Evento mais aguardado do mercado internacional nesta semana, a ata da mais recente reunião do Federal Reserve corroborou a tendência mais 'hawkish' vocalizada por dirigentes da instituição nos últimos dias. Ao endereçar que as próximas altas de juros nos Estados Unidos ocorrerão a um ritmo mais intenso - na casa de 50 pontos-base, dos 25 pb vistos em março - e indicar que o enxugamento do balanço será da ordem de US$ 95 bilhões por mês, o investidor colocou no preço a perspectiva de um aperto de liquidez de maneira mais rápida. Assim, os juros e dólar subiram globalmente. Embora a T-note de 2 anos tenha chegado ao fim da tarde perto dos níveis da véspera, a de 10 anos avançou. Aqui no Brasil, a curva subiu em bloco, já também no aquecimento para o IPCA de março, que será divulgado na sexta-feira. No câmbio, o dólar ganhou fôlego tanto em relação aos pares desenvolvidos quanto os emergentes. O DXY, que mede a moeda americana contra seis divisas fortes, foi ao maior nível desde maio de 2020, aproximando-se da casa de 100 pontos. No Brasil, a moeda à vista chegou a bater máxima a R$ 4,7225 e encerrou em 4,7147 (+1,19%). Na semana, o ganho da divisa dos EUA já supera o 1%. Por fim, nas bolsas, o Nasdaq foi mais uma vez amplamente penalizado, dada a correlação de alta de juros com venda de ações de techs. O índice baixou 2,22%. S&P 500, com as companhias desse setor com peso relevante, cedeu 0,97%. Por sua vez, o Dow Jones recuou 0,42%. Aqui no Brasil, a Bolsa já vinha sentindo desde a manhã o peso da visão 'hawk' do Fed, aliado a dados mais fracos da atividade econômica na China e incertezas com a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Ainda assim, a ata teve o potencial de levar o índice à mínima intraday de 116.790,60 pontos, o menor nível em duas semanas. Ao fim, as perdas foram limitadas, e o índice encerrou em 118.227,75 pontos (-0,55%).
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MERCADOS INTERNACIOINAIS
A ata da reunião mais recente de política monetária do Federal Reserve sinalizou disposição dos dirigentes do banco central americano em promover altas de 50 pontos-base nos juros em encontros futuros, reforçando as expectativas do mercado de elevação nesta magnitude em maio e junho e mantendo no vermelho as bolsas em Nova York. Os juros dos Treasuries permaneceram mistos e o dólar se valorizou ligeiramente ante rivais. O BC americano também destacou seus planos de redução do balanço patrimonial em US$ 95 bilhões por mês após a reunião de maio e chamou a atenção para o risco inflacionário, amplificado pela guerra na Ucrânia. No Congresso dos EUA, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, chamou a atenção para o risco do petróleo disparar, caso o óleo da Rússia seja completamente embargado. Hoje, o Reino Unido anunciou novas sanções contra a Rússia, incluindo veto ao petróleo e ao carvão do país, e o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu mais pressão sobre os russos, indicando que a guerra na Ucrânia poderá ter longa duração. O petróleo caiu mais de 5%, ficando abaixo dos US$ 100 por barril em Nova York. Com a China registrando no mês passado a maior redução de atividades desde o início da pandemia, crescem as incertezas quanto ao fôlego da economia global, enquanto Yellen classifica como "predatórios" os empréstimos feitos pelo gigante asiático a outros países.
"Todos sabiam que o Fed estava telegrafando que a redução do balanço estava chegando e as expectativas eram de que o ritmo fosse de cerca de US$ 100 bilhões, então o valor de US$ 95 bilhões foi inicialmente visto como dovish", aponta Edward Moya, analista da Oanda. Na ata, o Fed explicita que preferia entregar um aumento de 50 pontos-base na reunião de março, mas a incerteza gerada pela invasão da Ucrânia o impediu. O Fed está preocupado que a inflação elevada tenha continuado a se expandir de bens para serviços e isso possa levar a manter a política agressiva no final do ano, avalia Moya. De olho no quadro, ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos recuava a 2,489%, o da de 10 anos avançava a 2,608% e o do T-bond de 30 anos subia a 2,621%. O dólar ganhou algum impulso após a publicação da ata, e o índice DXY, que mede a moeda ante seis rivais, teve ganho de 0,13%.
