ATIVOS LOCAIS SUCUMBEM À LIQUIDAÇÃO GLOBAL E INICIAM SEMANA ELEITORAL EM QUEDA FORTE

Blog, Cenário

Os investidores dos mercados brasileiros amplificaram hoje a tensão externa, o que causou aqui alta bem mais intensa no dólar e nos juros, além de queda forte do Ibovespa. Duas são as razões para essa espécie de potencialização dos ventos lá de fora neste começo de semana. A primeira é o fato de os ativos domésticos estarem bastante descolados dos semelhantes no exterior, numa assimetria de tendência que era bastante visível até a sexta-feira passada. Mas há também expectativas com o cenário eleitoral, com as dúvidas quanto à possibilidade de o pleito presidencial terminar já no domingo com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeiro turno. Como o programa econômico do petista ainda é mistério, o otimismo colocado nos preços na semana passada após a reaproximação entre o ex-ministro Henrique Meirelles e o candidato deu lugar a uma relativa cautela dos agentes. Neste ambiente, o dólar chegou a variar mais de 12 centavos hoje entre a mínima (R$ 5,2935) e a máxima (R$ 5,4171) no segmento à vista. A moeda americana terminou o dia cotada a R$ 5,3814, maior nível desde 22 de julho. Os juros futuros foram a reboque, com as taxas de prazo mais longo abrindo quase 30 pontos-base ante o ajuste da sessão anterior. E o Ibovespa mergulhou aos 109.114,16 pontos, queda diária de 2,33%. Como comparação, lá fora o DXY saltou 0,75%, os rendimentos dos Treasuries longos (10 anos) subiram 20 pontos e as bolsas caíram entre 1,11% (Dow Jones) e 0,60% (Nasdaq). No exterior, os agentes passaram o dia monitorando manifestações de formuladores de política monetária dos principais bancos centrais e a tensão geopolítica em torno da guerra da Rússia contra a Ucrânia. O Banco da Inglaterra (BoE) descartou reunião extraordinária para elevar juros diante do derretimento da libra. A instabilidade no mercado cambial inglês foi mencionada como fator de preocupação pelo presidente da distrital de Atlanta do Federal Reserve, Rafael Bostic, que reforçou ainda o viés hawkish da instituição.

•CÂMBIO

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

O dólar disparou no mercado doméstico de câmbio nesta segunda-feira (26), ultrapassou o teto de R$ 5,40 nos momentos de mais estresse e fechou no maior nível desde fins de julho, em meio a um ambiente global de liquidação de ativos de risco e busca de proteção na moeda americana. Crescem os temores de que o mundo amargue uma recessão na esteira do aperto monetário nos países desenvolvidos e da crise de energia na Europa em razão de sanções à Rússia, que ameaça escalar a guerra na Ucrânia com uso de armas nucleares.

O caldo entornou ao longo da tarde à medida que investidores assimilavam declarações de dirigentes do Federal Reserve e a decisão do Banco da Inglaterra (BoE) de não intervir no mercado de câmbio ou promover alta extraordinária dos juros para conter a queda livre da libra esterlina. Presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic disse que a reação negativa dos mercados ao plano fiscal no Reino Unido "aumenta a incerteza". Questionado sobre se a crise da libra elevaria as chances de uma recessão global, Bostic afirmou que "isso não ajuda". Mesmo sem voto nas decisões de política monetária do Fed neste ano, Bostic engrossou o tom duro adotado recentemente por dirigentes do BC americano e disse que ainda há um "longo caminho" no processo de alta de juros.

Taxas dos Treasuries escalaram, com a T-note de 10 anos, o ativo livre de risco do mundo, superando 3,90% na máxima. O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - superou a linha dos 114,000 pontos e registrou máxima 114,527 pontos, com ganhos de mais de 1,5% da moeda americana frente a libra. Na outra ponta da gangorra, as commodities tombaram. O contrato do petróleo tipo Brent para dezembro, referência para a Petrobras, fechou em baixa de 2,55%, a US$ 82,86 o barril.

Por aqui, o dólar emendou sucessivas máximas e chegou a ser negociado pontualmente acima de R$ 5,41, tocando R$ 5,4171 (+3,21%). No fim do dia, a moeda avançava 2,53%, a R$ 5,3814 - maior valor de fechamento desde 22 de julho. Com isso, o dólar passa a apresentar ganhos de 3,46% em setembro, o que reduz a desvalorização acumulada neste ano a 3,49%.

