Em um dia de bastante instabilidade em Nova York, os riscos domésticos voltaram a se sobrepor, gerando um clássico movimento de aversão ao risco, com dólar e juros futuros em alta, acompanhados por um recuo da Bolsa. A principal incerteza em relação ao Brasil é fiscal: o mercado segue aguardando o veto do presidente Jair Bolsonaro à possibilidade de reajuste de servidores dentro do pacote de ajuda a Estados e municípios. Ao mesmo tempo, contudo, não vetar significaria nova derrota ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas outros fatores se somaram a esse principal durante a tarde, a começar pela divulgação de trechos do depoimento do ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Houve ainda alguma cautela com uma manifestação de caminhoneiros em São Paulo, visto que, se a categoria decidir por alguma paralisação, comprometeria ainda mais a já debilitada atividade econômica, que segue sendo revisada em baixa por uma série de instituições. O JPMorgan, por exemplo, prevê um tombo de 7% para o PIB brasileiro em 2020. Nesse ambiente, o real voltou a ter o pior comportamento ante o dólar quando comparado a uma cesta de 34 moedas. A divisa dos EUA encerrou o dia com valorização de 1,37%, aos R$ 5,8206. Houve algum alívio pontual com a entrada do Banco Central, por meio de um leilão de 10 mil contratos de swap (US$ 500 milhões), no encerramento da sessão. No ano, o avanço é de 45%. Com essa puxada do câmbio e na véspera da ata do Copom e de outros dados de atividade, os juros futuros subiram, mas com o acúmulo mais intenso de prêmio na ponta longa, houve nova inclinação da curva. Mas o exterior também deu sua parcela de contribuição para o clima mais pesado no Brasil. Ainda que o avanço de ações dos setores de tecnologia e serviços de comunicação tenham trazido, à tarde, melhora às bolsas em Wall Street, os principais índices passaram o dia sem direção única e assim terminaram o pregão. Pelo lado negativo, pesou certo temor de que o ressurgimento de casos de coronavírus na Ásia, sobretudo na China e na Coreia do Sul, possa indicar uma segunda onda da doença. Essa combinação de incerteza em relação à economia global com os riscos políticos locais levaram o Ibovespa, também depois de alguma oscilação, a devolver uma parte do avanço alcançado na sexta-feira, com recuo de 1,49%, aos 79.064,60 pontos. No ano, as perdas totalizam agora 31,63%.
- CÂMBIO
- BOLSA
- JUROS
- MERCADOS INTERNACIONAIS