ATIVOS LOCAIS TÊM NOVA RODADA DE PIORA COM NY E AUMENTO DE CAUTELA FISCAL E POLÍTICA

Blog, Cenário
Influenciado pelo exterior majoritariamente negativo à tarde, após o Fed indicar que a maioria dos seus dirigentes defende a redução do tapering ainda neste ano, o investidor encontrou no conturbado ambiente político e fiscal brasileiro razões para promover uma nova rodada de piora nos ativos. A sessão foi volátil, mas o fim foi o mesmo: a Bolsa perdeu mais um nível, o dólar disparou quase 10 centavos e a curva de juros embicou um tanto mais, com os vencimentos longos agregando mais de 20 pontos em prêmios. De efetivo, além da sinalização do banco central americano, não houve muita coisa ao longo do dia, mas a leitura sobre o quadro macroeconômico do Brasil vai se deteriorando rapidamente, a ponto de os agentes começarem a cogitar o rebaixamento da nota de crédito do País. A visão é de que a reforma do IR, que já encontrava resistência e teve a votação adiada novamente ontem, se transformou em algo ainda pior com tantos remendos. Ao mesmo tempo, há sinais de deterioração fiscal quando se fala em PEC do Precatórios, aumento do Bolsa Família e, sobretudo, eventuais soluções para driblar o teto de gastos. Soma-se a isso as tensões políticas e a piora na avaliação do governo, que agrega o temor de desencadear medidas populistas com a proximidade do ano eleitoral. Resultado: fuga do Brasil ou mais prêmio de risco. Nesse ambiente, o dólar teve valorização de 1,99% ante o real, a R$ 5,3749 no mercado à vista - maior valor desde maio. Nos juros futuros, além da precificação majoritária de aperto mais intenso da Selic, ao ritmo de 1,25 ponto, o vencimento de DI para janeiro de 2029 já opera acima de 10,5%. E o Ibovespa, depois de oscilar no território positivo em meio ao vencimento de opções e tentar recompor os mais de 3 mil pontos perdidos no começo da semana, cedeu 1,07%, aos 116.642,62 pontos. O recuo foi, aliás, em linha com o dos pares em Wall Street, dos quais chegou a se descolar em determinado momento do dia. Mas também por lá houve piora adicional no fim dos negócios, com o Dow Jones e o S&P 500 perdendo pouco mais de 1%, diante de preocupações com os impactos da variante delta, além do Fed. Ainda assim, enquanto os índices acionários americanos têm ganhos importantes no ano, na casa dos dois dígitos, a Bolsa brasileira perde, agora, 2%.
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CÂMBIO O dólar disparou no pregão desta quarta-feira e fechou no maior nível desde maio deste ano em meio à percepção de forte deterioração da credibilidade fiscal do governo Jair Bolsonaro, dados os riscos de abandono - mesmo que informal - do teto de gastos para compatibilizar o aumento do Bolsa Família com o pagamento de Precatórios. Operadores não identificaram um gatilho específico para a arrancada da moeda americana nesta sexta-feira. Mas citaram o mal-estar com o adiamento da reforma do Imposto de Renda ontem à noite. Teme-se que o texto da reforma, que já desagradava no início, seja modificado ainda mais para satisfazer demandas de Estados e municípios, resultando, no fim, em perda de arrecadação. O desconforto com as contas públicas fez a moeda americana operar em alta firme já pela manhã, alcançando a casa de R$ 5,35. O movimento era acentuado pelo tombo das commodities no mercado internacional, diante da probabilidade de a China cortar drasticamente a produção de aço. Operadores notaram também sinais de movimentos especulativos de investidores à espera de uma intervenção do Banco Central, que acabou não acontecendo. Houve certo alívio no meio da tarde, com o dólar passando a ser negociado no nível de R$ 5,33, na esteira da perda de força momentânea da moeda americana no exterior, após a divulgação da ata do Federal Reserve, que foi, em um primeiro momento, bem recebida pelo mercado. Mas o caldo voltou a entornar na reta final do pregão, com a piora do ambiente externo, marcado por perdas das bolsas em NY e fortalecimento da moeda americana frente à maioria das divisas emergentes e de países produtores