ATIVIDADE NOS EUA E TEMOR COM INFLAÇÃO PUXAM DÓLAR E JUROS; COMMODITIES SEGURAM BOLSA

Blog, Cenário

Junho começou com o mercado internacional totalmente focado em buscar sinais que ajudem a traçar a rota das próximas decisões de política monetária do Federal Reserve. E a agenda do dia ajudou. Se pela manhã o índice ISM industrial mostrou resiliência desse importante setor nos Estados Unidos, à tarde o Livro Bege do Fed reforçou a tese de que a economia segue firme e ancorada em um mercado de trabalho bastante aquecido. Mesmo com a ponderação de alguns dos distritos do BC americano de que o crescimento pode reduzir sua marcha nos próximos meses, a percepção do mercado é de que ele terá de endurecer a sua política monetária para segurar a inflação - não pelo aumento da intensidade das altas de juros, mas sim por meio da extensão do ciclo de elevação. Para os ativos, isso significou dólar e juros para cima globalmente, enquanto as bolsas de Nova York tiveram perdas. O índice DXY, que mede a moeda americana ante seis divisas fortes, superou os 102,5 pontos. Aqui no Brasil, o dólar à vista avançou aos R$ 4,8041, valorização de 1,08%. Na renda fixa externa, os juros dos Treasuries tiveram avanço firme, em geral. Internamente, além da influência do câmbio e da curva americana, preocuparam os agentes do mercado de DI a reescalada dos preços do petróleo nos últimos dias. O barril parece mirar os US$ 120 de novo, o que aumentaria a pressão tanto por reajustes da Petrobras quanto pela concessão de benefícios fiscais para combustíveis. O resultado foi uma abertura consistente das taxas, superior a 10 pontos nos vértices intermediários e longos. Por fim, nas ações domésticas, tudo conspirava contra o Ibovespa, já que Nova York trabalhou em queda, ainda que moderada na segunda etapa (S&P -0,75% e Dow Jones -0,54%), e dólar e DIs criavam um muro de contenção. Mas a exposição do índice às commodities acabou salvando-o de iniciar o mês em baixa. Vale (ON +2,35%), Usiminas (PNA +2,74%), mas não Petrobras (ON -0,09% e PN -0,13%), tiveram boa performance hoje. Assim, a Bolsa terminou em 111.359,94 pontos, estável (+0,01%).

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•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

O Livro Bege do Federal Reserve (Fed) voltou a lançar luz sobre a força da inflação, que deve levar a mais aumentos de juros nos Estados Unidos, mesmo com alguns distritos reportando desaceleração econômica recente. Além do documento divulgado nesta tarde, alguns dirigentes do banco central americano vieram a público reafirmar a trajetória de aperto, com apostas quase unânimes de uma elevação de 50 pontos-base em 15 de junho. Nesse quadro, os juros dos Treasuries e o índice DXY do dólar avançaram, enquanto as bolsas de Nova York tiveram quedas modestas, perdendo fôlego após indicadores dos EUA divulgados pela manhã. Entre as commodities, o petróleo registrou ganho, com a China relaxando lockdowns e foco no noticiário sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e também na guerra entre Rússia e Ucrânia.

Sumário de opiniões que embasa a decisão de política monetária do Fed, o Livro Bege publicado nesta tarde mostrou que a maioria dos distritos reportou aumento moderado do emprego, em um mercado de trabalho já apertado, além de crescimento em todos os distritos, mas com alguns deles vendo desaceleração recente. Houve ainda relatos de forte aumento nos preços dos insumos e de uma menor demanda.

Já entre os dirigentes do BC americano James Bullard (St. Louis) e Tom Barkin (Richmond) reafirmaram expectativa de alta de 50 pontos-base nos juros em próximas reuniões. Para junho, o monitoramento do CME Group apontava 99,3% de probabilidade de elevação de 50 pontos no juro dia 15 deste mês. Em linha similar, Mary Daly, presidente da distrital de São Francisco, argumentou por um aperto mais rápido em direção ao nível neutro, que para ela está em 2,5%. Enquanto isso, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, avaliou que os EUA estão no "pleno emprego", mas com inflação elevada demais.