"A aversão global ao risco castiga as moedas emergentes com o mercado digerindo o ambiente inflacionário global e o desafio dos bancos centrais, além dos conflitos geopolíticos", afirma o diretor de produtos da Venice Investimentos, André Rolha. "Não acredito ser um movimento para um novo cambio estrutural, porém não faltam motivos para um possível estresse maior."

Entre as divisas emergentes, o real foi o que mais apanhou, seguido pelo peso chileno. Operadores e analistas ressaltam que a moeda brasileira vem de um período de desempenho relativo superior a seus pares e que chegou até a se descolar, ao longo da semana passada, da tendência de valorização global do dólar - movimento atribuído à diminuição de risco fiscal após apoio formal do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial. Havia, portanto, espaço para recomposição de posições defensivas, ajustes e operações a realizações de lucros. Embora não tenha havido mudança no quadro eleitoral, analistas dizem que o clima de incertezas às vésperas do pleito aumenta a demanda por proteção no mercado de câmbio.

Entusiasta do real, o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks, ressaltou no Twitter que o real e o peso mexicano apresentam performance das moedas do G-10 no acumulado do ano na comparação com o dólar - uma reviravolta "nos mercados globais que não tem precedentes". A política monetária nos mercados emergentes, escreveu Brooks, é hoje mais ortodoxa do que nas economias avançadas.

O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, observa que o tom duro do Federal Reserve, na semana passada, na esteira de uma leitura muito ruim da inflação ao consumidor nos EUA em agosto, deflagrou um novo episódio de aversão ao risco que castiga emergentes. A escalada das taxas dos títulos de longo prazo nos Estados Unidos e Europa provoca a maior destruição de riqueza nos mercados de renda fixa de países desenvolvidos dos últimos 50 anos e detona um rearranjo global de portfólios, avalia Miraglia.

"Esses episódios de aversão ao risco vêm em ondas. O ambiente deve ser desafiador e volátil talvez até o primeiro trimestre do ano que vem", afirma o economista, que vê o plano do governo do Reino Unido de corte de impostos e aumento de gastos como um dos gatilhos para a degringolada dos últimos dias. "É uma receita que já vimos em mercados emergentes e que não dá certo. Temos também o recrudescimento da guerra na Ucrânia, com ameaça de uso de armas nucleares pela Rússia".

Miraglia trabalha com cenário de desaceleração relevante da economia global, com perda de fôlego nos EUA, Europa e China. Isso deprime os preços de petróleo e commodities metálicas - o que, por tabela, abala moedas de países emergentes como o Brasil. Além do processo de alta de juros, o Fed, observa o economista, acelerou a redução de seu balanço patrimonial, o que tira liquidez do mercado e prejudica ativos de risco. "Em algum momento, a inflação nos EUA vai vir para baixo com aperto das condições financeiras. Quando isso acontecer, provavelmente até o meio do ano que vem, os preços dos ativos vão encontrar um novo equilíbrio. (Antonio Perez - [email protected])

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.38140 2.5322 5.41710 5.29350

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5398.500 2.4675 5424.000 5300.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5431.000 3.59561 5451.000 5424.500

JUROS

A segunda-feira pareceu uma continuação da sessão de sexta nos mercados, marcada novamente pela tensão dos investidores ante o risco para a atividade nos Estados Unidos e na Europa embutido nas perspectivas para as altas nos juros globais. Entre os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), as taxas voltaram a subir com força a partir dos vértices intermediários, espelhando a abertura das curvas no exterior e também a força do dólar ante o real. Internamente, não houve eventos capazes de influenciar os negócios, nem mesmo a pesquisa Focus trazendo melhora no comportamento das medianas para a inflação.

A taxa do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,822% no ajustes de sexta-feira para 12,95% no fim da sessão regular e a do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,83%, de 11,621%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,69%, de 11,408%.

Embora a taxa do DI para janeiro de 2024 tenha voltado a se aproximar dos 13%, hoje o que chamou mais a atenção foi avanço de quase 30 pontos-base da curva longa, com máximas especialmente depois que o dólar, também no pico da sessão, chegou a romper os R$ 5,40. No entanto, a trajetória foi ascendente desde a abertura, com o exterior no foco. Declarações na linha "hawkish" de dirigentes dos bancos centrais ampliaram o temor de recessão, reverberando nos ativos de forma generalizada.