de commodities. Em sua ata, embora tenha repetido a avaliação de que a alta da inflação têm efeitos transitórios, o Fed confirmou que o debate sobre o início da redução de compra mensal de bônus ('tapering') ainda neste ano, o que resultaria em diminuição da liquidez. Foi o que bastou para uma rodada mais acentuada de deterioração dos ativos domésticos. Os juros futuros acentuaram a alta, a Bolsa aprofundou as perdas e o dólar correu até a máxima de R$ 5,3774 (alta de 2,04%). A arrancada da moeda americana no fim do dia pode ter sido potencializada por zeragem de posições vendidas (que apostam na queda do dólar), com rompimento de barreiras técnicas. No fim da sessão, o dólar era negociado a R$ 5,3749, em alta de 1,99% - o maior patamar desde de quatro de maio, quando fechou a R$ 5,4307. Com a arrancada de hoje, o dólar já acumula alta de 3,17% em agosto. Poderia ser pior se não fosse o leve recuo de 0,20% da moeda americana ontem, na esteira do discurso duro do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, contra a inflação, que abriu as portas para apostas em alta mais acentuada da taxa Selic - o que, em tese, tende a atrair capitais para a renda fixa brasileira. As atenções do mercado se voltam à confecção da peça orçamentária de 2022, em meio ao imbróglio envolvendo o pagamento dos Precatórios e ao desejo do presidente Jair Bolsonaro de expandir o Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil, para tentar recuperar a popularidade. Bolsonaro aparece atrás do ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto. "O governo já não consegue ancorar mais as expectativas. O presidente perdeu muito do seu capital político e existe o risco de que ele jogue o fiscal pela janela para tentar se reeleger", afirma o head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, Alexandre Netto. "O cenário é de depreciação do real, apesar de os juros maiores serem bons para o carry trade. O dólar pode subir ainda mais com essa questão interna e o início do tapering pelo Fed". Em audiência no Congresso Nacional, o secretário do Orçamento Federal, Ariosto Culau, disse que, sem o parcelamento dos precatórios, todos os programas do governo em 2022 estarão comprometidos. Culau argumentou que a PEC dos Precatórios é uma forma de manter o teto de gastos sem sacrificar programas meritórios. "Não estamos propondo que o teto seja rompido, parcelar precatórios torna a regra efetiva", afirmou. O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressalta que o real, que havia se alinhado às demais moedas emergentes anteriormente, passou a apresentar um desempenho muito pior do que seus pares, como o rand sul-africano, o peso mexicano e o rublo, o que mostra o peso de problemas locais na formação da taxa de câmbio. "Isso [a depreciação do real] está muito ligada ao que está acontecendo na área política e econômica. A fala do Roberto Campos [presidente do BC] deu uma amenizada ontem, mas o quadro piorou novamente", afirma Weig, ressaltando as dúvidas relacionadas ao Bolsa Família, à PEC dos Precatórios e à reforma tributária. Weigt lembra que o Brasil já esteve à beira do abismo em certas ocasiões e que sempre houve um recuo por parte da classe política na direção de preservar uma racionalidade mínima na condução das contas públicas. "É difícil acreditar que vão seguir nessa linha de burlar o teto de gastos. Essa piora dos ativos domésticos faz parte da pressão do mercado para um ajuste na rota", diz o tesoureiro do Travelex, ressaltando que o nível de incerteza é hoje muito grande. "Eu geralmente tenho uma convicção da direção dos ativos, mas neste momento está muito difícil". A consultoria Eurásia divulgou hoje relatório rebaixando a trajetória de longo prazo do Brasil de neutra para negativa, com a avaliação de que a preocupação fiscal e a inflação persistente devem piorar as expectativas para o desempenho da economia em 2022. A Eurásia também afirma que as tensões institucionais devem piorar a qualidade da pauta no Congresso e que o ambiente econômico ruim enfraquecem Bolsonaro e o incentivam a tentar