Apesar do apetite por risco em Nova York, o movimento dos ativos brasileiros foi, de certa forma, comedido. Afinal, nem deu muito tempo de comemorar o IPCA de janeiro até um pouco abaixo do consenso e as vendas no varejo de dezembro mais fortes do que o esperado. Isso porque o declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, ratificaram a mensagem do Banco Central na ata do Copom. Ou seja, o ciclo de aperto monetário pode ir além do que o mercado esperava e a Selic tende a permanecer elevada por um bom tempo antes de começar a cair. Como resultado, os juros futuros de curto prazo voltaram a subir, confirmando as apostas em um ciclo de ajuste que ainda pode totalizar 175 pontos-base, mas com chances embutidas de ser ainda maior. Os vencimentos longos, por outro lado, devolveram prêmios, favorecidos tanto por fluxo de estrangeiros quanto pelo ambiente externo mais amigável. Esses dois fatores junto com a visão sobre uma Selic terminal maior, o que favoreceria operações de carry trade, também ajudaram a definir a queda de 0,64% do dólar em relação ao real, a R$ 5,2269. Esse quadro de juros maiores, no entanto, seguiu limitando o fôlego do Ibovespa, que subiu 0,20%, aos 112.461,39 pontos, novamente distante da performance dos pares em Nova York. Até porque, a bolsa brasileira já andou muito mais do que as americanas e europeias neste ano, o que deixa espaço para eventuais correções, mesmo com o apetite estrangeiro por ações, como mostra o fluxo de entrada na B3, e a melhora de recomendação do País por parte de algumas casas, como fez hoje o Bank of America (BofA). Enquanto isso, em Wall Street, os principais índices de ações tiveram alta firme antes do grande evento da semana: a inflação ao consumidor dos EUA, que pode direcionar as apostas do mercado sobre os próximos passos do Fed. No dia, destaque para a valorização de alguns papéis que apanharam muito nos últimos tempos, como Meta e Boeing.
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JUROS
A curva de juros deu sequência ao movimento de desinclinação visto ontem, mas hoje com taxas longas em baixa e as demais em nova rodada de alta. O desenho foi definido ainda pela manhã a partir das declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, que se sobrepuseram à reação ao IPCA de janeiro em linha com o esperado e prevaleceram até o fim da sessão.
A fala do dirigente endossou a correção das apostas para a Selic iniciada ontem pela ata do Copom, ao sinalizar que o ciclo de aperto monetário pode ir além do que o mercado esperava e que a Selic tende a permanecer elevada por um bom tempo antes de começar a cair. Com isso, os juros curtos e intermediários subiram e longos cederam, pressionados pelo fluxo estrangeiro e alinhados à melhora do ambiente internacional. O dia também teve vendas do varejo, mas que ficaram em segundo plano.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,255% (regular) e 12,26% (estendida), de 12,122% ontem. A do DI para janeiro de 2025, a 11,19% (regular e estendida), de 11,121%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,195% (regular) e 11,20% (estendida), de 11,255% ontem.
As taxas oscilavam em baixa na abertura até meados da manhã, com o mercado digerindo o IPCA de janeiro, de 0,54%, ligeiramente abaixo da mediana de 0,55%, de 0,73% em dezembro. O fato de não ter vindo pior do que esperado favoreceu alguma correção nas taxas no começo do dia, mas um alívio para o quadro inflacionário parece algo muito distante. Os preços de abertura foram vistos como preocupantes, com destaque para núcleos e bens industriais. Nesse sentido, o Barclays elevou a projeção de inflação de 2022, de 4,90% para 5,30%, motivado "pela implacável pressão em bens industriais, que está demorando mais para desacelerar do que esperávamos e, neste momento, supera em muito os riscos para baixo que vemos partindo dos preços de eletricidade", segundo o economista do banco para Brasil, Roberto Secemski.
A persistência da inflação como ameaça às metas foi destaque na fala de Serra, que participou de evento do banco Modalmais pela manhã. Ele reforçou que, apesar de numericamente a projeção de IPCA de 2023 estar na meta no cenário de referência, o BC tem alertado que o risco fiscal pode elevar a inflação do próximo ano e que tem de combater quaisquer choques que impactem a inflação no horizonte relevante. Praticamente admitiu que quanto a 2022 não há mais nada a fazer, uma vez que este ano sairá do horizonte da política monetária depois da reunião de março, e agora é lutar por 2023. Serra reiterou que a autoridade monetária ainda tem mais ajustes - no plural - para fazer na Selic e que o ciclo se estenderá “por um par de reuniões pelo menos”. Ainda, disse não ver contradição entre aumento da preocupação com a inflação e sinalização de redução do ritmo, uma vez que a Selic já está em 10,75%.
