O alívio experimentado mais cedo pelos mercados sucumbiu, no período vespertino, à piora externa e à percepção de que o compromisso com a responsabilidade fiscal e com o teto de gastos, assumido ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, pode ter sido apenas um "jogo de cena". Veio à tona, no começo da tarde, que o governo prepara uma MP para abrir um crédito extraordinário - uma das poucas exceções possíveis para que despesas fiquem livres de qualquer limitação imposta pelo teto - de cerca de R$ 5 bilhões para custear investimentos em infraestrutura e ações indicadas por parlamentares, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Assim, se os juros futuros já mostravam, pela manhã, que a desconfiança com a agenda fiscal seguia no radar, à tarde passaram a renovar máximas, de olho nessa "novidade" e respondendo também a questões técnicas: houve aumento dos lotes de LTNs de curto e médio prazos ofertados pelo Tesouro, o que pressionou os DIs desde a hora do almoço, e um leilão de Treasuries, considerado mal sucedido, que puxou para cima os yields dos títulos americanos. Em meio a esse cenário local de cautela, a piora das bolsas em Nova York acabou carregando consigo o Ibovespa, que engatou o terceiro pregão seguido no vermelho e caiu 1,62%, aos 100.460,60 pontos. Houve queda generalizada dos papéis, incluindo as blue chips Petrobras, Vale e bancos. Em Wall Street, o impasse entre republicanos e democratas por um pacote fiscal, que já dura semanas, seguiu pressionando os principais índices acionários e colocou em segundo plano a redução nos pedidos semanais de auxílio-desemprego. A exceção de todo esse quadro esteve no real. No caso do mercado de câmbio, a correção aos movimentos da véspera, quando nem dois leilões de swap do Banco Central conseguiram conter o avanço do dólar, continuou e a divisa dos EUA cedeu 1,53% no mercado de balcão, a R$ 5,3677.
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