A combinação de exterior positivo, ausência de novas tensões sobre a questão fiscal e ajustes de carteiras de fim de mês e trimestre fez com que os ativos brasileiros experimentassem um pregão de ganhos, após dias consecutivos de mau humor. Mas o mês - e também o trimestre - acaba com os agentes precificando aumento expressivo dos riscos e, portanto, Bolsa em queda, com juros e dólar em alta. Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ressurgiu, de surpresa, depois de vários dias. Aproveitou a criação de vagas de emprego acima do previsto em agosto para comemorar o que classifica de recuperação em 'V' e tentar acalmar os ânimos dos investidores, ao dizer que os precatórios não são uma fonte saudável, permanente e previsível de receitas para bancar programa "A ou B", em referência ao Renda Cidadã. Mas disse também que o governo estava examinando todos os gastos, falou em indústria de precatórios no Brasil e saiu sem responder perguntas. Além disso, abriu nova frente de batalha com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao dizer que "há boatos de que teria acordo com a esquerda para não pautar privatizações". Maia respondeu que Guedes está "desequilibrado". Talvez por isso, a reação positiva dos ativos, que melhoraram a performance um pouco mais durante as declarações de Guedes, tenha sido tão passageira. Mas com a bateria de dados positivos nos Estados Unidos e alguns também no Brasil, além da possibilidade de acordo para um pacote de estímulos à economia norte-americana, prevaleceu a recuperação dos mercados. Os juros futuros cederam de forma generalizada, mas encerram o segundo mês consecutivo com as taxas em alta, o que não se via desde maio de 2018. Tal movimento foi facilitado pelo dólar, que após uma manhã volátil antes do fechamento da Ptax, se firmou em baixa diante do real, até terminar com desvalorização de 0,37%, a R$ 5,6185 o mercado à vista. Ainda assim, a moeda americana volta a ter alta mensal, de 2,52%, com ganho de 40,05% ante a divisa brasileira no ano, o que nos garante o status de pior performance entre as moedas em 2020. O Ibovespa foi um dos ativos que apresentou melhor desempenho nesta última sessão do mês, ao subir 1,09%, aos 94.603,38 pontos. Mas teve perda pelo segundo mês seguido, agora de 4,80%, o que o levou a terminar o trimestre com pequena baixa de 0,48%. Em Nova York, as bolsas chegaram a reduzir os ganhos vistos mais cedo, quando o mercado repercutia indicações do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, sobre um acordo para o pacote de estímulos. Mas nada que atrapalhasse os ganhos do dia e do trimestre dos principais índices acionários, ainda que tenham registrado perdas mensais pela primeira vez desde março. O primeiro e caótico debate entre Donald Trump e Joe Biden não chegou a determinar os rumos dos ativos, mesmo que, no mercado de apostas, comente-se que as chances de derrota do atual presidente republicano aumentaram.
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