ATIVOS AMPLIAM GANHOS À TARDE, AINDA DE OLHO EM SINAL DE RECUO DA RÚSSIA NA UCRÂNIA

Blog, Cenário

Os mercados globais tiveram direção positiva ao longo de todo o pregão. E o motivo também foi o mesmo, do começo ao fim: o aparente recuo da Rússia na escalada de tensões com a Ucrânia. O investidor já começou o dia comprando risco, depois da informação de que Moscou iniciou uma retirada parcial de suas tropas na fronteira ucraniana e também após o presidente russo, Vladimir Putin, baixar um pouco o tom, mostrando-se disposto a negociar por vias diplomáticas. Assim, dados de atividade na zona do euro, alguns abaixo do previsto, ou de inflação dos EUA, neste caso mais alto do que o estimado, ficaram em segundo plano. Tudo que os mercados queriam, depois de dias de tensão e deterioração, era recompor um pouco de posições. E foi o que aconteceu, com as bolsas em Wall Street subindo mais de 1%, com o Nasdaq na casa dos 2,5% de ganhos. Ao mesmo tempo, o petróleo devolveu uma boa parte da alta recente, diante dos temores de conflito envolvendo países importantes para o fornecimento de óleo e gás, e caiu cerca de 4%. Tal movimento, em um dia de tombo também do minério de ferro, limitou o avanço do Ibovespa a 0,82%, aos 114.828,18 pontos, uma vez que Vale e Petrobras, duas das principais ações do índice, tiveram desempenho bastante negativo, enquanto bancos ajudaram a puxar para cima. No caso do câmbio e dos juros, a terça-feira também foi de descompressão. O real, que já vinha performando relativamente bem, mesmo em meio ao quadro global de aversão ao risco, hoje ganhou mais espaço ainda ante o dólar, que fechou a R$ 5,1807 no mercado à vista (-0,72%), no menor valor desde 6 de setembro passado. O mesmo aconteceu com os juros futuros, que devolveram prêmios ao longo de toda a curva, algo que não acontecia, no caso das taxas curtas e intermediárias, desde 7 de fevereiro, antes da ata do Copom. Mas no caso da renda fixa, além da melhora internacional e do câmbio, também houve alívio fiscal, diante da percepção de que a PEC dos Combustíveis, classificada pela equipe econômica como "kamikaze" para as contas públicas, não deve avançar.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

As tratativas diplomáticas em torno da crise envolvendo Ucrânia se intensificaram hoje, abrindo margem para recuperação das ações no mercado internacional e recuo de quase 4% nos preços do petróleo. Os temores de conflito foram amenizados após o presidente Vladimir Putin ordenar uma desmobilização de tropas na fronteira, apesar de a Otan ter alertado que não há sinais de redução da presença militar russa na região. O dólar operou em queda ante a maioria das moedas, o ouro baixou e os rendimentos dos Treasuries ficaram sem sinal único, após o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) apontar o dobro da alta mensal esperada para janeiro, reforçando a expectativa de uma postura mais agressiva pelo Federal Reserve (Fed) nos próximos meses.

Para a Oxford Economics, as tensões na Ucrânia devem terminar com uma solução diplomática, mas há risco também de uma "incursão limitada" da Rússia no território vizinho. Pelos cálculos da consultoria, esse cenário hipotético custaria 0,3% ao PIB da zona do euro até o fim de 2022 e impulsionaria a inflação na região em 0,7 ponto porcentual. O principal canal de transmissão de incertezas para a economia europeia seria pelos preços do gás natural, de acordo com a Oxford. A cotação do ativo deve saltar a US$ 50 por milhões de BTU nas próximas semanas, diz a consultoria, devido ao ambiente conturbado.

Hoje, o Ministério de Defesa russo informou a retirada de cerca de 10 mil soldados, de uma força estimada em cerca de 130 mil que ocupa a fronteira do país com a Ucrânia. A percepção de que a possibilidade de uma invasão diminuiu foi reforçada por comentários de Putin, em coletiva de imprensa após reunião com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. Além de acenar pela continuidade de esforços diplomáticos, o mandatário disse temer que as negociações estagnem, mas garantiu que os alemães continuarão recebendo suprimento de gás russo "a preços de longo prazo".

