A onda forte de otimismo global, vista desde a abertura dos negócios na Ásia ainda no domingo à noite, perdurou até o fechamento desta segunda-feira, contribuindo para a valorização dos ativos brasileiros. Indicadores europeus se somaram a medidas fiscais e relaxamento de restrições sanitárias na China, reforçando o apetite ao risco. Na visão dos investidores, dados os sinais de momento, o crescimento do planeta pode não estar tão debilitado quanto se imaginava antes. Em Davos, onde ocorre o Fórum Econômico Mundial nesta semana, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, corroborou essa tese, ao dizer que não espera uma contração da economia mundial por ora. Os temores quanto ao processo de ajuste monetário pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) permanecem, mas ficaram restritos ao mercado de Treasuries hoje. Assim, as bolsas de Nova York fecharam em alta forte, com Dow Jones liderando os ganhos do dia, com salto de 1,98%. Aqui no Brasil, o Ibovespa escalou aos 110.345,82 pontos (+1,71%), maior nível de fechamento desde 25 de abril e rompendo a importante barreira dos 110 mil pontos. No mês, o ganho já chega a 2,29%. Destaque para desempenhos de Vale (ON +2,04%) e Petrobras (ON +3,69% e PN +3,93%), em dia de subida de commodities. No câmbio, depois de romper pela manhã o piso dos R$ 4,80, o dólar aparou um pouco as perdas ao longo da tarde. A divisa americana à vista terminou cotada a R$ 4,8054, queda de 1,41%, permanecendo no menor nível desde 22 de abril. Na renda fixa, tal cenário trouxe alívio nos contratos de prazos intermediários e longos. Nos de curto prazo, contudo, a expectativa com o IPCA-15, que será conhecido na abertura de amanhã, traz certa cautela, compensada pela esperada votação na Câmara do projeto que baixa o ICMS de energia e combustíveis, o que também deve ocorrer nesta terça-feira.
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•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York fecharam em alta, em uma sessão marcada pelo maior apetite por riscos nos mercados. Indicadores econômicos na Europa e as perspectivas para uma maior reabertura na China reduziram parte dos temores recentes de uma recessão global. Um dos efeitos foi a forte desvalorização do dólar, que contou com o DXY caindo perto de 1%. As commodities, em grande parte cotadas na moeda americana foram impulsionadas, o que ajudou o petróleo a registrar ganhos. Em Davos, onde ocorre o Fórum Econômico Mundial nesta semana, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, minimizou os risco, dizendo que não espera uma contração da economia mundial por ora. Ao mesmo tempo, alertou que esse cenário não pode ser descartado. Já os rendimentos dos Treasuries operaram em alta, em um cenário no qual analistas projetam condição de expansões ainda maiores para os juros.
A América Latina é a região do mundo onde as expectativas de inflação são as mais altas para este ano, mostra um relatório com a avaliação de 47 economistas-chefes de bancos e empresas de vários países divulgado em Davos. Para 41% dos participantes, a expectativa de inflação é "muito alta" para o restante de 2022, acima de 38% dos Estados Unidos e 17% na Europa. Enquanto isso, no mesmo fórum, o FMI alertou que a economia global "enfrenta talvez seu maior teste desde a Segunda Guerra". O quadro de invasão militar da Rússia na Ucrânia, preços elevados de alimentos e energia e de pressão sobre famílias pelo mundo leva muitos países e companhias a reavaliar suas cadeias de produção global, em meio a persistentes problemas. Há, nesse contexto, o risco de "fragmentação geoeconômica", adverte o Fundo, que defende uma resistência global contra esse fenômeno. Já a recuperação do mercado de trabalho global se deteriorou de forma notável no primeiro trimestre deste ano em meio a múltiplas crises, que incluem a alta da inflação, turbulência financeira, possíveis problemas de dívida e cortes de oferta agravados pela guerra na Ucrânia, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Tal cenário vinha pesando nas bolsas, mas os índices tiveram alguma recuperação das perdas recentes em Nova York, e o Dow Jones teve alta de 1,98%, a 31880,24 pontos, o S&P 500 subiu 1,86, a 3973,75 pontos e o Nasdaq avançou 1,59%, a 11535,27 pontos. Na Europa, as principais praças também tiveram ganhos, como no caso de Londres, onde o FTSE 100 subiu 1,67%, e Frankfurt, local no qual o DAX subiu 1,38%.
