A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de estender o período de isolamento social por mais 30 dias, até o fim de abril, impõe cautela aos mercados globais nesta segunda-feira. O Reino Unido, por sua vez, considera a hipótese de bloqueio durar seis meses. Nos dois países, seus líderes inicialmente desprezaram o real risco da pandemia e agora mudam a postura. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro parece isolado no contexto mundial em sua atitude de ignorar a gravidade da situação. Ontem ele saiu às ruas de Brasília e cumprimentou pessoas, na contramão da recomendação de isolamento do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o que mantém o sinal de alerta em meio à rápida disseminação do vírus pelo País. Já são ao menos 136 mortes e mais de 4.200 infectados de acordo com dados oficiais, levando-se em conta nesse balanço que há escassez de testes para detectar a doença. Mas dois vídeos desse passeio nos quais Bolsonaro pede que o comércio seja reaberto e que as pessoas voltem ao trabalho, postados sua conta no Twitter, foram excluídos ontem à noite, por violar as regras da rede social. O passeio de Bolsonaro coloca mais lenha na fogueira em rumores que vem circulando há dias de que Mandetta poderia sair do governo, o que ele negou no sábado. Aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também desmentiu, no sábado, rumores de que deixaria o cargo diante do seu sumiço por vários dias em meio a uma crise tão grave. "É conversa fiada", disse. Nesse cenário de muitos ruídos, as panelas voltaram a ecoar por todo o Brasil ontem, no 13º dia de panelaço, também com gritos de "Fora, Bolsonaro". Há pouco, o petróleo caía mais de 4%. Os futuros de Nova York, no entanto, operam mistos. Ao mesmo tempo, sinais de desaceleração da disseminação do coronavírus no Reino Unido ajudam a amenizar perdas nas bolsas europeias, que têm leve queda. O pessimismo no exterior também não é maior porque o BC da China cortou a taxa de juros de operações de recompra reversa de sete dias de 2,4% para 2,2%. No radar de hoje está a coletiva sobre covid-19 do governo dos EUA e, no Brasil, o Senado vota o auxílio de R$ 600 a informais e doentes crônicos.
IGP-M, Governo Central e auxílio de R$ 600 no Senado na agenda semanal - Os principais indicadores previstos na semana são a Pnad Contínua nos próximos dias, além da produção industrial de fevereiro e a balança comercial em março, na quarta-feira. Nesta segunda-feira, saem o IGP-M de março (8h00) e as contas do Governo Central (14h30). Para o índice de inflação, as estimativas variam de 0,77% a 1,46% ante fevereiro, com mediana de 1,16%. Em 12 meses, o intervalo vai de 6,31% a 7,05%, com mediana de 6,73%, de acordo com o Projeções Broadcast. Já para as contas do governo, a expectativa mediana é de déficit primário de R$ 20,53 bilhões em fevereiro (intervalo negativo de R$ 32,1 bilhões a R$ 10,5 bilhões), de acordo com o Projeções Broadcast. Em janeiro, houve superávit de R$ 44,123 bilhões e, em fevereiro de 2019, déficit de R$ 18,962 bilhões. O Senado vota o auxílio de R$ 600 a informais e doentes crônicos e começa a restrição à entrada de estrangeiros pela via aérea no País. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem videoconferência com dirigentes de instituições financeiras (11h00).
Exterior traz Payroll dos EUA e PMIs - A semana tem divulgação do relatório de empregos dos Estados Unidos (payroll) de março, na sexta-feira. Também saem as leituras finais dos índices de gerentes de compras (PMI) de março da China (quinta-feira) e dos Estados Unidos, Zona do Euro, Alemanha e Reino Unido (sexta-feira). Entre os eventos, o Federal Reserve de Nova York pode comprar um total de aproximadamente US$ 345 bilhões em Treasuries nesta semana e US$ 200 bilhões em títulos lastreados em hipotecas. Nesta terça-feira, o Banco do Japão (BoJ) divulga pesquisa Tankan sobre confiança de grandes empresas do setor industrial e o DoE divulga relatório mensal de petróleo. Também nos EUA, nesta segunda-feira, estão programados o índice de produção manufatureira do Fed Dallas e o índice geral de atividade das empresas, ambos de março, às 11h30.
Twitter apaga vídeos de Bolsonaro visitando comércio e conversando com ambulante - Dois vídeos postados na conta oficial do presidente Jair Bolsonaro no Twitter foram excluídos, na noite deste domingo, por violar as regras da rede social. Nas postagens, o presidente aparece descumprindo orientações do Ministério da Saúde, pedindo que a população volte à vida normal e o comércio seja aberto.
Bolsonaro diz que cogita decreto que permita que todas as profissões possam voltar ao trabalho - O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo, 29, que cogita assinar um decreto para permitir que todas as profissões possam voltar a trabalhar. Segundo ele, a paralisação de comércio e da circulação de pessoas causará um grande impacto na economia, o que pode levar a uma onda de desemprego e falta de sustento para trabalhadores informais. Bolsonaro disse ainda que o vídeo da campanha "O Brasil não pode parar" foi um vazamento.
Heleno diz que quebrou quarentena no Planalto por engano de médicos - Diagnosticado com o novo coronavírus, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, admitiu, em nota, que quebrou a quarentena antes da hora por um "engano". Uma semana após receber o resultado do teste para a covid-19, Heleno participou de uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão, e metade dos ministros da Esplanada.
Guedes: 'Eu, como economista, gostaria da retomada. Como cidadão, quero ficar em casa' -O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a estimativa do governo é que a área da saúde precisa de três meses de isolamento para superar o novo coronavírus, mas ponderou que é difícil encontrar um equilíbrio com a economia. "Eu, como economista, gostaria que pudéssemos retomar a produção. Eu, como cidadão, ao contrário, aí já quero ficar em casa", disse Guedes durante videoconferência.