As ações em Nova York ampliaram as perdas depois que a ata do Fed mostrou que os dirigentes estão prontos para entregar altas "superdimensionadas", avalia Moya. A Capital Economics projeta três altas de 50 pontos-base nos juros nas próximas reuniões, e espera que as taxas terminem 2022 entre 2,50% e 2,75%. Os papéis de tecnologia estiveram entre os mais pressionados, e o Twitter recuou 0,41%, em uma pequena queda após sua disparada recente devido à relação do CEO da Tesla, Elon Musk com a empresa. Ao final do dia, o Dow Jones recuou 0,42%, o S&P 500 teve queda de 0,97% e o Nasdaq caiu 2,22%. Mais cedo, na Europa, os principais índices também recuaram, com destaque para o CAC 40 (-2,21%) em Paris e o DAX (-1,89%) em Frankfurt.
As tensões com a Rússia seguiram pressionando os ativos, em dia no qual o Reino Unido anunciou que encerrará todas as importações de petróleo e carvão russos até o fim de 2022. Já Biden apontou anunciou que irá assinar uma ordem executiva que proibirá investimentos americanos na Rússia. "Guerra pode durar longo tempo, mas vamos ficar ao lado dos ucranianos", apontou ainda o presidente.
No petróleo, a Bloomberg reportou que a liberação de estoques dos membros da AIE será de 120 milhões de barris. Já a S&P Global anunciou que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da China recuou de 50,1 em fevereiro a 43,9 em março. A queda foi puxada pelo avanço dos casos de covid-19 e os consequentes lockdowns, como o que ocorre em Xangai, para conter o vírus, reforçando temor pela demanda. O WTI para maio terminou em queda de 5,62% (-US$ 5,73), em US$ 96,23 o barril, e o Brent para junho recuou 5,22% (-US$ 5,57), a US$ 101,07. (Matheus Andrade - [email protected])
JUROS
A dinâmica do mercado de juros continuou atrelada ao exterior nesta quarta-feira, mais especificamente ao movimento dos Treasuries e à leitura da ata do Federal Reserve, divulgada faltando uma hora para o fim da sessão regular. As taxas estiveram em alta durante todo o dia, mas com alguma volatilidade após a publicação do documento, que endossou a percepção de postura hawkish do banco central americano na condução do processo de aperto monetário. O cenário doméstico ficou mais uma vez em segundo plano. O IGP-DI de março mostrou taxa acima do consenso de mercado, mas a expectativa maior dos agentes na semana é pelo IPCA na sexta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 12,75%, de 12,721% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,00% para 12,10%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,44%, de 11,335% ontem. A do DI para janeiro de 2027 avançou a 11,205%, de 11,085%.
O mercado já amanheceu arisco, com dados fracos da economia China acentuando as preocupações com a estagflação global, por sua vez já instauradas pela postura do Fed quanto ao aperto na taxa de juros para domar os preços, o que pode vir a enfraquecer a atividade nos Estados Unidos. A falta de perspectiva para o conflito no Leste Europeu em meio a mais sanções contra a Rússia reforça esse viés, na medida em que mantém pressionada a oferta de commodities.
Nem mesmo a virada dos preços do petróleo para baixo, no fim da manhã, foi capaz de desviar os juros da trajetória ascendente. A avaliação nas mesas de operação é de que a curva local passa por um processo de realização de lucros, depois da forte queima de prêmios na semana passada a partir do câmbio. Assim como nos DIs, o câmbio hoje também teve movimento de correção, que levou o dólar de volta a R$ 4,71. A taxa da T-Note de dez anos chegou a superar 2,60% no intraday.
Lael Brainard, dirigente do Fed considerada dovish, ontem já tinha de certa forma preparado o espírito do mercado para receber uma ata mais dura. Num primeiro momento, logo que saiu o documento, aos DIs chegaram a desacelerar pontualmente o avanço, mas retomaram o fôlego na sequência. Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, afirma que a ata indicou ser bastante provável não só um, mas dois ou três aumentos de 50 pontos-base no juro americano.
"Na questão da redução do balanço, os valores vieram próximos do teto de mais ou menos US$ 100 bilhões que o mercado trabalhava", explicou. Segundo a ata, os dirigentes veem os limites mensais de cerca de US$ 60 bilhões para títulos do Tesouro e cerca de US$ 35 bilhões para os MBS como apropriados, assim como dar início ao processo após a reunião de maio.