Para a Western Union, um clima provisoriamente mais animado para os mercados globais elevou o euro e a libra a máximas de várias semanas ante o dólar. "Os dados estão começando a pintar uma imagem mais resiliente do crescimento global que, por extensão, está restringindo a demanda por segurança no dólar", avalia. Existem esperanças de que a China possa reverter as restrições da economia e da cadeia de suprimentos, enquanto um relatório de hoje mostrou que o otimismo alemão aumentou inesperadamente e pelo segundo mês consecutivo, indica a análise.
No caso do euro, hoje o dirigente do Banco Central Europeu (BCE) François Villeroy de Galhau afirmou que o acordo para uma alta de juro pelo BC no curto prazo está "praticamente fechada". Segundo ele, o movimento será de "normalização" monetária, e não aperto, uma vez que as condições atuais na zona do euro seguem muito acomodatícias. Já a presidente do BCE, Christine Lagarde, previu que a instituição provavelmente tirará sua taxa de depósitos do terreno negativo até o fim de setembro e poderá elevá-la mais se a inflação se estabilizar em 2% no médio prazo. Lagarde também abriu o caminho para mais aumentos de juros em direção à chamada taxa neutra. Ao fim da tarde, o euro avançava a US$ 1,0690 e a libra a US$ 1,2579, enquanto o DXY fechou em baixa de 1,04%.
O câmbio impulsionou o petróleo, que chegou a avançar diante de expectativas de alívios de restrições na China e de maior demanda por gasolina nos Estados Unidos, mas perdeu fôlego com temores sobre o crescimento econômico global e impasse na União Europeia sobre embargo ao petróleo russo. No entanto, o WTI para junho fechou estável (US$ 0,01), a US$ 110,29. Enquanto isso o Brent para o mesmo mês avançou 0,77% (US$0,87), a US$ 113,42 o barril.
Os juros dos Treasuries avançaram, e a Capital Economics duvida que o rendimento da T-note de 10 anos tenha atingido o pico neste ciclo. A maior parte do declínio do rendimento nas últimas duas semanas parece ter sido impulsionado pela menor compensação da inflação, avalia. "Na verdade, isso tem sido verdade na maior parte da curva de juros, embora em menor grau no curto prazo", afirma a consultoria. Ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,612%, o da de 10 anos avançava a 2,866% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,077%. (Matheus Andrade - [email protected])
Volta
BOLSA
Surfando a relativa melhora do humor externo, o Ibovespa obteve nesta abertura de semana o terceiro ganho diário consecutivo, colhendo perda (-2,34%) em apenas uma das últimas nove sessões, saindo da faixa dos 103 mil pontos, no fechamento de 10 de maio, para retomar agora o nível de 110 mil, não visto em encerramento desde 25 de abril (110.684,95). Hoje, a referência da B3 subiu 1,71%, aos 110.345,82 pontos, entre mínima de 108.499,83, da abertura, e máxima de 110.679,60 pontos, com giro a R$ 26,3 bilhões. No mês, sobe 2,29%, colocando o ganho do ano a 5,27%.
Após ter ensaiado na sexta-feira ingressar em 'bear market' - tendo chegado a acumular durante aquela sessão, mas não no fechamento, queda de 20% em relação ao pico mais recente, de 4 de janeiro -, o S&P 500 (+1,86%), como Dow Jones (+1,98%) e Nasdaq (+1,59%), subiu com firmeza nesta segunda-feira. O dia foi também amplamente positivo nas bolsas europeias, com novo fortalecimento do euro frente ao dólar, ante sinal, do Banco Central Europeu (BCE), de que os juros na zona do euro possam começar a subir ainda em julho e que a taxa de depósito deixe de ser negativa até o fim de setembro - a indicação favoreceu as ações de bancos.
