Ventos positivos externos levaram os mercados domésticos de ações e, em menor medida, de câmbio a um rali nesta quinta-feira. Novos sinais de desinflação nos Estados Unidos, agora no atacado, reforçaram a aposta de que a alta de juros do Federal Reserve no fim do mês será a última do atual ciclo, pesando fortemente no índice de moedas DXY. O indicador desceu aos 99,77 pontos hoje (-0,75%), no menor nível desde abril do ano passado. Ao mesmo tempo, dólar menos pressionado e perspectiva de estímulos à economia da China causaram valorização de commodities metálicas e energéticas. Minério de ferro e petróleo subiram na casa de 1,50%. A perspectiva de alívio das condições financeiras deu suporte às bolsas americanas, com destaque para a subida do S&P 500 para além dos 4.500 pontos, marca abandonada há mais de um ano. O cenário foi o ideal para a valorização de ativos brasileiros, que vinham resistindo à corrida para o risco vista na última semana. Localmente, a agenda foi esvaziada, com os agentes acompanhando de longe as movimentações do governo em torno do programa voltado à linha branca. Na cena política, o Congresso já esvaziado em razão da proximidade do recesso e a união entre governo e Centrão - sacramentada na escolha de Celso Sabino para o Ministério do Turismo, confirmada hoje - não inspira temores. Assim, o Ibovespa encontrou espaço para alta firme, aos 119.263,89 pontos, valorização de 1,36%. O dólar à vista recuou aos R$ 4,7903, no primeiro fechamento do mês de julho abaixo de R$ 4,80. O único mercado que não aproveitou o clima de otimismo foi o de juros. Aqui, o investidor segue em busca de um novo catalisador, depois do forte movimento de queda visto ao longo dos meses de maio e junho.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
A desaceleração além do esperado da inflação no atacado nos Estados Unidos em junho sustentou as expectativas de que o próximo aperto de juros pelo Federal Reserve (Fed), esperado para este mês, poderá ser o último do ciclo. Com isso, os mercados acionários subiram tanto na Europa como nos EUA, com o índice Nasdaq se destacando ao fechar em alta de mais de 1%, impulsionado também pelo otimismo em torno do desenvolvimento de inteligência artificial. Os juros dos Treasuries aprofundaram o movimento baixista, em meio à busca por risco, enquanto o dólar seguiu se desvalorizando de forma generalizada, com o DXY operando abaixo da marca de 200 pontos. Beneficiado pelo câmbio, o petróleo subiu, reagindo também à notícia de que um campo de produção na Líbia interrompeu produção após invasão por manifestantes.
Após o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) desacelerar além do esperado, a Oxford Economics destacou que a alta de juros de julho pelo Fed poderá a última, o que ajudou a manter os mercados acionários em alta até o fim do pregão.
O Nasdaq, particularmente, ganhou fôlego de empresas relacionadas à inteligência artificial, com a Alphabet (4,72%) avançando após o Google lançar serviço rival ao ChatGPT, e com Microsoft (1,62%) na esteira de comentários de analista da Oppenheimer sobre a possibilidade da empresa dominar o setor de IA. Também em destaque, a PepsiCo teve alta de 2,38%, após balanço divulgado hoje indicar que a empresa superou as expectativas de lucro. Hoje, o índice Dow Jones subiu 0,14%, o S&P 500 avançou 0,85% e o Nasdaq teve alta de 1,58%, com S&P e Nasdaq fechando no maior nível desde abril de 2022.
Nesse cenário, os juros dos Treasuries mantiveram o movimento de queda e, segundo o BMO, é mais provável que o mercado dos títulos passe por uma consolidação até que o aumento dos juros de julho pelo Fed seja absorvido. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,619%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,763% e o do T-bond de 30 anos baixava a 3,901%.