Na curva, o mercado não somente dá como certa a alta de 1 ponto na Selic no Copom de março (65% de chance), como agora já trabalha com a possibilidade de um aperto de 1,25 (35% de chance). Para maio, o mercado já começa a colocar fichas na aposta de 0,75 ponto, que aparece com 20% de probabilidade, contra 80% para 0,50 ponto. Por fim, em junho, o quadro está praticamente dividido entre 0,25 e 0,50 ponto (55% e 45%). Para o fim do ano, a curva indica Selic de 12,75%. Os cálculos são da Greenbay Investimentos.
"Serra endossou a ideia de Selic terminal mais alta, além dos 12%, e que dificilmente haverá queda, na tentativa de uma convergência mais rápida da inflação para a meta", disse o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima. Segundo ele, a percepção de manutenção da taxa em níveis elevados por um período prolongado tem atraído fluxo de investidores estrangeiros, o que também influencia o câmbio e explica o desempenho do trecho final da curva. "Estamos prevendo vida longa para os fluxos, com os gringos olhando para os vértices mais longos", afirmou.
A entrada de fluxo externo para os ativos brasileiros também foi destaque na apresentação de Serra. "Não tivemos um único dia em que estrangeiro não colocou dinheiro na B3. Essa volta de estrangeiros talvez nos ajude a passar por redução de liquidez no mundo", afirmou, referindo-se a janeiro. A B3 registrou o melhor janeiro da história em fluxo de estrangeiros no mês passado.
A ponta longa também se favoreceu do aumento do apetite ao risco no exterior à tarde, quando as bolsas americanas ampliaram os ganhos e o dólar se enfraqueceu ainda mais, levando a moeda no Brasil a operar nas mínimas abaixo de R$ 5,22. O bom humor será testado amanhã pelo CPI dos EUA, que poderá reforçar as apostas de aperto de juros pelo Federal Reserve. (Denise Abarca - [email protected])
18:25
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 10.84
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 10.65
Over Selic (%a.a) 10.65
BOLSA
O Ibovespa emendou o segundo ganho nesta quarta-feira, chegando a recuperar a linha dos 113 mil pontos no melhor momento da sessão, mas se acomodou a um avanço mais tímido ao longo da tarde, apesar de altas em torno ou acima de 1% nos principais mercados acionários do hemisfério norte, com destaque, em Nova York, para o Nasdaq (+2,08%). Ao fim, a referência da B3 perdeu força e oscilou para o negativo, mas conseguiu fechar em leve alta de 0,20%, a 112.461,39 pontos, entre mínima de 111.710,32 e máxima de 113.163,31 pontos, saindo de abertura a 112.232,54 pontos. O giro financeiro foi a R$ 36,5 bilhões na sessão e, na semana, o Ibovespa sobe 0,19% - no mês, avança 0,28% e no ano ganha 7,29%.
Na B3, o bom desempenho de Petrobras (ON +0,09%, PN +0,38%), embora muito enfraquecido ao longo da tarde, foi o contraponto desde a manhã ao dia negativo para grandes bancos, especialmente Bradesco (ON -8,80%, PN -8,58%), após o balanço trimestral da instituição, divulgado na noite de ontem. O petróleo (Brent e WTI) chegou a acentuar ganhos na sessão, na casa de 1%, após os dados semanais sobre os estoques dos Estados Unidos, em queda de 4,756 milhões de barris - ao final, os preços da commodity ainda mostravam alta nesta quarta-feira, mas moderada.
Na ponta do Ibovespa, destaque para Natura (+7,83%), Azul (+6,44%) e Minerva (+5,84%). No lado oposto, Bradesco ON e PN, à frente de Itaú (PN -3,98%), Via (-2,42%) e Santander (Unit -2,13%).
O Bank of America (BofA) elevou a recomendação de ações do Brasil de 'marketweight' (em linha com o desempenho do mercado) para 'overweight (acima do desempenho médio do mercado), correspondente à compra. Apesar de algumas preocupações no radar, o banco considera que o País tem potencial de crescimento de lucros para este ano, avaliações relativamente atraentes e percepções de valor que tendem a continuar melhorando. A preferência dos especialistas é por ações de valor em detrimento das de crescimento.
