Bastaram algumas palavras amistosas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, para que os ativos locais corrigissem toda a aversão ao risco registrada na véspera. A exceção foi o dólar, que teve alguns solavancos devido à cautela dos estrangeiros e a questões técnicas. Mas o Ibovespa retomou os 102 mil pontos na máxima do dia e também no fechamento, e os juros futuros voltaram a computar chances residuais, de cerca de 10%, de um corte adicional da Selic. Esse movimento dos mercados não significa que a cautela que vem se desenhando ao longo de semanas tenha sido abandonada. E as reuniões de analistas com dirigentes do Banco Central mostram bem que o desconforto com o fiscal persiste. Até porque, não desapareceu a leitura de que os programas emergenciais, que trouxeram resultados políticos relevantes ao presidente, podem manter as disputas dentro do governo para aumentar os gastos. Por ora, no entanto, o "fico" de Guedes, confirmado por Bolsonaro, foi o suficiente para garantir algum alívio, bem como declarações do secretário do Tesouro, Bruno Funchal, reafirmando o compromisso com o teto de gastos. Nesse ambiente e com NY majoritariamente no positivo e em novos recordes, o Ibovespa renovou máximas na reta final e subiu 2,48%, aos 102.065,35 pontos. Esse cenário mais positivo ajudou, no caso da renda fixa, a tirar um pouco de inclinação da curva de juros, com queda firme dos vencimentos intermediários e longos de DI e mais contida nas taxas curtas, mas a ponto de recolocar no jogo as apostas em continuidade do afrouxamento monetário. O dólar chegou a ceder para a casa de R$ 5,42 pela manhã, depois virou e subiu até R$ 5,51 no começo da tarde, em meio a uma breve piora externa. No fim, contudo, firmou-se em baixa diante do real e encerrou o dia a R$ 5,4666, com desvalorização de 0,55%. Operadores relatam que, além da desconfiança do estrangeiro com o Brasil, o fato de o real ter se tornado uma opção barata para hedge limita a recuperação da divisa nacional. Em Wall Street, apesar da reticência dos investidores com o aumento de casos de covid-19, a percepção de que a retomada na Europa está sendo mais rápida, e mesmo com as negociações por mais um pacote de estímulos nos EUA ainda travadas, o dia foi de recordes. Com o avanço das ações de serviços de comunicação e tecnologia, tanto o Nasdaq quanto o S&P 500 renovaram máximas históricas de fechamento.
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