Os mercados globais tomam algum fôlego nesta terça-feira após a queda menor do que se esperava das exportações e importações na China em março, além de sinais de que alguns países da Europa começam a se articular como começar a afrouxar o isolamento por causa do coronavírus. Essa melhora no humor tende a ajudar os negócios locais. O principal ETF brasileiro, o iShares MSCI Brazil EWZ, subia mais de 2% no pré-mercado em NY há pouco. Mas preocupações com disputas políticas e riscos fiscais continuam no radar do investidor. O governo sofreu uma derrota ontem na Câmara com a aprovação, por 431 votos a 70, do texto-base do projeto que estabelece auxílio financeiro a Estados e municípios durante a pandemia de coronavírus. A medida vai agora ao Senado, mas o governo já avisou que vetará a proposta, que tem impacto de R$ 89,6 bilhões nos cofres públicos. O texto recompõe por seis meses (de maio a outubro deste ano) as perdas das receitas com arrecadação de impostos, além de suspender dívidas com BNDES e Caixa, sem contrapartidas. Já a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Orçamento de Guerra, cuja votação ficou para amanhã, traz preocupações ao mercado, especialmente a regra que amplia os poderes do Banco Central. Pela PEC, o BC poderá fazer um tipo de operação de compra e venda de títulos do Tesouro diretamente no mercado para reduzir as taxas de juros de prazos mais longos. E dependendo do volume a ser usado pelo BC nas operações, o Tesouro terá de reforçar os recursos para fazer frente aos pagamentos. Segundo técnicos da área econômica do governo ouvidos pelo Estado sob condição de anonimato, o projeto pode trazer problemas de caixa para o Tesouro Nacional no futuro. O sinal para o risco fiscal já está no vermelho. Economistas avaliam que o Brasil encerrará o ano de 2020 com um rombo primário recorde. Na Focus de ontem, a relação entre o déficit primário e o Produto Interno Bruto (PIB) este ano foi de 1,65% para 4,14%. No exterior, as bolsas asiáticas fecharam em alta, os futuro de Nova York sobem mais de 1%, em dia também de balanços corporativos, mas na Europa os sinais são mistos. As bolsas da Espanha e Itália operam em alta, visto que os dois países estudam estratégias para amenizar as restrições. Já a Bolsa de Londres cai, uma vez que o Reino Unido pretende manter as restrições de mobilidade. A Bolsa de Paris oscila perto da estabilidade, já que o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou ontem a prorrogação do isolamento social no país até o dia 11 de maio. Nos EUA, o presidente Donald Trump voltou a defender ontem a reabertura da economia americana, após semanas de quarentena para conter o avanço do coronavírus. "Estamos muito perto de terminar um plano para abrir nosso país, espero que antes do previsto", afirmou, em uma coletiva na Casa Branca. O número de casos de coronavírus ultrapassou ontem 2 milhões no mundo, sendo no Brasil pelo menos 23.753 casos confirmados e 1.355 mortes.   IBC-BR na agenda local - O IBC-Br de fevereiro será divulgado, às 9 horas. Na margem, a mediana indica crescimento de 0,2% para o indicador, ante alta de 0,24% em janeiro, de acordo com pesquisa do Projeções Broadcast. Frente a fevereiro de 2019, a mediana é de +0,70%, ante alta anual de 2,64% no mesmo mês do ano passado. A Câmara dos Deputados realiza sessão para votar a MP 905, que flexibiliza as regras trabalhistas, às 10 horas. Neste mesmo horário, o vice-presidente Hamilton Mourão participa de transmissão ao vivo do portal do Estadão sobre a crise do coronavírus. O Tesouro faz leilão de venda de NTN-B, papéis indexados ao IPCA, às 11 horas.   G7 e balanços no radar - Os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) fazem teleconferência com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, sobre os impactos econômicos do Covid-19. O índice de preços das importações dos Estados Unidos em março sai às 9h30. Os bancos JPMorgan (8h00) e Wells Fargo (9h00) divulgam balanços. O FMI lança Panorama Econômico Mundial em conferência de imprensa (9h30) e divulga o Relatório Global de Estabilidade Financeira de abril (12h30). Estão previstos discursos de quatro dirigentes do Fed, mas apenas dois deles votam nas reuniões deste ano: Raphael Bostic, de Atlanta (14h00) e Robert Kaplan, de Dallas (20h00).   Portaria para regulamentar MP 936 sai hoje ou amanhã - O Ministério da Economia publicará até quarta-feira uma portaria regulamentando a Medida Provisória 936, que permite a redução de jornada e a suspensão de contrato de empregados. A redução de jornada e salário deve ter um período mínimo de 15 dias para viabilizar a operação. No caso de suspensão de contrato, os períodos precisarão ser fracionados em ao menos 30 dias.    