit crunch" global e aprofundar o risco de recessão, na esteira da quebra de dois bancos regionais nos Estados Unidos na semana passada. As taxas dos Treasuries caíram com força, com a da T-Note de 2 anos saindo de 4,20% ontem para a casa de 3,80% hoje e a do papel de 10 anos, de 3,66% para a faixa de 3,50%.
No fim da tarde, o Banco Nacional da Suíça (SNB) se dispôs a fornecer liquidez ao Credit Suisse, caso necessário, trouxe algum alívio para os ativos, especialmente ações.
Diante das dúvidas sobre como vão agir as autoridades monetárias em tal cenário, a bolsa de apostas para as próximas decisões do Banco Central Europeu (BCE), amanhã, e do Federal Reserve, na próxima semana, ficaram hoje bastante voláteis. Há dúvidas sobre se o BCE conseguirá cumprir sua sinalização de aperto de 50 pontos-base, enquanto para o Fed as expectativas de aumento de 25 pontos-base chegaram ao fim do dia como levemente majoritárias.
No Brasil, a curva manteve a precificação de início de cortes da Selic em maio, com algo entre 30% e 35% de probabilidade de redução de 25 pontos, e Selic encerrando 2023 e 2024 em 12% e 11,25%, quadro relativamente inalterado ante os últimos dias.
O gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, diz que no Brasil os bancos parecem muito bem posicionados, o que, a princípio, tornaria precipitada uma redução da Selic antes de junho, especialmente num momento de inflação resistente e expectativas futuras desancoradas. "Esse problema lá fora pode resultar em taxas terminais menores, o que aumenta a probabilidade de antecipação do ciclo, mas ainda assim maio parece muito cedo", afirma.
Vale acompanhar ainda a evolução das commodities, hoje com novo tombo, de mais de 4%, nas cotações do petróleo, variável de grande peso para a inflação via preços de combustíveis. O barril do Brent, referência para a Petrobras, fechou abaixo de US$ 70, a US$ 67,61.
No Brasil, o dia foi de agenda esvaziada e o mercado seguiu monitorando a novela do arcabouço fiscal. A proposta já está Planalto e o presidente Lula afirmou que já teve uma conversa rápida com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir a regra, mas que se reunirá com ele para uma discussão, talvez amanhã. Sem detalhar prazos, sinalizou que a divulgação deve ser feita antes de sua ida à China, prevista para o fim deste mês.
O mercado tem trabalhado com a ideia de algo intermediário entre o que propõem os fiscalistas e o que defendem setores heterodoxos dentro do governo, mas que seja factível de passar pelo Congresso.
Para Roberto Secemski, economista para Brasil do Barclays, o novo arcabouço deve incluir metas de médio prazo para receita líquida, despesas e saldos primários implícitos ou explícitos como porcentagem do PIB, revertendo gradualmente o déficit deste ano em superávits. Cláusulas de escape ou brechas que permitam flexibilidade para políticas anticíclicas também são aguardadas, além de um caminho para o endividamento público, embora não sem regras ou metas específicas para ele. "Acreditamos que uma proposta relativamente moderada será apresentada, porque é interesse de Lula avançar rapidamente no Congresso", diz o economista. (Denise Abarca e Marianna Gualter - [email protected] e [email protected])
CÂMBIO
O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira, 15, em alta de 0,70%, cotado a R$ 5,2943 - o maior valor de fechamento desde 5 de janeiro (R$ 5,3523). Nos momentos de maior estresse, no início dos negócios, a divisa ultrapassou o teto de R$ 5,32 e registrou máxima a R$ 5,3288 (+1,36%). Na semana, o dólar acumula alta de 1,65% ante o real, que sofre menos, contudo, que seus pares principais entre emergentes.
O escorregão do real se deu em meio a uma onda de aversão ao risco mundo afora que levou investidores a buscar refúgio na moeda americana. Após a trégua de ontem, no rescaldo das medidas de autoridades dos EUA para amenizar os efeitos da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, notícias de problemas de liquidez do Credit Suisse reavivaram os temores de recessão global, na esteira de uma possível espiral de deterioração no sistema financeiro. O Saudi National Bank (SNB), principal acionista do banco suíço, descartou a hipótese de oferecer mais assistência financeira à instituição.