“Há uma rotação global de ações de crescimento para as de valor, e o Brasil tem se destacado nesse movimento, como um dos poucos elegíveis entre os emergentes. Em janeiro tivemos um movimento muito rápido, que não tem como se manter eternamente. Tivemos novos entrantes no mercado, em fluxo intenso, favorecendo um câmbio de equilíbrio. O institucional (doméstico) vendeu e o estrangeiro comprou (ações), mas não dá para imaginar que continuará comprando a qualquer preço”, diz Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, que avalia que a recuperação tende a se manter por “interações” e “degraus”. “A rotação, ao que tudo indica, deve ser longa, não há sinal de que esteja para parar.”
“Em novembro, dezembro, o mercado estava abandonado”, observa Giuberti, acrescentando que o avanço da Selic contribui também para a atração de recursos externos, com o 'carry trade' voltando a se tornar atrativo. “O BC tem mantido tom assertivo na comunicação, 'hawkish', com o objetivo de não desancorar as expectativas, mostrando que atuará 'by the book'”, diz.
Números divulgados hoje pelo BC sobre o fluxo cambial neste começo de 2022 sinalizam que parte importante do forte e inesperado volume de investidor estrangeiro na Bolsa é de recurso novo, relata Altamiro Silva Junior, repórter especial do Broadcast. Em janeiro, a B3 divulgou entrada de R$ 32 bilhões em recursos de investidores estrangeiros. Em fevereiro, até o dia 7, entraram mais R$ 6,4 bilhões, levando o fluxo no ano a R$ 38 bilhões.
O BC apontou hoje que pelo canal financeiro, que inclui a real entrada de investidores externos para, por exemplo, aplicações no mercado (ações e renda fixa), entraram US$ 5,6 bilhões, em valores líquidos. No ano, até o último dia 4, o fluxo está positivo em US$ 9,465 bilhões. Usando dólar médio a R$ 5,30, são mais de R$ 50 bilhões neste ano pelo canal financeiro, o que supera em muito o fluxo para a B3 no ano até agora.
No quadro mais amplo, as escaramuças militares entre Ocidente e Rússia sobre a Ucrânia, que vinham preocupando o mercado e impactando o preços de commodities como o petróleo, têm sido contrabalançadas por iniciativas diplomáticas entre os líderes de países diretamente envolvidos - além de Rússia e Ucrânia, notadamente França, Alemanha e Estados Unidos nesta semana.
Embora um desfecho para a crise ainda pareça longe de estar claro, hoje os mercados globais mostraram otimismo com a evolução das conversas e da retórica, além dos dados econômicos e dos sinais dos maiores BCs. “De alguma forma, reagiram mais positivamente depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, dizer que recebeu garantias do presidente russo, Vladimir Putin, de que não haveria uma escalada nas ações”, diz Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora.
No front doméstico, a inflação é outro ponto de interesse. Pela manhã, a atenção se voltou para o IPCA de janeiro, desacelerando a 0,54% de 0,73% em dezembro, mas ainda assim no maior nível para o mês desde 2016, acumulando variação de 10,38% em 12 meses, após fechar 2021 a 10,06%. “O resultado não trouxe grandes surpresas, com exceção de leve queda nos preços de alguns serviços. Por outro lado, os preços de bens industriais seguem em alta acelerada, sendo responsáveis por boa parte da alta observada no mês”, aponta Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected]; Altamiro Silva Junior - [email protected])
18:21
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 112461.39 0.20219
Máxima 113163.31 +0.83
Mínima 111710.32 -0.47
Volume (R$ Bilhões) 3.65B
Volume (US$ Bilhões) 6.92B
18:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 112450 -0.27934
Máxima 113370 +0.54
Mínima 111885 -0.78
CÂMBIO
Após uma manhã de instabilidade, em que chegou até a flertar com o teto de R$ 5,30, o dólar à vista perdeu força à tarde no mercado local de câmbio, alinhando-se ao movimento de enfraquecimento da moeda americana em relação a divisas emergentes, em meio a forte apetite ao risco no exterior.
Operadores atribuíram a falta de fôlego do real na primeira etapa de negócios a fatores técnicos no mercado futuro de dólar, com retomada de posições defensivas por players relevantes. Passado esse momento de rearranjo técnico, a moeda americana não encontrou forças para se manter em alta, dada a aceleração dos ganhos das divisas pares do real lá fora e a perspectiva de prolongamento das altas da taxa Selic, após discurso duro do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra.
A esse pano de fundo favorável se somou um gatilho poderoso para apostas no real: a confirmação de que o apetite do investidor estrangeiro por ativos domésticos continua elevado. Dados de fluxo cambial, divulgados pelo Banco Central por volta de 14h30, mostraram que houve entrada líquida US$ 4,469 bilhões pelo canal financeiro na semana passada (de 31 de janeiro a 4 de fevereiro). No total, o fluxo cambial no período foi positivo em US$ 4,936 bilhões, já que houve também entrada de US$ 368 milhões via comércio exterior.