Nesse quadro, os juros dos Treasuries subiram hoje. O BMO Capital diz que o avanço a 56,1 em maio do índice de gerentes de compras (PMI) da indústria dos EUA, elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), apoiou o movimento. O banco de investimentos também menciona o fato de que o BC do Canadá não apenas elevou sua taxa básica de juros em 50 pontos-base, mas trouxe retórica hawkish em seu comunicado. O próprio BMO admite que é incomum sinalizações de outros BCs influírem nos Treasuries, mas diz que o comunicado canadense foi visto como um reforço na postura dos bancos centrais para combater o quadro inflacionário atual. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,645%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,924% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,080%.

No câmbio, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, avançou 0,73%, a 102,498 pontos. A Western Union comenta que a moeda americana é apoiada pelo avanço dos Treasuries e também pela busca por segurança entre alguns investidores. No horário citado, o dólar avançava a 130,16 ienes, após o Banco do Japão reafirmar postura relaxada na sua política monetária e seguir "ultra dovish", nas palavras do BBH, o euro caía a US$ 1,0655 e a libra tinha baixa a US$ 1,2492.

Entre as commodities, o petróleo WTI para julho fechou em alta de 0,51%, em US$ 115,26 o barril, na Nymex, e o Brent para agosto avançou 0,60%, a US$ 116,29 o barril, na ICE. Na China, houve melhora no PMI da indústria, embora ainda em território de contração, e o relaxamento de lockdowns, inclusive em Xangai, o que pode resultar em melhora na demanda. Havia ainda expectativa por novidades da Opep+, que negocia sua postura diante do quadro atual no mercado. Para o Julius Baer, porém, a guerra russa na Ucrânia continua como o principal fator para os contratos do petróleo, no quadro atual.

Nas bolsas de Nova York, o setor de energia registrou ganhos, mas outros, como serviços de comunicação e financeiro, estiveram entre as baixas. O Dow Jones fechou em queda de 0,54%, em 32.813,23 pontos, o S&P 500 caiu 0,75%, a 4.101,23 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,72%, a 11.994,46 pontos. As praças americanas chegaram a subir, mas perderam fôlego após dados mistos dos EUA. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa iniciou junho praticamente sem variação (+0,01%), tendo chegado a mostrar ganhos um pouco melhores ao longo da tarde enquanto Nova York moderava perdas. Ao fim, a referência da B3 mostrava 111.359,94 pontos, quase no mesmo ponto em que encerrou maio, entre mínima de 110.821,51 e máxima de 111.930,89, saindo de abertura a 111.350,51 pontos na sessão. O giro ficou em 25,6 bilhões nesta quarta-feira, e, no ano, o Ibovespa avança 6,24%, tendo retomado em maio a trajetória ascendente que havia prevalecido entre dezembro e março, revertida em abril.

Hoje, a forte leitura dos índices de atividade PMI, nos Estados Unidos como também no Brasil, suscitou reação ambivalente dos mercados, observa Flávio Aragão, sócio da 051 Capital. "A cada leitura melhor dos índices de atividade vem a dúvida sobre o efeito em inflação e no ritmo de ajuste das políticas monetárias. Há uns 15 dias a liquidez vem se mostrando mais restrita, com os investidores em compasso de espera para as próximas decisões sobre juros, no momento em que o calendário eleitoral começa a ganhar atenção do mercado", diz.

Ele destaca a "lateralização" do Ibovespa observada nas últimas sessões, com o índice sem força para seguir muito adiante mesmo nos dias em que poderia ser mais favorecido pelo avanço dos preços das commodities. Hoje, tanto o Brent como o WTI voltaram a subir, assim como o minério de ferro em Dalian (+1,12%, a US$ 131,95 por tonelada), o que colocou Vale ON (+2,35%) e parte das siderúrgicas (CSN ON +1,56%) no campo positivo, em contraponto ao recuo nas ações de grandes bancos, com Santander (Unit -1,94%) e Bradesco PN (-1,80%) à frente - a exceção foi BB ON (+0,19%). Por sua vez, Petrobras (ON -0,09%, PN -0,13%) voltou a decepcionar após ter esboçado ganhos moderados, devolvidos em direção ao fim da sessão.

