APETITE A RISCO FAZ DÓLAR CEDER A R$ 5,20 E BOLSA MIRAR OS 100 MIL PONTOS

Blog, Cenário

Uma onda de otimismo marcou o início desta semana nos mercados internacionais, levando, por consequência, a uma valorização dos ativos domésticos. O espectro da crise bancária nos Estados Unidos segue no radar, mas a venda do falido Silicon Valley Bank pelo First Citizens Bank trouxe uma injeção de ânimo aos agentes. Reguladores seguem vindo a público garantir a solidez do sistema bancário e o conjunto de declarações traz confiança ao investidor. O índice Dow Jones, onde grandes bancos têm forte peso, subiu 0,60% e o S&P 500 ganhou 0,16%. O dólar caiu ante a maioria das moedas e, junto com a melhora de humor, fez com que o petróleo disparasse mais de 4% em Londres e Nova York. Aqui no Brasil, os ativos espelharam o comportamento dos pares americanos. Há, sim, dúvidas quanto ao formato arcabouço fiscal e ao tom que o Banco Central usará na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã, mas também há a percepção de que o adiamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) servirá para aparar as arestas da nova regra fiscal antes do que o projetado bem como uma aposta de parcela do mercado por um abrandamento da comunicação do Banco Central. Neste ambiente, o dólar perdeu terreno ante o real e terminou o dia na mínima, aos R$ 5,2065 no segmento à vista, queda de 0,85%, menor cotação de fechamento desde 9 de março. O Ibovespa até mirou os 100 mil pontos na máxima do dia, mas encontrou resistências. Ao fim, o índice marcava 99.670,47 pontos, alta de 0,85%. E a curva futura de juros teve nova rodada de distensão, concentrada sobretudo nos vértices intermediários e longos.

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MERCADOS INTERNACIONAIS

O petróleo fechou com alta robusta nesta segunda-feira, à medida que o arrefecimento dos temores com o setor bancário alimentou o apetite ao risco nos mercados globais. Por outro lado, a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) irá elevar juros na reunião de maio aumentou, o que ajuda a impulsionar os rendimentos dos Treasuries e prejudica papéis de empresas ligadas à tecnologia, levando o Nasdaq para o negativo e na direção contrária dos outros índices de Nova York. Já o dólar, por sua vez, perde espaço para a libra e para o euro, enquanto banqueiros centrais europeus reforçam o coro de que mais altas de juros são necessárias, apesar dos recentes temores com o sistema financeiro.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio fechou em alta de 5,12% (US$ 3,55), a US$ 72,81 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), registrou alta de 4,25% (US$ 3,17), a US$ 77,76 o barril.

"Tem sido algumas semanas voláteis para o petróleo, apanhado pela tempestade bancária, à medida que os investidores são forçados a reduzir suas expectativas para a economia, o que, por sua vez, pesou fortemente nas perspectivas de demanda. Porém, com o sentimento melhorando lentamente, o mesmo ocorre com os preços do petróleo", analisa Craig Erlam, da Oanda. Manish Raj, diretor-gerente da Velandera Energy Partners, comentou ao The Wall Street Journal que a "bola de cristal", que foi ofuscada pela crise bancária, agora mostra uma oportunidade de lucro. "Após a liquidação errática em meados de março, cabeças mais frias começaram a prevalecer, já que os traders veem a queda nos preços do petróleo como um bom ponto de entrada", explicou Raj.

Ontem, o First Citizens Bank, um dos maiores bancos regionais dos EUA, fechou acordo para comprar o Silicon Valley Bank (SVB). A medida trouxe certo apetite de risco para o mercados hoje. O chairman da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), Martin Gruenberg, afirmou que o sistema financeiro dos Estados Unidos está sólido, apesar dos eventos recentes. Contudo, Gruenberg alertou que, em escala mais ampla, o sistema ainda enfrenta "riscos negativos significantes" ante os efeitos da inflação, aumentos nas taxas de juros e incertezas geopolíticas. De acordo com Gruenberg, a FDIC está monitorando atentamente a liquidez do setor bancário.Já o vice-presidente de supervisão do Fed, Michael Barr, deverá afirmar em audiência no Senado americano amanhã que o banco central americano está disposto a utilizar "todas as ferramentas de qualquer tamanho para manter o sistema bancário são a salvo".

