APESAR DE CAUTELA EXTERNA, BRASIL VOLTA A ATRAIR FLUXO, BOLSA SOBE E DÓLAR E DIS CAEM

Blog, Cenário

Ainda que os índices acionários de Nova York tenham vacilado ao longo da sessão, os ativos brasileiros experimentaram mais um dia de apetite por risco, com alta da Bolsa e queda de dólar e juros. Em um pregão sem grandes indicadores, mas de compasso de espera pela decisão de política monetária do Banco Central, amanhã, diferentes motivos levaram ao bom desempenho do mercado local, ainda que o movimento de um ativo acabe favorecendo o do outro. O Ibovespa, por exemplo, voltou a contar com a ajuda das ações de commodities e subiu 0,97%, aos 113.228,31 pontos, dando sequência aos ganhos obtidos em janeiro. Papéis ligados a papel e celulose e mineração foram destaque com a expectativa positiva por demanda chinesa, enquanto Petrobras avançou em meio a incertezas sobre os preços do petróleo com a crise entre Rússia e Ucrânia e antes da reunião da Opep, nesta quarta. O curioso é que a valorização desses setores depende bastante da cotação do dólar, que caiu 0,62% ante o real, a R$ 5,2728 - menor valor desde 16 de setembro. Essa aparente contradição se dá em meio ao apetite do estrangeiro por oportunidades com papéis que, eventualmente, estejam descontados ante pares globais depois que, em 2021, a bolsa brasileira ficou bem atrás de outros índices ao redor do mundo. Além disso, outra parte do fluxo de recursos entrando no Brasil, o que gera natural desmontagem de posições defensivas contra a moeda brasileira e pressão adicional de baixa sobre a dos EUA, é destinada à renda fixa, diante da expectativa de nova alta de 1,5 ponto porcentual da Selic, amanhã, com continuidade do ciclo de alta e oportunidades de carry trade. Só que mesmo diante do iminente aperto monetário, os juros futuros perderam prêmios, em correção a excessos recentes e também com a ajuda do dólar fraco, que pode contribuir para aliviar a pressão inflacionária por aqui. Em Wall Street, o dia foi de volatilidade, mas com fechamento positivo das principais bolsas. Isso porque os investidores digeriram dados mistos sobre a economia americana, ao mesmo tempo em que monitoraram a escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia, bem como a temporada de balanços por lá.

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

O Ibovespa abriu fevereiro como encerrou janeiro, no positivo mesmo quando o sinal de Wall Street divergia, com as bolsas do exterior vindo de correção no último mês enquanto a B3, beneficiada pelo fluxo externo em busca de descontos, mostrou recuperação de 7% ante as perdas de quase 12% acumuladas em 2021, ano em que Nova York renovou máximas históricas, sucessivamente. Hoje, o índice subiu 0,97%, a 113.228,31 pontos, mantendo-se nos maiores níveis desde o fechamento de 18 de outubro passado. Nesta terça-feira, oscilou entre mínima de 112.134,88 e máxima de 113.302,13 pontos, saindo de abertura aos 112.143,42 pontos. O giro foi de R$ 27,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 1,18% e, no ano, 8,02%.

“A retomada das commodities neste início de ano, com destaque para celulose e minério de ferro em razão do movimento de estocagem pré feriado do Ano Novo Chinês, e petróleo, com dúvidas sobre oferta em meio às tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, juntamente com demanda em franca expansão, contribuíram fortemente para a alta do índice (Bovespa) no mês (de janeiro). A valorização das ações do setor financeiro, beneficiadas pela escalada dos juros, foi outro fator que pesou positivamente para o índice nas últimas semanas”, aponta em relatório o Banco Inter.

“Para fevereiro, foco no retorno do feriado do Ano Novo chinês e na dinâmica de demanda no país, bem como continuidade das pressões inflacionárias para as empresas mais focadas no mercado interno, como Varejo e Consumo”, acrescenta a instituição, observando também que “a alta de juros deve seguir beneficiando o setor financeiro, com bancos e seguradoras”.

Nesta terça-feira, véspera de aguardada elevação da Selic em 1,50 ponto porcentual, que traria a taxa de juros de referência para a casa de dois dígitos (no caso, 10,75%), os grandes bancos que, à exceção de Santander (+9,36%), acumulam ganhos bem acima do desempenho do Ibovespa no ano, como Itaú (PN +21,85%) e Bradesco (PN +19,23%), tiveram desempenho misto, em sessão de boa recuperação para Vale (ON +5,49%), que havia fechado o dia anterior na mínima do dia, com perda acima de 3%. As ações de siderurgia também foram bem hoje, com destaque para CSN (ON +5,05%), assim como Petrobras (ON +2,95%, PN +2,01%).

