Um impasse de última hora, no Senado dos Estados Unidos, em torno do pacote de estímulo de US$ 2 trilhões à economia diminuiu o ímpeto dos investidores na reta final dos negócios, o que levou o Nasdaq, por exemplo, a terminar em queda de 0,45% e afastou bastante o Ibovespa das máximas do dia. Ao mesmo tempo, o dólar voltou a ser negociado acima de R$ 5 na última hora do pregão, com queda inferior a 1%. Os democratas querem um aumento no valor do seguro-desemprego, mas os republicanos são contra. Foi o que bastou para limitar o otimismo dos agentes. O S&P 500 reduziu o avanço para pouco mais de 1%, enquanto o Dow Jones, favorecido pela disparada dos papéis da Boeing, subiu um pouco mais, 2,39%. Por aqui, o Ibovespa, que chegou a disparar mais de 11% no começo da tarde, desacelerou, mas ainda manteve alta firme, de 7,50%, aos 74.955,57 pontos. Trata-se da segunda sessão consecutiva de ganhos, depois da valorização de 9,69% da véspera, algo que não acontecia de forma consecutiva desde os dias 28 de fevereiro e 2 de março, sexta e segunda-feira posteriores ao carnaval. Na semana, os ganhos do Ibovespa totalizam 11,76%. No ano, contudo, o recuo ainda se mantém em 35,18%. O dólar ante o real, de olho na melhora externa, chegou a tocar na mínima de R$ 4,9735 no começo da tarde. Mas na medida em que o fôlego por risco foi diminuindo e em dia de fraco volume de negócios, a queda acabou perdendo força e, no mercado à vista, o dólar fechou em R$ 5,0326, em baixa de 0,97%. O aumento dos ruídos políticos, após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, na noite de ontem, quando disse que havia "histeria" com o coronavírus e pediu para que a quarentena fosse feita apenas por idosos e grupos de risco, chamando a doença de "gripezinha", não foi capaz de abalar a ponta longa da curva de juros, com os investidores mantendo seu foco no exterior. As taxas caíram fortemente, cerca de 90 pontos, nos contratos a partir de 2025, de olho no otimismo com o pacote americano. As taxas curtas também cederam, na esteira do IPCA-15 (0,02%) de março abaixo da mediana das estimativas (0,07%). Com isso, a taxa do contrato para janeiro de 2021, de 3,41%, renovou sua mínima histórica. Vale notar que, ao não comprar ou vender quase nada de NTN-B e NTN-F, o mercado entendeu que o Tesouro sinaliza que o pior já passou e que os investidores não estão mais com tanto ímpeto para se desfazerem de papéis.
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