Com o índice DXY - que contrapõe o dólar a uma cesta de seis referências, entre as quais o euro - em baixa na sessão, o real voltou a se apreciar, negociado agora na casa de R$ 4,80 (-1,41%), no fechamento, após ter chegado a tocar a marca de R$ 5 na semana passada. A recuperação das commodities é outro alento para a B3, com Vale ON (+2,04%) e Petrobras (ON +3,69%, PN +3,93%) em forte desempenho nesta segunda-feira, assim como os grandes bancos, com destaque para BB (ON +4,22%), Itaú Unibanco (PN +2,59%) e Santander (Unit +2,51%). Na ponta do Ibovespa, IRB (+9,23%), BRF (+4,86%) e BB ON (+4,22%), com Banco Inter (-5,16%), Qualicorp (-4,55%) e CVC (-3,05%) na face oposta.
O minério de ferro negociado em Dalian (China) teve alta de 4,41%, a US$ 129,63 por tonelada, e o Brent se descolou do WTI, estável na sessão, e fechou em alta de 0,77%, a US$ 113,42 por barril (para junho), ambos favorecidos pela perspectiva de reabertura da China. As incertezas quanto à inflação global e à inclinação dos juros nas maiores economias, contudo, ainda requerem cautela dos investidores.
"Na última semana, o mercado mostrou que a volatilidade segue presente nas bolsas ao redor do mundo", observa Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos, chamando atenção para o descolamento da B3 no fim da semana passada, beneficiada então pela redução da taxa de juros de longo prazo na China - "uma sinalização de movimentação do governo (chinês) para estimular a economia, que perde fôlego diante da política de covid-zero no país". Em paralelo, um quadro nada benigno na maior economia de todas: inflação alta, juros em elevação e receio de que os Estados Unidos venham a entrar em recessão, combinação que contribui para a moderação do apetite por risco vista desde o mês passado, acrescenta o analista.
"Temos nos beneficiado do rali de commodities, ainda mais agora com China reabrindo. O dólar tem se depreciado com a leitura do mercado de que os Estados Unidos estão se desacelerando, com eventual recessão, o que tem puxado para baixo os juros longos americanos - a taxa da T-note de 10 anos voltou para 2,84%, uma boa notícia, após ter chegado a 3,20%", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacando também a série de oito semanas de acúmulo de perdas para o Dow Jones, o que não ocorria há mais de 50 anos. "A desaceleração é o tema da hora nos Estados Unidos."
Por outro lado, "nesse domingo, Xangai iniciou a reabertura parcial, após seis semanas de lockdown. A notícia foi recebida com alívio pelo mercado, que teme que o isolamento social prolongado na China possa intensificar o cenário de inflação", aponta em nota André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP. Ele destaca que "o aumento no preço das commodities tende a impactar positivamente o Ibovespa, que tem quase 40% de sua composição exposta a esse setor" e que, nesta segunda-feira, o desempenho do índice refletiu também o setor financeiro, "que vem se beneficiando pelo aumento da procura global por ações de valor". (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 110345.82 1.71258
Máxima 110679.60 +2.02
Mínima 108499.83 +0.01
Volume (R$ Bilhões) 2.62B
Volume (US$ Bilhões) 5.47B
17:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 111260 1.70018
Máxima 111515 +1.93
Mínima 109835 +0.40
CÂMBIO
O dólar encerrou a primeira sessão desta semana em queda de 1,41%, cotado a R$ 4,8054, menor valor desde 22 de abril. O dia foi marcado por apetite ao risco e enfraquecimento da moeda americana no exterior, sobretudo em relação ao euro. No início da tarde, a divisa chegou a romper o piso de R$ 4,80 e registrou mínima a R$ 4,7857. Operadores relataram entrada de fluxo de recursos para a bolsa brasileira, em especial para ações ligadas a commodities, fechamento de câmbio por exportadores e redução de posições cambiais defensivas no mercado futuro.