O temor de mudanças na atual política de preços da empresa, que leva em conta o câmbio e as cotações da commodity, levou o Morgan Stanley a retirar Petrobras da lista de dez principais ações recomendadas para junho na América Latina. Em relatório, o BTG Pactual estima que intervenções levariam a perdas entre US$ 6 bilhões e US$ 7,5 bilhões de Ebtida da estatal a cada 10% de defasagem ante os preços internacionais.

Se o presidente Jair Bolsonaro - apesar das reiteradas críticas à política de preços da estatal, com sucessivas trocas de comando desde o início do mandato - parece não ter conseguido até o momento ser decisivo na orientação da Petrobras, "Lula é explícito quanto ao que vai fazer, o que afeta também os preços (das ações) de outras estatais", observa Aragão, da 051 Capital.

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para Hypera (+7,66%), WEG (+3,31%) e Usiminas (+2,74%). No lado oposto, Azul (-5,82%), Banco Inter (-4,69%) e Gol (-3,86%).

"O dia foi negativo no mercado internacional, com os investidores ainda pesando o cenário inflacionário. Essa persistência do petróleo acima dos US$ 120 (por barril)está sendo avaliada pelos analistas em meio à retomada econômica na China - inclusive com medidas de sustentação da atividade -, em conjunto com a decisão da União Europeia de banir o petróleo russo. A incerteza quanto à Opep, sobre o nível de oferta da commodity, coloca combustível nas preocupações sobre a inflação, assim como estimativas mais fortes para a inflação em áreas como a zona do euro", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

De acordo com relato da Argus, a Opep+ está prestes a concordar com outro aumento em sua meta de produção de petróleo quando os ministros se reunirem em 2 de junho, amanhã. A coalizão deve carimbar aumento de 432.000 b/d em sua meta de julho, conforme acordo com roteiro esboçado no ano passado, disseram delegados. Segundo a Reuters, a reunião técnica da Opep+ nesta quarta-feira não discutiu a suspensão da Rússia de um acordo de fornecimento de petróleo, disseram quatro fontes, na véspera do encontro em que deve ser confirmado plano para elevar a produção.

No quadro mais amplo, "embora o Brasil tenha chamado atenção com maio de boa rentabilidade, a grande protagonista continua a ser a inflação. Com a sequência de aumentos da inflação ao redor do mundo, os principais BCs têm indicado preocupação com o tema, com aumentos de juros", aponta Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.

A presidente da distrital do Federal Reserve em São Francisco, Mary Daly, defendeu hoje que a autoridade monetária eleve juros mais rapidamente em direção ao nível neutro, o patamar em que as taxas nem estimulam, nem comprimem a atividade econômica. Em entrevista à CNBC, a dirigente estimou que esse nível está em 2,5%. Atualmente, a taxa de juros de referência do Fed está na faixa entre 0,75% e 1,00%.

"Maio foi bom para a Bolsa brasileira, com alta de 6% no ano, recuperando um pouco o call do 'Brazil bull'. Os primeiros 15 dias do mês passado foram muito ruins para as bolsas americanas, que mostraram recuperação nos últimos 10 dias de maio, com melhora de dois de três pilares que estavam atrapalhando o cenário de risco: reabertura de China, com o alívio dos lockdowns, o que contribui para os preços de commodities; e más notícias (sobre a economia) que viraram boas notícias, com visão sobre juros que chegou a ficar um pouco mais branda por lá", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacando o efeito sobre o câmbio no Brasil, com recente recuo do dólar para baixo do limiar de R$ 4,80.

Hoje, a moeda americana encerrou o dia a R$ 4,8041, em alta de 1,08%, tendo sido negociada a R$ 4,7225 na mínima do dia, após ter chegado a ficar abaixo de R$ 4,70 ontem, durante aquela sessão. (Luís Eduardo Leal - [email protected]; com Amélia Alves)

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111359.94 0.00847

Máxima 111930.89 +0.52

Mínima 110821.51 -0.48

Volume (R$ Bilhões) 2.55B

Volume (US$ Bilhões) 5.33B

17:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111845 0.02683

Máxima 112440 +0.56

Mínima 111130 -0.61

CÂMBIO

O dólar abriu junho em alta firme, tocando novamente o patamar de R$ 4,80, em movimento alinhado à onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Indicadores econômicos nos Estados Unidos e alta persistente do petróleo avivam temores inflacionários e trazem de volta a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) pode ser mais agressivo no ajuste da política monetária. Em tal cenário, nem a perspectiva positiva para preços das commodities, sustentada por relaxamento das medidas restritivas contra o Covid-19 em Xangai e Pequim e por dados acima do esperado da produção industrial chinesa, conseguiram dar sustentação ao real.

