O Ibovespa parecia que poderia alcançar nesta terça-feira o seu nono ganho sequencial, amparado na forte alta das ações da Petrobras ao longo do dia, mas acabou sucumbindo nas duas horas finais à pressão de realização de lucros recentes. O rali de ativos domésticos já tinha encontrado mais cedo freio no câmbio e nos juros, mas tinha como fortaleza o mercado acionário, ainda descontado em relação aos pares internacionais. Vindo de ganhos de mais de 7% em oito pregões seguidos, o índice acabou terminando o dia aos 108.193,68 pontos, desvalorização de 0,77%. Ações do setor de consumo, como Magalu (-22,83%) e Via (-6,42%), e Vale ON (-2,06%) se destacaram entre as principais quedas. Na ponta oposta, Petrobras (ON +2,24% e PN +2,49%) teve alta depois de o mercado considerar a nova política de preços como menos pior e menos intervencionista do que o esperado, além de absorver sem sobressalto a esperada queda dos combustíveis. O relatório do arcabouço fiscal, que confirmou a aposta dos agentes ao vir um pouco mais duro do que o proposto pelo governo, foi monitorado na sessão, com alguma pressão nos DIs. No dólar e nos juros, além do movimento natural de correção, houve também pressão externa, com dados fracos de atividade econômica da China e incerteza quanto à elevação do teto da dívida dos Estados Unidos. A moeda americana à vista subiu aos R$ 4,9428 (+1,12%) e o DI para janeiro de 2025 foi a 11,73% (+6,3 pontos ante o ajuste de ontem). As bolsas de Nova York terminaram em queda, com recuo entre 0,18% (Nasdaq) e 1,01% (Dow Jones). Além do impasse do teto, pesou sobre o sentimento de risco novas declarações hawkish de dirigentes do Federal Reserve e dúvidas no setor bancário, diante de novas audiências no Congresso americano sobre as recentes turbulências financeiras. Após o fechamento, contudo, o Western Alliance informou que os depósitos se estabilizaram e cresceram mais de US$ 2 bilhões desde o final do primeiro trimestre até a última sexta-feira, 12, fazendo com que suas ações saltassem até 11% no after hours.
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•CÂMBIO
•JUROS
•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
O Ibovespa conseguiu operar em boa parte do dia acima da marca d´água, evitando então realização de lucros e estendendo a série de ganhos pelo que seria a nona sessão, sequência não vista desde o intervalo entre 14 e 26 de fevereiro de 2018, de acordo com o AE Dados. Hoje, oscilou entre mínima de 108.085,20, do fim da tarde, e máxima de 110.151,03 pontos, pico intradia desde 16 de fevereiro, saindo de abertura aos 109.029,12 pontos. O giro financeiro foi a R$ 28,1 bilhões nesta terça-feira. Na semana, o índice da B3 passa ao negativo (-0,25%) e, no mês, avança 3,60% - no ano, a perda acumulada está em 1,40%. No fim do dia, marcava nesta terça-feira baixa de 0,77%, aos 108.193,68 pontos.
Petrobras (ON +2,24%, PN +2,49%) foi a surpresa positiva da sessão entre as ações de maior peso e liquidez na B3, com a reação favorável do mercado à mudança na política de precificação dos combustíveis. Apesar da quebra de frequência em relação à referência externa, o desdobramento foi interpretado pelo lado positivo, de que contribuirá para a redução da volatilidade nos preços domésticos. "O mercado talvez estivesse se preparando para receber algo pior do que veio", diz Rodrigo Jolig, co-CEO e diretor de investimentos da Alphatree Capital, acrescentando que, depois de uma série tão extensa de ganhos para o Ibovespa, o índice passou hoje por uma acomodação, realizando lucros.
Na ponta do índice da B3, além das duas ações de Petrobras, destaque também para Hapvida (+8,25%) - com balanço trimestral -, Rede D´Or (+6,72%) e Raízen (+3,18%). No lado oposto, Magazine Luiza (-22,83%), após balanço trimestral pior do que o esperado, com prejuízo líquido de R$ 391 milhões entre janeiro e março, à frente de BRF (-9,17%) e 3R Petroleum (-7,53%) na sessão. Entre as blue chips, o dia foi ruim para os grandes bancos, em especial BB (ON -2,88%), e para o setor metálico (Vale ON -2,06%, Gerdau PN -2,67%).