Para o Goldman Sachs, ainda é muito cedo para se ter uma visão confiante sobre as implicações da atual turbulência bancária para a economia dos EUA. "Nossa expectativa básica é que a redução da disponibilidade de crédito se mostre um vento contrário que ajudará o Fed a manter o crescimento abaixo do potencial, apesar do apoio do aumento da renda real e de um melhor crescimento global, não um furacão que levará a economia à recessão e forçará o Fed a reduzir agressivamente", conclui.

Assim, com uma expectativa mais positiva, o índice Dow Jones subiu 0,60%, a 32.432,08 pontos, e o S&P 500 avançou 0,16%, a 3.977,53 pontos. O Nasdaq, entretanto, perdeu 0,47%, a 11.768,84 pontos. Papéis de empresas ligadas à tecnologia, como Alphabet (-2,83%), Microsoft (-1,49%) e Apple (-1,23%) tiveram quedas.

Já no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha alta a 4,010%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,534%, e o do T-bond de 30 anos subia a 3,764%. Monitoramento do CME Group mostrava queda na possibilidade de manutenção dos juros pelo BC americano em maio, a 53,9%, de 83,2% na sexta-feira. Havia ainda 46,1% de chance de uma alta de 25 pontos-base, de 16,8% na sexta. O Citi avalia que o Fed ainda está "subestimando a persistência da inflação neste ano", sobretudo no curto prazo, e acredita que a alta nos preços nos próximos meses vai forçar a autoridade monetária a continuar aumentando suas taxas de juros.

No câmbio, o dólar subia a 131,61 ienes, o euro tinha alta a US$ 1,0795 e a libra avançava a US$ 1,2288. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,25%, a 102,857 pontos.

A divisa americana perdeu para seus principais pares europeus, diante da continuidade de reforço da necessidade de aperto monetário no Velho Continente. O presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, enfatizou que "se sinais de pressões inflacionárias persistentes se tornarem mais evidentes, mais aperto monetário será necessário". Já o dirigente Joachim Nagel reafirmou que o BCE está determinado a continuar combatendo a inflação na zona do euro, apesar da recente turbulência no setor bancário. Pablo Hernández de Cos, por sua vez, afirmou hoje que as próximas decisões de política monetária irão considerar os riscos financeiros, incluindo as tensões observadas nas últimas semanas.(Letícia Simionato - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 27, em queda de 0,85%, cotado a R$ 5,2065 (mínima do dia), alinhado ao sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior frente a divisas fortes e emergentes, incluindo pares do real como peso mexicano e chileno. Operadores notaram entrada fluxo externo pontual para ações locais e desmonte parcial de posições defensivas no mercado futuro. Foi a menor cotação de fechamento desde 9 de março.

Apesar recuar pela segunda sessão seguida, o dólar se sustenta acima de R$ 5,20, nível em que parece encontrar uma forte resistência. Hoje, a divisa oscilou cerca de cinco centavos entre mínima (R$ 5,2065) e máxima a R$ (5,2503). A liquidez foi reduzida, com o contrato futuro para abril movimentando ao redor de US$ 10 bilhões, o que sugere pouco apetite para apostas mais contundentes.

O dia foi marcado por recuperação de ativos de risco após o First Citizens anunciar compra de partes dos ativos do Silicon Valley Bank (SVB), cuja quebra foi o estopim para a onda de desconfiança sobre o setor financeiro americano há duas semanas. Ao ambiente externo mais ameno somou-se a expectativa de que o anúncio do novo arcabouço fiscal possa ser antecipado, dado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quadro de pneumonia leve, cancelou viagem presidencial à China, da qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faria parte.