deslegitimar as eleições. Na B3, o dólar futuro para setembro avançava 1,62%, a R$ 5,39100, com giro forte, na casa de US$ 17 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:37 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.37490 1.9886 5.37740 5.26350 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5391.000 1.62111 5396.000 5272.000 DOLAR COMERCIAL 5341.500 1.04994 5349.500 5341.500 JUROS Após ensaiar uma trégua ontem, os juros voltaram a subir com força nesta quarta-feira com a curva empinando ainda mais pela pressão maior nos vencimentos de longo prazo. Até ensaiaram um pequeno alívio depois da ata do Federal Reserve, mas a tensão com o cenário fiscal e institucional no Brasil se impôs. Os sinais de desancoragem fiscal vindos da discussão sobre a PEC dos precatórios, Auxílio Brasil e teto de gastos, em meio a revisões para cima de inflação e para baixo do PIB, acendem os alertas quanto a possíveis rebaixamento da nota de crédito do País pelas agências de risco, enquanto no Congresso a votação da reforma do Imposto de Renda emperrou mais uma vez. A ponta curta até conseguiu encerrar com viés de baixa, com a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechando em 6,72%, de 6,676% ontem. A do DI para janeiro de 2023 subiu de 8,369% para 8,49%, enquanto a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 9,87%, de 9,605%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,32% (10,034% ontem) e o DI para janeiro de 2031, a caminho dos 11%, teve taxa de 10,82%, de 10,522%. Os momentos mais críticos do dia foram o fim da manhã e o fim da tarde, quando as taxas dos principais contratos abriram mais de 20 pontos-base, refletindo zeragem de posições vendidas (stop loss) em vários vértices. Nas mesas, teve grande repercussão a decisão da consultoria Eurasia de rebaixar a trajetória de longo prazo do Brasil de neutra para negativa, dadas as renovadas preocupações com a política fiscal e inflação persistente. A consultoria cita em especial os comentários do presidente Jair Bolsonaro para deslegitimar as eleições de 2022 que exacerbaram as tensões institucionais e a deterioração da agenda de reformas no Congresso. Ontem, o governo, mais uma vez, não conseguiu colocar a reforma do IR em votação na Câmara. Num primeiro momento, a leitura foi de nova derrota, mas muitos viram o evento até com certo alívio, dada a leitura de que com as constantes mudanças, o texto foi desfigurado e não cumpre mais o seu papel. Em sua conta no Twitter, o economista Felipe Salto, diretor do Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado, disse que o que se viu ontem foi "um ensaio do que representa o risco fiscal sob um governo acéfalo". "Até piso do magistério foi discutido no bojo da 'reforma do IR'. Não há comando na agenda econômica. São durões para por tanque na rua. Na economia, não sabem nada", afirmou. Para piorar o clima político-institucional, os senadores Fabiano Contarato (Rede-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-ES) apresentaram hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que seja investigado por prevaricação. Marco Antonio Caruso, economista-chefe do Banco Original, disse que o mercado até tentou melhorar com a ata do Fed, que ele considerou entre neutra e levemente "dovish". "Olhando os dois mandatos, o de inflação parece ok, mas o de emprego ainda não. Houve um aumento do tom quanto aos riscos da variante delta para o crescimento econômico", disse. "O DI teve até um pouco de alívio, mas não durou muito porque a inclinação da curva está muito calcada nas questões domésticas. O aumento de prêmio pelo fiscal veio para ficar por um bom tempo", prevê. A questão fiscal pautou também as conversas dos analistas com o Banco Central e o consequente viés negativo para as projeções de inflação, juros, em alta, e para o crescimento em 2022, em baixa, conforme relatos de fontes presentes. Um dos principais focos de tensão com as contas públicas é a polêmica em torno da PEC dos precatórios, uma conta de R$ 90 bilhões que o governo quer pagar de forma parcelada para