DESCONFIANÇA COM FISCAL PESA EM JURO E DÓLAR, MAS BOLSA SOBE COM NY E PETROBRAS

Blog, Cenário
A desconfiança em relação à política fiscal brasileira continuou pesando sobre os ativos, mas o Ibovespa conseguiu se desvencilhar dessa espiral negativa recente, ajudado pelo comportamento positivo das bolsas em Nova York e pelo avanço dos papéis da Petrobras. A estatal teve influência do julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a possibilidade de vender ou não suas refinarias sem passar pelo aval do Congresso. O resultado favorável à petroleira, que começou a se desenhar do meio da tarde em diante, deu impulso às ações e à Bolsa, que passou grande parte da sessão refletindo o mau humor dos agentes com o Brasil. Com isso, o Ibovespa começou outubro com ganho de 0,93%, aos 95.478,52 pontos. Juros e câmbio, no entanto, continuaram absorvendo a cautela com o cenário fiscal brasileiro. A incerteza em relação à origem dos recursos para bancar o Renda Cidadã, assim como algumas declarações dissonantes dentro do governo e do Congresso sobre usar ou não precatórios e Fundeb para pagar o programa, impede qualquer alívio em relação ao risco Brasil. E tal cenário, no caso dos juros, pode afetar a estratégia de política monetária do Banco Central, que trabalhava com a ideia de manter a Selic baixa por um longo período, mediante a retomada do ajuste fiscal. Hoje, em um seminário fechado com investidores, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, admitiu que se houver "criatividade" em relação ao teto de gastos, o forward guidance do Copom tem que ser abandonado. Não por acaso, diante desse cenário, os juros curtos já precificam chance de 40% de alta de 0,25 ponto da Selic em outubro e 80% de possibilidade de aperto em dezembro. Além disso, o miolo da curva voltou a acumular prêmios. Para completar a pressão sobre os DIs, o dólar voltou a subir diante do real, para R$ 5,6541 no mercado à vista, com valorização de 0,63%, ampliando o avanço no ano para quase 41% e suscitando questionamentos sobre se já não seria o momento de o BC agir. Em Nova York, os principais índices acionários até perderam um pouco de fôlego à tarde, com alguns sinais de impasse sobre o pacote de estímulos nos EUA. Mas a perspectiva de que, cedo ou tarde, saia um acordo manteve as bolsas no território positivo.    
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  BOLSA   O Ibovespa parecia a caminho de iniciar o último trimestre do ano como fechou o período anterior, levemente no vermelho, mas, escorado em Nova York e impulsionado pelo desempenho positivo de ações da Petrobras, encontrou fôlego para recuperar os 95 mil pontos na etapa final. Firmando-se em alta e renovando máximas da sessão após as 15h30, o índice de referência da B3 encerrou o dia perto do pico do dia, em alta de 0,93%, aos 95.478,52 pontos, entre 93.599,05 e 95.486,33 pontos ao longo da sessão. O giro financeiro totalizou R$ 24,6 bilhões e, agora, o Ibovespa cede 1,57% na semana e 17,44% no ano.   Decisivo para a virada de jogo na sessão foi o salto observado em Petrobras após o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), seguir o voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes pela manutenção da venda das refinarias da petrolífera sem anuência do Congresso Nacional - levando então o placar para dois votos a um. Ao final da sessão, os ganhos observados na ação PN, que chegaram a superar 2%, e na ON, que se aproximaram do mesmo limiar, acomodaram-se a 1,22% na preferencial e a 0,91% na ordinária. Após o fechamento do Ibovespa, a votação no STF foi definida em 6 a 4 pela liberação do plano de venda de refinarias da Petrobras.   