No acumulado do ano, até 4 de fevereiro, o fluxo cambial é positivo em US$ US$ 5,725 bilhões, graças à entrada líquida de US$ 9,465 bilhões pelo canal financeiro. Do lado do comércio exterior, o saldo neste ano é negativo em US$ 3,740 bilhões.
"O dólar vinha tentando perder os R$ 5,25 faz tempo sem sucesso. Quando chegava a esse patamar, entrava compra, porque havia dúvida se a tendência de queda iria continuar. O fluxo positivo em fevereiro mostrou que a entrada de capital estrangeiro continua muito forte e deu coragem para os vendidos (que ganham com a queda do dólar) aumentarem suas posições", afirma o gerente da mesa de derivativos financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Com variação de cerca de oito centavos entre a máxima (R$ 5,2902) e a mínima (R$ 5,2133), o dólar à vista fechou em queda de 0,64%, a R$ 5,2269 - menor valor desde 13 de setembro (R$ 5,2236). Com isso, a divisa já perde 1,79% na semana e acumula desvalorização de 6,26% em 2022.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes - operou em queda durante todo o dia, ao redor dos 95,500 pontos. A moeda americana caiu em bloco em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com perdas de mais de 1% ante o peso chileno e ao rand sul-africano, ambos vistos como pares do real.
"A redução do dólar no exterior e o superávit no fluxo cambial na semana passada, confirmado pelo Banco Central, beneficiam o movimento de revalorização do real para a faixa de R$ 5,20", afirma, em nota, o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressaltando o clima de menor aversão ao risco lá fora, em razão de balanços trimestrais positivos nos Estados Unidos e do aumento da probabilidade de uma saída negociada da crise geopolítica provocada pela ameaça russa de invasão à Ucrânia. "Isso deixa o efeito do estrago fiscal potencial da PEC da zeragem dos combustíveis para os próximos dias".
Pela manhã, as atenções estiveram voltadas ao IPCA de janeiro e à participação do diretor de política monetária do BC, Bruno Serra, em um evento virtual. O IPCA desacelerou de 0,73% em dezembro para 0,54% em janeiro, ligeiramente abaixo da mediana de Projeções Broadcast (0,55%). Foi, contudo, a maior alta mensal para os meses de janeiro desde 2016.
Em seu discurso, o diretor do BC reforçou o tom mais duro da ata do Copom, ao dizer que o BC tem mais "alguns ajustes pela frente a serem feitos" na taxa Selic. "A batalha está longe de estar ganha. Temos uma inflação de dois dígitos. Temos bastante trabalho pela frente, na minha opinião", disse Serra, que vê a taxa de câmbio ainda bastante depreciada e acredita que o Brasil tem ainda muito espaço para surfar na rotação global de ativos.
"O discurso do Bruno Serra pode ajudar o dólar a cair mais. O carry trade (operações que busca ganhar com o diferencial de juros entre países) voltou para todos os emergentes. Mas o Brasil começou a subir antes os juros e já tem uma taxa bem mais alta", diz Alessie Machado, da Commcor DTVM, ressaltando que é preciso estar atento aos impactos da divulgação amanhã do índice de preços ao consumidor (CPI) em janeiro nos Estados Unidos, que vai servir para investidores calibrarem as apostas em torno do ritmo e da magnitude da alta de juros pelo Federal Reserve neste ano. "Se o número vier forte, esse movimento de queda do dólar no mundo pode ser interrompido", alerta.
O economista e estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, ressalta que, embora a perspectiva de uma taxa Selic ainda maior ajude o real, o grande propulsor da queda do dólar por aqui hoje foi o movimento global de fortalecimento de divisas emergentes. "Não vou estranhar se amanhã o dólar se valorizar em comparação a outras moedas. Vai sair a inflação nos EUA, que deve confirmar a necessidade do Banco Central americano subir juros de forma mais rápida", afirma Cruz. (Antonio Perez - [email protected])
18:27
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.22690 -0.6406 5.29020 5.21330
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5260.500 -0.45416 5315.000 5238.000
DOLAR COMERCIAL 5320.000 -0.36462 5350.000 5320.000
MERCADOS INTERNACIONAIS
A busca por risco predominou nos mercados internacionais nesta tarde, na véspera da divulgação da inflação ao consumidor americano do mês passado. Wall Street fechou no azul, com papéis ligados à tecnologia e de companhias aéreas em destaque. Os juros dos Treasuries, por sua vez, ficaram mistos. Investidores acompanharam discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed) e Banco Central Europeu (BCE) que apontaram o risco ainda existente de alta inflação nos Estados Unidos e zona do euro. Em meio à fraqueza do dólar ante principais rivais, as commodities também subiram hoje. O petróleo ainda foi impulsionado por recuo inesperado nos estoques dos EUA. A queda nos casos de covid-19 nas Américas também apareceram no noticiário internacional, assim como relações comerciais entre EUA e China, crise na região da Ucrânia.
