Os ativos domésticos tiveram comportamentos díspares nesta quarta-feira, marcada por um compasso de espera pela votação da PEC de Transição e pela reunião do Copom. Enquanto juros e dólar caíram, tanto alinhados aos pares externos quanto diante da expectativa pela desidratação, no Senado, do texto que eleva o teto de gastos, a Bolsa sofreu com a queda das commodities e o movimento majoritariamente negativo dos índices acionários lá fora. A leitura do mercado em relação à PEC é de que não apenas os valores podem ser reduzidos, como também o prazo para que o novo governo entregue uma nova âncora fiscal, inicialmente previsto para agosto, seja antecipado. A chance de que isso se concretize limpa prêmios da curva de juros, uma vez que a principal preocupação do mercado é sobre o efeito que o aumento de despesas poderia ter sobre a inflação, a dívida pública e, por consequência, sobre a taxa básica. Aliás, essa preocupação, externada por diretores do Banco Central nas última semanas, também deve estar presente no comunicado que acompanha a decisão de hoje, possivelmente de manter a Selic em 13,75% ao ano. Esse ambiente também trouxe alívio ao câmbio, o que ajudou na desvalorização de 1,21% do dólar ante o real, a R$ 5,2058. No mercado de ações, porém, o cenário foi muito diferente. A desaceleração da atividade na China, comprovada pelo recuo das importações e exportações do país, desencadeou uma correção em baixa das principais commodities industriais, o que teve impacto direto nas bolsas. E no caso do Ibovespa, onde o peso de ações ligadas a matérias-primas é grande, o efeito foi maximizado por projeções abaixo do esperado feitas pela Vale para 2023, o que derrubou o papel da mineradora. Com isso, o índice cedeu 1,02%, aos 109.068,55 pontos. Em Nova York, as principais bolsas até ensaiaram uma recuperação durante a tarde, mas o máximo que conseguiram foi um alívio das perdas, diante de um ambiente de desaceleração da economia no mundo, inflação resistente e sinais de aperto monetário, mesmo que em ritmo menor pelo Fed, por um período prolongado. Contraditoriamente a isso, contudo, a aversão ao risco gerou busca por Treasuries, o que fez os yields caírem.
•JUROS
•CÂMBIO
•BOLSA
•MERCADOS INTERNACIONAIS
JUROS
Os juros futuros fecharam a quarta-feira de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em queda, acentuada no período da tarde quando cresceram as expectativas de nova desidratação da PEC da Transição a ser votada hoje no plenário do Senado e, posteriormente, na Câmara. Pela manhã, o sinal de baixa das taxas era discreto, ainda na esteira da aprovação do texto ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com redução da ampliação do teto de gastos em R$ 30 bilhões e do prazo em que o governo terá de apresentar uma nova regra fiscal. No cenário externo, os juros dos Treasuries tiveram nova rodada de fechamento, assim como também o dólar mostrou fraqueza generalizada, refletindo a piora na percepção sobre a economia global.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 14,001% ontem no ajuste para 13,84% (regular) e 13,85% (estendida), e a do DI para janeiro de 2025 fechou em 13,03% (regular) e 13,02% (estendida), de 13,17% ontem. A do DI para janeiro de 2027 terminou a regular em 12,71% e a estendida em 12,69%, de 12,80% ontem.
A aprovação do texto na CCJ ontem pegou o mercado de juros já na sessão estendida e, assim, houve sequência à reação positiva ao longo da manhã. O texto aprovado reduziu em R$ 30 bilhões, para R$ 145 bilhões, a expansão do teto para acomodar despesas com programas sociais e investimentos e, além disso, reduziu de um ano para oito meses o prazo para o envio de uma nova regra fiscal ao Congresso. Mas o alívio, ao mesmo tempo, foi limitado porque, como lembra o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, mesmo com a aprovação, incertezas seguem presentes quanto aos rumos fiscais e econômicos do País.
"A curva reage hoje à PEC, que teve desidratação na CCJ e a tendência é desidratar mais, porque a oposição está bem pesada", disse a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese. Para ela, haveria espaço para novos cortes no valor, retirando, por exemplo, parte das receitas extraordinárias que ficarão fora do teto e que podem chegar a R$ 23 bilhões. Ou ainda, pode-se antecipar mais o prazo para a entrega da nova regra, atualmente em oito meses, para seis meses, uma vez que haverá uma espécie de vácuo fiscal a partir do fim do teto.