Na ponta do Ibovespa, destaque para Banco Inter (Unit +8,08%), à frente de Vale e de CSN, seguidas por Braskem (+4,45%) e por Usiminas (PNA +3,88%). No lado oposto, Alpargatas (-6,91%) Banco Pan (-5,22%), Minerva (-5,03%) e Lojas Renner (-4,05%).

“O índice chegou a atingir os 113 mil pontos, mas acabou recuando um pouco (no meio da tarde) devido à instabilidade dos Estados Unidos. Enquanto isso, o dólar continua recuando devido à grande entrada de investidores estrangeiros no país”, aponta em nota a Terra Investimentos. Hoje, o dólar à vista fechou cotado a R$ 5,2728, em baixa de 0,62%, menor nível desde 16 de setembro passado.

Com Nova York se firmando no positivo na reta final da sessão, o Ibovespa voltou a acentuar ganhos, mais perto de 1% e retomando o nível de 113 mil pontos para o fechamento, não muito distante da máxima do dia. "O ciclo de aumento da taxa de juros nos Estados Unidos continua a gerar cautela. As vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos em dezembro (relatório JOLTS) vieram com níveis bastante elevados, abrindo espaço para postura ainda mais 'hawkish' para o Federal Reserve", diz Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3, mencionando também a desaceleração, menor do que se esperava, para o PMI industrial do país em janeiro.

No plano doméstico, a Terra aponta que o mercado continua atento à PEC dos Combustíveis. A expectativa é de que seja apresentada na abertura dos trabalhos legislativos, amanhã. "Ganhou força a versão reduzida da PEC, em que apenas os impostos federais sobre o diesel seriam zerados, com perda estimada de cerca de R$ 20 bilhões em arrecadação", diz Lucas Collazo, especialista em investimentos da Rico. (Luís Eduardo Leal - [email protected]; Maria Regina Silva - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 113228.31 0.96733

Máxima 113302.13 +1.03

Mínima 112134.88 -0.01

Volume (R$ Bilhões) 2.71B

Volume (US$ Bilhões) 5.14B

18:22

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 113750 1.07517

Máxima 113800 +1.12

Mínima 112405 -0.12

Volta

CÂMBIO

Com perda de 4,84% em janeiro, o dólar à vista deu sequência ao movimento recente de baixa no primeiro pregão de fevereiro, alinhado ao sinal predominantemente negativo da moeda americana no exterior. Uma vez mais, profissionais do mercado relataram fluxo externo de recursos para ativos domésticos e desmontagem de posições defensivas no mercado futuro por parte de fundos locais e investidores estrangeiros.

Segundo operadores, seguem firmes os prognósticos de continuidade de entrada de capital estrangeiro, em especial para renda fixa, por conta dos juros mais elevados. A perspectiva amplamente majoritária é que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie amanhã novo aumento da taxa Selic em 1,50 ponto porcentual, para 10,75% ao ano, e deixe a porta aberta para, pelo menos, mais uma elevação. Já há uma ala considerável de casas que prevê taxa básica no nível de 12% no fim do atual ciclo de aperto monetário.

Mesmo com entrada líquida de mais de R$ 20 bilhões para o mercado doméstico de ações em janeiro, a expectativa é de que mais dinheiro de fora venha para o Brasil, em meio ao movimento de rotação global de portfólio que favorece mercados "descontados" e o setor de commodities.

Tirando uma alta esporádica pela manhã, quando registrou máxima a R$ 5,3170, o dólar à vista trabalhou em queda firme ao longo de todo o dia, descendo na mínima até R$ 5,2668 já na reta final do pregão. No fim do dia, era cotado a R$ 5,2728 (menor valor de fechamento desde 16 de setembro), em baixa de 0,62%. Assim, nos últimos quatro pregões, o dólar acumula desvalorização de 3,09%.

Caso não haja uma valorização intensa da moeda americana no exterior, na esteira de uma postura mais dura do Federal Reserve, ou notícias muito negativas nos quadros político e fiscal doméstico, analistas acreditam que o real pode continuar a se valorizar no curto prazo.

