Em meio aos temores de um recrudescimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com os americanos acusando os asiáticos de serem os culpados pela pandemia de coronavírus e os ameaçando com retaliações, os mercados globais optaram pela cautela. No Brasil, contudo, o movimento de aversão ao risco foi maximizado pelas correções ao feriado do Dia do Trabalho, quando o mercado local ficou fechado, e por nova piora do clima político, com o presidente Jair Bolsonaro em atos que, mais uma vez, criticavam Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso, bem como por temores em relação ao que pode surgir do depoimento que o ex-ministro Sérgio Moro deu à Política Federal neste fim de semana. Do meio da tarde em diante, vale notar, os ativos tiveram algum alívio, depois que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizou que a aprovação da PEC do Orçamento de Guerra e do projeto de auxílio aos Estados e municípios deve ocorrer sem mudanças, para ir direto à sanção de Bolsonaro. Neste último caso, a leitura é de que fica garantida, assim, a contrapartida dos entes federados de não reajustar o funcionalismo, o que significa alívio às contas públicas. Para completar, os principais índices em Wall Street zeraram as perdas e registraram pequenos ganhos, o que fez o Ibovespa terminar distante das mínimas, com baixa de 2,02%, aos 78.876,22 pontos. Aéreas, tanto aqui quanto em Nova York, foram destaques de queda, depois que o megainvestidor Warren Buffet disse ter zerado suas posições no setor, que, em sua visão, ainda deve sofrer por algum tempo com a pandemia. O dólar também desacelerou os ganhos diante do real, mas seguiu com alta firme até o final, de 1,51%, a R$ 5,5208. No caso da moeda brasileira, que voltou a ter o pior desempenho ante a dos EUA quando comparada a uma cesta de 34 divisas, o resultado da balança comercial perto do teto das estimativas também minimizou as perdas. Com o dólar mais comportado e alguma sinalização positiva para a política fiscal, com o projeto de Estados e municípios, os juros curtos terminaram com leve queda, enquanto os longos desaceleraram bastante a alta, ainda que o acúmulo de prêmios tenha se mantido em virtude das incertezas políticas. Os vencimentos curtos começam essa semana de reunião do Copom precificando 65% de chances de a Selic cair 0,50 ponto, ante 35% de possibilidade de 0,75 ponto.
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