não estourar o teto dos gastos, numa solução que o mercado considera como calote. O secretário especial de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, que participou hoje de audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, disse que é preciso lidar "bem" com o problema, ou "vai ser muito pior". Ele defendeu a proposta de criação do fundo de liquidação de passivos, abastecido com receitas de privatizações, vendas de imóveis e dividendos de empresas estatais, para evitar que o parcelamento de dívidas judiciais da União vire uma "bola de neve". "Um dos riscos do parcelamento é 'acumular' dívida. Uma forma de 'desacumular' dívida com precatório é o fundo. Ele ajuda que isso não vire bola de neve", disse. (Denise Abarca - [email protected]) 17:37 Operação   Último CDB Prefixado dias (%a.a) 5.32 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 5.15 Over Selic (%a.a) 5.15 BOLSA O Ibovespa parecia se desconectar da pressão sobre o câmbio e do exterior ruim, além da persistência dos receios sobre o político e o fiscal, para interromper sequência negativa que havia consumido mais de 3 mil pontos no agregado das duas sessões anteriores, retomando hoje, ainda que de passagem, o nível de 118 mil pontos. Em dia de vencimento de opções sobre o índice, que costuma envolver a tradicional disputa entre comprados e vendidos, o índice à vista acabou se firmando em queda de 1,07%, a 116.642,62 pontos, no fechamento, emendando a terceira perda, entre mínima de 116.488,72 e máxima de 118.738,54 pontos, vindo de abertura aos 117.903,81 pontos. No ano, acumula baixa de 2,00% após a recente correção, que coloca agora as perdas da semana a 3,76% e as do mês a 4,23%, acima das de julho (-3,94%), quando havia interrompido a recuperação de março a junho. Em dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro ficou bem fortalecido nesta quarta-feira, a R$ 67,1 bilhões. Antes da aguardada ata do Federal Reserve, o Ibovespa esboçava reação, apesar da falta de sinal único em Nova York e do desempenho negativo do petróleo na sessão - ao final, os índices de NY também mostravam perdas nesta quarta-feira. "As bolsas em Nova York estão ainda bem perto das máximas históricas, enquanto aqui há descontos em setores como os de commodities e bancos, com o Ibovespa negociado a 8 ou 9 vezes o P/L, frente a padrão histórico em torno de 12 vezes. A situação fiscal continua a pesar aqui, assim como a política, com a briga entre poderes, e certamente essa combinação de ruídos atrapalha, no momento em que o foco global está em quando se iniciará o 'tapering' nos Estados Unidos (a retirada de estímulos monetários pelo Federal Reserve)", diz Ricardo Campos, CEO da Reach Capital. A ata da reunião de julho do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve, divulgada nesta tarde, mostrou que o debate sobre a data do início da retirada gradual dos estímulos monetários é contínuo, e seja "muito provável" que o anúncio oficial venha a ocorrer em uma dos próximos três encontros entre os dirigentes, segundo estima a BMO Capital Markets. "Apesar da sinalização bastante 'hawkish', o que acabou azedando o humor do mercado, o documento indicou que a redução não será um gatilho para o aumento dos juros, mas, de qualquer forma, muda bastante o tom do próprio comunicado emitido após a reunião, e vai de encontro com o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Por outro lado, a equipe de especialistas que apoiam as decisões do Fed considera que os riscos para a economia ainda apontam para o negativo, enquanto as incertezas sobre as projeções seguem elevadas, segundo mostrou também a ata. Mais cedo, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, havia dito esperar o primeiro aumento da taxa básica de juros no quarto trimestre de 2022, e que considera possível que, no fim do ano que vem, a inflação fique acima do esperado nos Estados Unidos. "Com o fim do QE (quantitative easing, afrouxamento quantitativo) no segundo trimestre de 2022, podemos avaliar as taxas de juros", disse Bullard, que defende conclusão do 