ALÍVIO SOBRE JUROS LEVA NY A NOVOS RECORDES E RETÉM 127 MILPONTOS DO IBOVESPA

Cenário

Os índices S&P 500 e Nasdaq voltaram a bater recordes históricos em Nova York enquanto os rendimentos dos Treasuries e o dólar recuaram com esperanças renovadas de redução dos juros nos Estados Unidos. O sentimento decorreu da repetição da mensagem do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em véspera de divulgação da inflação ao consumidor. Segundo ele, o BC americano não precisa esperar a inflação chegar à meta de 2% ao ano para cortar os juros, embora o afrouxamento monetário esteja condicionado a próximos indicadores econômicos e maior confiança na continuidade do processo de desinflação.

Já no mercado doméstico, o alívio foi dado pelo bom comportamento do IPCA em junho. O indicador eliminou apostas em alta da Selic embutidas na curva a termo na próxima reunião do Copom. Assim, diante da visão de que não deve haver aperto monetário por aqui no curto prazo nem postergação da queda esperada nos EUA, os DIs fecharam em baixa, de até 20 pontos-base nos vencimentos longos. O Ibovespa fechou em leve alta (+0,09%, aos 127.218,24), mas estendeu a série positiva pela oitava sessão, e o dólar, que chegou a furar os R$ 5,40, reduziu a queda com ajustes técnicos e marcou -0,04%, R$ 5,4126 ao final da sessão.

MERCADOS INTERNACIONAIS

A segunda aparição do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, no Congresso dos EUA esta semana trouxe poucas novidades que pudessem alterar a expectativa do mercado por cortes de juros a partir de setembro. Mais uma vez, Powell evitou fixar um cronograma específico, mas reconheceu o alívio na inflação americana e deu maior ênfase aos riscos no emprego. Sem uma guinada expressiva no tom, os rendimentos longos dos Treasuries e o dólar recuaram no exterior, embora sem muita convicção na véspera da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). Mas houve espaço para movimentações mais firmes nas bolsas de Nova York, onde os índices S&P 500 e Nasdaq renovaram recordes de fechamento, com o S&P acima da marca de 5.600 pontos pela primeira vez na história. O petróleo também se fortaleceu, apoiado pela queda nos estoques americanos.

Um dia após participar de audiência no Senado, Powell foi à Câmara dos EUA para replicar a mensagem que já havia apresentado na véspera. O foco, inclusive, se dividiu entre política monetária e perspectivas para regulação bancária. Neste último tópico, Powell reiterou que o banco central americano deve apresentar proposta revisada do pacote regulatório no âmbito das reformas de Basileia III. O setor bancário vinha pressionando por mudanças nos planos desenhados pelo vice-presidente de supervisão do Fed, Michael Barr. No fronte da política de juros, Powell voltou a dizer que não pretende enviar um sinal explícito sobre quando o processo de relaxamento monetário começará. Preferiu, em vez disso, atestar "alguma confiança" de que a inflação está caindo, ainda que não de maneira suficiente para justificar cortes na taxa básica.

O Citi avalia que Powell quis manter flexibilidade na condução da política monetária. No entanto, o banco acredita que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) está mais perto de apoiar uma guinada para uma postura mais frouxa. O Citi prevê que os dados subsequentes devem confirmar a desaceleração da inflação e um menor aperto do mercado de trabalho. "Não só Powell, mas também o comitê mais amplo, provavelmente verá isto como uma prova de que os juros devem começar a cair a configurações mais 'neutras'", diz. Sob essa perspectiva, o mercado acionário em Wall Street firmou ganhos robustos, com investidores se posicionando também em compasso de espera pelo CPI dos EUA. No fechamento, o Dow Jones subia 1,09%, o S&P 500 avançava 1,02% - superando a marca de 5.600 pontos pela primeira vez na história - e o Nasdaq ganhava 1,18%. Esse ambiente permitiu que S&P 500 e Nasdaq renovassem recordes históricos de máxima e fechamento, impulsionados pelo desempenho de empresas de tecnologia e fabricantes de semicondutores. Entre as ações de destaque, Micron ganhava 4,00%, Nvidia subia 2,69%, Microsoft avançava 1,46% e a Apple tinha alta de 1,88%.

