ATIVOS BRASILEIROS TÊM AJUSTE NEGATIVO EM DIA DE LIQUIDEZ MENOR E DE OLHO NO FISCAL

Blog, Cenário

O feriado que manteve os mercados fechados em Nova York enxugou a liquidez global e deixou espaço para correções nos ativos locais. Assim, o avanço do petróleo ou a alta das praças europeias, após corte de juros pela China, foram insuficientes para impedir o ajuste negativo do mercado brasileiro. Até porque, a semana anterior foi de ganhos, o que naturalmente deixa espaço para realizações de lucros, e a incerteza fiscal, até então em segundo plano, voltou a ser comentada em meio às paralisações de servidores agendadas para esta semana. Afinal, diversas categorias cobram reajustes salariais e o presidente Jair Bolsonaro tem até sexta-feira para sancionar o Orçamento de 2022. Nesse ambiente, depois de subir 4% na semana passada, o Ibovespa cedeu 0,52%, aos 106.373,87 pontos, em um pregão de queda de Vale e comportamento misto de Petrobras. O mesmo ocorreu com o real, que ganhou bastante força ante o dólar na semana passada, mas hoje não suportou. A moeda dos EUA acabou a segunda-feira com valorização de 0,24%, a R$ 5,5266 no mercado à vista. E a combinação de câmbio mais pressionado, IGP-10 um pouco acima do previsto e cautela fiscal favoreceu o ajuste técnico da curva de juros, onde os vencimentos acumularam prêmios.

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•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•JUROS

BOLSA

Com feriado nos Estados Unidos, sem a referência de Nova York, o Ibovespa iniciou a semana com liquidez e variação restritas, após ter interrompido, na anterior, sequência de quatro perdas semanais. Hoje, oscilou o correspondente a 831 pontos entre a mínima (106.096,76) e a máxima do dia (106.927,76), ambas pela manhã, encerrando a sessão em baixa de 0,52%, aos 106.373,87 pontos, com giro limitado a R$ 15,5 bilhões. No mês e no ano, o índice sobe 1,48%.

O tom de cautela nesta segunda-feira de agenda relativamente esvaziada decorre também da expectativa para a paralisação de servidores federais, marcada para amanhã, e que mantém sob atenção dos investidores o "risco fiscal", observa em nota a Terra Investimentos.

Hoje, a Eletrobras informou ter um plano de contingência para enfrentar a greve por tempo indeterminado convocada por funcionários da estatal. Segundo a Eletrobras, desta maneira, os serviços da empresa não devem ser afetados. As ações da empresa fecharam o dia em alta moderada (ON +0,25%, PNB +0,51%), com o segmento de utilities perdendo força ao longo da tarde.

Entre os setores, as "empresas ligadas ao minério de ferro apresentaram baixa", após a commodity "fechar em queda mais um dia, mesmo com notícias mais positivas sobre as chuvas em Minas Gerais, que impactaram as operações da Vale, Usiminas e CSN", aponta a equipe de research e estratégia da Terra. Hoje, Vale ON fechou em baixa de 0,52% e as perdas entre as ações de siderurgia chegaram a 2,26% (CSN ON), com Gerdau PN (-2,19%) na mínima do dia no encerramento.

O desempenho moderadamente positivo dos contratos futuros de petróleo não foi o suficiente para conferir sentido único às ações de Petrobras (ON -0,32%, PN +0,16%) na sessão. O suporte proporcionado à tarde pela maioria dos grandes bancos (BB ON +0,20%, Bradesco PN +0,57%), embora modesto e bem enfraquecido no fechamento, ajudou a manter o Ibovespa na margem dos 106 mil pontos pelo segundo dia, ainda nos melhores níveis de fechamento desde 17 de dezembro.

Na ponta do índice nesta segunda-feira, Cielo (+4,95%), Qualicorp (+2,76%) e TIM (+2,45%). Em sentido contrário, Braskem (-6,73%), Iguatemi (-3,73%) e Alpargatas (-3,49%).

Destaque da agenda doméstica desta segunda-feira, a expansão de 0,69% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de novembro, considerado como 'proxy' ou prévia do PIB, deixou carrego estatístico de crescimento de 4,4% para o indicador no ano, segundo os cálculos do banco Goldman Sachs. O resultado mensal ficou em linha com a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,70%.