Internamente, a greve do Banco Central continua a ser monitorada e, caso se estenda, pode afetar os preparativos para a próxima reunião do Copom em 4 de maio, além dos atrasos na divulgação do Boletim Focus e das demais divulgações de conjuntura. O Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal) disse hoje que a greve pode afetar as atividades preparatórias para o comitê (veja mais em matéria publicada às 16h07 no AE News). No Tesouro, a operação-padrão também acendeu a luz amarela para a realização dos leilões de títulos públicos - nesta quinta-feira estão previstas ofertas de LTN e NTN-F.
De acordo com o Serrano, o atraso nas divulgações do BC não chega a pesar sobre a curva e, internamente, a grande expectativa é pelo IPCA de março, na sexta-feira. A pesquisa do Projeções Broadcast aponta mediana das estimativas em 1,35%, que seria a maior taxa para o mês desde 1995. Em fevereiro, o índice subiu 1,01%. Em 12 meses, a taxa acumulada deve acelerar de 10,54% para 11,00%, segundo a mediana. O IGP-DI de março saltou 2,37%, de 1,05% em fevereiro. Ficou perto do teto das previsões, que iam de 1,77% a 2,42%, com mediana de 2,10%. (Denise Abarca - [email protected])
17:06
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.82
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 11.65
Over Selic (%a.a) 11.65
CÂMBIO
O dólar emendou na sessão desta quarta-feira (6) seu segundo pregão consecutivo de alta e voltou a se situar acima de R$ 4,70, alinhado à tendência de fortalecimento da moeda americana no exterior, em dia marcado pela divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco Central americano). Afora uma queda pontual na abertura, o dólar trabalhou em alta ao longo de todo o pregão, tendo superado o teto de R$ 4,70 e tocado a linha de R$ 4,71 ainda pela manhã, em meio a perdas de ativos de risco. Além da expectativa pela ata do Fed, o mercado digeria dados fracos da economia chinesa e a nova rodada de sanções à Rússia.
A divulgação do documento do Fed, às 15h, provocou uma volatilidade momentânea. Em um primeiro momento, o dólar perdeu força e tocou pontualmente o nível de R$ 4,67. Mas tomou fôlego logo em seguida e correu até a linha de R$ 4,72, registrando máxima a R$ 4,7225 (+1,36%). Com uma acomodação na reta final, acabou encerrando o dia cotado a R$ 4,7147, em alta de 1,19%. Apesar de ter avançado ontem e hoje, a moeda ainda acumula perda de 0,98% em abril e de 15,45% no ano.
Como esperado e já em boa parte antecipado pelo mercado, o Fed adotou uma postura mais dura. Revelou-se que muitos dirigentes do BC americano que votaram por 0,25 ponto em março julgavam uma elevação de 0,50 ponto apropriada. Preferiram, contudo, dar um passo inicial menor, em razão das incertezas provocadas pela guerra na Ucrânia. Os dirigentes "julgaram que seria apropriado mudar rapidamente" a política monetária para "uma postura mais neutra" e, a depender da evolução econômica, para uma política "mais restritiva". Isso significa levar os Fed Funds, hoje na faixa de 0,25% a 0,50%, para além de 2,5% ao ano, considerado o nível neutro. Monitoramento do CME Group mostra um aumento das apostas de que os juros subiram neste ano para a faixa entre 2,75% e 3,00%.
O Fed também falou de forma mais explícita sobre a redução de seu balanço patrimonial, que significa, na prática, retirar dinheiro do sistema. Esse processo começaria em maio. Dirigentes do BC americano "concordaram que limites mensais de cerca de US$ 60 bilhões para títulos do Tesouro e cerca de US$ 35 bilhões para MBS seriam apropriados", diz o documento.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, observa que, dadas as últimas declarações de dirigentes do Fed, o mercado já havia incorporado nos preços dos ativos a perspectiva de uma ata mais dura. O documento do BC americano, diz Velho, reforça a probabilidade de altas seguidas dos Fed Funds em 0,50 ponto porcentual. "O Fed deve antecipar a elevação dos juros para nível acima do neutro, que é de 2,5%, para antes do fim do ano", diz Velho, ressaltando que a alta de commodities e o choque de oferta em meio à guerra na Ucrânia pressionam ainda mais a inflação. "Ainda mais impactante do que a alta mais rápida dos juros, é a redução do balanço patrimonial, que tira liquidez do sistema".