Tirando uma queda na primeira hora de negócios, quando marcou mínima a R$ 4,7225, o dólar trabalhou em alta durante toda a sessão, tendo superado o teto de R$ 4,80 no início da tarde, quando atingiu máxima a R$ 4,8145 (+1,30%). No fim do dia, a moeda americana era cotada a R$ 4,8041, alta de 1,08%. Com isso, acumula valorização de 1,39% nesta semana. No ano, as perdas são de 13,84%.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta firme, novamente acima dos 102,500 pontos, em meio a perdas fortes de euro, da libra e, em especial, do iene, após o Baco do Japão (BOJ, na sigla em inglês) reforçar a intenção de manter a política monetária frouxa. O dólar também subiu frente à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O real, que vinha se sobressaindo entre seus pares, hoje amargou as piores perdas.

Nos EUA, o índice de gerentes de compras (PMI) da indústria medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM) subiu de 55,4 em abril para 56,1 em maio, na contramão das expectativas do mercado, de queda para 54,2. Essa leitura forte foi, em parte, temperada pelo avanço de 0,2% dos investimentos em construção em abril, menor que o previsto (+0,5%) e pela queda do PMI industrial da S&P Global de 59,2 em abril para 57 em maio. Já o Livro Bege, sumário das condições econômicas que serve de base para a decisão de política monetária do Fed, não chegou a ter influência relevante nos negócios.

Em todo caso, a sinalização é de que a economia americana ainda exibe bom desempenho, o que autoriza apostas de que o Fed pode ser mais agressivo e promover altas seguidas da taxa básica ao longo deste ano. A dúvida é se o aperto das condições financeiras induzido pelo BC americano vai conseguir arrefecer a inflação sem provocar uma desaceleração mais forte da atividade econômica.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, observa que o mercado já começa a questionar a perspectiva de que, após mais duas altas seguidas da taxa americana em 50 pontos-base, o Fed adotará uma pausa para avaliar os indicadores econômicos. "Dados fortes dos EUA ajudam a valorizar o dólar no exterior e aqui. Apesar do fluxo de recursos externos para nossa Bolsa nos últimos dias, a tendência é de um dólar mais forte, ligado ao exterior", diz Velho, ressaltando que a alta persistente do petróleo prejudica as perspectiva para o crescimento global e, por tabela, alimenta a aversão ao risco.

A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daily, disse que é preciso subir a taxa de juros rapidamente para o nível neutro, que ela estima em 2,5%. Os Fed Funds hoje estão na faixa entre 0,75% e 1%. Tido como integrante mais duro do BC americano, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou que o ritmo atual de alta dos juros, de 50 pontos-base por reunião, é adequado neste momento. Bullard disse, contudo, ser contra pausa no ciclo de alta de juros e que espera taxa em 3,5% até o fim do ano, acima do que considera o nível neutro (em torno de 2%). Tanto Daily quanto Bullard descartam a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos.

A especialista em renda fixa da Blue3, Letícia Cosenza, observa que é grande a expectativa para a divulgação, na sexta-feira (03), do relatório de emprego (payroll) e da taxa de desemprego nos Estados Unidos em maio. "É preciso ver como está a questão do emprego para saber qual será a postura do Fed. O mercado deve continuar volátil até lá e o dólar tende a se fortalecer", diz Cosenza, ressaltando que a preocupação com a inflação global deve continuar a pesar sobre os ativos de risco e favorecer a moeda americana.