"Para dezembro, esperamos um melhor desempenho da atividade econômica devido à época do ano, que costuma apresentar ritmo elevado", avalia em nota o Banco MUFG Brasil. "Dependendo de como o número de casos (de Covid) evoluir nas próximas semanas, podemos ver medidas mais restritivas no curto prazo", ressalva o banco. "Mas para todo o ano, devemos ver melhora gradual das atividades", com "inflação mais baixa" e "assumindo que a pandemia estará sob controle gradual", o que contribuirá também para recuperação progressiva do mercado de trabalho, avalia o MUFG.

No exterior, a atenção esteve concentrada hoje no PIB da China, com expansão de 8,1% em 2021 e alta de 4% no quarto trimestre, acima da expectativa, de 3,6% para os últimos três meses do ano. "A produção industrial também cresceu acima do esperado, porém as vendas do varejo tiveram resultado mais modesto", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o corte de juros na China anunciado no mesmo dia, o primeiro desde abril de 2020, refletindo a preocupação do BC local com o consumo doméstico.

Se na China a autoridade monetária mantém o foco no nível de atividade, especialmente a demanda doméstica, aqui a inflação permanece como um dos maiores fatores de preocupação, agravada por demandas salariais do funcionalismo em um contexto de restrição orçamentária.

O Boletim Focus desta semana trouxe piora, ainda que marginal, na expectativa do mercado sobre o comportamento dos preços, observa em nota a Ativa Investimentos. "Para 2022, houve aumento de 6 bps, para 5,09%, acima do esperado por nós (4,7%). Para 2023, as projeções voltaram a subir e atingiram o patamar de 3,4%, ante 3,36% da semana anterior, devolvendo a queda observada no período", aponta a Ativa. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:23

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 106373.87 -0.51803

Máxima 106927.76 -0.00

Mínima 106096.76 -0.78

Volume (R$ Bilhões) 1.54B

Volume (US$ Bilhões) 2.80B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 107080 -0.81512

Máxima 107850 -0.10

Mínima 106715 -1.15

MERCADOS INTERNACIONAIS

A baixa liquidez marcou as negociações hoje, com os mercados fechados nos Estados Unidos devido ao feriado de Martin Luther King. Ainda assim, o petróleo teve leve alta no mercado futuro, apoiado pelo corte de juros na China. Já o dólar subiu ante rivais, com o índice DXY tendo fechado próximo à estabilidade. Sem impacto nos mercados, estiveram no radar os discursos no Fórum Econômico Mundial, que neste primeiro dia teve a participação de líderes como Xi Jinping e Narendra Modi. Presentes no evento, o CEO da Moderna disse esperar revelar em março dados de sua vacina contra a cepa Ômicron do coronavírus e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reforçou necessidade de "justiça e equidade" no combate à pandemia. As negociações entre EUA e Irã sobre o acordo nuclear também apareceram no noticiário.

Os contratos futuros do petróleo avançaram hoje. A Rystad Energy afirma que a alta se deu como reflexo do mercado aperto da commodity, uma vez que as interrupções no fornecimento não estão sendo compensadas por nenhum efeito negativo da variante Ômicron na demanda por petróleo. Os preços também foram apoiados pela decisão do Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) de reduzir sua taxa de empréstimos de médio prazo (MLF) de um ano, de 2,95% para 2,85%. "A política monetária expansionista deve ser positiva para o Produto Interno Bruto (PIB) da China, o consumo de petróleo e as taxas de funcionamento das refinarias", diz em relatório. O Brent para março subiu 0,49% (US$ 0,42), a US$ 86,48 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), enquanto o WTI para fevereiro subia 0,57%, a US$ 84,30, às 16h29 (de Brasília), no pregão eletrônico da New York Mercantile Exchange (Nymex).

Com a publicação de dados chineses, analistas apontam para uma desaceleração na economia asiática, o que torna provável a adoção de mais medidas de relaxamento pelas autoridades, conforme publicado em reportagem especial às 16h40.