SINAIS MISTOS   Bolsas europeias estão mistas - As principais bolsas europeias operam com sinais mistos, após o feriado de Páscoa que se estendeu até ontem. Os investidores acompanham planos de países da região de gradualmente reverter medidas de restrição adotadas durante a pandemia de coronavírus e após dados melhores do que o esperado da balança comercial chinesa. Às 7h15, a Bolsa de Londres caía 0,49%, a de Frankfurt avançava 1,05% e a de Paris se valorizava 0,04%. O euro subia a US$ 1,0943, ante US$ 1,0918 no fim da tarde de ontem. A libra avançava a US$ 1,2544, ante US$ 1,2516 no fim da tarde de ontem.   Futuros de NY sobem - Os índices futuros das bolsas de Nova York operam em alta em meio ao início da temporada de balanços dos EUA e após o presidente americano, Donald Trump, dizer ontem que seu governo está muito perto de concluir um plano para reabrir a economia do país, após semanas de quarentena para conter o avanço do coronavírus. A Johnson & Johnson informou um lucro líquido de US$ 5,8 bilhões no 1º trimestre. Dados melhores do que o esperado da balança comercial chinesa também contribuem para o apetite por risco. Às 7h15, no mercado futuro, Dow Jones subia 1,25%, S&P 500 avançava 1,09% e Nasdaq se valorizava 1,42%. Após divulgação de seu balanço, a ação da Johnson & Johnson subia 2,9% no pré-mercado.   Ministros da Saúde do G20 realizam reunião virtual no domingo - Os ministros da Saúde do G20 se reunirão virtualmente no próximo domingo (19) para discutirem o impacto da Covid-19, segundo informou a presidência Saudita. O Brasil faz parte do G20 e o ministro Luiz Henrique Mandetta deve participar.   FSB acelera passo de implantação de stablecoin global - Um dos assuntos mais polêmicos entre os bancos centrais de todo o mundo e que gera muitas dúvidas sem respostas ainda definitivas pode se acelerar com a chegada surpresa da pandemia de coronavírus: a entrada em vigor de uma "stablecoin global". Além disso, o FSB diz ao G-20 que a área financeira precisa ampliar crédito em meio a dúvidas sobre o valor de ativos.   Bolsas da Ásia fecham em alta - As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam em alta nesta terça-feira, na esteira de dados melhores do que o esperado da balança comercial chinesa e à medida que alguns países se preparam para começar a reverter medidas de restrição adotadas em função da pandemia do novo coronavírus. Na China continental, o índice Xangai Composto subiu 1,59%. O japonês Nikkei saltou 3,13% em Tóquio, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 1,72% em Seul. Na Bolsa de Hong Kong, que retomou operações hoje, após o feriado de Páscoa, o Hang Seng subiu 0,56%. Na Oceania, o mercado australiano também só retornou hoje do feriado de Páscoa e o índice S&P/ASX 200 se valorizou 1,87% em Sydney. Às 7h15, o dólar estava a 107,48 ienes, ante 107,64 ienes no fim da tarde de ontem.   China: Exportações e importações têm queda menor que a esperada em março - As exportações e importações da China continuaram a cair em março, mas a um ritmo mais lento à medida que a atividade econômica do país começou a se recuperar das medidas adotadas para evitar a propagação ainda maior do novo coronavírus.   China: Importações de carne de porco e soja dos EUA aumentam no 1º trimestre - As importações da China de grãos de soja, carne de porco e outros produtos agrícolas dos Estados Unidos aumentaram acentuadamente no primeiro trimestre, à medida que os dois países implementaram um acordo comercial limitado, disse uma autoridade alfandegária nesta terça-feira.   BC da Indonésia mantém juro básico em 4,5% - O Banco Central da Indonésia decidiu nesta terça-feira manter sua taxa básica de juros em 4,50%, à medida que busca proteger a moeda local, a rupia, em meio à pandemia do novo coronavírus. A manutenção contrariou a previsão dos analistas, de corte de 25 pontos-base na taxa.   Petróleo recua - Os contratos futuros do petróleo recuam nesta manhã, após o Departamento de Energia (DoE) americano prever ontem que a produção da commodity nos EUA cairá 183 mil barris por dia (bpd) em maio, a 8,526 milhões de bpd, em meio à pandemia do novo coronavírus. Às 7h16, o petróleo WTI para maio caía 1,78% na New York Mercantile Exchange (Nymex), a US$ 22,01 o barril, enquanto o petróleo Brent para junho cedia 0,54% na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 31,55 o barril.