'tapering' até o primeiro trimestre do próximo ano. "Os mercados já estão precificando o 'tapering', independente dos detalhes", acrescentou o presidente do Fed de St. Louis. "Alta nos juros nos Estados Unidos pode tirar fluxo de capital de países emergentes rumo aos títulos públicos americanos, o que contribuiria para enfraquecimento das moedas desses países e agravaria o aumento da inflação nestas economias menos desenvolvidas", observa Paloma Brum, analista da Toro Investimentos. Na máxima desta quarta-feira, no fim da tarde, a moeda americana à vista foi negociada a R$ 5,3774, encerrando o dia em alta de 1,99%, a R$ 5,3749. "A ata do Fed, onde já se começa a discutir a retirada da compra de títulos em 2021, acaba reduzindo de forma geral a expectativa de disponibilidade de dólares, à medida que os estímulos sejam retirados, o que resulta em apreciação da moeda americana", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos. No front doméstico, em relatório a clientes, a Eurasia rebaixou a perspectiva de longo prazo do Brasil, de neutra para negativa, com a avaliação de que "renovadas preocupações sobre a política fiscal e a persistente inflação estão minando a perspectiva para o crescimento econômico em 2022". A agência de avaliação de risco político diz também que, enfraquecido pela perspectiva econômica desafiadora, os incentivos do presidente Jair Bolsonaro a "deslegitimizar" as eleições de 2022 crescerão, "exacerbando as tensões institucionais". Como consequência, avalia a Eurasia, a "agenda econômica no Congresso também se deteriorará". "A piora do câmbio segue ligada (também) a questões politicas internas. A crise institucional, devida a atritos entre Bolsonaro e STF, vai seguir incomodando. A queixa registrada contra o Aras (procurador-geral da República, Augusto Aras), acusado de ser omisso em relação à arbitrariedade de Bolsonaro, foi mais um motivo para pressão no câmbio hoje", diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. "A piora, acentuada no fim do dia, pode estar ligada a declarações do secretário do Tesouro, Bruno Funchal, reforçando a preocupação com as contas fiscais e o controle dos gastos", acrescenta a economista, chamando atenção para a combinação entre "fiscal muito no foco" e "crise institucional", o que acaba "piorando nossa medida de risco-país". Com tantos fatores negativos pesando sobre o humor dos investidores, as perdas acabaram se distribuindo por empresas e setores na B3 ao longo da tarde, sem poupar as ações de commodities (Vale ON -3,36%, na mínima do dia no fechamento; Petrobras ON -1,19%), bancos (Bradesco ON -1,37%, Santander -0,79%) e siderurgia (Usiminas PNA - 4,73%, CSN ON -2,31%). Na ponta negativa do Ibovespa, Ultrapar (-4,97%), à frente de Usiminas (-4,73%) e Klabin (-3,85%). No lado oposto, Cogna (+4,52%), Braskem (+4,21%) e Embraer (+3,69%). (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 116642.62 -1.06968 Máxima 118738.54 +0.71 Mínima 116488.72 -1.20 Volume (R$ Bilhões) 6.71B Volume (US$ Bilhões) 1.26B 17:37 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 117975 0.69133 Máxima 118650 +1.27 Mínima 116475 -0.59 MERCADOS INTERNACIONAIS Os dirigentes do Federal Reserve (Fed) cogitam iniciar a redução gradual nas compras de bônus (tapering) neste ano, com a maioria deles defendendo que isso ocorra, caso a economia evolua conforme previsto, mostrou a ata da última reunião de política monetária, publicada nesta tarde. O banco central dos EUA ainda reforçou os riscos presentes, sobretudo com a pandemia, mas analistas apostam que o anúncio oficial do tapering pode vir em breve, talvez já na reunião de setembro. Nos mercados, houve volatilidade na reação à ata. As bolsas de Nova York fecharam em baixa, piorando na reta final após oscilarem sem sinal único em parte do dia, e os juros dos Treasuries não tiveram direção definida. No câmbio, o índice DXY do dólar chegou a atingir mínimas no dia após a ata, mas reduziu perdas e oscilou perto da estabilidade. Entre as commodities, o petróleo fechou em queda, com dúvidas sobre a demanda diante