Em mais um dia de trégua nas tensões políticas locais e de otimismo externo com a reabertura econômica em diversos países, em meio à liquidez abundante de recursos, os investidores mostraram apetite firme por risco, impulsionando a Bolsa e derrubando o dólar e os juros futuros. O recorde de casos de coronavírus no Brasil e o aumento das tensões sociais nos EUA ficaram completamente em segundo plano. O otimismo até chegou a ser mais intenso pela manhã, visto que, na segunda metade do dia, os agentes optaram por ajustar os ganhos que havia até então. Mas os movimentos foram, ainda assim, consistentes. Logo cedo, ajudou o anúncio, feito pelo Tesouro, de que emitiria papéis de 5 e 10 anos no exterior, como forma de balizar taxas para os demais participantes do mercado. E a demanda alta, associada a uma redução do custo, deu vigor à queda da percepção de risco em relação ao Brasil. Junto a isso, a desmontagem recente de estratégias defensivas, com a redução de posições compradas em juros e dólar futuro, acabam por intensificar a correção dos mercados locais. Não por acaso, o real foi, pelo segundo dia seguido, a moeda com melhor desempenho ante o dólar em uma cesta de 34 divisas, enquanto a curva de juros voltou a perder inclinação, com o recuo mais pronunciado das taxas intermediárias e longas. No fim do dia, a moeda dos EUA no mercado à vista era negociada a R$ 5,0901, com baixa de 2,28%, depois de ter tocado na mínima de R$ 5,01 mais cedo. E tal comportamento do câmbio teve reflexo nos DIs, que chegaram a devolver mais prêmios pela manhã, mas que ainda assim terminaram mostrando chances majoritárias, de 65%, de corte de 0,75 ponto porcentual da Selic no Copom de junho, após o tombo de 18,8% na produção industrial de abril. Em meio a isso, o Ibovespa engatou a quarta sessão consecutiva de ganhos e retomou o nível de 93 mil pontos, em um dia marcado por alta generalizada dos papéis, com destaque, mais uma vez, para setores que foram bastante punidos na crise: bancos e aéreas, em particular. No fim, a Bolsa encerrou em alta de 2,15%, aos 93.002,14 pontos, elevando os ganhos acumulados nestes primeiros dias de junho a 6,41% na semana. Todo esse fôlego só foi possível por conta de movimento similar nas bolsas de Nova York. Por lá, além de relevarem os protestos que já duram mais de uma semana em diversas cidades americanas, os investidores se apegaram a dados menos negativos do que o previsto, bem como a declarações do FMI, que defendeu que os países prossigam com estímulos, e do Fed, que informou que expandiria o número e o tipo de entidades elegíveis, em um programa de empréstimos para governos municipais e estaduais. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo: mais dinheiro circulando, o que levou o Dow Jones a subir mais de 2%.
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