Pesquisa prevê mais de 1 milhão de mortes por coronavírus no Brasil - Um estudo preliminar do Centro de Ciência Demográficas Leverhulme, ligado à Universidade de Oxford e do Nuffield College, ambos no Reino Unido, prevê que um pouco mais de um milhão de brasileiros vão morrer em função do coronavírus.
SINAIS MISTOS
Futuros de Nova York têm leves altas - Os índices futuros das bolsas de Nova York ensaiam recuperação e operam com leves altas, após perderem mais de 1% ontem à noite, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir estender até 30 de abril as medidas de distanciamento social para conter o avanço do coronavírus no país. Às 7h35, o futuro do Dow Jones caía 0,14%, o do S&P 500 subia 0,01%, e o do Nasdaq ganhava 0,12%%.
Bolsas europeias reduzem perdas - Já em horário de verão desde ontem, as bolsas europeias reduzem perdas nesta manhã, após notícia de que há sinais de desaceleração do coronavírus no Reino Unido e na esteira de dados de confiança da zona do euro, que vieram fracos mas não tão ruins quanto se previa. Às 7h35, a Bolsa de Londres caía 0,84%, a de Frankfurt recuava 0,31% e a de Paris se desvalorizava 0,88%. Em Milão, Madri e Lisboa, as perdas eram de 0,82%, 1,60% e 0,45%, respectivamente. O euro caía a US$ 1,1059, ante US$ 1,1121 no fim da tarde de sexta-feira. A libra recuava a US$ 1,2392, de US$ 1,2462 no fim da tarde de sexta-feira.
Zona do Euro: índice de sentimento econômico tem queda histórica em março - O índice de sentimento econômico da zona do euro, que mede a confiança de setores corporativos e dos consumidores, caiu de 103,4 em fevereiro para 94,5 em março, registrando sua maior queda histórica em meio aos efeitos adversos da pandemia de coronavírus, segundo dados publicados hoje pela Comissão Europeia. Apesar disso, o resultado ficou acima da expectativa de analistas (93).
Fitch rebaixa rating do Reino Unido - A Fitch rebaixou o rating do Reino Unido de AA para AA-, com perspectiva negativa. A agência diz que isso reflete um "significativo enfraquecimento" nas finanças públicas do país por causa do impacto da pandemia de coronavírus e do relaxamento fiscal recente britânico.
Coronavírus adia 3 primárias democratas marcadas para 4 de abril - Com a rápida disseminação do coronavírus nos EUA, diversas eleições primárias democratas estão sendo adiadas. Já são 14 Estados e um território que postergaram as votações por causa da doença. No dia 4, deveriam ser realizadas primárias no Havaí, Alasca e Wyoming, que representam um total de 53 delegados.
BIS defende que governos dividam riscos com bancos para fomentar crédito - O diretor-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Agustín Carstens, defendeu, em artigo publicado no jornal britânico Financial Times de ontem, que os governos dividam riscos com os bancos para fomentar o crédito no momento em que a economia global sente os impactos do coronavírus.
Bolsas da Ásia fecham em baixa - As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta segunda-feira, à medida que crescem temores de que as medidas restritivas motivadas pela pandemia de coronavírus possam se estender por meses. O movimento de desvalorização, no entanto, perdeu força após notícias sobre novos incentivos fiscais na Coreia do Sul e também na Austrália. Na China continental, apesar de um novo corte de juros pelo PBoC, o Xangai Composto caiu 0,90%. No Japão, o Nikkei teve queda de 1,57, enquanto o Kospi teve baixa marginal de 0,04% em Seul. O Hang Seng recuou 1,32% em Hong Kong. Em reação ao novo pacote australiano, o índice S&P/ASX 200 saltou 7% em Sydney. Às 7h38, o dólar subia a 107,99, ante 107,90 ienes no fim da tarde de sexta-feira.
China: PBoC corta taxa de juros em recompra reversa para 2,2% - O Banco do Povo da China (PBoC) cortou as taxas de juros de operações de recompras (repo) reversas com prazo de sete dias para 2,2%. A taxa estava em 2,4%. O último corte nessa taxa aconteceu em 3 de fevereiro. O PBoC também disse que injetou 50 bilhões de yuans (US$ 7,05 bilhões) de liquidez por meio de recompra reversa em seu sistema financeiro.
Austrália anuncia estímulo adicional de US$ 80 bilhões - O governo da Austrália anunciou nesta segunda-feira estímulos econômicos adicionais de 130 bilhões de dólares australianos (US$ 80,09 bilhões), na forma de subsídios salariais, para manter trabalhadores empregados durante a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. Com a última iniciativa, os estímulos totais do governo equivalem a 16,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Japão prepara pacote de estímulos "ousado" - O Japão compilará um pacote de estímulo "mais ousado de todos os tempos", incluindo benefícios sociais para famílias em dificuldades, para lidar com o impacto econômico negativo do que pode se tornar um surto prolongado de coronavírus. A informação foi divulgada neste sábado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, após admitir que país está em um estágio crítico em lidar com infecções por coronavírus, possivelmente perto de declarar estado de emergência.
Petróleo tem forte queda - Os contratos futuros de petróleo operam em forte baixa, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter estendido as diretrizes de distanciamento social da Casa Branca por mais 30 dias, até o fim de abril. O Brent para maio chegou à mínima dos últimos 17 anos, enquanto o do WTI para o mesmo mês tocou o menor patamar dos últimos 18 anos. Às 7h38, o Brent para maio recuava 7,78%, a US$ 22,99 o barril e o WTI para o mesmo mês perdia 4,97%, a US$ 20,45 o barril.
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