No câmbio, o dólar avançou ante rivais. No fim da tarde em Nova York, a divisa americana subia a 114,61 ienes, enquanto o euro caía a US$ 1,1410 e a libra, a US$ 1,3646. O índice DXY, que mede o dólar ante um cesto de seis rivais, subiu 0,10%, a 95,258 pontos. O ING disse, em nota, esperar que o dólar continue sua recuperação ao longo desta semana, com apoio de um aperto monetário ainda mantido pelo Federal Reserve (Fed) e uma narrativa de crescimento para a economia americana. A Western Union, por sua vez, aponta que o dólar tem tido um início de ano mais duro do que o antecipado, em meio à consolidação da expectativa de três altas de juros básicos pelo Fed neste ano, além de dados "conflituosos" nos EUA. A casa afirma que o debate da inflação segue provocando certa volatilidade no mercado cambial.

Ainda hoje, ocorreu o primeiro dia do Fórum Econômico Mundial. Tradicionalmente sediado em Davos, na Suíça, o evento foi adaptado ao formato virtual por conta da pandemia. O presidente da China, Xi Jinping, reiterou seu compromisso com o processo de reformas e abertura da economia chinesa. Mesmo admitindo as "enormes pressões" domésticas e externas sobre a economia, o líder garantiu que o cenário não mudou e os fundamentos econômicos do país seguem "resilientes".

Também pelo compromisso com reformas econômicas, o premiê da Índia, Narendra Modi, disse que o país se tornou "o mais atraente destino de investimentos do mundo". O primeiro-ministro afirmou que seu objetivo é assegurar crescimento econômico e bem-estar aos cidadãos de seu país.

Secretário-geral da ONU, António Guterres destacou em seu discurso a necessidade de reformar o sistema financeiro global, para que seja expandido e não "tendencioso". Além disso, reforçou a necessidade de uma atitude coletiva para o combate à pandemia. Sinalizando a desigualdade, Guterres disse que países desenvolvidos têm sete vezes mais pessoas vacinadas do que os Estados africanos.

No mesmo evento, o CEO da Moderna, Stephane Bancel, disse esperar divulgar em março os resultados sobre a eficácia de sua vacina contra a Ômicron. Depois de identificar o primeiro caso da variante no último sábado, 15, a China intensificou as medidas restritivas em Pequim, informou a Associated Press. Na Europa, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, não participou da sessão plenária no Parlamento Europeu depois que seu motorista testou positivo para a covid-19. Em relatório, a Oxford Economics afirma que o alto número de casos da doença irá deter a recuperação global no curto prazo. No entanto, com as restrições relativamente brandas impostas pelos governos, a expectativa é que as economias retomem crescimento rapidamente assim que o número de casos cair.

Em mais uma rodada de negociações, o Irã exigiu que os EUA forneçam uma garantia legal de que não irão desistir do acordo nuclear novamente, como ocorreu com o ex-presidente Donald Trump. (Ilana Cardial - [email protected])

CÂMBIO

Em ambiente de liquidez reduzida, em razão da ausência dos mercados em Nova York pelo feriado nos Estados Unidos, o dólar à vista oscilou entre margens estreitas ao longo da sessão desta segunda-feira (17), embora tenha mostrado certa instabilidade, com algumas trocas de sinal, sobretudo pela manhã.

Tirando uma pequena alta mais expressiva logo na abertura, quando correu até a máxima de R$ 5,51414 (0,51%), a moeda passou a maior parte do pregão entre R$ 5,51 e R$ 5,52. Na mínima, rompeu pontualmente os R$ 5,50, descendo até 5,4949 (-0,30%).

No fim da sessão, o dólar era cotado a R$ 5,5266, em alta de 0,24%, encerrando uma sequência de quatro pregões seguidos baixa, em que havia se desvalorizado 2,84%. Já o dólar futuro para fevereiro operou em terreno negativo ao longo de todo o dia, embora com volume financeiro reduzido, na casa de US$ 5 bilhões. Analistas tem apontado um movimento de venda de dólar futuro por parte de estrangeiros como um dos indutores da baixa recente da moeda americana.

Entre os indicadores locais, o mercado absorveu sem sobressaltos a alta de 1,79% do IGP-10 em janeiro, acima da mediana de Projeções Broadcast (1,55%), e o avanço de 0,69% do IBC-BR em novembro, em linha com o esperado. Ambos chancelam a perspectiva de que o Banco Central mantenha o ritmo de aperto monetário e eleve a taxa Selic em 1,50 ponto em fevereiro, para 10,75% ao ano - o que, em tese, favorece o real.