Um grupo de 32 senadores protocolou uma emenda que reduz para R$ 100 bilhões o aumento do limite do teto, alegando que R$ 145 bilhões é um valor exagerado para as reais necessidades de adequação do orçamento público. Os negociadores do governo eleito tentam segurar o avanço de apoio à medida, mas não descartam derrubar tal tentativa "no voto". Ainda, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) apresentou emenda ao texto para reduzir a validade da ampliação do teto, de dois anos para um ano.
A expectativa é de que a PEC seja votada e aprovada ainda hoje no plenário e, nas contas do governo eleito, haverá entre 55 e 60 votos a favor, acima dos 49 necessários. Depois, segue para a Câmara. Naquela instância, o futuro do texto está relacionado também ao julgamento da constitucionalidade do orçamento secreto em andamento hoje no Supremo Tribunal Federal (STF).
Caso o orçamento secreto, que consiste no pagamento de emendas parlamentares sem critérios definidos para a aplicação dos recursos, seja considerado inconstitucional, pode interferir no apoio dos deputados à PEC. O deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) avalia que o julgamento pode ser "o pior dos mundos" para Lula, caso haja um pedido de vista. "O pior dos mundos é uma crise institucional gerada a partir de uma suspensão do julgamento em que o Congresso ficará inerte para se posicionar sobre a PEC e até mesmo a formatação do orçamento de 2023", disse o deputado.
Além da PEC e do STF, o dia ainda reserva o Copom. Há consenso, tanto na curva de juros quanto entre os economistas, em torno da manutenção da Selic em 13,75% e expectativa de que o comunicado traga alertas sobre potenciais impactos do aumento do risco fiscal sobre a inflação. "O BC precisa ser enfático e deve deixar em aberto a possibilidade de voltar a elevar a Selic", disse Veronese. Apostas de elevação em 0,25 ponto porcentual da Selic já aparecem na curva para as reuniões no primeiro trimestre de 2023.
A equipe do BTG Pactual lembra que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem afirmado que “sem equilíbrio fiscal, inflação sobe” e foi particularmente direto a respeito dos impactos negativos das políticas de crédito subsidiado via bancos públicos que, por sua vez, levariam a um aumento da taxa de juros real neutra. "Com tudo na mesa, a deterioração fiscal deve ganhar mais espaço nesta comunicação, mas sem alteração na Selic", disseram, argumentando que os diretores do BC têm indicado que “é preciso esperar para ver”. "Contudo, se a PEC for aprovada sem desidratar na Câmara dos Deputados e antes do recesso parlamentar deste ano, é possível que as apostas para alta os juros se elevem até a próxima reunião do Copom, em fevereiro de 2023." (Denise Abarca - [email protected])
Volta
CÂMBIO
Com exceção de um movimento pontual de alta no início dos negócios, o dólar trabalhou durante toda esta quarta-feira em queda ante o real. Localmente, a expectativa em torno da votação da PEC da Transição no Senado gerou mais um dia de alívio a ativos que acumularam muito prêmio ao longo do debate da proposta, nos últimos 35 dias. Externamente, houve influência da fraqueza da moeda americana ante pares fortes, dado o temor com o crescimento dos Estados Unidos, e emergentes, impulsionadas pelo noticiário da China. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), destaque da agenda doméstica, já está pacificada no mercado como um possível resultado hawkish, com recados sobre a situação fiscal.
O dólar à vista terminou a sessão cotado a R$ 5,2058, desvalorização de 1,21%. No segmento futuro, às 18h14, a moeda para janeiro recuava aos R$ 5,2330 (-0,74%). O volume negociado estava em torno de R$ 11 bilhões.
O dia de alívio no câmbio e, em maior medida, nos juros futuros veio à medida que o investidor segue retirando prêmios acumulados durante o processo de debate da PEC da Transição.
A proposta vai para o plenário do Senado já desidratada na Comissão de Constituição e Justiça (com a extensão do teto de gastos em R$ 145 bilhões, dos R$ 175 bilhões inicialmente apresentados), mas operadores avaliaram que há espaço para uma retirada adicional de "gordura" da proposta.
Uma emenda protocolada por um grupo de 32 senadores quer expandir o teto em R$ 100 bilhões. Como mostrou o Estadão/Broadcast, a equipe do governo eleito tenta barrar essa manobra. O PT calcula que haverá entre 55 e 60 votos a favor da proposta no plenário. Os aliados de Lula estão indo de gabinete em gabinete para convencer os senadores a apoiar a medida como saiu da CCJ. A expectativa ainda é de votação ainda hoje.