Um dia antes da divulgação do CPI americano, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse ver riscos que apontam para a inflação em alta nos EUA, que começou em setores específicos, como o de energia, mas se espalhou "consideravelmente". Para a dirigente, porém, as expectativas inflacionárias para médio e longo prazo seguem "estáveis". Com atuação do Fed, Mester espera que os preços sejam moderados, mas que a inflação ainda fique acima dos 2% neste ano.
As apostas monitoradas pelo CME Group mostram que o mercado acredita que nove altas nos juros básicos podem se dar até a reunião de dezembro. Para o próximo encontro monetário, em março, 73,1% espera aumento de 25 pontos-base e 26,9%, de 50 pontos-base. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos sobe a 1,358%, o da T-note de 10 anos caía a 1,944% e o do T-bond de 30 anos, a 2,246%.
Ainda sobre Fed, a diretora Michelle Bowman disse, depois da publicação de estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), que tenta "manter a mente aberta" para eventual adoção de moeda digital pelo banco central americano. Na distrital de Boston, Susan Collins foi anunciada como a próxima presidente. A economista, que atualmente é vice-presidente no Fed de Boston, irá assumir oficialmente o posto em 1º de julho. Ela assume o lugar deixado por Eric Rosengren, que ocupou o cargo até o fim de setembro, quando antecipou em nove meses sua aposentadoria em meio às críticas sobre seus investimentos.
No mercado acionário, os índices registraram ganhos: o Dow Jones avançou 0,86%, o S&P 500, 1,45% e o Nasdaq, 2,08%. Depois das fortes perdas recentes em resposta ao balanço trimestral, a Meta subiu 5,37% nesta sessão. A cotação ainda ficou 28,17% abaixo de uma semana atrás. Microsoft (+2,18%), Apple (+0,83%) e Alphabet (+1,57%) também subiram.
As principais companhias aéreas também se destacaram com altas em torno de 4% e a montadora Boeing subiu 1,21. A queda no número de casos de covid-19 pode ter contribuído para o movimento: foram 31% menos infecções nas Américas na semana mais recente e a média semanal nos EUA caiu 44%. As hospitalizações também foram reduzidas, embora as mortes tenham subido 12% e 3%, respectivamente.
O dólar, por sua vez, caiu antes suas principais rivais. O índice DXY cedeu 0,16%, a 95,494 pontos. Já o euro subia a US$ 1,1426 e a libra caía a US$ 1,3534. Em sessão de perguntas e respostas pelo Twitter, Isabel Schnabel, dirigente do BCE, disse ver inflação elevada na zona do euro por mais tempo do que o esperado. A dirigente espera que os preços caiam gradualmente mais próximo ao fim do ano, mas reiterou que as incertezas são altas e dificultam as projeções. Schnabel defendeu que normalização da política monetária europeia seja "gradual e dependente de indicadores", o que evitaria "choques desnecessários".
O movimento, combinado com as notícias sobre a pandemia, ajudou a apoiar os preços das commodities. O petróleo, particularmente, foi fortalecido pela que nos estoques do óleo e da gasolina nos EUA na semana passada, na contramão da previsão de alta dos analistas. O total de produtos petrolíferos em tanques caiu ao menor nível desde 2015, segundo o TD Securities. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para março fechou em alta de 0,34% (US$ 0,30), a US$ 89,66, enquanto o do Brent para o mês seguinte avançou 0,85% (US$ 0,77), a US$ 91,55, na Intercontinental Exchange (ICE). Operadores também monitoraram a reunião de líderes da Rússia e União Europeia que buscam "intensificar" as negociações com o Irã para retomar o acordo nuclear de 2015.
Nas relações bilaterais, os EUA disseram hoje que irão responsabilizar a China por não cumprir as metas comerciais prometidas em acordo feito na era Trump. A representante comercial americana, Katherine Tai, disse estar "no meio das negociações", reportou a Bloomberg. Já na Ucrânia, um relatório publicado pela Elliptic, empresa que monitora uso de blockchain, afirma que grupos militares ucranianos têm enfrentado forças patrocinadas pela Rússia no leste do país desde 2014. Os doadores seriam privados, de acordo com o documento. A informação é da Dow Jones Newswires. (Ilana Cardial - [email protected])