Já o dólar manteve o movimento de queda, com o euro operando acima de US$ 1,12, o maior nível desde março de 2022. Segundo a Convera, o sentimento pela moeda americana piorou depois que os últimos dados de empregos e os números da inflação ficaram abaixo do esperado. "Isso foi um sinal para os mercados de que um aumento antecipado nas taxas de juros dos EUA em menos de duas semanas pode ser o mais recente do ciclo de aperto mais agressivo do Fed desde a década de 1980". Ainda hoje, a queda do dólar fez com que o peso mexicano operasse no seu maior nível desde 2015. Por volta das 17h (de Brasília), o dólar recuava a 138,04 ienes e a libra tinha alta a US$ 1,3135. Ja ó euro tinha alta a US$ 1,1227.
Todo o cenário favoreceu o petróleo, que fechou em alta pelo terceiro pregão consecutivo, com Brent alcançando o maior nível desde abril de 2023. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para agosto fechou em alta de 1,50% (US$ 1,14), a US$ 76,89 o barril, enquanto o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 1,56% (US$ 1,25), a US$ 81,36 o barril.
Apesar da força da commodity de hoje, a CMC Markets aponta para uma moderação de preços pela preocupação da demanda chinesa. Temores pela economia do país também foram mencionados em relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório direcionado aos ministros de Finanças e banqueiros centrais que participação do encontro do G20. Segundo o documento, indicadores vêm apontando para um quadro misto da economia e, apesar dos efeitos da política monetária já começarem a aparecer, a inflação segue alta entre os países. Sobre isso, a diretora-gerente do Fundo, Kristalina Georgieva, destacou que os banqueiros não devem relaxar a política monetária cedo demais.
Também se direcionando ao G20, o presidente do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), Klass Knot, enviou, ontem, carta alertando sobre a necessidade de reconhecer e abordar os novos riscos financeiros globais, tendo em mente que a turbulência bancária recente foi como um "lembrete perturbador" da velocidade com que as vulnerabilidades do sistema financeiro podem ser expostas. A reunião do Grupo se inicia amanhã e segue até a próxima terça-feira (18). (Natália Coelho - [email protected])
BOLSA
O Ibovespa evitou perdas pela segunda sessão, hoje decididamente no campo positivo sem esmorecer no fechamento, aos 119 mil pontos - diferentemente de ontem, quando perdeu força e quase entregou o sinal positivo no fim do dia. Nesta quinta-feira, andando à frente de Nova York, oscilou entre mínima de 117.668,13 e máxima de 119.739,09 pontos, fechando em alta de 1,36%, aos 119.263,89 pontos, no maior nível desde o último dia 5. Desde 14 e 15 de junho, a referência da B3 não conseguia emendar dois ganhos diários.
Com o desempenho desta quinta-feira, o Ibovespa volta a subir no mês (+1,00%), revertendo também ao positivo na semana (+0,31%) - no ano, avança 8,68%. Após o reforço proporcionado pelo vencimento de opções sobre o índice, ontem, o giro financeiro encolheu hoje, a R$ 20,7 bilhões.
"Alta forte do Ibovespa, mantendo a recuperação desde o fim de março, em velocidade rápida desde os 98 mil até a região dos 120 mil pontos, ficando meio de lado nas últimas três semanas. Quando há retomada intensa, sem correção, mostra resiliência. O ambiente macro ainda é de compressão de risco, o que se vê desde o arcabouço fiscal e, depois, com a queda da inflação - agora, com a reforma tributária aprovada na Câmara -, o que ampara a visão de que o Copom inicie o corte de juros", diz Felipe Moura, analista e sócio da Finacap Investimentos.
Lá fora, o destaque do dia foi o câmbio, com a moeda americana em baixa ante referências como euro, iene e libra, do índice DXY, refletindo a expectativa de que o Federal Reserve tem pela frente apenas mais um aumento de juros, de 25 pontos-base, na reunião do fim de julho. O otimismo desde o exterior decorreu da leitura desta manhã sobre o índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, que corroborou a visão do mercado sobre a inflação ao consumidor, em arrefecimento significativo no acumulado em 12 meses, em junho.