"O cancelamento da ida de Lula à China deixou uma esperança de que possamos ter o arcabouço fiscal nesta semana, o que tirou um pouco de pressão do dólar e animou a Bolsa", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. "Mas não dá para falar ainda em uma tendência de baixa do dólar aqui. Essa queda de braço entre governo e Banco Central ainda assusta os estrangeiros. O que ajudou o Brasil hoje foi commodities."

É grande a expectativa pela divulgação, amanhã, da ata do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, quando a taxa Selic foi mantida em 13,75% em um comunicado duro - o que levou a nova rodada de críticas do presidente Lula e seu governo à gestão da política monetária. Em evento da Arko Advice hoje, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o comunicado saiu "no tom errado" e que o Copom "esticou a corda" na tentativa de ressaltar a autonomia do BC.

Presente no mesmo evento que Tebet, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que "o nível de consenso que já existe dentro do governo é muito elevado" sobre o arcabouço fiscal e que a proposta foi bem recebida pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem classificou de grandes parceiros. Segundo Galípolo, a permanência de Haddad no Brasil ajuda a equipe econômica no processo de realização dos últimos ajustes no texto. "Então, eu estou muito otimista quanto a ele [arcabouço fiscal], mas a decisão de quando ele deve vir à luz do Sol é uma decisão que só o presidente da República vai poder avançar", disse.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em baixa ao longo de toda a sessão, rompendo o piso dos 103,000 pontos, com perdas frente ao euro e a libra esterlina. Com raras exceções, o dólar caiu na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, beneficiadas pela alta do minério de ferro e do petróleo. O contrato do Brent para junho subiu 4,25%, a US$ 77,76 o barril.

Segundo o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o mercado operou hoje sob impacto da perspectiva de que o Federal Reserve vai tentar sustentar a liquidez do sistema financeiro. "O acordo de compra dos depósitos e empréstimos do falido banco Silcon Valley é positivo para um viés de alta dos mercados", afirma Velho.

Embora o BC americano tenha dado sinais de que pode elevar os juros, o economista da JF Trust avalia que, diante das restrições de crédito e das dificuldades dos bancos nos Estados Unidos, é "mais provável que o Fed adote uma pausa na alta de juros", o que contribui para tirar força da moeda americana. (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.20650 -0.8493 5.25030 5.20650

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5204.500 -0.97041 5255.500 5198.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5252.000 -2.01493 5252.000 5248.000

BOLSA

O Ibovespa permaneceu abaixo da linha psicológica dos 100 mil pela terceira sessão, mas conseguiu, na sexta como nesta segunda-feira, afastar-se mais um pouco da marca dos 97 mil pontos, atingida na última quinta-feira quando tombou 2,29%, em nível não visto desde julho. Hoje, favorecida por sinal majoritariamente positivo do exterior, em dia de poucos catalisadores para impulsionar os negócios, aqui como lá fora, a referência da B3 subiu 0,85%, aos 99.670,47 pontos, oscilando entre 98.833,08, mínima correspondente à abertura, e 99.996,57, na máxima da sessão.

O giro financeiro se manteve fraco nesta abertura da última semana de março, a R$ 21,5 bilhões. No mês, o Ibovespa acumula até aqui perda de 5,01%, após queda de 7,49% ao longo de fevereiro. No ano, o índice cede 9,17%.

Sem muitas novidades para orientar os investidores, na ausência de desdobramentos negativos, os investidores, como na sexta-feira, voltaram a buscar descontos na B3, com recuperação moderada e relativamente bem distribuída pelas ações de maior liquidez e peso no índice. Em dia de forte retomada para os preços do petróleo, em alta que chegou a 5% para a referência americana (WTI) e superou 4% para a global (Brent), as ações de Petrobras seguiram o sinal, mas a uma boa distância, com a ON em alta de 1,52% e a PN, de 1,71%. Vale ON inverteu direção à tarde e caiu 0,17%, e os ganhos entre os grandes bancos foram limitados a 1,81% (Bradesco PN).

