O mundo viu hoje que a segunda onda de covid-19 na Europa - e também nos Estados Unidos - pode gerar a repetição de uma novela trágica: o fechamento de diversas economias. Apenas nesta quarta-feira, diante dos recorde de casos de coronavírus, Alemanha, França e Suíça anunciaram algum tipo de lockdown. Com isso, os investidores colocaram não apenas esses fatos concretos nos preços, como a possibilidade de que mais e mais nações adotem o fechamento de suas economias. Não por acaso, o índice de volatilidade VIX, considerado um medidor do medo em Wall Street, chegou a ultrapassar os 40 pontos durante a sessão, pela primeira vez desde junho. Como resultado final, as bolsas desabaram e o dólar galopou ante diversas moedas emergentes - a ponto de fazer o Banco Central vender mais de US$ 1 bilhão em reservas. Curioso é que os juros futuros, sobretudo os longos, acabaram perto da estabilidade, diante da leitura de que todo esse cenário é desinflacionário e, portanto, aliviará a pressão que já se desenhava sobre o Banco Central. Nos mercados acionários, não houve quem se salvasse. Depois de alguns índices europeus terminarem com baixa de mais de 4%, as bolsas em Wall Street cederam acima de 3% e o Ibovespa, que já sofre com a cautela dos agentes em relação à situação fiscal do País, recuou 4,25%, aos 95.368.76 pontos - menor nível desde 2 de outubro. Entre a abertura e o fechamento, na mínima, foram mais de 4 mil pontos perdidos. As baixas foram conduzidas pelas gigantes Petrobras e Vale, que em dia de seus balanços, apenas acompanharam o sinal bastante negativo das respectivas commodities. Enquanto isso, no mercado de câmbio, a venda de dólares pelo BC apenas aliviou a valorização do dólar, que voltou a ganhar algum fôlego na segunda metade do dia e terminou com alta de 1,39% no mercado à vista, a R$ 5,7619 - maior valor desde 15 de maio. O avanço acumulado no ano já supera 43%, conferindo ao real o título de moeda com o pior desempenho em uma cesta de 34 divisas mais líquidas. Por fim, na renda fixa, a curva de juros perdeu inclinação, com as taxas curtas e intermediárias em alta contida e as longas entre estabilidade e queda. A visão é de que essa segunda onda de covid acabou mudando a percepção em relação à retomada e, portanto, sobre a inflação, que tenderia a perder fôlego, mantendo vivo, ao menos por enquanto, o forward guidance da autoridade monetária. As taxas precificam quase 100% de chance de estabilidade da Selic em 2% ao fim da reunião de hoje.
- MERCADOS INTERNACIONAIS
- BOLSA
- CÂMBIO
- JUROS