Com isso, o índice DXY operou abaixo dos 100,00 pontos nesta quinta-feira, o que não se via desde abril de 2022, observa Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos. "Olhando um pouco mais para o gráfico mensal, esses patamares são de início da pandemia, ali por 2020", acrescenta. "Essa região abaixo de 100 para o DXY é bem importante para o mercado, com o dólar mostrando forte desaceleração ante essa cesta de moedas", na expectativa por menos rigor do Fed na condução da política monetária americana, logo à frente.
A acomodação do dólar contribuiu para que os futuros mais líquidos do petróleo fechassem hoje em alta pelo terceiro pregão seguido, com o Brent no maior nível desde abril de 2023. Em outro desdobramento favorável às ações de commodities, o minério subiu hoje 1,59% em Dalian, China. Assim, Vale (ON +2,33%) e Petrobras (ON +1,46%, PN +1,58%) se alinharam aos ganhos vistos nas ações de maior peso no Ibovespa, como as de grandes bancos, com destaque para Bradesco (ON +2,03%, PN +2,48%). Na ponta do índice, Cyrela (+8,69%), Usiminas (+4,49%) e 3R Petroleum (+4,17%), com Petz (-5,12%), Gol (-3,21%) e Carrefour Brasil (-3,14%) no lado oposto.
Assim, o índice de materiais básicos (IMAT), exposto a commodities, subiu hoje 1,50%, em avanço bem mais significativo do que o leve ganho de 0,23% para o de consumo (ICON), índice correlacionado ao ciclo doméstico.
Sem muitos catalisadores internos para orientar os negócios na sessão, o impulso ao Ibovespa se concentrou na inflação ao produtor abaixo do esperado para junho nos Estados Unidos, na medida em que, na agenda global, controle da inflação vis-à-vis o nível em que já estão as taxas de juros continua a ser tema central, aponta Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos. "Aumenta assim a expectativa de que o Fed, ao fim da próxima reunião, já possa vir com tom menos duro", diz.
Por outro lado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que, apesar dos efeitos da política monetária restritiva do G20 estarem aparecendo, e de a inflação estar diminuindo, a pressão dos preços continua alta e os esforços desinflacionários provavelmente levarão tempo. Dessa forma, a prioridade da política monetária deve ser trazer a inflação de volta à meta e manter as expectativas ancoradas, acrescenta o FMI.
Nos Estados Unidos, a presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) em São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta quinta-feira que ainda é "razoável" esperar mais duas altas de juros este ano. Em entrevista à CNBC, a dirigente defendeu que seria prematuro declarar vitória contra a inflação nos Estados Unidos, apesar da desaceleração do índice de preços ao consumidor (CPI).(Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 119263.89 1.35757
Máxima 119739.09 +1.76
Mínima 117668.13 0.00
Volume (R$ Bilhões) 2.07B
Volume (US$ Bilhões) 4.31B
17:31
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 120740 1.633
Máxima 121170 +1.99
Mínima 119330 +0.45
CÂMBIO
O dólar à vista recuou 0,57% em relação ao real nesta quinta-feira, 12, quando encerrou a sessão cotado em R$ 4,7903 - abaixo da linha de R$ 4,80 no fechamento pela primeira vez em julho. Agora, acumula alta de apenas 0,01% no mês. O movimento foi puxado por mais um dado de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos, que reforçou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) encerre seu ciclo de aperto monetário após uma alta de 25 pontos-base dos juros no próximo dia 26.
Com isso, o dia foi marcado por uma nova rodada de enfraquecimento global da moeda americana, que levou o índice DXY para baixo do nível psicológico de 100 pontos pela primeira vez desde abril do ano passado. Diante de ganhos do petróleo entre 1,50% (WTI) e 1,56% (Brent), o dólar mostrou perdas em relação aos principais pares emergentes do real e exportadores de commodities, como peso mexicano (-0,33%) e dólar australiano (-1,49%).