"Tem espaço para o dólar voltar a níveis perto de R$ 5, se mantida a tendência de valorização das commodities e fluxo externo, além do cenário interno menos turbulento", afirma o head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, Alexandre Netto, ressaltando que a moeda brasileira estava muito depreciada e agora se sobressai entre seus pares emergentes. "Certamente, um novo aumento da taxa Selic em 1,5 ponto vai deixar o carry trade ainda mais atraente e ajudar o real".

A economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, também vê a possibilidade de Selic ainda mais elevada como um dos fatores primordiais para o tombo recente do dólar, ao lado da entrada de recursos para a Bolsa brasileira. "Diante do acirramento da inflação, o Banco Central tem reforçado uma postura mais dura. O dólar caiu de R$ 5,70 em fins do ano passado para menos de R$ 5,30, mas ainda está em um patamar muito elevado, o que não traz um alívio tão intenso para a inflação", afirma Consorte.

Enquanto o fluxo pelo canal financeiro segue robusto, a balança comercial fraqueja. Dados divulgados hoje pelo ministério da Economia mostram que a balança fechou janeiro com déficit de US$ 176 milhões, menor do que os -US$ 220 milhões de janeiro do ano passado, mas acima da mediana de Projeções Broadcast (-US$ 165 milhões).

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de seis divisas fortes - operou em baixa, ao redor dos 96,400 pontos, com perdas mais significativas frente ao iene e à libra. O mercado espera as decisões de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE), na quinta-feira (3).

Além de movimento de realização de lucros após a arrancada na semana passada, quando atingiu o maior valor desde junho de 2020, o índice DXY também reflete uma diminuição das apostas em uma ação mais drástica do Federal Reserve em relação ao ritmo de normalização da política monetária.

Discursos de dirigentes do BC americano ontem e hoje chancelam a perspectiva de início da alta dos juros em março, no ritmo de 0,25 ponto porcentual, e um total de três ou quatro altas ao longo de 2022. O tom duro do presidente do Fed, Jerome Powell, na semana passada chegou a ensejar apostas até de uma alta inicial dos juros em 0,50 ponto e elevações em todos os encontros do BC americano neste ano.

Presidente da distrital de Filadélfia do Federal Reserve (Fed), Patrick Harker, disse hoje considerar apropriado elevar o juro básico quatro vezes ao longo de 2022, com altas de 0,25 ponto porcentual. Harker afirmou que O BC americano poderia até promover uma elevação de 0,50 ponto, caso a inflação subisse vertiginosamente, mas ressaltou que está "menos convencido" de que este seria o passo adequado.

Em tom mais duro, o presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, defendeu que o BC americano comece a redução do seu balanço de ativos já no segundo trimestre de 2022, mas negou que a instituição esteja "atrás da curva" ou atrasada na condução da política monetária, como aventado por parte dos analistas.

Na B3, houve forte movimentação ontem nas posições em derivativos cambiais, por conta da rolagem dos vencimentos de fevereiro e do fechamento da Ptax. Os investidores estrangeiros aumentaram sua posição vendida (que ganha com a queda do dólar) em 30.900 (US$ 1,54 bilhão), segundo cálculos da Renascença DTVM. (Antonio Perez - [email protected])

18:22

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.27280 -0.6238 5.31700 5.26580

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5302.000 -0.74878 5355.000 5300.500

DOLAR COMERCIAL 5392.134 10/01    

JUROS

Os juros futuros seguiram perdendo prêmios, desta vez com mais intensidade na parte curta da curva, que passa a embutir uma chance maior de Selic ao fim do ano em 12,25%. O mercado espera pelas definições do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã. Com o aumento de 1,50 ponto porcentual já precificado, as atenções se voltam para o teor do comunicado, na esperança de o Banco Central sinalizar com clareza quais serão os próximos passos da política monetária brasileira. A baixa forte do dólar ante o real tem efeito desinflacionário, contribuindo para o movimento. Questões fiscais domésticas, como a PEC dos Combustíveis, ficam no radar dos agentes.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 caiu de 12,269% no ajuste de ontem para 12,155% (regular) e 12,165% (estendida). O janeiro 2025 recuou de 11,273% a 11,100% (regular e estendida). E o janeiro 2027 foi de 11,222% a 11,10% (regular) e 11,06% (estendida).

A liquidez um pouco mais estreita fez com que operações pontuais causassem efeito maior de baixa ou de alta na curva. Na terça-feira passada, a movimentação já havia sido fraca, em razão do feriado municipal de 25 de janeiro. Assim, para efeito de comparação, o DI janeiro 2023 movimentou 413 mil contratos hoje, ante 465 mil há 15 dias; o janeiro 2025, 219 mil, ante 218 mil; o janeiro 2027, 102 mil, ante 98 mil.