Segundo operadores, após fechar a semana passada com recuo de 2,10%, aproximando-se do piso de R$ 5,50, era natural que houvesse uma acomodação da taxa de câmbio. Há dúvidas se o real pode experimentar nova rodada de apreciação, dado o risco de o Federal Reserve ter de adotar uma postura ainda mais dura, o que levaria a alta do dólar no mercado internacional. Isso para não falar das incertezas fiscais domésticas, diante da pressão por reajuste salarial por parte de servidores públicos, que têm paralisação programada para amanhã.

Apesar da apreciação recente do real, a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, não tem uma visão construtiva para a moeda brasileira neste ano, tendo em vista fatores como fraqueza econômica, perda de credibilidade da política fiscal, risco político e ciclo de alta de juros nos EUA. Ela atribui o desempenho positivo do real na semana passada "muito provavelmente pelo maior interesse dos estrangeiros tanto na Bolsa quanto nos juros", além da "venda de dólar por estrangeiros nos contratos de derivativos cambiais".

Em relação aos próximos passos do Fed, Damico, além de uma alta inicial em março, prevê mais outras três em 2022. "Paulatinamente, o mercado se convence de o Fed não está blefando e passa a inserir cada vez mais altas de juros na curva", afirma, em relatório. "Continuamos acreditando que a nova precificação das Treasuries deve favorecer o dólar e gerar perdas nas moedas de países emergentes."

O economista-chefe e sócio da JF Trust, Eduardo Velho, não acredita que a tendência de dólar abaixo da linha de R$ 5,57, que vê como suporte para a taxa de câmbio, se sustente nas próximas semanas. Ele ressalta que ainda persistem "ruídos negativos" no ambiente doméstico, com reivindicação de servidores, pressões para correção da tabela do Imposto de Renda e deterioração das previsões de inflação de curto prazo.

Velho ressalta que o boletim Focus trouxe hoje revisão para cima da mediana das expectativas para inflação em 2022 (de 5,03% para 5,09%) e 2023 (de 3,36% para 3,40%). A projeção para a taxa Selic no fim do ano permaneceu em 11,75%. "Nosso cenário é de Selic de 12,25% ou 12,50% no primeiro semestre, com queda para 12% até dezembro", afirma.

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou a maior parte do dia em leve alta, na casa dos 95,200 pontos. Em relação às divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar tinha comportamento misto.

A China divulgou que seu PIB cresceu 8,1% em 2021, em linha com as expectativas, embora tenha havido desaceleração de ritmo no quarto trimestre. O mercado se animou com o corte de juros e injeção de liquidez anunciados pelo Banco do Povo da China, em uma tentativa de manter a economia aquecida. O BC chinês reduziu 2,95% para 2,85% a taxa de empréstimos de médio prazo (MLF) de um ano. Além disso, a autoridade injetou no sistema 700 bilhões de yuans (US$ 110,19 bilhões) via MLF e de 100 bilhões de yuans (US$ 15,74 bilhões) por meio das repos reversas.

Para Velho, da JF Trust, as ações do BC chinês não chegam a ser grande surpresa. Com redução de compulsório e aumento de empréstimos ao sistema financeiro nos últimos meses, diz o economista, o governo chinês já dava sinais de agiria para "evitar uma desaceleração maior do PIB", sobretudo com os impactos indiretos da crise da incorporadora Evergrande. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.52660 0.2431 5.54140 5.49490

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5540.000 -0.21614 5561.000 5513.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5583.500 13/01    

JUROS

A ausência da referência de Nova York minguou a liquidez dos juros futuros nesta segunda-feira, com parte do movimento de alta atribuído a ajustes técnicos de carteiras. Mas a questão fiscal e eleitoral pesa no sentimento dos agentes, à medida que o mercado aguarda para ver qual será o nível de adesão dos servidores aos movimentos de paralisação por reajustes convocados para amanhã e espera a sanção do Orçamento de 2022, que tem de ocorrer até sexta-feira. Os indicadores do dia - IBC-Br e IGP-10 - foram monitorados e, a despeito de sugerir atividade e inflação mais resilientes, não mudaram o quadro de apostas para a alta da Selic, com a precificação de um ajuste de 150 pontos-base largamente majoritária.