"A mudança na política de preços da Petrobras já era algo dado, mas não se sabia qual seria o novo modelo a ser adotado. Já se sabia do abandono da política de paridade internacional. O que se propõe agora é que a Petrobras seja competitiva, mas, ao mesmo tempo, que os preços sejam bons para os compradores, os refinadores e distribuidores de combustíveis. A queda para os preços pode não ser tão relevante, porque não há um abandono do preço externo, mas sim uma abordagem mais subjetiva, que pretende ser criteriosa para a formação de preços ainda que sem frequência específica, evitando altas repentinas como no início da guerra Rússia-Ucrânia", diz Paulo Luives, economista da Valor Investimentos.
"Há espaço no preço do petróleo que favorece esse corte [de preços dos combustíveis] no Brasil, em conjunto com a apreciação do real, da taxa de câmbio, nessas últimas semanas. Mas a nova regra [para os preços da Petrobras] precisa ser melhor compreendida, especialmente em contexto de eventual forte depreciação do câmbio ou de repique nos preços do petróleo no mercado internacional", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, referindo-se à possibilidade, em conjunturas externas menos propícias, de "internalização de prejuízos", prejudicando a saúde financeira da Petrobras.
Assim, mais cedo, mesmo sem grande fôlego para ampliar uma sequência vitoriosa ainda menos frequente do que a de oito ganhos - desde agosto de 2003, há quase 20 anos, foram apenas sete vezes em que o Ibovespa, sem deixar cair, conseguiu empilhar ao menos nove ganhos diários, de acordo com o AE Dados -, o índice da B3 conseguia se desconectar de mais um dia de cautela em Nova York. Por lá, ainda prevalecem as incertezas em torno da elevação do teto da dívida federal americana, com efeito para a curva de juros dos Estados Unidos. Um eventual 'default', embora improvável, afeta diretamente a perspectiva do mercado para a taxa de juros de referência do Federal Reserve no fechamento do ano.
Aqui, além das questões relacionadas aos preços praticados pela Petrobras - que hoje anunciou cortes dos valores cobrados das distribuidoras para a gasolina, o diesel e o gás de cozinha, a partir de amanhã -, os investidores acompanham também os mais recentes sinais sobre o arcabouço fiscal, e de forma mista: por um lado, alguns mecanismos que sugerem um pouco mais de controle e responsabilidade sobre as contas públicas, e, de outro, a possibilidade de que os gastos venham a crescer no curto prazo, avaliam analistas. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 108193.68 -0.76625
Máxima 110151.03 +1.03
Mínima 108085.20 -0.87
Volume (R$ Bilhões) 2.81B
Volume (US$ Bilhões) 5.72B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109040 -0.98524
Máxima 111235 +1.01
Mínima 108775 -1.23
CÂMBIO
Após uma sequência de cinco pregões consecutivos de queda, em que acumulou desvalorização de 2,46% e rompeu o piso de R$ 4,90, o dólar encerrou a sessão desta terça-feira, 16, em alta de 1,12%, cotado a R$ 4,9428, com máxima a R$ 4,9542 no início da tarde. Operadores atribuem o tropeço do real a movimentos naturais de correção e realização de lucros, em meio à onda de fortalecimento da moeda americana no exterior com indicadores positivos da economia dos EUA. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real como peso chileno e colombiano, também devolveram ganhos recentes sob impacto de dados abaixo do esperado de produção industrial e de vendas no varejo na China.
Por aqui, como já ventilado nos últimos dias, o texto do novo arcabouço fiscal apresentado pelo relator do projeto na Câmara, deputado Claudio Cajado (PP-BA), trouxe regras mais rígidas e gatilhos (trava de gastos) em caso de descumprimento da meta fiscal. A volta da necessidade de contingenciamentos também agradou. Analistas ouvidos pelo Broadcast ponderaram que, embora o parecer do relator seja mais duro que a proposta original do governo, representa folga para gastos no curto prazo, é muito dependente de aumento das receitas e não garante a estabilização da relação dívida líquida/PIB.