da variante delta da covid-19 pelo mundo - a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) voltaram a alertar hoje sobre o quadro da pandemia, em entrevistas coletivas. A ata deu alguns sinais sobre os planos do Fed, com a "maioria" dos dirigentes inclinados para o início do tapering neste ano, se a economia avançar conforme esperam. Mas o documento também nota que "vários" preferem que esse processo seja iniciado no início do próximo ano, a fim de avançar mais na geração de empregos. Alguns dirigentes ainda expressaram dúvidas sobre a meta de estabilidade de preços do Fed no quadro atual, com fatores temporários mais persistentes do que o previsto podendo manter a inflação elevada em 2022. A ata mostrou que, para os dirigentes, os requisitos para uma alta de juros diferem daqueles necessários para o tapering, ou seja, este não implica uma aceleração nos planos para os juros. O CIBC avaliou que a reunião de setembro pode servir para o anúncio oficial do cronograma para o tapering, lembrando em relatório que desde a reunião registrada na ata houve um dado "sólido" do payroll de julho nos EUA. Já a Capital Economics considera que esse processo deve começar neste ano, com uma decisão no mínimo em setembro, mas a depender de um novo payroll forte antes do encontro. O BMO Capital, por sua vez, diz que o anúncio deve ser feito em uma das três próximas reuniões. O ING diz apostar em anúncio do tapering em setembro, mas adverte que um novo surto nos casos de covid-19 nos EUA pode atrasar isso. Os mercados reagiram com volatilidade à ata. No câmbio, o dólar chegou a registrar mínimas no dia, mas se recuperou, oscilando perto da estabilidade. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, avançava 0,01%, a 93,139 pontos, no fim da tarde em Nova York. O dólar avançava a 109,86 ienes, o euro caía a US$ 1,1713, praticamente estável, e a libra tinha alta a US$ 1,3755. Entre os Treasuries, os retornos perderam fôlego após a ata, chegando ao horário citado sem sinal único. O juro da T-note de 2 anos estava estável, em 0,209%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,270% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 1,911%. Entre as bolsas, houve melhora pontual do Nasdaq, mas o tom negativo por fim prevaleceu, com mínimas na reta final do pregão. O Dow Jones fechou em queda de 1,08%, em 34.960,69 pontos, o S&P 500 caiu 1,07%, a 4.400,27 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,89%, a 14.525,91 pontos. Já o petróleo WTI para outubro fechou em queda de 1,70%, em US$ 65,21 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês caiu 1,16%, a US$ 68,23 o barril, na Nymex. Os contratos não firmaram sinal único logo após o Departamento de Energia (DoE) informar queda maior que a prevista dos estoques do óleo nos EUA, mas o tom negativo dominou com os riscos à demanda futura, diante de novos surtos da covid-19 em partes do mundo, com a variante delta, mais contagiosa. A OMS afirmou hoje em coletiva que a oferta global de vacina contra o vírus ainda é um problema, o que impede que a entidade possa distribuir mais imunizantes às nações mais pobres, e voltou a pedir uma moratória dos mais ricos na aplicação de terceiras doses para que os demais possam avançar. Nos EUA, porém, a Casa Branca anunciou que uma terceira aplicação do imunizante deve estar disponível a partir de 20 de setembro aos adultos do país. Em outra coletiva, a Opas viu melhora na taxa de ocupação de UTIs no Brasil, mas ressaltou que a transmissão no País segue intensa, pedindo que não se baixe a guarda agora. Sobre o quadro geral nas Américas, Opas ressaltou que uma taxa de vacinados de 40% ou 50% não é nível suficiente para controlar a transmissão da covid-19, citando modelos segundos os quais esse controle pode vir só com 80% ou 85% de imunizados no total da população. A entidade ainda reforçou que, nesse contexto, o uso de máscaras e outras medidas profiláticas seguem cruciais para evitar mais casos. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
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