No quadro mais amplo, algumas notícias econômicas também ajudaram, ainda que modestamente, a mitigar a aversão a risco suscitada pela indefinição sobre a forma de financiamento do futuro Renda Cidadã. Hoje, a Secretaria de Comércio Exterior informou que o superávit comercial em setembro, de US$ 6,164 bilhões, foi o maior da série - mas a Secex ajustou levemente para baixo a previsão de saldo comercial para o ano, de US$ 55,4 bilhões para US$ 55,0 bilhões. Pela manhã, a arrecadação de impostos em agosto, de R$ 124,505 bilhões, a melhor para o mês nos últimos seis anos, surpreendeu positivamente - a leitura ficou levemente acima do teto das estimativas do mercado colhidas pelo Projeções Broadcast   Por outro lado, a tensão política entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não contribui para que as reformas deslanchem e o ajuste de rota essencial a 2021 se delineie, na interlocução entre Executivo e Legislativo. Tal esgarçamento acaba deixando em segundo plano o passo atrás de Guedes quanto ao uso de recursos destinados a precatórios no financiamento do Renda Cidadã. Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão se referiu às escaramuças entre Guedes e Maia como uma "coisa pessoal".   "Estamos no momento da verdade, de preparação para a volta à normalidade. Há decisões difíceis a serem tomadas e, nisso, há uma queda de braço combinada a balões de ensaio até que se chegue a uma convergência", observa Marcelo Audi, sócio-gestor da Cardinal Partners. "Bolsonaro tinha rejeitado propostas mais estruturais apresentadas por Guedes (para o Renda Brasil, depois Renda Cidadã). A História mostra que o (sistema) Político acaba chegando a uma solução, e acho que não ficaremos na solução mirabolante", acrescenta.   Ainda assim, "a situação é um fator de risco que precisa ser levado na ponta do dedo", aponta o gestor. "Foram muitos os momentos de tensão, mas Guedes continua a mostrar que sabe navegar nos momentos políticos mais agitados - esperamos que possa chegar a bom termo. Não se pode dar ao luxo de perder o Guedes, ele continua a ser a âncora", conclui.   Para Audi, o crescimento econômico vai se acomodar daqui ao primeiro trimestre de 2021, como na dinâmica "peixe/dinamite" - os peixes só começam a aparecer depois de um certo tempo. "O primeiro trimestre de 2021, para a economia global, deve ser de desaceleração, com menos estímulos fiscais nas principais economias, EUA e Europa, e esta segunda onda de Covid. Dos fatores de risco que prevalecem no momento, a incerteza internacional é o primeiro da fila. Quando se olha o CDS do Brasil, subiu, junto com todos os emergentes."   Outro fator que contribui para elevar a temperatura - e o grau de incerteza - para a virada do ano é a eleição americana. "Se Biden vencer nos EUA, a perspectiva é de protecionismo, com a questão ambiental desempenhando agora o mesmo papel de medidas sanitárias usadas nos anos 90 por EUA e Europa, como barreiras não tarifárias contra o agronegócio brasileiro, líder mundial - e competidor do americano", diz o gestor. "Outro problema que pode emergir com Biden seria a percepção do mercado sobre menor disciplina fiscal (dos democratas), em momento em que o endividamento nos EUA está em situação frágil."   Apesar das incertezas, Audi não está pessimista quanto ao desempenho da Bolsa neste último trimestre do ano. "Havia um frisson de IPO - e, agora dando uma acomodada, contribui para a racionalidade. O juro muito baixo ainda é um vetor importante: continua estimulando a busca por retorno, embora talvez sem o mesmo exagero. Ainda existem oportunidades."   "O Ibovespa teve um mês de setembro amargo, com queda de 4,8%", aponta Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti, chamando atenção para alguns destaques positivos, como Localiza, na ponta do mês (+17,7%), "após anunciar fusão com sua concorrente, a Unidas, para formar gigante com mais de 60% de mercado". Logo atrás veio Vale, com alta de 11,87%, favorecida pelos "bons preços do minério". "A economia da China, grande cliente, está se recuperando e o dólar, nas alturas frente ao real, ajudou também bastante a Vale. A empresa é quase uma impressora de caixa com este cenário, e anunciou retomada do pagamento de dividendos", acrescenta a analista.   Nesta quinta-feira, Vale ON fechou em baixa de 0,42%, mas acumula até aqui ganho de 14,71% no ano. Na ponta do Ibovespa, IRB subiu 8,14%, seguido por Cogna (+6,56%) e Multiplan (+5,76%). No lado oposto, Natura cedeu 4,99%, à frente de Qualicorp (-3,50%) e CVC (-2,60%).   "A combinação do primeiro pregão do mês, que sempre é marcado pela recomposição de carteira de fundos e corretoras, assim como o múltiplo atrativo de algumas empresas - estamos em tendência de baixa desde a perda dos 100 mil pontos -, pode explicar a recuperação nesta quinta-feira, sem um fato relevante do lado político ou econômico", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, observando que "o Ibovespa encontrou maior pressão de compra sobre a faixa de 93 mil pontos" neste primeiro pregão de outubro. (Luís Eduardo Leal - [email protected])     17:23   Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 95478.52 0.92506 Máxima 95486.33 +0.93 Mínima 93599.05 -1.06 Volume (R$ Bilhões) 2.45B Volume (US$ Bilhões) 4.35B         17:36   Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 95460 0.42079 Máxima 95595 +0.56 Mínima 93500 -1.64       JUROS A quinta-feira foi de alta para os juros futuros, que conseguiram sustentar o alívio visto ontem somente até o meio da manhã. A partir do momento em que o Tesouro divulgou a oferta de títulos prefixados para o leilão, acima do que o mercado esperava, as taxas passaram a subir, mantidos ainda no pano de fundo os ruídos políticos em torno do financiamento do programa Renda Cidadã. A indefinição do governo sobre o uso de parte da receita destinada ao pagamento de precatórios tem emitido sinalização negativa para os agentes, de que há falta de consenso, o que deve prolongar ainda mais a espera pela definição sobre de onde virão as receitas para custear o programa.   A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,12%, de 3,054% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 4,515% para 4,61%. O DI para janeiro de 2025 terminou como taxa de 6,53%, de 6,504% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 7,50%, de 7,484% ontem.   O mercado de juros chegou a ter um começo positivo, embalado pela melhora das estimativas sobre um acordo para o pacote fiscal nos Estados Unidos, mas que durou pouco. A oferta do Tesouro surpreendeu o mercado, que esperava uma postura mais contida, a exemplo do que foi a operação com NTN-B na terça-feira. Em termos de risco (DV01), a oferta de LTN e NTN-F na semana passada era de R$ 2,98 bilhões e hoje, R$ 4,5 bilhões. "Todo mundo achou que ele ia concentrar o risco no vencimento mais curto, assim como fez no leilão da semana passada", disse um gestor. O Tesouro ofertou 22 milhões de LTN, sendo 12 milhões para 1/10/2021, 4 milhões para 1/10/2022 e 6 milhões para 1/1/2024. Na semana passada, a oferta era maior (34 milhões), mas concentrada no vencimento curto, com 30 milhões para 1/4/2021 - quanto menor o prazo menor o risco.   Também chamou a atenção o novo aumento do lote de NTN-F, papel prefixado longo que também é o preferido dos estrangeiros, de 1,150 milhão na semana passada para 2 milhões hoje (1,730 milhão vendidos efetivamente). Na curva do DI, também há percepção de retomada do apetite desses players. Assim como na última terça-feira, hoje o trecho mais pressionado foi o intermediário, onde estão as grande posições doadas e com participação maior dos investidores locais e que parecem mais tensos com a situação fiscal. A ponta longa, onde atuam mais os não residentes, fechou hoje com taxas de lado.   Assim, a curva perdeu um pouco de inclinação, mas segue ainda muito empinada na medida em que o governo vai postergando as soluções para o nó fiscal. Ontem, o ministro Paulo Guedes chegou a dar esperanças ao mercado ao dizer que não vê a receita dos precatórios como "saudável" para financiar o Renda Cidadã. Mas depois de uma reunião convocada de última hora no Palácio do Planalto ontem à noite, governistas e membros da equipe econômica silenciaram sobre o destino do programa. Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o governo "provavelmente" não usará recursos dos precatórios para custear o programa.   "A semana foi marcada por tanto vaivém que é difícil apontar um culpado pela desordem. Contudo, quando um grupo de pessoas demonstra tamanha incapacidade para coordenar esforços, o culpado geralmente se encontra no topo do organograma", disseram os analistas da Guide, em relatório.   Felipe Sichel, estrategista-chefe do Modalmais, afirma que a curva está precificando que parte do equilíbrio fiscal não será solucionado no curto prazo. "Não esta precificado descontrole fiscal absoluto, mas esse risco aumentou", afirmou.   Diante dos riscos fiscais, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento virtual fechado organizado pelo JPMorgan nesta quinta, teria sinalizado que soluções "criativas" para manter o teto de gastos poderiam levar o BC a suspender o forward guidance, ao responder a uma pergunta sobre o Renda Cidadã, segundo apurou o Broadcast.   Enquanto isso, na precificação de Selic para o Copom de outubro, a curva já mostra um mercado caminhando para divisão entre apostas de manutenção e alta de 0,25 ponto porcentual. Segundo o Haitong Banco de Investimento, a curva projeta 40% de chance de aumento desta magnitude contra 60% de probabilidade de manutenção. Para o Copom de dezembro, a probabilidade de aperto de 0,25 ponto é de 80%. (Denise Abarca - [email protected])     17:36   Operação   Último CDB Prefixado dias (%a.a) 1.95 Capital de Giro (%a.a) 5.56 Hot Money (%a.m) 0.42 CDI Over (%a.a) 1.90 Over Selic (%a.a) 1.90     CÂMBIO O dólar inicia outubro em alta, impulsionado por um caldeirão de incertezas na cabeça dos investidores quanto ao futuro da situação fiscal no Brasil, que se deteriorou nas últimas semanas e segue sem rumo. Se continuar nessa direção, pode buscar os R$ 6,00, patamar que não foi alcançado nem no auge da turbulência da covid-19, o que já levanta questionamentos no mercado se o Banco Central não deveria agir com mais força para conter tamanha desvalorização do real. No ano, a depreciação é quase 41%, o que posiciona a divisa brasileira como o pior desempenho ao redor do globo.   Se antes já haviam questionamentos quanto à austeridade fiscal, o mais recente imbróglio do governo Bolsonaro, o financiamento ao Renda Cidadã, programa social que deve substituir o Bolsa Família, só fez piorar. E a cada dia os investidores ficam ainda mais sem visibilidade. A notícia negativa de hoje foi a fala do vice-presidente Hamilton Mourão, que sugeriu que o governo negocie com o Congresso a flexibilização do teto de gastos para custear o Renda Cidadã, já que não tem dá onde tirar dinheiro para bancar o programa.   "Tudo isso é muito ruim e aumenta a percepção de risco perante ao Brasil, que já é péssima entre os investidores estrangeiros", avalia o CEO e fundador da FB Capital, Fernando Bergallo. "O dólar a R$ 6,00 nunca esteve tão próximo, com o movimento de alta reverberando a crise de confiança em relação ao Brasil", acrescenta.   Após abrir o dia em baixa, chegando a cair pontualmente abaixo dos R$ 5,60, beneficiado pelo apetite por ativos de risco no exterior, o dólar engrenou em um movimento de valorização ante o real. Com a pressão do problema fiscal no Brasil, a divisa norte-americana seguiu em alta e, inclusive, acelerou a subida ao longo do final do pregão, batendo a máxima de R$ 5,66.   No fechamento, o dólar à vista encerrou com elevação de 0,63%, cotado a R$ 5,6541. Já no mercado futuro, a moeda para novembro subia 0,85%, cotado em R$ 5,6615 às 17h15.   Bergallo lembra que para o dólar bater os R$ 6,00 faltam apenas 6% de subida da moeda americana frente o real. Diante disso, ele vê necessidade de uma ação por parte da autoridade monetária. "Estamos em uma situação extrema, com nossa moeda com o pior desempenho do mundo. Já é possível questionar porque o BC não tem atuado para defender a moeda", diz.   Outro assunto monitorado pelos investidores nesta quinta-feira foi a divulgação dos dados da balança comercial brasileira, que teve superávit recorde em setembro. As exportações superaram as importações em US$ 6,164 bilhões. Este é o maior resultado para o mês na série iniciada em 1989. No ano, o superávit soma US$ 42,445 bilhões.   