Neste cenário, o petróleo sofreu forte recuo, e o WTI com entrega prevista para março recuou 3,55% (US$ 3,39), a US$ 92,07, enquanto o Brent para abril baixou 3,32% (US$ 3,20), a US$ 93,28. Segundo o TD Securities, os preços ficaram vulneráveis por conta da diminuição das tensões geopolíticas, além da melhora em problemas operacionais que afetam a produção de membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). No radar seguem ainda as tratativas pelo retorno ao acordo nuclear com o Irã, que prosseguem em Viena.

Por outro lado, as bolsas de Nova York fecharam em alta, se recuperando após perdas recentes. Ao fim, Dow Jones subiu 1,22%, S&P 500 avançou 1,58% e Nasdaq subiu 2,53%. O cenário foi semelhante na Europa, onde os principais índices avançaram, como a alta de 1,98% do DAX em Frankfurt. As perspectivas, por sua vez, seguem apresentando dificuldades para o avanço dos mercados acionários. O Bank of America (BofA) aponta a política de bancos centrais agressivos como catalisadora do pessimismo macro. Segundo a instituição, investidores veem a postura do Fed levando o S&P500 ao nível dos 3700 pontos. A isso soma-se ainda a inflação, bolhas e recessão, todos vistos como "riscos" maiores para as ações do que a crise da Ucrânia.

No câmbio, dólar e outros portos seguros perderam terreno. Ao fim da tarde, o euro avançava a US$ 1,1363 e a libra subia a US$ 1,3539, enquanto o índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais, caiu 0,40%. O ouro seguiu movimento semelhante, a entrega para abril, o contrato mais líquido, fechou em baixa de 0,71%, a US$ 1.856,20 por onça-troy,

Na visão do Citi, depois da leitura do PPI dos EUA de janeiro, com avanço de 1,0% ante dezembro, enquanto a expectativa era de 0,5%, o Fed deve responder com uma política monetária mais agressiva, incluindo um aumento de 50 pontos-base na taxa básica de juros na reunião de março. O banco considera esta como uma evidência de uma pressão inflacionária cada vez mais persistente e mais incorporada, o que deve levar a um posicionamento ainda mais hawkish pelo Fed. Investidores esperam agora a publicação da ata referente à última reunião de política monetária do Fed, marcada para amanhã. Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries não tiveram sinal único, com a T-note de 2 anos caindo a 1,563%, a T-note de 10 anos subindo a 2,050% e o T-bond de 30 anos avançando a 2,368%.

Hoje, o Comitê Bancário do Senado dos EUA decidiu adiar uma votação sobre nomes indicados para postos de comando do Fed. Na sessão marcada com essa finalidade, houve um boicote dos integrantes da oposição republicana, que não compareceram, por isso o voto não foi realizado. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

A melhora do humor externo, decorrente da redução de tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia, contribuiu para o Ibovespa costurar hoje o sexto ganho consecutivo, sua mais longa sequência positiva desde a passagem de maio para junho passado, mas também resultou em forte correção do petróleo, que havia acumulado prêmios de risco durante a escalada das tensões no leste europeu. Assim, sem a contribuição de Petrobras (ON -2,07%, PN -1,58%) e Vale (ON -2,97%), em dia também negativo para o minério de ferro, o Ibovespa andou menos do que as referências em Nova York, onde os ganhos chegaram a 2,53% (Nasdaq) no fechamento.

Na B3, o índice renovou máximas ao longo da tarde, acompanhando à certa distância o avanço visto em Nova York. No fechamento, no pico do dia, mostrava alta de 0,82%, a 114.828,18 pontos, agora no melhor nível desde o encerramento de 15 de setembro (115.062,54), hoje entre mínima de 113.882,48 e a máxima do encerramento, saindo de abertura aos 113.905,44 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,9 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa sobe 1,11%; no mês, 2,39% e, no ano, acumula agora 9,55%.

Tanto Rússia como Ucrânia são importantes produtoras de commodities agrícolas como trigo e milho, com os russos se destacando também não apenas em petróleo e gás, mas ainda em metais, bem como na produção de fertilizantes, observa Igor Barenboim, economista-chefe da Reach Capital. “Do ponto de vista econômico, temos aí dois grandes produtores de matérias-primas. Um confronto militar afetaria não apenas a oferta mas também a demanda (por insumos), na medida em que um enfrentamento desviaria recursos” para essa finalidade, acrescenta.