No câmbio, o dólar foi enfraquecido pela perspectiva de diferencial de juros. O índice DXY, que mede a moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em queda de 0,08%, a 105,048 pontos, enquanto o euro subia a US$ 1,0831 e o dólar avançava 161,75 ienes. Particularmente, a libra teve ampla valorização e subia a US$ 1,2845, no horário citado. Dirigente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Catherine Mann afirmou hoje que a inflação continua elevada no Reino Unido e projeta que os preços devem voltar a subir até o fim do ano, ressaltando que "isso importa para sua decisão", segundo a Reuters. Economista-chefe do BoE, Huw Pill também soou cauteloso quanto à persistência da inflação de serviços, mas disse que reduzir os juros agora é uma questão de "quando" e não de "se" ocorrerá.

Os retornos dos Treasuries foram pressionados pelas expectativas por flexibilização monetária do Fed. O mercado de títulos também acompanhou leilão do Tesouro dos EUA de US$ 39 bilhões em T-notes de 10 anos - que teve demanda acima da média - e novos sinais sobre a incerteza quanto à candidatura do presidente americano Joe Biden para as eleições presidenciais. A deputada democrata Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara e uma das aliadas mais antigas Biden, afirmou hoje que o presidente pode reconsiderar a tentativa de se reeleger depois do desastroso debate contra Donald Trump em junho. No fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos recuava a 4,622%, o da T-note de 10 anos cedia a 4,280% e o do T-bond de 30 anos caía a 4,469%.

Entre commodities, o petróleo fechou em alta robusta, em meio a sinais de demanda pelo óleo. Os estoques de petróleo dos EUA recuaram mais que o esperado no levantamento semanal do Departamento de Energia (DoE) e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve suas previsões otimistas de alta da demanda e da oferta global em 2024 e 2025, em relatórios divulgados hoje. O WTI para agosto fechou em alta de 0,85%, a US$ 82,10 por barril, e o Brent para setembro subiu 0,50%, a US$ 85,08 por barril.

JUROS

A inflação de junho, mais branda do que a mais otimista das projeções do mercado, abriu espaço para a queda das taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) e afastou quase inteiramente a possibilidade de aumento da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) neste mês. Apesar disso, o mercado segue cauteloso em relação ao cenário fiscal, e a expectativa dos especialistas é de que a volatilidade nos juros futuros persista até haver mais clareza sobre quais serão as medidas do governo para controlar o déficit nas contas públicas.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou junho em 0,21%, ante 0,46% em maio. O resultado ficou abaixo do piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam um aumento entre 0,27% e 0,38%, com mediana positiva de 0,32%. Em 12 meses, a alta do IPCA foi de 4,23%, resultado igualmente abaixo do piso das previsões dos analistas, que iam de 4,25% a 4,40%, com mediana de 4,34%. O indicador derrubou as taxas de DI, que em determinado ponto do pregão chegaram a recuar 20 pontos-base, e reforçou a visão do mercado de permanência da Selic em 10,50% ao ano na próxima decisão do Copom, que será divulgada em 31 de julho.

Segundo Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors, a curva de juros passou a embutir probabilidade quase zero de aumento ou corte da Selic para a próxima reunião do Copom, mas para o final do ano essa hipótese muda, deixando implícita um taxa de 10,98%. O prêmio em relação à taxa atual, no entanto, está mais relacionado à percepção de risco do que a uma possibilidade concreta de alta da Selic, de acordo com Luiz Rogé, gestor de investimentos e sócio da Matriz Capital Asset. "Enquanto a gente não tiver um sinal concreto de que o governo vai reduzir despesas, o mercado fica flutuando ao sabor de notícias e indicadores técnicos", afirmou. "A gente vai continuar com volatilidade. As taxas de DI não têm por que fechar muito se a gente não tiver essa confirmação. Como a gente está olhando em espectro de tempo mais longo, ela sempre

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