Pela manhã, Cajado afirmou que deputados vão votar amanhã, 17, regime de urgência para acelerar a tramitação da proposta. A apreciação do texto em plenário seria no dia 24. À tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo tem o desafio de aprovar o arcabouço "com larga margem de votação para dar consistência ao regime fiscal do país".
"Estamos vendo o dólar hoje se fortalecendo de forma global. No cenário doméstico, pode ter um pouco de estresse também com o arcabouço fiscal, apesar de o relator incluir gatilhos e diminuir exceções. Mas essa alta do dólar aqui parece mais um repique de curto prazo após várias quedas seguidas", afirma o líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg.
Apesar de críticas e ressalvas ao novo marco fiscal, sobretudo de economistas, operadores afirmam que, com o arcabouço, houve uma diminuição do nível de incerteza que alimentava prêmios de risco. Parece afastado o cenário de trajetória explosiva do endividamento público, o chamado "risco de cauda", para usar palavras do próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em alta moderada ao longo do dia, acima da linha dos 102,500 pontos, em meio às tensões que permeiam os debates para aumento do teto da dívida americana. Entre indicadores, a produção industrial dos EUA avançou 0,5% em abril na margem, quando se esperava estabilidade. Já as vendas no varejo avançaram 0,4% no mês passado, abaixo do previsto (0,8%).
As taxas dos Treasuries avançaram, com a T-note de 10 anos superando 3,50%, o que contribui para tirar fôlego de divisas emergentes. À tarde, o presidente do Fed de Nova York, John Willians, afirmou que a inflação segue muito alta, mas já se move "gradualmente na direção correta". O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, alertou que é "muito prematuro" antever corte de juros ainda neste ano, como aventado por uma ala do mercado.
"O câmbio hoje está tendo um pouco de realização de lucros do 'trade' comprado em real. Esse movimento é desencadeado por dois fatores: números de atividade abaixo do esperado na China e indicadores fortes nos EUA, que levaram a curva de juros para cima outra vez lá fora, em especial o Treasury de 10 anos", afirma o economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, para quem o mercado se equivoca ao precificar cerca de 25% de chance de mais uma alta dos juros pelo Fed. "Trabalhamos com probabilidade de 50% de alta de nova alta de juros. A crise dos bancos regionais não vai provocar desaceleração da economia americana". (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.94280 1.117 4.95420 4.88710
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4955.000 0.9165 4968.000 4901.500
DOLAR COMERCIAL 4935.572 12/05
JUROS
Os juros futuros fecharam o pregão desta terça-feira, 16, em alta, mais intensa nos trechos intermediário e longo, em um dia de realização de ganhos após a queda das taxas nas últimas semanas. A redução do apetite global por risco em um dia de surpresas negativas com dados de atividade da China e Estados Unidos e a avaliação de que o novo arcabouço fiscal foi menos endurecido do que o esperado favoreceram a abertura da curva.
Na comparação com o ajuste desta segunda-feira, 15, o DI para janeiro de 2029 avançou 11,2 pontos-base, de 11,448% para 11,560%, em linha com as altas do DIs para janeiro de 2027 (11,153% para 11,260%), 2025 (11,667% para 11,730%) e 2024 (13,303% para 13,310%). O spread entre os contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, principal métrica de inclinação, passou de -21,9 pontos-base para -17 pontos-base.
A aversão ao risco deu a tônica do ambiente de negócios nesta terça-feira, após uma leva de dados econômicos dos EUA sugerir pouco espaço para que o Federal Reserve (Fed) comece a cortar juros em breve. A produção industrial do país cresceu 0,5% em abril ante março - acima da mediana dos analistas consultados pela FactSet (0,0%) -, enquanto as vendas do varejo avançaram 0,4% na margem, abaixo do consenso (0,8%).
Os rendimentos dos Treasuries operaram em alta ao longo do dia, pressionando as taxas domésticas. O fortalecimento global do dólar diante da perspectiva de uma política monetária apertada por mais tempo nos EUA levou a moeda americana a encerrar o dia com ganho de 1,12% em relação ao real, cotada em R$ 4,9428, o que também favoreceu o avanço dos DIs longos.