O DI para janeiro de 2023 subiu de 11,595% na sexta-feira a 12,015% (regular e estendida). O janeiro 2025 passou de 11,228% a 11,41% (regular, na máxima), refluindo a 11,345% na estendida. E o janeiro 2027 avançou de 11,137% a 11,41% (regular, na máxima), passando a 11,305% na estendida.

Em termos de liquidez, o janeiro 2023 movimentou 477 mil contratos; o janeiro 2025, 196 mil; e o janeiro 2027, 73 mil. A média da semana passada foi, respectivamente, de 580 mil, 272 mil e 106 mil.

Os juros futuros ampliaram sensivelmente a alta nos minutos finais da sessão, já sob a preparação de uma abertura intensa amanhã. Há o tradicional leilão de NTN-Bs (15/05/2025, 15/08/2032 e 15/05/2045) e o de LFTs (01/03/2025 e 01/03/2028) às 11h, com os lotes a serem conhecidos nesta terça-feira cedo. Mas além da gestão da dívida, o que mais preocupa é o movimento de paralisação de servidores.

Funcionários dos Três Poderes estão programando uma parada nacional por reajustes de salários, em alguns casos congelados desde 2017. O movimento ganhou tração após o presidente Jair Bolsonaro articular, durante a votação do Orçamento de 2022, aumento apenas às carreiras policiais, sua base de apoio.

O temor do mercado é que a pressão surta efeito e comprometa as contas públicas, a despeito dos pedidos da equipe econômica e até de parlamentares para que não haja reajuste a qualquer carreira. A mobilização é grande nas carreiras de elite do funcionalismo, como a Receita Federal e o Banco Central. No caso da primeira, a operação-padrão fez o Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) suspender os julgamentos previstos para janeiro.

"Os servidores têm uma capacidade de pressão grande. É mais um risco fiscal em um ano em que o mercado tem preocupação elevada, uma vez que o governo começa a tomar decisões de olho na eleição de outubro", avaliou o estrategista da RIMS3 Capital, Renan Sujii.

O calendário eleitoral também pesa no sentimento do mercado, com a apreensão de que o governo Bolsonaro lance mão de medidas populistas para tentar reverter a queda nas intenções de voto e os candidatos mais competitivos não mostrem compromisso com a agenda reformista. "Estamos a pouco mais de nove meses das eleições, e o risco eleitoral fica cada vez mais presente. O mercado está cada vez mais de olho em pesquisa de intenção de votos, ficando até 'pesquisa dependent'", complementa Sujii.

O debate em torno do ICMS dos combustíveis também adicionou pressão à curva hoje. Na sexta-feira, os secretários estaduais resolveram descongelar, em 31 de janeiro, a cobrança do imposto. O movimento causou críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que direcionou críticas também ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por supostamente travar o projeto já aprovado por deputados para mudar o modelo de cobrança do tributo. O senador prometeu, então, debater uma proposta do PT que cria um programa de estabilização do valor do petróleo e derivados no Brasil e forçando uma alteração na política de preços da Petrobras.

A nebulosidade quanto ao futuro do País em 2022 está presente também nas estimativas dos analistas do mercado financeiro, segundo pesquisa do Projeções Broadcast. A despeito de um avanço em linha com o esperado pelo mercado em novembro para o IBC-Br (0,69% na margem, ante consenso de 0,70%), as medianas do Produto Interno Bruto do quarto trimestre (0,0%) e de 2021 (4,5%) não se alteraram. Para o PIB de 2022, houve até redução - de 0,50% a 0,30%.

No caso da inflação, os agentes observaram hoje o IGP-10 de janeiro, que subiu 1,79% na margem, acima do consenso de 1,55%.

Mas tanto o IBC-Br quanto o IGP-10 não alteraram as apostas para o Copom de fevereiro. De acordo com modelo do professor Alexandre Cabral, a curva precifica 82% de chance de alta de 1,5 ponto porcentual da Selic (contra 18% de 1,25 pp), tal qual mencionado na comunicação recente do Banco Central. (Mateus Fagundes - [email protected])

08:29

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 9.73

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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