Na ponta vencedora do Ibovespa na sessão, Prio (+4,43%), Raízen (+4,15%), Braskem (+3,92%) e Cyrela (+3,81%). No lado oposto, CVC (-5,43%), Yduqs (-3,18%), Azul (-2,91%) e Klabin (-2,62%).

No exterior, o dia foi de alguma retomada do apetite por risco, com retração dos temores em torno da crise bancária e do respectivo potencial efeito sobre o ritmo de crescimento global, o que se refletiu hoje, especialmente, no forte desempenho de commodities como o petróleo e o minério de ferro, este em alta de 2,16%, a US$ 126,96 por tonelada em Dalian, China.

"O First Citizens Bank comprou a carteira de depósitos e empréstimos do Silicon Valley Bank (SVB), o que ajuda os ativos de risco a se recuperarem", observa em nota a Guide Investimentos. "Apesar do tom mais positivo deste início de semana, o mercado segue atento ao desenrolar da quebra do SVB nos EUA e o risco de uma recessão", ressalva a casa.

No front doméstico, a agenda de dados ganha tração a partir de amanhã, com a ata da reunião do Copom, que surpreendeu o mercado na semana passada com um comunicado duro, além do que se imaginava. Com o cancelamento da viagem do presidente Lula à China, e a permanência também do ministro Fernando Haddad (Fazenda) no Brasil, retomou-se em parte a expectativa de que o arcabouço fiscal venha a ser conhecido antes de meados de abril, período que chegou a ser sinalizado pelo governo na semana passada.

"O Ibovespa seguiu em recuperação moderada hoje, em continuidade ao movimento após a quinta-feira sangrenta, com preços baratos, em conta, na B3. Há a expectativa de que o arcabouço possa sair ainda este mês, e muito interesse para a ata do Copom, amanhã, que o mercado espera que seja menos agressiva do que o comunicado", diz Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3.

Um texto mais leve e ponderado na ata, que considere viés melhor pelo lado fiscal pós-arcabouço, pode tirar da mesa o espaço deixado aberto no Copom para Selic além dos 13,75% e, quem sabe, recolocar no horizonte chance de corte de juros ainda este ano, avalia Pimentel, citando também dados recentes favoráveis, como o IPCA-15 de março, em desaceleração. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 99670.47 0.85116

Máxima 99996.57 +1.18

Mínima 98833.08 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.14B

Volume (US$ Bilhões) 4.10B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 100345 0.82391

Máxima 100510 +0.99

Mínima 99535 +0.01

JUROS

Na esteira da menor aversão a risco vista no exterior, os ativos domésticos tiveram valorização nesta segunda-feira, ajudando a tirar pressão sobre as taxas futuras de juros. O investidor deixou de lado a piora das expectativas da pesquisa Focus para 2024 e se concentrou, em especial, na baixa do dólar ante o real. Há também certa expectativa que o adiamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China contribua para uma divulgação mais cedo do que o antes projetado do novo arcabouço fiscal. É esperado ainda o tom que o Banco Central usará na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) a respeito das contas públicas, mediante a pressão do Ministério da Fazenda por uma comunicação mais amena.

Da cena externa hoje, abrandaram os temores sobre a crise bancária após o First Citizens Bank comprar partes do falido Silicon Valley Bank nos Estados Unidos. O SVB, vale lembrar, foi o primeiro banco a ser engolfado pela turbulência no sistema financeiro americano, em um processo de quebra sem precedentes, vitaminado pela força das redes sociais em espalhar o pânico entre os correntistas.

Diante do alívio lá fora, a maioria das bolsas americanas subiu e o dólar cedeu a R$ 5,2065 (-0,85%) no mercado à vista. Foi a senha para mais uma distensão no mercado de juros. Depois do estresse na quinta-feira pós-Copom hawkish, o investidor veio aparando as arestas desde a sexta-feira.