"Os dados sugeriram que o BC americano não deve ter espaço para cortar juros este ano, conforme o mercado vem precificando, e isso levou a um ajuste, com a T-Note de dois anos subindo por lá", diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. "Os dados econômicos piores na China também reduzem o apetite por ativos de países ligados a commodities, o que acaba aumentando o prêmio na parte longa da curva."
A produção industrial da China cresceu 5,6% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2022, abaixo da previsão de analistas consultados pelo jornal The Wall Street Journal (11%). Os investimentos em ativos fixos subiram 4,7% no primeiro trimestre do ano, na comparação interanual, também abaixo das expectativas (5,3%).
No front doméstico, investidores passaram o dia avaliando o substitutivo do projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal, divulgado pelo deputado Cláudio Cajado (PP-BA) no início da madrugada. O texto atendeu a preocupações do mercado ao manter os relatórios bimestrais de monitoramento das despesas e receitas e a possibilidade de contingenciamento do Orçamento, mas foi lido como menos restritivo do que o esperado.
Para agentes do mercado, uma das principais preocupações é que o contingenciamento das despesas não vai atingir a política de valorização real do salário mínimo e o pagamento do Bolsa Família, preservados no relatório final. Economistas também alertaram que o texto diminuiu as restrições para o crescimento dos gastos no curto prazo ao determinar uma alta real de 2,5% para 2024, no teto dos limites da regra.
"Com a PEC da transição, que inflou a base de gastos e as despesas discricionárias para um patamar muito elevado, essa proposta dá ao governo uma capacidade de expansão de gasto nesse ciclo político, até 2026, que é praticamente inédita desde que tivemos a Lei de Responsabilidade Fiscal", afirmou o sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional Carlos Kawall em entrevista ao Broadcast.
Para a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patrícia Pereira, a falta de mecanismos de controle mais fortes no relatório do arcabouço aumentou o risco fiscal e explica o movimento de abertura da curva na sessão, sobretudo nos trechos mais longos. Para a analista, a falta de punições mais severas em caso de descumprimento das metas também pesou sobre o movimento dos juros.
"O aumento do prêmio de risco para 2029 tem a ver com uma deterioração institucional, porque você trocou a regra do teto de gastos, que mantinha alguma rigidez, e as travas previstas hoje deixam muito na discricionariedade do Executivo. E a gente sabe que o governo atual não vai usar a discricionariedade para ser mais austero", afirma a analista.
Neste cenário, a redução dos preços de combustíveis anunciada pela Petrobras - de R$ 0,40 no litro de gasolina A, R$ 0,44 no litro do diesel tipo A, e R$ 0,69 no quilo do GLP - acabou não tendo impacto nos DIs, apesar do seu caráter desinflacionário. "O corte acabou não fazendo tanto preço porque o próprio BC já está há algum tempo desconsiderando movimentos pontuais", explica Rostagno, do Mizuho. Nas contas do economista, a curva precificava por volta de 17 horas cerca de 50% de chance de corte de juros em agosto. (Cícero Cotrim - [email protected])
Volta
MERCADOS INTERNACIONAIS
Os juros dos Treasuries tiveram ganhos impulsionados, em meio a renovação dos alertas sobre potenciais consequências de um default nos Estados Unidos. Nesta tarde, o presidente americano Joe Biden retomou discussões sobre o impasse no teto da dívida com líderes do Congresso. Há pouco, a Casa Branca confirmou que Biden deve encurtar sua viagem à Oceania para priorizar um acordo antes do Tesouro atingir sua data limite. Também no radar, dirigentes do Federal Reserve (Fed) reiteraram o compromisso da instituição em reduzir a inflação americana e o presidente da distrital de Chicago, Austan Goolbee, considerou prematuro prever cortes neste ano. Assim, o dólar também ganhou força ante pares globais, em detrimento das commodities. Já as bolsas encerraram em queda, pressionadas por bancos em meio a novas audiências no Congresso americano sobre as recentes turbulências no setor.
As negociações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos estiveram novamente sob os holofotes do mercado e o impasse parece se estender. Após reunião com Biden e outros líderes do Congresso, o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy voltou a afirmar que os dois lados ainda estão "muito distantes", mas que a estrutura das negociações melhorou e que um acordo poderia ser alcançado até o fim desta semana.