Assim, a escalada de tensões vista nos últimos dias, e amortecida hoje pelos sinais que chegaram da Rússia, foi particularmente sentida nos preços de commodities, como o petróleo, que chegou a recuar quase 5% ao longo desta terça-feira.

“Mesmo na ausência de indícios de que a situação está resolvida, o movimento (de retirada de tropas russas) vem como uma luz no fim do túnel e já é o suficiente para dar sustento à redução do prêmio de risco nos mercados, que já iniciaram a sessão com alta nas bolsas, dólar mais fraco e forte abertura dos juros desenvolvidos - além de uma queda acentuada nos preços do petróleo. Naturalmente, a confirmação de que a Rússia irá retirar suas forças por completo será providencial para destravar mais valor”, observa em nota a Guide Investimentos.

"A liquidação do mercado de títulos foi retomada, com o retorno do apetite por risco após afrouxamento das tensões geopolíticas", aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York, chamando atenção para o rendimento da T-note de 10 anos, acima de 2%. "As expectativas de que se estabilize acima disso agora estão crescendo. A inflação está se acelerando e espera-se que estejamos vendo o pico das pressões sobre os preços ser adiado por mais alguns meses", acrescenta.

“Os mercados operaram com alívio em relação à geopolítica. A tensão em relação à possibilidade de conflito diminuiu bastante e o mercado pôde efetivamente voltar a olhar outros pontos. Nessa toada, o petróleo, que tinha subido bastante, foi para uma realização (de lucros), o que afetou as petrolíferas. Além disso, a China tem feito algumas ações para tentar conter a escalada especulativa no preço do minério, que chegou a bater em US$ 150 (por tonelada) e agora voltou para a casa dos US$ 138, com reflexos para Vale e CSN, que é dona da (mina) Casa de Pedra”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Ainda assim, as perdas observadas no setor de commodities e siderurgia (CSN ON -4,83%, na ponta negativa do Ibovespa) tiveram o contrapeso do bom desempenho das ações de bancos, com BB ON (+4,74%) à frente, após o balanço da instituição divulgado na noite de ontem. Na ponta de ganhos da carteira Ibovespa, destaque para Locaweb (+15,31%), Banco Pan (+10,47%), Azul (+8,45%) e WEG (+8,02%). No lado oposto, além de CSN, 3R Petroleum (-4,74%), Bradespar (-3,67%), Vale (-2,97%) e PetroRio (-2,83%).

“Em recuperação, o setor bancário é o que vem despontando, com resultados bastante fortes do Banco do Brasil e, na semana passada, do Itaú”, aponta Moliterno, destacando também na sessão o desempenho das ações de varejo, em “respiro” após a “clareada” proporcionada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre como se dará os aumentos de juros, com expectativa de arrefecimento da inflação, o que resultou em fechamento das taxas dos DIs futuros. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 114828.18 0.81562

Máxima 114828.18 +0.82

Mínima 113882.48 -0.01

Volume (R$ Bilhões) 2.99B

Volume (US$ Bilhões) 5.77B

18:24

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 115050 0.95648

Máxima 115065 +0.97

Mínima 113985 +0.02

CÂMBIO

Sinais de que a Rússia pode abandonar eventual plano de invadir a Ucrânia, após notícias de desmobilização parcial das tropas russas na fronteira entre os países, abriram espaço para uma redução dos prêmios de risco mundo afora, levando a uma rodada de enfraquecimento global da moeda americana. Apesar do tombo de commodities como minério de ferro e petróleo, o real brilhou novamente, figurando no grupo das divisas emergentes que mais se valorizaram - desempenho atribuído por analistas, em grande parte, à atratividade da renda fixa local, dada a expectativa de que a taxa Selic supere 12%.