Lá fora, o índice DXY - termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta - ampliou a alta após a divulgação da ata e tocou máxima aos 99,769 pontos. Quando o mercado local fechou, era cotado na casa de 99,600, ainda no maior nível desde maio de 2022. A taxa da T-note de 10 anos subiu para casa de 2,60%. Já o yield do papel de 2 anos, mais influenciado pela expectativa em torno do ritmo de alta de juros, caiu para o nível de 2,48%. As divisas emergentes, que vinham pressionadas desde a manhã, aprofundaram a queda, com o peso chileno e o real e o peso mexicano liderando as perdas do dia.
"A ata do Fed reforçou a preocupação do mercado com os efeitos inflacionários da guerra na Ucrânia. Os membros mencionaram redução do balanço patrimonial, o que, ao lado do aumento dos Fed Funds, gera mais pressão nas moedas de países emergentes. O real se destaca por ser mais volátil", afirma a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte. "A ata soou hawk. O Fed deu números para redução do balanço patrimonial. Além disso, foi bem negativo em relação às consequências da guerra na Ucrânia sobre a inflação e a economia", diz o sócio e estrategista-chefe da Inv., Rodrigo Natali.
Para Velho, da JF Trust, a perspectiva de ajuste mais rápido da política monetária americana pode limitar pontualmente o fôlego do real, que vem de um processo forte de apreciação. O efeito da alta dos juros nos EUA seria contrabalançado no curto prazo, contudo, pela possibilidade de que o Copom leve a taxa Selic para mais de 13%, dada a pressão inflacionária provocada pela alta das commodities. "O Banco Central vai ter que se render e admitir que não poderá encerrar o aperto com a Selic em 12,25%", diz o economista. "Com o carry trade atrativo e a alta das commodities, o real pode se apreciar um pouco mais no curtíssimo prazo", diz.
Pela manhã, a FGV divulgou que o IGP-DI acelerou de 1,50% em fevereiro para 2,37% em março, superando a mediana das expectativas de Projeções Broadcast (2,10%). Amanhã, o IBGE divulga o IPCA de março, que, segundo a mediana de Projeções Broadcast, deve ser de 1,35%, uma aceleração frente ao resultado de fevereiro (1,01%). (Antonio Perez - [email protected])
17:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.71470 1.1934 4.72250 4.64830
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4746.500 1.30189 4753.000 4676.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4730.593 04/04
BOLSA
A confirmação, na ata do Federal Reserve desta tarde, de que o ritmo de elevação dos juros de referência pode ser de 0,50 ponto porcentual nos Estados Unidos e que um aumento desta magnitude foi considerado já na reunião de março levou os índices de ações em Nova York às mínimas do dia, carregando o Ibovespa abaixo dos 117 mil pontos no pior momento da sessão, correspondente ao menor nível intradia desde 22 de março.
Ainda assim, antes das 16h, enquanto os sinais da autoridade monetária americana continuavam a ser avaliados pelo mercado, a referência do B3 recuperou não apenas os 117 mil mas também os 118 mil pontos, em perda limitada a 0,55% no fechamento desta quarta-feira, aos 118.227,75 pontos. Da máxima à mínima de hoje, oscilou dos 118.885,26, da abertura, aos 116.790,60 pontos, com giro financeiro a R$ 32,3 bilhões no encerramento. Na semana, o Ibovespa cede 2,75%, e no mês cai 1,48% - no ano, o avanço está agora em 12,79%.
"A ata deixou bem clara a postura 'hawkish' do BC americano ao longo dos próximos meses, descartando ritmo cauteloso de alta de juros. Está bem indicada a aceleração do aumento, para 0,50 ponto porcentual em maio, já discutido na reunião anterior. As taxas de juros devem chegar a uma faixa mais próxima de 3%, em patamar mais alto do que o do último ciclo de elevação (dos juros de referência nos EUA). A ata expressa o desconforto do Fed com a inflação, batendo recordes em décadas", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, chamando atenção para o problema global que tem sido a escalada de preços, com protestos em países tão diferentes quanto Peru, França e Espanha, bem como África e Oriente Médio.