Pelo Federal Reserve, o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, que não vota este ano, afirmou que há "longo caminho" no aperto monetário a fim de conter os preços. Susan Collins, que assumiu a distrital do Fed em Boston, com direito a voto, focou seu primeiro discurso no combate à inflação e também na necessidade de apertar os juros. Na quarta-feira, as atenções estarão voltadas à participação do presidente do Fed, Jerome Powell, em evento do Banque de France.

Enquanto a economia americana ainda tem algum estofo para aguentar pressão, a situação é mais crítica na Europa, pressionada adicionalmente pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia e agora também com a extrema direita na Itália. Os dados de atividade já são alarmantes e devem piorar com a continuidade do aperto nas condições financeiras. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse hoje que espera aumentar ainda mais as taxas para "amortecer a demanda".

No Reino Unido, o impacto do pacote fiscal com corte de impostos continuou tendo efeito pesado nos gilts e derrubando a libra, candidata também à paridade com o dólar depois do euro. Houve rumores até de alta de juros extraordinária para segurar a moeda, mas o Banco da Inglaterra, em comunicado, disse que "fará uma avaliação completa em sua próxima reunião". Os custos de empréstimo no médio prazo do Reino Unido sofreram um salto, situando-se acima dos dois membros mais fracos da zona do euro, Itália e Grécia.

Nos Treasuries, as taxas subiram, hoje mais fortemente na ponta longa, mas ainda assim a inversão da curva entre as T-Note de dez e dois anos segue como indicativo de recessão para os Estados Unidos. Como o leilão de T-notes de 2 anos teve demanda abaixo da média recente, os retornos na ponta longa tiveram impulso. No fim da tarde, o yield da T-Note de dois anos apontava 4,30% e o da de 10 anos, 3,87%.

André Alírio, operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, vê mudança de postura das autoridades monetárias nas últimas semanas, que antes temiam a recessão e agora assumem o "modo Paul Volcker". O presidente do Federal Reserve entre o fim dos anos 70 e começo dos anos 80 promoveu um choque de juros em meio aos impactos inflacionários gerados pela crise do petróleo. "Deixaram para trás o medo da recessão e estão dispostos a assumir os riscos", disse.

Nos anos 80, a alta de juro nos EUA quebrou vários países da América Latina, incluindo o Brasil. Desta vez, os fundamentos domésticos são considerados positivos para amortecer o choque, mas, segundo Alírio, de todo modo seria prematuro abrir o ciclo de cortes da Selic nos próximos meses. "Se começar a cortar muito cedo, não haverá tempo hábil para a transmissão dos efeitos da política monetária", comentou.

Um quadro mais claro das intenções do BC com a Selic pode vir amanhã na ata do Copom e na quinta-feira, via Relatório de Inflação (RI). A expectativa dos agentes é de manutenção do tom duro expresso no comunicado. Economistas do BTG Pactual esperam da ata mais detalhes de alguns trechos, como a falta de consenso na votação, o risco altista para a sua projeção de inflação de um hiato do produto mais estreito e a possível retomada do ciclo de altas, "caso o processo de desinflação não ocorra da maneira que o comitê espera". "Além disso, a divulgação do Relatório de Inflação e a coletiva de imprensa na 5ª feira devem trazer atualizações dos cenários do comitê, com possível revisão metodológica do hiato do produto", lembram.

Junto com a ata, amanhã, o mercado terá o IPCA-15 de setembro para digerir. A mediana das estimativas é de -0,20%, com a deflação perdendo força ante agosto (-0,73%), segundo pesquisa do Projeções Broadcast. Núcleos, administrados e serviços - preço de abertura que mais preocupa o BC - devem acelerar. (Denise Abarca - [email protected])

17:29

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

BOLSA

Após acumular ganho de 2,23% na semana passada na contramão da cautela externa, o Ibovespa se manteve em baixa nesta segunda-feira desde a abertura, mesmo nos momentos em que Nova York esboçava reação, devolvida ao longo da tarde. Assim, com dólar tendo chegado à faixa de R$ 5,41 na máxima do dia, a referência da B3 encerrou em queda de 2,33%, a 109.114,16 pontos, menor nível de fechamento desde 9 de agosto, então aos 108.651,05. Hoje, saiu de máxima na abertura a 111.712,70 e tocou na mínima 109.021,62 pontos, no fim da tarde, com giro a R$ 31,2 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa zera o avanço de setembro, cedendo agora 0,37% no intervalo e limitando o ganho do ano a 4,09%.