Em queda desde a abertura dos negócios, a moeda chegou a operar momentaneamente na casa de 5,16 no fim da manhã, quando registrou a mínima da sessão, a R$ 5,1667 (-0,99%). Depois de orbitar os R$ 5,18 ao longo da tarde, o dólar à vista terminou a sessão em baixa de 0,72%, a R$ 5,1807 - menor valor desde 6 de setembro de 2021, quando encerrou a R$ 5,1767. Após terminar janeiro com desvalorização de 4,84%, a divisa já acumula perdas de 2,36% em fevereiro.

O dólar já havia esboçado fechar abaixo do piso de R$ 5,20 nas últimas sessões, mas acabou se recuperando - seja por falas mais duras de dirigentes do Federal Reserve, em meio a leituras fortes de inflação nos EUA, seja pelo temor de invasão russa à Ucrânia. No pregão de hoje, o alívio nas tensões geopolíticas falou mais alto que o forte avanço da inflação ao produtor nos Estados Unidos em janeiro (PPI subiu 1%, o dobro do esperado por analistas) e a cautela diante da divulgação, amanhã, da ata da mais recente reunião de política monetária do Fed.

Para o economista-chefe da Integral Group Daniel Miraglia, o mercado já absorveu a perspectiva de que o Federal Reserve possa elevar a taxa de juros em 50 pontos-base em março e levá-la para cerca de 1,5% ainda neste ano. As atenções estarão mais voltadas, observa Miraglia, a sinais de em torno ritmo de redução do balanço patrimonial do BC americano - que significa, na prática, retirada de dinheiro do sistema. Ao longo dos próximos meses, o grande termômetro para saber o tamanho da alta de juros nos EUA é o comportamento das Treasuries mais longas. Um avanço do retorno da T-note de 10 anos para o patamar de 2,5% poderia ter impacto mais forte em ativos de risco, pondera o economista.

"O Fed deve dar em março uma resposta mais firme às pressões inflacionárias, mas dizer ainda que é 'data dependent' em relação ao grau de elevação dos juros. O mercado já precificou alta de 0,50 pontos base em março e vai ser mais sensível à questão do balanço", afirma Miraglia, que, no caso brasileiro, vê pelo menos mais duas altas da taxa Selic - em 1 ponto porcentual em março e em 0,75 ponto em maio - para 12,50%.

Para Miraglia, a forte apreciação do real está muito ligada ao fluxo de capital de curto prazo, em meio a uma rotação global de portfólio. Ele prevê um aumento da volatilidade da taxa de câmbio a partir de abril ou maio, quando a corrida eleitoral vai "começar a fazer preço" no mercado. "Não acho que esse cenário tranquilo vai continuar. Nosso cenário base é de dólar a R$ 5,90 no fim do ano", diz o economista.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes e é um bom termômetro do apetite ao risco - trabalhou hoje em queda firme, no limiar dos 96,000 pontos, sobretudo por conta das perdas frente ao euro. Entre os emergentes, dólar perdeu mais força em relação ao peso chileno, o real, por razões óbvias, o rublo.

Do lado político, sinais de que a PEC dos combustíveis apresentada no Senado - apelidada de PEC Kamikaze, por trazer possibilidade de renúncia fiscal superior a R$ 100 bilhões - pode não vingar ajudam a diminuir a percepção de risco. Há, contudo, perspectiva de votação de projetos relacionados aos preços de combustíveis amanhã no Senado. Um deles inclui uma conta de estabilização dos preços e a mudança do modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis, mas com liberdade para cada governador definir a alíquota.

Economista e sócio da Golden Investimentos, Thomas Giuberti observa que, a despeito da queda da percepção global de risco, refletida no arrefecimento do índice DXY, e de um quadro fiscal interno razoável, o grande propulsor do real são as operações de carry trade (que exploram o diferencial de juros entre países). "Temos um grande fluxo de estrangeiro. Ninguém sabe quando o estrangeiro vai parar de alocar. O mercado já começa a especular com taxa de câmbio a R$ 5,10 ou R$ 5,00. Sem dúvida, o carry trade voltou". (Antonio Perez - [email protected])

18:24

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.18070 -0.7243 5.21730 5.16670

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5177.500 -0.92805 5233.500 5175.500

