A proximidade de um acordo que estende provisoriamente o teto da dívida dos Estados Unidos trouxe algum fôlego à tomada de risco nos mercados na tarde desta quarta-feira. O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, irá permitir que os democratas usem a maioria simples que têm na Casa para evitar, ao menos até o fim do ano, o calote americano. A proposta do parlamentar veio no mesmo dia em que executivos foram à Casa Branca apoiar o presidente Joe Biden na pressão para que a lei seja aprovada. De imediato, os índices acionários de Nova York pularam para as máximas, reduzindo sensivelmente as perdas do Ibovespa e do real, além de fazer baixar ainda mais os juros dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI). Ao longo da tarde, o otimismo chegou a refluir, à medida que o investidor pondera o caráter temporário do acordo nos EUA, mantendo o clima legislativo ainda acirrado. Por fim, prevaleceu o sinal positivo, e o Dow Jones subiu 0,30%, o S&P 500 teve ganho de 0,41% e o Nasdaq avançou 0,47%. A Bolsa brasileira hesitou boa parte do dia, em que a mínima foi na casa de 108 mil pontos, mas virou para o azul nos minutos finais da sessão, com ímpeto de ações como as da Vale (+2,82%). O índice terminou em 110.559,57 pontos, alta discreta de 0,09%. No câmbio, depois da máxima a R$ 5,5376 pela manhã na esteira de dados fortes do emprego privado americano, a moeda engatou uma descompressão e chegou ao fim do dia perto da linha d'água (R$ 5,4861, valorização de 0,02%). Rumores nas mesas de operação de que o Banco Central poderia aumentar a magnitude de intervenções no mercado também ajudaram a tirar o real do território de baixa. Nos juros, como dito, o acordo nos EUA foi o gatilho para novas mínimas das taxas. Mas o viés de queda derivou de nova surpresa amarga para a atividade econômica, com encolhimento maior do que o previsto das vendas do varejo em agosto. O indicador, vindo na sequência do dado fraco da indústria ontem, alimentou revisões baixistas para o Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, deslocando a mediana de levantamento do Projeções Broadcast de 0,6% a 0,5%. A cena fiscal e a crise política ficaram no radar hoje, mais monitoradas do que precificadas. Os impasses quanto ao financiamento do Auxílio Brasil e a chance de nova rodada de auxílio emergencial são pano de fundo. Na seara política, a Câmara aprovou a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para fazer explicações em plenário acerca de movimentações financeiras no exterior.
- MERCADOS INTERNACIONAIS
- BOLSA
- CÂMBIO
- JUROS