O estrategista de macroeconomia e mercados do BB-BI, Hamilton Moreira, afirma que, desde que não impacte na inflação, o dólar elevado beneficia o setor externo. De acordo com ele, além da questão fiscal, as eleições nos Estados Unidos devem trazer mais volatilidade ao câmbio em outubro, com os investidores tirando dólares dos países emergentes. Passada a disputa, que será definida em 3 de novembro, a tendência é de que o dólar volte um pouco - isso se o resultado não for questionado, como o presidente Donald Trump tem sinalizado em caso de vitória do democrata Joe Biden.   "Passadas as eleições nos Estados Unidos e a aprovação de alguma reforma ainda este ano, o dólar deve ceder um pouco e voltar para uma faixa entre R$ 5,40 e R$ 5,30, aguardando a virada do ano e um maior acerto entre o Governo e o Congresso em torno das reformas", afirma Moreira, em entrevista ao <b>Broadcast</b>.   No exterior, o Instituto Internacional de Finanças (IIF), com sede em Washington, destaca que a valorização contínua do dólar é altamente provável, o que é até desejável aos Estados Unidos. Para Robin Brooks e Jonathan Fortun, do IIF, uma maior valorização do dólar em relação às principais moedas, o euro e o iene, por exemplo, é algo "inerentemente desestabilizador".   Após dados mistos recentes da economia dos Estados Unidos, os mercados estão com os olhos ainda mais voltados para o relatório de emprego americano, o payroll, que será publicado amanhã e geralmente mexe com o dólar. O holandês ING afirma que é esperado outro aumento na abertura de postos em setembro, mas de apenas 900 mil vagas, o que significa que o emprego nos Estados Unidos permaneceria em mais de 10,5 milhões abaixo do nível de fevereiro, mesmo após cinco meses de aumento de empregos por lá. As incertezas em torno do pacote fiscal também seguem no radar. Um payroll fraco e a continuidade do impasse podem ajudar a fortalecer mais o dólar. (Aline Bronzati - [email protected])     17:36   Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.65410 0.6336 5.66460 5.57670 Dólar Comercial (BM&F) 5.6364 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5656.000 0.73916 5668.500 5578.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5650.000 0.24403 5650.000 5650.000         MERCADOS INTERNACIONAIS O último mês antes da eleição presidencial nos Estados Unidos começou com investidores ainda confiantes de que republicanos e democratas podem superar as contendas políticas e chegar a um acordo sobre uma nova rodada de estímulos fiscais. Em mais um dia de reunião em Washington, representantes de governo e oposição continuaram relatando divergências, até aqui, irreconciliáveis. Para analistas, a polarização da campanha eleitoral traz poucos incentivos para que ambos os lados façam concessões, ainda que a retomada econômica dependa, em grande medida, de um pacote. Esse quadro complexo arrefeceu os ânimos em Wall Street ao longo da tarde e pressionou os juros dos Treasuries, mas as bolsas de Nova York ainda conseguiram se sustentar no azul, em meio ao bom desempenho das ações de tecnologia. O dólar recuou na comparação com rivais e emergentes, enquanto o peso argentino ficou próximo da estabilidade, com perspectiva de novas ações na Argentina para estimular a entrada da divisa americana. Já o petróleo caiu mais de 3%, pressionado por temores de excesso de oferta.   No Capitólio, a sede do legislativo norte-americano, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, voltou a se encontrar hoje com a presidente da Câmara dos Democratas, Nancy Pelosi nesta tarde. Mais cedo, a deputada californiana havia demonstrado ceticismo em relação aos prospectos de um entendimento. Os dois lados expressaram interesse em prosseguir com as negociações, mas o cerne do impasse segue intacto: o valor do novo pacote. Republicanos estão irredutíveis na rejeição à proposta democrata de US$ 2,2 trilhões e insistem que o número caia para US$ 1,6 trilhões. O texto da oposição está pronto para análise da Câmara, porém não deve ter força para passar pelo Senado.   Porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany ilustrou o sentimento de desconfiança que impera nas conversas: "A Nancy Pelosi não está sendo séria. Quando ela ficar séria, poderemos ter uma discussão", afirmou, durante entrevista coletiva.   Sem acordo, a expiração do benefício adicional de US$ 600 já se reflete nos indicadores econômicos. A renda pessoal dos americanos recuou 2,7% de julho para agosto, acima da projeção do mercado, de 2,5%, de acordo com o Departamento do Comércio dos EUA. Os gastos com consumo, por outro lado, cresceram 1,0% na mesma comparação. Os pedidos de auxílio-desemprego continuam em patamar elevado: 873 mil na semana passada, conforme informado pelo Departamento do Trabalho.   Na indústria, mais sinais de desaceleração da retomada: a IHS Markit informou que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial dos EUA teve tímida variação positiva de 53,1 em agosto para 53,2 em setembro. Em evento virtual agora à tarde, a dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Michelle Bowman afirmou que ainda há um "caminho a percorrer" para que os EUA voltem a ter a economia "robusta" do início de 2020.   Nenhum desses diagnósticos, contudo, inspirou a resolução das divergências políticas. Ao longo do dia, os ativos no exterior se mostraram sensíveis aos desdobramentos fiscais. Logo cedo, havia um certo otimismo de que poderia haver um consenso. Ao longo da sessão foi ficando claro que nenhum dos lados está disposto a ceder. Ainda assim, as bolsas sustentaram ganhos: o Dow Jones subiu 0,13%, a 27.816,90 pontos, o S&P 500 avançou 3.380,80 pontos, e o Nasdaq ganhou 1,42%, a 11.326,51 pontos. Ações de grandes techs se destacaram, com Amazon em alta de 2,30%, acompanhada por Facebook (+1,81%) e Microsoft (+1,01%).   "Será um lento retorno à normalidade, pode ter certeza. Falências aos mil, novas demissões aos milhões, e ainda assim os mercados acionários veem uma retomada firme em que a economia está se curando e a caminho da lucratividade", avalia o analista Chris Rupkey, do MUFG.   Mesmo com a renda variável no positivo, houve demanda pela segurança dos títulos públicos americanos, o que derrubou os juros dos Treasuries. No final da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 0,128%, da T-note de 10 anos, a 0,673% e da T-bond de 30 anos, a 1,454% .   O horizonte turvo na maior economia do planeta pesava sobre a moeda americana. O índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou hoje com baixa de 0,19%, a 93,711 pontos. Ante emergentes, a divisa dos EUA cedia a 21,8020 pesos mexicanos e a 16,5956 rands sul-africanos. Relatório do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) mostrou hoje que o fluxo para carteira de investimentos em mercados emergentes ficou em US$ 2,1 bilhões em no mês passado.   Ainda no mercado cambial, o dólar avançava a 76,185 pesos argentinos. O jornal Âmbito Financeiro noticiou que o governo da Argentina anunciará hoje um pacote de medidas para fomentar a entrada de dólares no país. Entre as ações, a Casa Rosada deve reduzir em 3 pontos percentuais os impostos de exportação sobre soja nos próximos 90 e em até 4 pontos porcentuais de carne bovina, de forma definitiva.   Entre commodities, o feriado na China reduziu a liquidez nos principais setores e pressionou as cotações. Os preços do cobre tombaram cerca de 5%, enquanto o barril do petróleo WTI para novembro perdeu 3,73%, a US$ 38,72 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o dezembro recuou 3,24%, a US$ 40,93 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).   "A demanda global de petróleo está em estagnada", avalia o analista Jim Burkhard, da IHS Markit ao Wall Street Journal. "O grande aumento na demanda desde o baixo nível de abril está acabado em grande parte até que a covid-19 seja contida e vacinas eficazes estejam disponíveis", completa. (André Marinho - [email protected])            
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