Também nesta tarde, o Supremo Tribunal Federal julga o Orçamento Secreto. Como mostra o Broadcast Político, os rumos desse julgamento servirão de termômetro para a PEC na Câmara. Os parlamentares fizeram chegar a mensagem ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, se a Suprema Corte retirar do Congresso a prerrogativa sobre a indicação das emendas de relator, a PEC corre sérios riscos de não ser analisada.
A despeito de restar ainda alguma incerteza na questão orçamentária, o alívio prevaleceu com a ajuda externa. O operador da Fair Corretora, Hideaki Iha, lembra que o dia foi de queda generalizada do dólar.
Ele lembra que há pressão de projeções de desaquecimento dos Estados Unidos por causa da provável extensão do aperto monetário pelo Federal Reserve. O operador diz ainda que há aposta em medidas na China para dar suporte à atividade econômica, enfraquecida pelas regras duras contra a covid-19. Dados da balança comercial divulgados nesta madrugada renovaram temores sobre o crescimento do país por parte do governo central de Pequim, que, por sua vez, anunciou flexibilizações sanitárias.
"Já está claro que na semana que vem o Fed aumentará o juro em 50 pontos-base e que a taxa vai permanecer em nível alto por um período longo. A questão da guerra na Ucrânia e de outros conflitos geopolíticos preocupa, mas hoje veio o alívio do confinamento da covid", afirma Iha.
Para os próximos dias, o operador da Fair diz que há chance de alguma pressão no câmbio, típica de fim de ano, além de dúvidas quanto à política econômica do terceiro governo Lula após o anúncio do ministro da Fazenda. A escolha do nome ficará para depois do dia 12, data da diplomação, como disse hoje o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.
"Acho que o câmbio vai ficar na casa de R$ 5,30 no fim do ano. Vai depender do nome do ministro e do Fed, mas também da geopolítica, com conflitos na Ásia e na Ucrânia", afirma.
Ainda nesta quarta-feira, o Banco Central informou que o fluxo cambial registrado na semana passada (de 28 de novembro a 2 de dezembro) para o Brasil ficou positivo em US$ 1,592 bilhão. No acumulado do ano, o saldo é positivo em US$ 22,414 bilhões.
Para o chefe da área de Estratégia da Warren Renascença, Sérgio Goldenstein, o saldo positivo no mercado à vista contribui para a apreciação do real. "Lembrando que o posicionamento técnico do mercado é favorável, tendo em vista as posições compradas de US$ 35,2 bilhões em instrumentos cambiais (DOL + DDI + SCS) na B3 por parte dos fundos estrangeiros", afirmou. (Mateus Fagundes - [email protected])
18:27
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.20580 -1.2126 5.27800 5.18510
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5233.500 -0.73027 5302.500 5208.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5320.041
BOLSA
O Ibovespa chegou a acentuar perdas no começo da tarde, tocando mínima a 108.612,02 pontos (-1,43%), menor nível intradia desde 28 de novembro, mas conseguiu brecar a piora mesmo com o desempenho negativo de Petrobras (ON -1,51%, PN -1,13%), dos grandes bancos (à exceção de Unit Santander +0,22%) e, em especial, de Vale (-3,56%), pressionada desde cedo pela decepção dos investidores com os dados de produção em novembro. Ao fim, a referência da B3 mostrava recuo de 1,02%, aos 109.068,55 pontos, mais do que neutralizando a alta de 0,72% de ontem. Assim como no intradia, foi o menor nível de fechamento desde o último dia 28.
O giro se manteve moderado, como visto nas últimas sessões - hoje, a R$ 24,0 bilhões no encerramento. Na semana, o Ibovespa cede 2,55% e, no mês, 3,04%, o que limita o ganho do ano a 4,05%. Na máxima da sessão, o índice foi hoje aos 110.246,79 pontos, não muito distante do nível da abertura, a 110.188,05 pontos.
Com o fechamento de hoje, o Ibovespa estende a seis sessões série em que tem alternado perdas e ganhos, sem quebras. Mas, considerando o início deste intervalo no fechamento de novembro, saiu de nível próximo a 112,5 mil pontos, no dia 30, para o atual, aos 109,2 mil pontos, cedendo cerca de 3,4 mil pontos no período.