Simultaneamente, a Casa Branca confirmou que Biden deve encurtar sua viagem a Asia e a Oceania para priorizar um acordo sobre a dívida antes do Tesouro americano esgotar seus recursos. Hoje, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, comentou que é impossível prever com precisão qual será a data limite, porém ressaltou a possibilidade disto acontecer em 1º de junho e renovou alerta de que este cenário pode provocar uma "tempestade econômica e financeira" sem precedentes. Em uma carta aberta ao presidente Biden, quase 150 CEOs americanos também instaram os dois lados a agir para alcançar um acordo ou o país poderia enfrentar "um cenário devastador" e consequências desastrosas.
O impasse impulsionou os rendimentos dos Treasuries, mantendo a T-note de 2 anos acima do nível de 4,0% e elevando a T-note de 10 anos ao nível de 3,5%. Por volta das 17 horas (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,063%, o da T-note de 10 anos aumentava a 3,536% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,858%. Para o BMO, os juros devem manter uma tendência forte de alta "quanto mais as negociações demorarem e a probabilidade de um acordo permanecer baixa". Apesar de ser um cenário pouco provável, o risco aumenta com a proximidade da data limite, alerta o banco.
Além disso, dirigentes do Fed reforçaram o compromisso do BC americano com o combate à inflação nos Estados Unidos. A presidente do Fed em Dallas, Lorie Logan, afirmou que um ritmo mais lento não significa menor comprometimento e, sim, uma margem para considerar as condições econômicas incertas. Mais cedo, John Williams (Nova York) apontou que a inflação "se movendo gradualmente para a direção correta", porém deve levar algum tempo para que a política monetária atinja a economia. Já Goolsbee, de Chicago, destacou que ainda seria "prematuro" antever cortes de juros este ano ou a próxima decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).
Este cenário beneficiou o dólar contra outras divisas. No horário citado, o dólar subia a 136,34 ienes, o euro recuava a US$ 1,0861 e a libra caía a US$ 1,2481. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,13%, a 102,564 pontos.
A alta da moeda americana pesou sobre commodities, já afetadas pelo avanço da produção industrial e vendas no varejo da China abaixo do esperado pelo mercado. Na visão Capital Economics, os dados indicam que a recuperação chinesa pós-pandemia de covid-19 deverá se "esgotar" na segunda metade do ano. Assim, o petróleo WTI para junho fechou em queda de 0,35% (US$ 0,25), a US$ 70,86 por barril, na Nymex, e o Brent para julho recuou 0,42% (US$ 0,32), a US$ 74,91 por barril, na ICE, apesar da elevação nas projeções de demanda da Agência Internacional de Energia (AIE).
As incertezas do ambiente macroeconômico americano adicionaram peso ao mercado acionário em Wall Street, já pressionado por ações de bancos em meio a novas audiências no Congresso americano sobre a quebra do Silicon Valley Bank, as recentes turbulências bancárias e possíveis falhas de reguladores americanos durante os estresses. Entre as ações de bancos regionais, o PacWest derreteu 14,58% e o Metropolitan Bank cedeu 3,36%. Já os grandes bancos Citigroup, JPMorgan, Bank of America e Morgan Stanley recuaram 1,67%, 0,67%, 1,05% e 1,31%, respectivamente. No horário citado, o Dow Jones caiu 1,01%, o S&P 500 baixou 0,64% e o Nasdaq recuou 0,18%.
Durante a sessão, o Nasdaq chegou a operar em alta, apoiado por ações de empresas conhecidas como big techs, entre elas Alphabet (+2,57%), Amazon (+1,98%) e Microsoft (+0,74%). No final da sessão, a Tesla (+0,10%) apagou maior parte dos ganhos de mais cedo, em compasso de espera por reunião de investidores após o fechamento dos mercados.
Após o fechamento, o Western Alliance, que avançou 2,70% no pregão regular, informou estabilização nos depósitos em 20 de março e crescimento de mais de US$ 2 bilhões desde o final do primeiro trimestre até a última sexta-feira, 12. Com o anúncio, as ações saltaram 11% no after hours. (Laís Adriana - [email protected])