Especula-se que o Banco Central Europeu (BCE) não cumpra amanhã a sinalização de alta de juros em 50 pontos-base. Ao longo da tarde, voltaram a ser majoritárias pontualmente, segundo ferramenta da CME, as chances de que o Federal Reserve opte por manter a taxa básica inalterada neste mês, em vez de promover nova elevação de 25 pontos-base - o que teria amenizado as perdas das bolsa em Nova York à tarde e esfriado um pouco a corrida ao dólar. Além disso, o Banco Nacional da Suíça (SNB) informou que pode, caso necessário, fornecer liquidez ao Credit Suisse.
"O momento é de muita incerteza. Podem ser casos específicos, mas existe o risco de efeito em cadeia e sistêmico no setor financeiro que gere problemas maiores para a economia global. Os mercados começam a precificar um cenário recessivo, com commodities e juros para baixo", afirma o sócio e economista-chefe do Modal, Felipe Sichel.
Termômetro do comportamento do dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY chegou a romper pontualmente o teto de 105,000 pontos, com máxima aos 105,103 pontos. Quando o mercado local fechou, era negociado ao redor dos 104,600 pontos. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities recuaram em bloco. As cotações do petróleo mergulharam, com o tipo Brent para maio fechando em baixa de 4,85%, a US$ 73,69 o barril.
O real, que costuma apanhar mais em episódios de aversão ao risco, desta vez teve perdas bem inferiores a de seus pares, como peso chileno, mexicano e rand sul-africano. Taxas de juros reais domésticas mais elevadas e a expectativa pela divulgação do novo arcabouço fiscal podem ajudar a explicar o desempenho relativo melhor da moeda brasileira nesta semana. Há também fatores técnicos, uma vez que o real teve um histórico pior que seus pares nos últimos anos.
O economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), Robin Brooks, observa que os investidores em mercados emergentes puniram mais as moedas latino-americanas nos últimos dias, com destaque negativo para o peso mexicano. "Isso é o mercado precificando chances maiores de recessão nos EUA. Enquanto isso, moedas da Ásia estão indo bem, lideradas pela Coreia. O mercado está promovendo uma rotação com foco na China como principal história de crescimento", afirma Brooks, no Twitter.
Por aqui, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse no início da tarde que o texto da regra fiscal já está no Palácio do Planalto. Por volta das 15h45, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que já teve uma conversa rápida com Haddad sobre o tema, mas que ainda vai se reunir com o ministro, provavelmente amanhã, para discutir a proposta, que deve vir a público antes da viagem à China, no fim deste mês.
Para Sichel, do Modal, a possível redução do risco fiscal e a manutenção de juro real doméstico ainda elevado, mesmo com eventual corte da taxa Selic já neste primeiro semestre, podem jogar a favor da moeda brasileira. De outro lado, a desvalorização das commodities e o ambiente de aversão ao risco tendem a impulsionar o dólar frente a emergentes e, por tabela, no mercado local.
"Neste momento inicial, o real deve sofrer de alguma forma com o 'fly to quality' e as commodities se desvalorizando, apesar do 'carrego' positivo. Mas pode se beneficiar depois com menor risco fiscal e alívio das condições financeiras", diz Sichel, para quem o Federal Reserve tende a seguir, na sua decisão no próximo dia 22, a precificação do mercado para a taxa de juros (manutenção ou alta de 25 pontos-base).
"O Fed vai tentar evitar ser mais um fator gerador de volatilidade. No caso do Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) fica muito dependente do novo arcabouço fiscal, que ainda é desconhecido", afirma o economista, em referência ao encontro do colegiado do BC também no dia 22. Ventila-se no mercado a possibilidade de que o Copom possa fazer um aceno, no comunicado de sua decisão, sobre eventual redução da taxa Selic mais à frente.
À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial total foi positivo em US$ 416 milhões na semana passada (de 6 a 10 de março), graças à entrada de US$ 1,560 bilhão via comércio exterior, já que a conta financeira apresentou saída líquida de US$ 1,143 bilhão no período. No ano, o fluxo total ainda é positivo em US$ 10,226 bilhões (US$ 2,290 bilhões no canal financeiro). (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
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