Aqui, em meio à agenda doméstica fraca, a divisa recuou na maior parte da sessão, exceto por altas pontuais no início da tarde e da manhã, quando foi à máxima de R$ 4,8273 (+0,19%). Na mínima, caiu até R$ 4,7873 (-0,64%). No horário de fechamento do mercado à vista, o contrato futuro de dólar para agosto recuava 0,62%, a R$ 4,8050, após variar entre mínima de R$ 4,8025 e máxima de R$ 4,8435. O giro financeiro foi de US$ 11,5 bilhões.
O enfraquecimento do dólar seguiu o alívio do índice de preços ao produtor (PPI) americano, de 1,1% em maio para 0,1% em junho na comparação interanual, abaixo do esperado pelo mercado (0,4%). Na sequência da alta também aquém das expectativas do índice de preços ao consumidor (CPI) no mês, o dado reforçou a avaliação de que a desinflação no país está em curso e pode dar conforto para que o Fed encerre em breve o ciclo de aperto.
"A desaceleração da inflação será encorajadora para as autoridades do Fed, especialmente as mais 'dove', preocupadas com os riscos negativos para a atividade. Isso sugere uma provável inclinação por 'esperar para ver' mais dados, após ainda muito provável alta em julho", disse o Citi, em relatório. O banco espera que o BC americano eleve juros mais duas vezes, mas adiou de setembro para novembro a projeção para a segunda alta.
Para o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, a virada nas expectativas para a política monetária dos Estados Unidos explica o fortalecimento do real e de outras divisas emergentes na sessão. Ele destaca que, entre a divulgação do CPI de junho, às 9h30 (de Brasília) da quarta-feira, 12, e o fechamento do mercado doméstico na sessão de hoje, o DXY caiu mais de 1 ponto e o rendimento da T-Note de 5 anos, cerca de 16 pontos-base.
"Todo o mercado melhorou, o euro está voando, as moedas emergentes estão valorizando e o real subiu. É tudo em cima dessa mudança de perspectiva para a taxa de juros americana", diz o especialista. "A alta das commodities gera um ambiente positivo para as moedas emergentes, e as duas mais queridinhas do mercado são o peso mexicano, em primeiro lugar, e o real, em segundo."
Weigt acrescenta que a agenda política doméstica fraca, com o recesso parlamentar, e os últimos sinais de força do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também ajudam a performance do real. Ao mesmo tempo, ele pondera que o mercado já parece ter embutido nos preços a decepção com o ritmo de crescimento da China após a reabertura da economia no gigante asiático, que parou de pesar negativamente nos ativos.
O analista de mercado da Ebury Eduardo Moutinho também atribui o bom desempenho do real na sessão à redução das expectativas para a trajetória dos juros nos Estados Unidos com o CPI e o PPI abaixo do esperado. Esse cenário favorece a expectativa de um dólar mais fraco globalmente, que pode manter a moeda americana abaixo de R$ 5,0 até o fim do ano, afirma.
"A nossa visão é super otimista com países exportadores de commodities, e sabemos que o Brasil, por ter um carry alto, acaba sendo mais atrativo e sendo um destaque entre os seus pares", diz Moutinho, que considera um nível de R$ 4,80 para o dólar até o fim do ano sustentável. Ele reconhece, no entanto, que variações para cima ou para baixo deste nível são possíveis, a depender dos próximos dados de inflação nos EUA. (Cícero Cotrim - [email protected])
17:31
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.79030 -0.5749 4.82730 4.78730
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4812.500 -0.46536 4843.500 4802.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4862.000 12/07
JUROS
O mercado de juros não compartilhou do bom desempenho visto nos demais segmentos, com as taxas exibindo sinal de alta majoritariamente na sessão e, nos melhores momentos, chegando no máximo à estabilidade. Nem mesmo o forte recuo nos rendimentos dos Treasuries foi capaz de trazer a curva para baixo, mas contribuiu para controlar a pressão. A explicação passa por questões técnicas e também pelo pouco apelo do noticiário relativo às reformas e agenda esvaziada no Brasil. O leilão de prefixados foi volumoso, bem aceito pelo mercado e com taxas, na maioria, abaixo do consenso.