Entre as idas e vindas do índice, as perdas acima dos ganhos refletem ainda a cautela quanto à gestão do fiscal sob o futuro governo; as dúvidas quanto ao ritmo de crescimento da China, grande consumidora de commodities às voltas com o manejo da política de covid-zero; e o prosseguimento da correção dos custos de crédito, com a elevação das taxas de juros de referência em andamento nas maiores economias, como Estados Unidos e zona do euro.
Na semana que vem, Federal Reserve e Banco Central Europeu voltam a deliberar sobre juros e, nesta noite, o Copom toma sua última decisão de 2022. A expectativa é por manutenção da Selic a 13,75% ao ano, mas haverá, como sempre, grande atenção para os termos do comunicado, especialmente com relação à conjuntura externa e aos efeitos da condução do fiscal sobre a perspectiva da política monetária no Brasil, a partir do próximo ano.
Hoje, a correção em Vale (ON -3,56%) em resposta aos dados de produção da empresa em novembro, em dia de decepção também com a leitura sobre a balança comercial da China, ganhou maior efeito no início da tarde com a mudança de sinal em Petrobras, que mais cedo resistia à direção negativa do petróleo, com o barril do Brent negociado abaixo do limiar de US$ 78 nesta quarta-feira.
Ontem, "o mercado tinha ficado em cima da PEC (da Transição), e as commodities vinham de patamares melhores", aponta Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando, do fechamento da terça-feira, o impulso proporcionado na reta final do dia pela aprovação, em votação simbólica na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, da PEC com "menor valor", o que a princípio animou os investidores em Bolsa.
Hoje, o mercado voltou a se mostrar "apreensivo" com relação à PEC, "no sentido de aumentar um pouco mais as emendas", trazendo "volatilidade", diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos. "O momento é de aguardo", acrescenta.
"Ainda há alta volatilidade, por conta também do Copom, mesmo com expectativa pela manutenção da Selic. A PEC da Transição ainda traz um pouco de instabilidade, com gastos contratados para o financiamento social, acima do teto. E eventuais atrasos na tramitação podem elevar a tensão para o próximo governo, trazendo mais estresse ao mercado", diz Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3, destacando, no front corporativo, o efeito da revisão do 'guidance' para Vale, cuja ação tem peso importante na composição do Ibovespa.
A mineradora apresentou 'guidance' de produção fraco e altos pagamentos dos compromissos com Mariana e Brumadinho (US$ 3,9 bilhões, contra US$ 2,0 bilhões projetado pelo banco) na atualização de projeções divulgada hoje, avalia o Citi. Nesse cenário, o banco estima que o Ebitda de consenso pode cair aproximadamente 5%, com base no 'guidance', e o FCF (fluxo de caixa livre, na sigla em inglês) pode cair de 20% a 40%, dependendo das premissas de preço do minério de ferro.
Mais cedo nesta quarta-feira, o desempenho negativo de Vale destoava dos ganhos moderados, mas bem distribuídos em geral entre as ações e os setores de maior liquidez na B3. Ainda no começo de tarde, contudo, com as perdas em Vale se acentuando acima de 4%, as ações de siderurgia (CSN ON -1,90%) vieram junto para o negativo, com as de Petrobras também passando à mesma direção, com o prosseguimento da correção dos preços do petróleo.
Depois, no meio da tarde, "os juros (futuros) aceleraram a queda", o que permitiu que as ações de varejistas e do setor de energia (Eletrobras ON +1,55%, PNB +1,14%, Cemig PN +1,43%, Copel PNB +2,42%) contribuíssem para a melhora vista no índice Bovespa, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora. Assim, o índice de consumo (ICON), mais exposto à economia doméstica, fechou o dia no positivo, em leve alta de 0,18%, enquanto o índice de materiais básicos (IMAT), que concentra ações de commodities, cedeu 1,36% na sessão.