Para agentes do mercado de juros, o movimento menor hoje se deve à expectativa com o Copom. É unânime na curva de juros e entre os analistas consultados pelo Projeções Broadcast a aposta em uma alta de 1,50 ponto porcentual da Selic, a 10,75%, tal qual já prescrita na comunicação recente do Banco Central.

Resta agora dúvidas sobre quais serão as indicações adiante. Analistas lembram que a gestão de Roberto Campos Neto tem sido muito transparente e vocal quanto aos movimentos futuros, e há certa aposta que amanhã não será distinto.

Para o banco de investimento canadense TD Securities, a alta de amanhã será a última na magnitude de 1,50 ponto. "[Depois] o BC começará a diminuir o ritmo de alta nas três reuniões seguintes. Nesse caso, deve haver alguma indicação de uma perspectiva de política monetária menos agressiva (embora com aumentos contínuos)", escreveram, em relatório enviado a clientes.

O economista-chefe da Infinity Asset Managment, Jason Vieira, acredita que até haveria uma abertura para o Copom elevar a Selic em 1,25 ponto, devido à fraqueza da economia, embora ele acredite que não seja isso o que o BC fará. "Hoje parece que o mercado está calibrando um pouco a aposta em relação ao Copom", avaliou, sobre o movimento da curva nesta terça-feira. Para ele, além dos 150 pontos-base de amanhã, ainda haveria espaço para os juros subirem mais 100 pontos.

Na curva de juros, os preços embutem uma Selic a 11,71% em maio, ou seja, uma chance de 84% da taxa estar em 11,75% e 16%, em 11,50%. Ao fim do ano, a precificação é de 12,28%, ou seja, 88% de chance de juro a 12,25% e 12% em 12,50%.

Hoje à tarde, o Bradesco também elevou de 10,25% para 11,75% a sua projeção de taxa Selic no fim de 2022, com juros de 12,25% no pico do ciclo de aperto. Segundo o banco, a revisão se deve a um quadro de inflação mais pressionada - com aumento da estimativa de IPCA deste ano de 4,9% para 5,4%, acima do teto da meta (5,0%).

Ao revisar de 0,8% a 0,5% a projeção de crescimento do Brasil este ano, o Bradesco vê ainda problemas climáticos sobre a safra de grãos reduzindo a contribuição da agropecuária para a economia.

O mercado de juros ficou de olho ainda no desenrolar da cena fiscal, que ganha novos capítulos a partir de amanhã, com o retorno das atividades do Congresso. Após se reunir fora da agenda com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que a PEC dos Combustíveis terá foco no diesel.

"Nessa questão do combustível, não participei das reuniões, vim me inteirar basicamente do que se tem. Está afastada a possibilidade do fundo e na questão da gasolina e do álcool aparentemente também", afirmou Lira. "Então, vai se focar no óleo diesel e vamos ver que medidas se toma também para o gás", acrescentou.

Em evento organizado pelo Credit Suisse, o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, criticou a ideia de um fundo de estabilização dos combustíveis, mas ponderou que a redução da tributação dos combustíveis - em especial do diesel - poderia ter resultado no curto prazo.

Segundo ele, a medida também custará caro, mas menos que a proposta do fundo de equalização. "Há um clamor da sociedade e também político para que se adote medida sobre combustíveis. Fiscalmente falando, não há um bom momento, mas o momento ideal para abrir mão de receitas seria quando houver superávit fiscal", ponderou. (Mateus Fagundes, com colaboração de Cícero Cotrim e Eduardo Rodrigues - [email protected])

18:20

 Operação   Último 

CDB Prefixado 3 dias (%a.a) 10.53

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

MERCADOS INTERNACIONAIS

Wall Street fechou no positivo nesta terça-feira, após uma sessão volátil. Entre as ações de destaque, esteve a da ExxonMobil, com alta de 6% em resposta positiva à divulgação de seu balanço mais recente. Nos Estados Unidos, operadores seguiram monitorando as apostas para alta de juros pelo Federal Reserve (Fed), além de digerirem os dados divulgados mais cedo sobre a economia americana. A questão da Ucrânia também continuou no radar, com o presidente russo Vladimir Putin alegando que EUA e aliados têm ignorado suas demandas. Na véspera da reunião ministerial da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), os contratos de petróleo ficaram próximos à estabilidade no mercado futuro. Entre os investimentos considerados seguros, os juros dos Treasuries avançaram, enquanto o dólar recuou ante rivais nesta sessão.