Entre as blue chips, apenas Vale (ON -0,83% no fechamento) conseguiu se descolar da correção em parte do dia, especialmente forte no setor financeiro, o de maior peso no Ibovespa, com perdas que chegaram a 4,62% (BB ON) entre os grandes bancos no encerramento. Na contramão inclusive do ajuste em siderurgia (Gerdau PN -4,69%, Usiminas PNA -4,60%, CSN ON -3,98%), Vale chegou a figurar como quarta maior alta do Ibovespa, mas virou para o negativo em direção ao fechamento.

Na ponta perdedora, destaque para 3R Petroleum (-6,83%), Petz (-6,63%), Magazine Luiza (-6,26%), Natura (-6,18%) e BTG (-5,87%). No lado oposto, São Martinho (+0,60%), Qualicorp (+0,22%) e Klabin (+0,17%), os únicos três componentes do Ibovespa que conseguiram sustentar alta, ainda que leve, no fechamento do dia.

Assim como para as ações expostas à economia doméstica, o dia foi negativo também para o petróleo, com o Brent em queda superior a 2%, negociado abaixo de US$ 85 por barril. Na B3, Petrobras ON e PN cederam, respectivamente, 0,79% e 1,60%, contribuindo para recuo de 2,09% no índice de materiais básicos (IMAT), inferior porém ao do ICON, o índice de consumo (-2,89%).

"As bolsas no mundo todo estenderam hoje o mau humor de sexta-feira, com um cenário de 'sell off' nos mercados", aponta Álvaro Feris, especialista da Rico Investimentos. Ele destaca a preocupação em torno de "potencial inflação descontrolada no Reino Unido", na esteira de "pacotes de estímulo econômico e de cortes de impostos para evitar uma recessão por lá".

Com as dúvidas sobre o Reino Unido, os custos de empréstimo no médio prazo para o país sofreram um salto, ficando acima de dois membros considerados entre os mais fracos da zona do euro, Itália e Grécia. O retorno do bônus de 5 anos do Reino Unido avançava a 4,535% nesta segunda-feira, segundo a Tradeweb, enquanto o yield para papéis com mesmo vencimento de Itália e Grécia seguia abaixo de 4%.

"O movimento segue a piora do sentimento local após o anúncio de corte de impostos e aumento de gastos no Reino Unido mesmo com uma situação fiscal frágil, o que elevou as taxas de juros futuras e gerou especulações de que o BC inglês terá de realizar ação emergencial para conter a desvalorização da moeda", observa a Guide Investimentos em nota, ressaltando a queda acentuada da libra, "atingindo valor próximo à paridade, em mínima a US$ 1,03 nesta manhã".

"O temor é de que esses pacotes de estímulos causem ainda mais problemas com relação à inflação, e por isso os investidores buscaram porto seguro no dólar fazendo com que a libra se desvalorizasse bastante no dia de hoje", diz Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3, ressaltando também o impacto dos receios quanto a uma recessão global nos preços de commodities como o minério e o petróleo, com efeito direto sobre o Ibovespa nesta segunda-feira.

"Continua o estresse nos mercados globais, mais um dia complicado depois de semana que já havia sido difícil para a bolsa americana, com recuo de 5% e o S&P 500 vindo abaixo de 3.700 pontos. O Brasil se segurou na semana passada, e a Bolsa brasileira ainda é um dos destaques do ano em relação às globais. Mas o clima lá fora ainda é de temor de recessão global, com notícias problemáticas como a crise energética na zona do euro, choque de juros nos Estados Unidos e falta de sinais de melhora no conflito do Leste Europeu", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Apesar da relativa resiliência mostrada pelas ações brasileiras frente ao mal-estar externo, o cenário doméstico nesta semana que antecede o primeiro turno das eleições é também desafiador, pelo que ainda conserva de incerteza para o próximo ano. "Os desafios do próximo presidente serão muitos: PIB fraco, juros altos, inflação resistente, possível piora do desemprego e aumento da dívida pública", diz Rodrigo Simões, professor da FAC-SP, especialista em finanças e economia.

Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a taxa Selic este ano é "freio de mão puxado", mas estimou que o PIB pode ter crescimento de até 3%, mesmo com a política de aperto monetário. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica em 13,75%, interrompendo o ciclo de 12 altas seguidas da taxa. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109114.16 -2.32898

Máxima 111712.70 -0.00

Mínima 109021.62 -2.41

Volume (R$ Bilhões) 3.12B

Volume (US$ Bilhões) 5.83B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 109320 -2.60591

Máxima 111810 -0.39

Mínima 109080 -2.82

MERCADOS INTERNACIONAIS

O Banco da Inglaterra publicou comunicado nesta tarde, no qual promete avaliar as medidas do governo do Reino Unido e agir em sua próxima reunião, marcada para 3 de novembro, levando em conta também a trajetória da libra. A nota do BoE foi divulgada em meio a especulações de que poderia haver elevação de juros extraordinária no país, após a libra bater mínimas históricas. O estopim da piora da moeda foram os planos de um pacote de gastos do governo da premiê Liz Truss, revelados na semana passada. Após o comunicado do BoE, porém, a libra voltou a ter queda forte. O presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, disse hoje que os mercados reagem ao aumento da incerteza com relação ao Reino Unido e notou que essa instabilidade maior vinda do país "não ajuda", em meio a dúvidas sobre o risco de recessão global. Bostic ainda reafirmou a postura do BC americano de combate à inflação, e nesse contexto de Fed hawkish o dólar e os juros dos Treasuries avançaram. Já o petróleo mostrou volatilidade, terminando em baixa pressionado pelo câmbio e os riscos à demanda. Nas bolsas de Nova York, houve fechamento negativo, após quadro misto em boa parte do dia, com a postura do Fed também no radar.

O ANZ interpretou que o BoE "sinalizou que esperará sua reunião agendada para fazer qualquer decisão de juros", após alguns relatos de que poderia haver aperto monetário fora do calendário normal, diante das turbulências nos mercados após o plano de gastos fiscais do governo. O TD Securities, por sua vez, comentava mais cedo que as condições financeiras pioravam em parte, pois o governo e o próprio BoE não tinham conseguido dar garantias sobre o gerenciamento da questão fiscal e um movimento para conter a forte queda da libra. O Goldman Sachs afirmou em relatório que mesmo uma alta de 75 pontos-base na próxima reunião do BoE poderia ser insuficiente nesse quadro, e reviu em baixa projeções para a libra, avaliando que em três meses ela estará em US$ 1,05.

Já Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, destacou o aumento da incerteza como o fator para a reação dos mercados, e também mencionou que isso pode afetar os EUA pela via do comércio. O dirigente do BC americano considerou que o episódio britânico e a reação dos mercados "não ajuda", em quadro já de temores com uma eventual recessão global, e complementou que estará atento ao quadro no país e suas potenciais influências. Bostic ponderou, porém, que é preciso se saber quanto de fato se concretizará dos planos fiscais anunciados no Reino Unido.

No mercado cambial, a libra piorou após o comunicado do BoE. O dólar, por sua vez, esteve apoiado pelos sinais do Fed, com Bostic e também outra dirigente, Susan Collins (Boston), enfatizando a postura de combate à inflação nos EUA. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,80%, a 114,103 pontos. No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 144,34 ienes, o euro caía a US$ 0,9629 e a libra tinha baixa a US$ 1,0717.

Entre os Treasuries, a postura do Fed levou os retornos para cima: o juro da T-note de 2 anos subia a 4,308%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,881% e o do T-bond de 30 anos, a 3,719%. Na Europa, a Dow Jones Newswires destacava, a partir de informações da Tradeweb, que o retorno do bônus de 5 anos do Reino Unido superava agora os de Grécia e Itália, após os planos fiscais de Londres.

Nas bolsas, o quadro foi misto em boa parte do dia, mas a postura hawkish do Fed pesou e o fechamento foi no vermelho: o índice Dow Jones fechou em baixa de 1,11%, em 29.260,81 pontos, o S&P 500 caiu 1,03%, a 3.655,04 pontos, e o Nasdaq recuou 0,60%, a 10.802,92 pontos.

Entre as commodities, o petróleo WTI para novembro registrou queda de 2,58%, a US$ 76,71 o barril, na Nymex, e o Brent para dezembro caiu 2,55%, a 82,86 pontos. O dólar forte pesou nesse mercado, que também monitora os riscos de piora na economia global, com consequente fraqueza na demanda, e o cenário mais difícil para um acordo entre o Irã e as potências, dificultando que Teerã venda mais óleo a outras nações. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

Gostou do post? Compartilhe:
Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?