Na ponta do Ibovespa, destaque para CVC (+3,46%) e Azul (+3,86%), em dia de queda de 1,21% no dólar à vista, a R$ 5,2058 no fechamento. Destaque também para construtoras como Eztec (+2,11%) e para as produtoras de proteína animal BRF (+4,14%) e JBS (+3,27%). Entre as varejistas, Renner (+1,99%). No lado oposto, Magazine Luiza (-5,77%), PetroRio (-5,69%), Petz (-4,07%) e Vale (-3,56%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:26
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 109068.55 -1.01646
Máxima 110246.79 +0.05
Mínima 108612.02 -1.43
Volume (R$ Bilhões) 2.39B
Volume (US$ Bilhões) 4.59B
18:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109675 -0.92593
Máxima 110435 -0.24
Mínima 108760 -1.75
MERCADOS INTERNACIONAIS
O petróleo ampliou perdas à tarde e recuou mais de 2,5%, após o dado semanal de estoques nos Estados Unidos. A commodity ainda ficou pressionada no quadro atual de dúvidas sobre o crescimento econômico global, e consequentemente na demanda pelo óleo. Em Nova York, o setor de energia esteve entre os mais pressionados nas bolsas, mas as quedas dos índices acionários foram contidas. O avanço da inversão na curva de juros dos Treasuries continuava no radar, por potencialmente pressagiar recessão adiante nos EUA, e hoje houve queda nos retornos, com a busca pela segurança dos bônus. O índice DXY do dólar caiu, ajustando ganhos recentes, e a rupia indiana e o dólar canadense também estiveram em foco, após decisões de política monetária dos bancos centrais locais, ambos subindo a taxa básica.
Os estoques de petróleo dos EUA caíram 5,186 milhões de barris na última semana, bem acima do previsto, e a produção média diária aumentou. O relatório do Departamento de Energia (DoE) levou os contratos a inverter o sinal de mais cedo. Além disso, o TD Securities vê o petróleo ainda sob pressão de baixa, notando que ficou em segundo plano o fato de que a China relaxou mais suas políticas contra a covid-19, o que pode ajudar a demanda local. O banco diz que há o risco de recuos fortes na demanda no mundo, enquanto a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) enfrenta dificuldades para ampliar a oferta no nível combinado entre os integrantes do grupo. A Capital Economics diz que o mercado também está atento aos potenciais impactos do teto imposto pelo G7 e a Austrália ao petróleo da Rússia. Hoje, o contrato do WTI para janeiro fechou em queda de 3,02%, em US$ 72,01 o barril, na Nymex, e o Brent para fevereiro caiu 2,75%, a US$ 77,17 o barril, na ICE.
Na China, o relaxamento de regras contra a covid-19 se contrapôs ao dado fraco da balança comercial, com as exportações recuando pelo segundo mês seguido em novembro. No cenário político americano, os democratas venceram eleição de uma cadeira no Senado pela Geórgia, ampliando a vantagem na Casa, mas com a oposição republicana no comando da Câmara dos Representantes. A Oxford Economics diz que maiorias apertadas nas eleições de meio de mandato, como ocorreu nas mais recentes, são "a receita para o impasse e o caos". Nesse contexto, nas bolsas de Nova York o tom negativo prevaleceu, mas sem o impulso visto mais cedo nesta semana, com o Dow Jones oscilando perto da estabilidade. A Oanda diz que o quadro econômico de perda de fôlego nos EUA e mesmo questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia, estiveram no radar no mercado acionário americano hoje. O Dow Jones terminou estável, em 33.597,92 pontos, o S&P 500 recuou 0,19%, a 3.933,92 pontos, e o Nasdaq caiu 0,51%, a 10.958,55 pontos.
A Oanda também menciona o aprofundamento da inversão na curva de Treasuries, para máximas em cerca de quatro décadas, e diz que a recessão temida pode não ser branda. Já o Rabobank afirma que essa inversão no mercado de Treasuries leva investidores a cortar risco de suas carteiras, com a chance de que o Federal Reserve (Fed) acabe por ser mais agressivo por mais tempo para conter a inflação. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,258%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,415% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,423%.
No câmbio, o índice DXY do dólar chegou a subir mais cedo, mas inverteu o sinal e recuou 0,45%, a 105,100 pontos. No horário citado, o dólar caía a 136,42 ienes, o euro subia a US$ 1,0512 e a libra tinha alta a US$ 1,2209. Entre outras moedas em foco, o dólar tinha baixa a 1,3655 dólar canadense, perto da estabilidade, após o BC do Canadá elevar a taxa básica de juros em 25 pontos-base, a 4,25%, mas sinalizar que esse pode ser o fim do ciclo de altas. O BC da Índia subiu sua taxa básica de juros em 35 pontos-base a 6,25%, reduzindo o ritmo do aperto, e o dólar caía a 82,220 rupias indianas. O sol peruano, por sua vez, tinha baixa frente ao dólar, a 3,816 soles, em meio a uma crise política local, com o presidente tendo tentado mais cedo dissolver o Congresso e acabado destituído e preso. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])