DOLAR COMERCIAL 5282.648 09/02    

JUROS

A melhora na percepção de risco geopolítico e fiscal doméstico resultou em queda para os juros, com destaque para as taxas curtas e intermediárias, que não experimentavam recuo desde o último dia 7, véspera da divulgação da ata do Copom. A informação do governo russo, logo cedo, de que iniciou a retirada parcial de suas tropas na fronteira com a Ucrânia trouxe alívio, elevando o apetite por risco em ativos emergentes, mesmo diante de mais um índice de inflação ao produtor bem acima do esperado nos Estados Unidos. O dólar foi para R$ 5,18, contribuindo para a retirada de prêmios da curva, que se beneficiou ainda dos sinais emitidos por Brasília. A percepção de que não deve prosperar a PEC dos Combustíveis, classificada pela equipe econômica como "kamikaze" do ponto de vista das contas públicas, vai se confirmando.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,385% (regular) e 12,37% (estendida), de 12,488% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2025, em 11,345% (regular) e 11,325% (estendida), de 11,486% ontem. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,225% (regular) e 11,195% (estendida), de 11,366%.

A redução dos riscos externo e fiscal, que normalmente fazem mais preço nos vencimentos de longo prazo, hoje ajudou a curva como um todo. Os vértices curtos e intermediários vinham acumulando prêmios desde a semana passada, com a mensagem da ata e declarações de dirigentes do Banco Central desfazendo a ideia de apenas mais uma elevação da Selic, em março, e enfraquecendo as apostas de corte da taxa no fim do ano. Ontem, ao programa GloboNews Míriam Leitão, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reiterou a postura hawkish em relação ao combate à inflação, mas as declarações foram absorvidas sem maiores efeitos nos preços. "Quando olhamos hoje o que precisa para combater a inflação, precisa ter uma taxa de juros restritiva", disse.

O que prevaleceu nesta terça foi o cenário internacional, com o esfriamento das tensões entre a Rússia e a Ucrânia se sobrepondo ao aumento da inflação no atacado nos Estados Unidos, que superou largamente as projeções. "Lá fora o movimento das Treasuries é misto, mas aqui estamos acompanhando a moeda, com o dólar chegando nos R$ 5,18, patamar de setembro", resumiu a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Ela ressalta que a entrada de fluxo segue beneficiando os ativos locais. "Principalmente para a Bolsa, que segue bancando a recuperação da taxa de câmbio e acaba trazendo retirada de prêmio na curva de juros."

Internamente, a economista destaca que a tratativa sobre os projetos sobre preços dos combustíveis no Congresso parece seguir em banho-maria. "Não estamos vendo qual matéria que vai ganhar força, então não temos nenhum assunto político latente", disse.

Mesmo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tendo afirmado no fim da tarde que os projetos estão "maduros" para serem votados amanhã, não houve estresse. Mais cedo, o relator, senador Jean Paul Prates (PT-RN), afirmou que a votação poderia ser adiada, diante do aumento do prazo para emendas. Disse ainda que a PEC apelidada de "Kamikaze" pela equipe econômica ainda está "viva", mas não é prioridade.

Há ainda a dúvida sobre se o governo estaria infringindo a lei eleitoral via desoneração de impostos em ano de eleição. De acordo com Prates, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só vai se posicionar diante de um fato concreto, ou seja, somente após a aprovação da proposta.

Para o analista da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, apenas mudanças mais pontuais têm espaço político viável na questão dos combustíveis, dada a dificuldade de coordenação dos líderes e a falta de protagonismo do Executivo. "Seguimos com cenário básico de um quadro de aprovação de medidas mais pontuais e, eventualmente, até paralisia decisória total em torno do tema", afirmou.

O Tesouro realizou hoje leilão de NTN-B, de 800 mil títulos, mas não conseguiu colocar todo o lote de 150 mil papéis no vencimento longo, para 2045. Com isso, a venda total para três vencimentos foi de 692.350.

Em relatório, o BTG afirma ter uma postura cautelosa em suas posições em renda fixa, com sobrealocação de recursos em ativos pós-fixados e atrelados à inflação de curto prazo, mas mantém no radar oportunidades em prefixados. "A Selic terminal tem pouco desvio de opiniões e, caso não haja uma forte reversão das expectativas de IPCA para 2023, enxergamos prêmios nos vértices dos DIs em 2024", dizem os profissionais. (Denise Abarca - [email protected])

18:24

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 10.95

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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