"Hoje o que estamos vendo é, talvez, um porcentual maior da correção de sinalização do mercado de juros do ambiente macroeconômico global", resume o economista e operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, André Alírio.

Assim, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 recuou de 13,087% no ajuste de sexta-feira para 13,045% no fechamento hoje. O janeiro 2025 cedeu de 11,951% a 11,87%. O janeiro 2026 caiu de 11,990% para 11,895%. O janeiro 2027 foi de 12,256% para 12,14%. E o janeiro de 2029 passou de 12,785% para 12,65%.

Em termos de precificação para a Selic, o modelo adotado pelo Broadcast aponta somente 4 pontos-base de corte da Selic em maio, o que dá 84% de probabilidade de taxa básica a 13,75% e 16% a 13,50%. Em junho, há 52% de apostas de juros mantidos no atual nível e 48% de redução de 25 pontos-base. Já para agosto, a Selic precificada na curva é de 13,49% (96% de chance de 13,50% e 4% em 13,25%).

Para a Pantheon Macroeconomics, a despeito do enfraquecimento da atividade econômica já em curso, os cortes de juros somente ocorrerão no terceiro trimestre, desde que o cenário fiscal seja benigno e a inflação permaneça sob controle. "Mas tudo depende da nova estrutura fiscal, que o governo provavelmente apresentará em abril", diz a consultoria, que trabalha com Selic em 11,75% no fim do ano e IPCA de 5,2%.

No Boletim Focus, a mediana das projeções para o IPCA em 2023 caiu de 5,95% para 5,93%, mas para 2024 subiu de 4,11% para 4,13% e, para 2025, de 3,90% para 4,00%. As estimativas para Selic seguem em 12,75% para 2023; 10,00% para 2024; 9,00% para 2025. Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e, com maior peso, de 2024.

Comentários acerca do arcabouço fiscal também estiveram hoje no foco dos agentes. Após o adiamento da viagem de Lula à China por causa de uma pneumonia leve, espera-se que o governo concentre os esforços no arremate das regras. Em evento da Arko Advice hoje, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que a nova regra carece de alguns ajustes e será muito bom a equipe poder fazer as reuniões necessárias para tais ajustes com a presença do ministro Fernando Haddad, que iria acompanhar o presidente no giro pela Ásia.

No mesmo evento, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, voltou a dizer que o governo pretende zerar o déficit público em 2024 com o novo arcabouço fiscal. Ela também criticou o tom usado na semana passada pelo Copom. "Quero repisar a questão de ter achado que o documento saiu no tom errado. Como é um documento político, eu tenho a liberdade de me posicionar sobre ele. Acho a discussão [sobre o assunto] saudável, temos de quebrar tabus", afirmou.

A pressão de Tebet, na esteira de críticas também de Haddad, faz com que uma parte do mercado espere uma espécie de "generosidade" por parte do Copom na ata amanhã, segundo Alírio, da Nova Futura.

"Mas por tudo que eu vi, a ata vai mostrar o mesmo tom. Eu acho que os eventos de aperto de crédito e crises bancárias podem ser um início de balizador dessas políticas monetárias, seria de bom tom ter um argumento macro externo. Mas o que nós vimos nos últimos dias foi uma guerra de narrativas sobre política monetária e política fiscal, um sobrepujando ao outro. E talvez esta guerra de narrativas tenha tomado espaço", afirma o economista.

Em entrevista ao repórter Cícero Cotrim, o diretor de Pesquisa Macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, argumenta também que a mensagem hawkish deve prevalecer no texto a ser conhecido amanhã antes da abertura. "A ata não deveria ter mensagem diferente do que é o comunicado. O que o governo quer eu também não sei - primeiro, porque o arcabouço fiscal ainda não existe; e, segundo, porque o BC não vai comentar uma proposta que ainda precisa ser transformada em lei", diz. A íntegra foi publicada no AE News às 16h54. (Mateus Fagundes - [email protected])

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