O economista Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar, lembra que começa neste mês o início do processo de redução do balanço patrimonial do Federal Reserve, o que vai reduzir a liquidez no mercado e, por tabela, o apetite por ativos de risco. "Isso provavelmente deve trazer mais pressão sobre o dólar ao longo de junho.", diz Mori, acrescentando que dados divulgados hoje, como o PMI/ISM, mostram que os EUA seguem com atividade forte, em meio a um quadro de desemprego baixo e inflação elevada. (Antonio Perez - [email protected])

17:33

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.80410 1.0836 4.81450 4.72250

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4854.000 1.69705 4855.000 4762.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4834.241 23/03    

JUROS

Junho começou com pressão de alta na curva de juros, mais pronunciada nos vencimentos longos, reflexo do clima de aversão ao risco no exterior e preocupações com a inflação global, hoje acentuada pelo avanço nos preços do petróleo. Enquanto a commodity vai mirando novamente os US$ 120 por barril, a defasagem ante os preços domésticos vai abrindo e alimentando o imbróglio em torno dos combustíveis, com a política de preços da Petrobras sob ataque e dúvidas sobre a evolução do projeto do teto do ICMS no Senado. Hoje nem o câmbio nem os Treasuries, cujos rendimentos subiram diante dos receios de que o aperto de juros nos Estados Unidos possa se estender, ajudaram.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,405%, de 13,385% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,886% para 12,975%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,37%, de 12,254%, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 12,25%, de 12,12%.

Enquanto o real e a Bolsa tiveram pela manhã alguma volatilidade, os juros se posicionaram em alta durante toda a sessão, pressionados principalmente pelo exterior, com o petróleo em destaque. Além da perspectiva de aumento da demanda por commodities pela flexibilização nas medidas anticovid na China e estímulos à economia adotados pelo governo do país, o petróleo vem sendo afetado pelo acordo na União Europeia para banir as importações do óleo russo como resposta à ofensiva de Moscou contra a Ucrânia. Por isso, as atenções estarão voltadas à reunião da Opep+ amanhã, com foco na possível exclusão da Rússia dos acordos de produção.

Ainda, como destaca Edward Moya, analista da Oanda em Nova York, os bons indicadores da economia americana apontam para fortalecimento da demanda. "Os dados econômicos dos EUA mostram que a economia está se sustentando, o que apoia a ideia de que a demanda por petróleo deve melhorar e que esta será uma temporada de forte impulso", disse.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, lembra que com o barril se estabilizando ao redor de US$ 120 crescem os temores com o cenário de preços no Brasil. "O preço de combustíveis é o grande vilão da inflação e pega também nos serviços", comentou, destacando que alguns grandes bancos já não descartam a possibilidade de petróleo a US$ 150.

Em seus documentos recentes, o Banco Central vem trabalhando com a premissa de que o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril.

Como lembrou hoje o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deixar os preços de commodities equilibrarem o mercado, reduzindo o consumo, "não é socialmente nem politicamente viável.” E intervir nos preços, como fazem vários países neste momento, pode desencorajar investimentos.

Nesse contexto, a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras vem sendo colocada em xeque por Brasília, com o Congresso em busca de alternativas para suavizar o impacto para a população. Em tramitação no Senado, o projeto que limita alíquotas do ICMS sobre combustíveis e energia encontra resistência dos governadores, que não querem abrir mão da arrecadação e agora propõem aumentar a taxação das empresas de petróleo e criar uma conta de compensação de perdas.

Durante participação no painel na “The Green Swan Conference”, Campos Neto citou ainda os riscos ao mandato do BC de controlar a inflação em meio à questão climática, com a energia verde mais cara. "Estamos vendo que tipos de risco temos de tomar. Há risco de sairmos de nosso mandato. Existem algumas indicações de participantes de mercado de que estamos cumprindo nosso mandato. É melhor o risco de fazer mais e sair um pouco do nosso mandato”, disse.

Além do petróleo, os juros dos Treasuries foram outra fonte de pressão sobre a curva doméstica, com falas hawkish de dirigentes do Federal Reserve e dados mostrando resiliência da economia dos Estados Unidos. Um dos membros mais conservadores da instituição, James Bullard, presidente da distrital de St. Louis, disse hoje ser contra a ideia de que o banco central americano encontrará espaço durante o outono do Hemisfério Norte, que tem início em setembro, para pausar o ciclo de alta de juros dada a atual situação da economia. Afirmou que o Fed tem um "bom plano por agora" em termos de estar no caminho para uma série de aumentos de 50 pontos-base. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos saltava a 2,93%, do nível de 2,86% ontem. (Denise Abarca - [email protected])

17:33

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.91

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

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