A moeda brasileira e os ativos locais se beneficiam da perspectiva de estímulos econômicos na China, o que diminui os temores de uma desaceleração do PIB global e dá suporte aos preços das commodities. Além disso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acenou com a possibilidade de retirar tarifas a produtos chineses (impostas no governo Donald Trump) justamente em momento de fragilidade do comércio internacional em razão da guerra na Ucrânia.
Relatos da mídia estatal chinesa dão conta de que Pequim vai fornecer abatimentos de créditos fiscais a mais setores econômicos e elevará o corte de impostos anuais em mais de 140 bilhões de yuans, para 2,64 trilhões de yuans. Na semana passada, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) cortou a taxa para empréstimos de longo prazo de 4,60% para 4,45%, para amenizar o tombo do setor imobiliário. A China também já iniciou um relaxamento de medidas restritivas prescritas pela política de covid zero que minam o crescimento econômico.
"Estão vindo ventos externos positivos. A China dando estímulos para sustentar a economia significa boa perspectiva para commodities. Isso atrai investidores para a nossa bolsa e aumenta entrada de dólar do lado comercial", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, acrescentando que questões domésticas, como a aprovação da privatização da Eletrobras e o projeto de unificação da alíquota do ICSM sobre combustíveis e energia contribuem para alavancar os ativos locais hoje.
Com raras exceções, a moeda americana apresentou perdas frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes - trabalhou em queda superior a 0,90% a maior parte do dia e ameaçou romper os 102,000 pontos na mínima (102,040 pontos). Esse movimento teve como principal responsável a forte valorização do euro (acima de 1%), após a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizar alta de juros em junho e dizer que o cenário de taxas negativas para depósitos na região deve terminar em setembro. No mesmo tom, o presidente do Banco da França e dirigente do BCE, François Villeroy de Galhau, afirmou, no Fórum Econômico Mundial de Davos, que uma alta de juro no curto prazo na região "está praticamente fechada".
Para Galhardo, da Treviso, a alta de juros na Europa atenua a tendência recente de fortalecimento da moeda americana no exterior, na esteira do processo de elevação dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que divulga a ata do seu último encontro de política monetária na quarta-feira (25).
Se não houver episódios agudos de aversão ao risco no exterior, Galhardo prevê que o real pode seguir se apreciando e até o dólar romper R$ 4,60, dado que o Brasil ainda oferece condições atraentes para o investidor estrangeiro, como taxa de juros elevadas e uma bolsa ligada a commodities. "O dólar pode continuar em queda nas próximas semanas, mas deve retornar em agosto para um patamar de R$ 5 e pode até alcançar R$ 5,20 com a eleição para presidencial", diz Galhardo.
A última vez que o dólar fechou no patamar de R$ 4,60 foi em 20 de abril, véspera do feriado de Tiradentes. Na volta dos negócios, em 22 de abril, a divisa disparou e encerrou com alta de 4%, a R$ 4,8051, em meio a forte perda de ativos de risco provocada por sinais mais duros emitidos pelo Fed.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, afirma que o real foi beneficiado hoje pela menor aversão ao risco no exterior, mas que o dólar deve voltar a subir no mercado doméstico. "A imprevisibilidade da gestão futura da política econômica e a proximidade da eleição presidencial vão se somar à correção para baixo das previsões de crescimento nos EUA com um juro mais elevado, superior a 3% ao ano", afirma Velho, em relatório.