"Em linha com o que mercado esperava - especialmente desde a 'deixa' de ontem da Lael Brainard [integrante do board do Fed, vice-chairman] de que a instituição estava muito preocupada com a inflação persistentemente alta e bem difusa, intensificada pela guerra [no Leste Europeu] -, a ata veio no limite 'hawkish'", diz Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, destacando a antecipação de movimentos para maio, a próxima reunião do comitê de política monetária (Fomc), com relação ao balanço do Federal Reserve e ao ritmo de elevação da taxa de juros.
Em Nova York, a divulgação da ata do Fed levou o Dow Jones e o S&P 500 em primeiro momento a limitar as perdas do dia, em terreno ainda negativo mas chegando a máximas da sessão logo após o documento. Aqui, o Ibovespa, que oscilava em torno dos 117,8 mil pontos minutos antes da ata, conseguiu recuperar os 118 mil pontos, pontualmente, mas passou logo a acentuar mínimas, acompanhando a piora em NY. Ao final do dia, encontrava-se mais ou menos no ponto em que estava antes da ata, assim como as referências americanas.
"O mercado já vinha se ajustando há algum tempo a essa realidade mais 'hawkish', acompanhando a linguagem, a mensagem do Fed. Com tom mais duro (do BC americano), a curva de juros por lá já precificava 240, 250 'basis points', até o fim do ano. A ata de hoje não trouxe muito além do que já era antecipado", diz Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.
Ele observa que, desde o começo do ano, o EWZ, principal ETF de ativos brasileiros em Nova York, avançou cerca de 40%, retornando a níveis de julho de 2021 - hoje, teve baixa de 1,70%, a US$ 37,67. "A Bolsa aqui estava muito descontada e foi beneficiada pela busca por alternativa à Rússia entre os emergentes, com o Brasil sendo favorecido como grande produtor de commodities. O que se refletiu em fluxo para o País, também pelo ciclo de elevação de juros em estágio avançado aqui. Considerando tanto o nível atual de câmbio e de Bolsa, estamos mais próximos ao equilíbrio. Em dólar, a Bolsa andou bem", acrescenta Lucci.
"A elevação de juros nos Estados Unidos normalmente afeta o interesse por emergentes. Mas, mesmo com os juros subindo por lá, contamos com spread importante. Há um carrego disso. E se no médio prazo o câmbio se estabilizar entre R$ 4,50 e R$ 4,70, facilita o trabalho do BC", diz, ressalvando ser preciso manter em mente que, no segundo semestre, com a aproximação das eleições e campanhas políticas em plena marcha, a volatilidade tende a crescer.
Lucci menciona outros fatores, desinflacionários, como a recente acomodação do petróleo, refletindo não apenas a liberação de reservas estratégicas, mas também leituras mais fracas sobre o nível de atividade na China, com a política de tolerância zero à covid-19 que tem resultado em retomada de lockdown em cidades como Xangai.
O petróleo manteve viés negativo nesta quarta-feira, com o Brent negociado abaixo de US$ 102 e o WTI, inferior a US$ 97 por barril, no fim da tarde, ambos com perdas superiores a 4% na sessão. Os três índices de ações de Nova York fecharam no negativo, com destaque mais uma vez para o Nasdaq, em queda de 2,22% - ainda assim, inferior à observada em parte da tarde.
Na B3, as ações de Petrobras, ainda com indefinição sobre o comando da estatal, fecharam o dia de forma mista (ON +0,32%, PN -0,09%), enquanto Vale ON (sexta maior alta da carteira Ibovespa na sessão) avançou 1,51%, em dia negativo para as siderúrgicas, com destaque para CSN ON (-2,80%). Os grandes bancos também fecharam na maioria em baixa, à exceção de BB ON (+0,51%) e de Santander (Unit +0,28%). Na ponta do Ibovespa, Eletrobras ON (+3,76%), Eletrobras PNB (+2,93%), Suzano (+2,16%) e Minerva (+1,72%). No lado oposto, CVC (-8,97%), Banco Inter (-8,70%), Méliuz (-8,33%) e Locaweb (-8,03%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:28
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 118227.75 -0.55297
Máxima 118885.26 0.00
Mínima 116790.60 -1.76
Volume (R$ Bilhões) 3.23B
Volume (US$ Bilhões) 6.88B
17:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 118510 -0.5872
Máxima 118855 -0.30
Mínima 116925 -1.92