Às 17h20, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,84% (máxima), de 12,831% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 em 10,83%, de 10,77% ontem. A do DI para janeiro de 2027 subia a 10,21%, de 10,10%, e a do DI para janeiro de 2029 avançava de 10,41% para 10,51%.
O descolamento dos juros em relação a seus pares já chamava a atenção pela manhã, quando os demais ativos tinham reação positiva ao índice de preços ao produtos (PPI, em inglês) nos Estados Unidos. A inflação no atacado em junho veio abaixo do consenso das estimativas e, juntamente com o alívio visto ontem na inflação ao consumidor, reforçou a percepção de que o Federal Reserve pode optar por encerrar o ciclo de aperto monetário com apenas mais uma elevação nos Fed Funds, e por mantê-los estáveis por um bom período.
"O movimento de hoje não tem uma justificativa muito clara, são questões mais técnicas. O mercado já tinha andado bem, os juros eram o ativo que vinha com a melhor performance. Agora parece ser a vez da Bolsa e do câmbio", disse o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal. Na visão dele, os preços estão bem ajustados e agora faltam notícias novas para impor um novo rali na curva. Assim, a tendência nos próximos dias é as taxas ficarem em banho-maria na medida em que o noticiário relacionados às reformas deve ficar mais escasso com o Congresso entrando em recesso na próxima semana.
Na mesma linha, o economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal, afirma que a trajetória altista das taxas aparentemente não teve apoio em fundamentos, mas não descarta algum desconforto com o comportamento do petróleo que vem subindo nos últimos dias. No Brasil, a Petrobras tem reajustado em baixa os preços da gasolina, limitando o impacto da reoneração tributária sobre o combustível em julho.
Outra questão no radar, diz, é a possibilidade de o governo lançar um programa de desoneração para linha branca. O mercado aguarda os detalhes sobre o eventual pacote, especialmente sobre como será a recomposição de receitas, crucial para as aspirações do arcabouço fiscal.
Já a ponta curta tende a ficar mais engessada depois que o IPCA de junho reduziu as apostas de corte de 0,50 ponto porcentual para a Selic em agosto. "A percepção de que o BC pode ser mais agressivo na largada do ciclo dispersou", diz Rosal.
De todo modo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou hoje que espera sensibilidade do Banco Central para a diminuição de mais de 0,25 ponto porcentual e que os novos diretores Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização) levarão mais subsídios técnicos para o BC.
O Tesouro Nacional foi bem sucedido nas ofertas de prefixados, com a oferta pelas 7 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e pelas 3 milhões de Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F) sendo integralmente absorvidas.
De acordo com a Necton Investimentos, todas as taxas ficaram abaixo do consenso, à exceção da NTN-F 2033, negociada dentro do consenso de mercado. O resultado, na avaliação estrategista de renda fixa da instituição, Fernando Ferez, mostra que o ritmo da rolagem segue alto. Pelo ritmo atual de emissão seria o equivalente a rolar 108% da dívida, o mesmo porcentual da semana passada e acima do de quatro semanas (103%). "Para manter essa rolagem seria necessária a emissão de R$ 28,8 bilhões por semana e com isso o colchão de liquidez terminaria o ano com R$ 1,285 trilhão e 10,8 meses de nível prudencial", diz o estrategista.
Entre os prefixados, Ferez destaca o grande volume emitido de NTN-F. "Vemos crescimento mês a mês desde o início do ano - junho foi o 2º maior mês em financeiro da história. Com a curva de juros mais baixa, será que essa demanda seguirá?", questiona. (Denise Abarca - [email protected])