Segundo operadores, o anúncio da desistência do tucano João Doria de concorrer à presidência, o que pode levar a chamada terceira a se unir em torno do nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS), não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio nesta segunda-feira. (Antonio Perez - [email protected])
17:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.80540 -1.4075 4.85050 4.78570
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4824.000 -1.43032 4863.000 4797.000
DOLAR COMERCIAL 4927.000 20/05
JUROS
Inseridos no contexto global de risk on, os juros futuros fecharam o dia em queda, com exceção das taxas curtas, que terminaram quase estáveis - até estavam em baixa mais cedo, mas à tarde zeraram o recuo, com o mercado entrando em compasso de espera pelo IPCA-15 de maio, amanhã. O exterior contribuiu com a nova desinclinação da curva pela melhora na percepção sobre a economia da China e queda generalizada do dólar. Internamente, o investidor busca se antecipar à possível aprovação do projeto que unifica a alíquota de cobrança do ICMS, que deve ser votado amanhã e, se aprovado, dará alívio importante ao cenário de inflação.
Como de costume, a segunda-feira teve giro fraco de contratos. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,265%, de 13,274%% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,79% para 12,765%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,03%, de 12,089%, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 11,775%, de 11,859%.
O movimento da curva foi menos intenso que o dos demais ativos domésticos durante toda a sessão até porque as taxas de médio e longo prazos já vinham numa sequência firme de baixas na última semana. O DI para janeiro de 2027 completou hoje a sétima queda seguida e no caso do DI para janeiro de 2025, a sexta. O corte de juro pela China na sexta-feira e, hoje, relatos de que o governo do país vai adotar medidas contundentes e direcionadas a sustentar a economia, como desonerações tributárias, animaram os investidores, amenizando um pouco as preocupações com a recessão global.
O tema tem marcado os debates do Fórum Econômico Mundial, em Davos, mas a diretora- gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, minimizou o risco, dizendo que não espera uma contração da economia mundial por ora. Ao mesmo tempo, alertou que esse cenário não pode ser descartado.
No Brasil, desonerações tributárias também parecem ser a boia de salvação contra a escalada da inflação e, ao mesmo tempo, evitando que o aperto monetário sufoque a atividade. Por isso, o mercado acompanha com atenção o noticiário em torno do projeto do limite da cobrança de ICMS em 17% para os setores que mais estão pesando na inflação, como combustíveis e energia.
Cálculos dos economistas apontam impacto de até -1,3 ponto porcentual no IPCA de 2022, o que seria de grande contribuição contra a herança negativa a ser deixada para 2023, por enquanto o foco da política monetária.
A proposta deve ser votada amanhã na Câmara, mas o mercado já vinha desde a semana passada precificando a possibilidade de aprovação nos DIs e, principalmente, nas NTN-B, embora saiba também dos percalços. "Tem impacto relevante na inflação, mas também no fiscal", disse o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, lembrando que em 2021 os governos regionais arrecadaram R$ 420 bilhões com o ICMS, valor impulsionado justamente pelos preços que mais subiram nos últimos meses: energia e combustíveis.
Na primeira reunião entre os economistas e diretores do Banco Central em São Paulo, a primeira sob o comando do novo diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, o tema central foram as expectativas para o crescimento. Segundo fontes que acompanharam o encontro, as projeções para o PIB de 2022 já se aproximavam de 2,0%. Os cenários abordados destacaram a surpresa positiva com a atividade econômica do primeiro trimestre. Mas o quadro geral continua sendo de desaceleração da atividade a partir do segundo semestre, sobretudo devido aos impactos defasados da política monetária.
Nesta terça-feira, o mercado já abre conhecendo o IPCA-15 de maio, para o qual a previsão é de forte desaceleração, para 0,45% - segundo a mediana das estimativas -, ante 1,73% em abril. Se confirmado, não deixará de ser uma boa notícia, mas Serrano lembra que a inflação tem surpreendido e o arrefecimento do índice virá praticamente todo dos preços administrados, em função do fim da cobrança da escassez hídrica da energia. "Os preços de abertura não deve ser dos melhores, com pressão de núcleos, preços livres, serviços e bens industriais", listou.
Em tempo: com a sessão regular já encerrada, o Ministério da Economia convocou uma entrevista coletiva para as 18 horas sobre redução horizontal de alíquotas de importações. (Denise Abarca - [email protected])
17:28
Operação Último
CDB Prefixado dias (%a.a) 12.80
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 12.65
Over Selic (%a.a) 12.65