A divulgação de uma série de indicadores americanos pela manhã pressionou as bolsas em Nova York. No entanto, em um movimento similar ao que tem sido visto recentemente, os índices acionários ganharam força na parte da tarde e aceleraram alta próximo ao horário de fechamento. O Dow Jones subiu 0,78%, o S&P 500, 0,69% e o Nasdaq, 0,75%. Os papéis da ExxonMobil tiveram alta de 6,41%, com a companhia tendo revertido prejuízo no quarto trimestre de 2021. No mesmo setor, a Chevron subiu 2,63%. A Boeing (+4,05%) também fechou no azul, estendendo ganhos da sessão passada, e foi acompanhada pelas companhias aéreas, como American Airlines (+2,19%) e United Continental (+2,52%).

A Pfizer, por sua vez, caiu 0,06%, enquanto investidores aguardam notícias sobre aprovação da FDA, a Anvisa americana, para vacinação contra covid-19 em crianças com menos de cinco anos. De acordo com a Bloomberg, a farmacêutica começou a enviar a documentação hoje.

Na política monetária americana, falas de dirigentes reforçam que o Fed ainda não entrou em um consenso. O presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic (não vota), defendeu hoje três altas nos juros básicos neste ano. Já na Filadélfia, Patrick Harker (vota) disse esperar quatro. As apostas de juros monitoradas pelo CME Group, entretanto, continuam embutindo uma postura muito mais agressiva do banco central americano na condução da política monetária, com até oito aumentos de 0,25 ponto porcentual cada nos juros em 2022.

O Presidente do Fed de St. Louis, James Bullard (vota), afirmou esperar que a redução de balanço patrimonial se dê no segundo trimestre e que não vê a inflação moderando "muito" nesta primeira metade do ano. No fim da tarde em Nova York, os retornos dos Treasuries avançavam: o juro da T-note de 2 anos subia a 1,181%, o da T-note de 10 anos, a 1,797% e o do T-bond de 30 anos, a 2,125%.

Na avaliação da Capital Economics, a incerteza existente sobre a política monetária no mundo deve acarretar em uma maior volatilidade no mercado cambial. Ainda que as sinalizações sejam de aperto monetário por todos os lados, as expectativas sobre o ritmo da normalização política e o nível de altas de juros provavelmente continuarão a ser alterados, aponta a consultoria. Com isso, a expectativa da Casa é que o dólar se fortaleça.

Hoje, porém, a divisa americana se enfraqueceu ante rivais, com o índice DXY em queda de 0,16%, a 96,385 pontos. O euro subia a US$ 1,1272 e a libra, a US$ 1,3525, às vésperas da decisão monetária do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) e do Banco Central Europeu (BCE). Em relatório, o ING disse hoje esperar que a presidente do BCE, Christine Lagarde, decepcione as expectativas hawkish do mercado e leve à pressão sobre a divisa comum europeia.

Já entre as commodities, o petróleo ficou próximo à estabilidade, um dia antes da reunião ministerial da Opep+. Segundo reportagem da Reuters, o comitê técnico espera que superávit da commodity em 2022 seja de 1,3 milhões de barris por dia (bpd), pouco abaixo da previsão anterior, de 1,4 milhões de bpd. Quanto à oferta, o Commerzbank prevê que a Opep+ manterá o atual nível de aumento de 400 mil bpd. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para março subiu 0,06% (US$ 0,05), a US$ 88,20, enquanto o do Brent para o mês seguinte teve queda de 0,11% (US$ 0,10), a US$ 89,16, na Intercontinental Exchange (ICE).

Quanto à questão da Ucrânia, Putin disse hoje estar claro que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) tem ignorado as principais demandas russas de segurança, como não expandir seu domínio sobre nações que um dia pertenceram à União Soviética. Em conversa com o presidente da Hungria, Viktor Orbán, o líder afirmou que o país aliado terá oferta de gás natural "garantida" apesar da crise de suprimento de energia na Europa.

Segundo comunicado oficial dos EUA, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu ao ministro das Relações Exteriores da Rússia para que haja redução imediata da escalada russa e a retirada de tropas e equipamentos das fronteiras da Ucrânia. Já o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, afirmou em entrevista à Bloomberg que todos os membros da União Europeia estão prontos para aplicar eventuais sanções à Rússia, caso a invasão se concretize. (Ilana Cardial - [email protected])

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