BOLSA VOLTA AOS 110 MIL PONTOS E AO AZUL NO ANO, ENQUANTO DÓLAR SENTE PRESSÃO EXTERNA

Blog, Cenário

Depois de titubear pela manhã, o Ibovespa conseguiu firmar-se em alta na etapa da tarde e correu para recuperar o nível dos 110 mil pontos. O índice fechou a sessão em 110.108,46 pontos (+0,59%), na maior cotação de encerramento desde 2 de fevereiro. O indicador acionário também voltou ao positivo em 2023, marcando ganho de 0,34%. A tendência de valorização dos papéis brasileiros se impôs, hoje com ajuda dos setores de consumo e materiais básicos. Há também a percepção de que os ativos domésticos estão descontados em relação ao pares. No pregão de hoje, o Ibovespa conseguiu uma ajuda adicional das bolsas americanas. Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,34%, o S&P 500 ganhou 0,94% e o Nasdaq saltou 1,51%. O otimismo com a resolução do impasse do teto da dívida dos Estados Unidos prevaleceu sobre a visão de juros mais altos por mais tempo, especialmente após dados fortes do mercado de trabalho. Na visão dos analistas, a expansão do limite do endividamento do Tesouro americano tira uma pressão sobre a atividade econômica, o que é positivo para o mercado acionário. Só que isso também pode dificultar o processo de desinflação e, por consequência, a precificação quanto aos juros do Federal Reserve, impulsionando rendimentos dos Treasuries e dólar. Esse ambiente externo colaborou para desvalorização do real. A moeda americana à vista subiu aos R$ 4,9680, alta de 0,68%. Agentes relataram desconforto com os dispositivos do novo arcabouço fiscal que abrem espaço adicional para mais gastos públicos, o que impulsionou os juros futuros na etapa matutina. Nesse mercado, contudo, as explicações do relator da matéria, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), à tarde adicionaram um viés de queda às taxas. Segundo o parlamentar, um dos dispositivos foi incluído para evitar que houvesse uma perda de receita de cerca de R$ 40 bilhões em 2024. O deputado classificou como "fantasiosa" a informação de que o novo arcabouço fiscal abriria brechas pra ampliar as despesas em cerca de R$ 80 bilhões nos próximos dois anos, conforme calculado por instituições financeiras. Assessores dele projetam um valor bem menor, ao redor de R$ 42 bilhões.

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BOLSA

Após moderada realização de lucros que se acumularam em oito sessões, na terça-feira, o Ibovespa abriu ontem e sustentou hoje novo trecho positivo, atingindo o nível dos 110 mil pontos, que não era visto em fechamento desde 2 de fevereiro, então aos 110.140,64. Nesta quinta-feira, entre mínima de 108.864,44 e máxima de 110.205,74 pontos (+0,68%), fechou em alta de 0,59%, aos 110.108,46, com giro financeiro a R$ 25,5 bilhões. Na semana, sobe 1,52% e, no mês, 5,44%, passando ao positivo também no ano (+0,34%).

Tendo mostrado indecisão até o meio da tarde, o índice conseguiu se firmar em alta e buscar a marca psicológica dos 110 mil que, considerando a média móvel de 200 dias, deve se mostrar um nível de consolidação até que o Ibovespa defina tendência, observa Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Graficamente, é uma região em que o índice tende a ficar mais lateralizado", diz.

A partir do meio da tarde, a acentuação de ganhos no índice de materiais básicos (IMAT +1,65%), que reúne as ações de commodities, em que preços e demanda se formam no exterior, e no índice de consumo (ICON +2,04%), exposto ao ciclo econômico doméstico, levou o Ibovespa às máximas da sessão, mais do que compensando o desempenho fraco do setor financeiro e das utilities - que, por sinal, também melhorou em direção ao fechamento.

Na ponta do Ibovespa, destaque para BRF (+11,48%), Minerva (+6,92%) e Via (+5,69%), com BB Seguridade (-2,03%), Eletrobras (PNB -2,03%, também) e SLC Agrícola (-1,69%) no canto oposto. Entre as blue chips, Petrobras teve leve avanço de 0,45% (ON) e de 0,58% (PN), enquanto Vale (ON) virou e também fechou em alta, de 0,14%. Entre os grandes bancos, o desempenho foi de -0,37% (Itaú PN) a +0,32% (Bradesco PN) no encerramento da sessão.

"Dia de alta para a Bolsa, mas também para a curva de juros e o dólar. Lá fora, a perspectiva de solução, em breve, para a elevação do teto da dívida americana ainda contribui [para o apetite por ativos de risco, como as ações], e continua a ser o principal 'driver' no momento", diz Dennis Esteves, sócio e especialista em investimentos da Blue3.

"Por outro lado, o número de pedidos semanais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, abaixo do esperado para a leitura de hoje, mostra a resiliência do mercado de trabalho americano, o que afeta a percepção sobre os juros por lá, abrindo margem para que o Federal Reserve se mantenha incisivo, inclusive quanto a elevar a taxa de referência", acrescenta. Assim, em relação à abertura do dia, chegou a haver alguma perda de fôlego em Nova York, mas os principais índices de ações ainda encerraram a sessão entre ganhos de 0,34% (Dow Jones) e 1,51% (Nasdaq).

No plano doméstico, "o dia foi bastante embasado em expectativa de inflação mais baixa pela frente e de votação do arcabouço fiscal, ainda que algumas mudanças tenham ocorrido na calada da noite, pelo relator [na Câmara], que incluiu duas linhas que depois foram melhor compreendidas pelo mercado", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, referindo-se à possibilidade de gastos a mais, da ordem de R$ 80 bilhões, para os anos de 2024 e 2025.

"Em momento nenhum existe qualquer ação nesse meu relatório que coloca R$ 80 bilhões a mais. É absolutamente fantasiosa essa informação", disse nesta quinta-feira o relator do arcabouço, Cláudio Cajado (PP-BA). Técnicos da Câmara que assessoram o parlamentar admitem a expansão, mas projetam valor bem menor, ao redor de R$ 42 bilhões. O deputado afirmou que a Consultoria da Câmara prepara uma nota técnica para "desfazer o ruído". (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Mateus Fagundes)

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110108.46 0.59246

Máxima 110205.74 +0.68

Mínima 108864.44 -0.54

Volume (R$ Bilhões) 2.55B

Volume (US$ Bilhões) 5.14B

18:04

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111115 0.37942

Máxima 111260 +0.51

Mínima 109550 -1.03

MERCADOS INTERNACIONAIS

O alívio nas preocupações com o teto da dívida solidificou o rali do dólar e dos juros dos Treasuries, suportado também por falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed) favoráveis a aumento nas taxas em junho. A alta da moeda americana pressionou commodities de forma generalizada, com petróleo, cobre e ouro recuando mais de 1%. Em Wall Street, os ganhos de quase 10% na Netflix e o avanço de big techs apoiaram alta em torno de 1% dos índices S&P 500 e Nasdaq, na contramão de alguns bancos americanos. Entre moedas emergentes, o peso mexicano caiu ante o dólar, após o banco central do México (Banxico) manter a taxa básica de juros em 11,25%.

Nesta tarde, o líder da maioria democrata no Senado dos Estados Unidos, Chuck Schumer, afirmou que houve progresso na busca de uma solução para o impasse sobre o teto da dívida, ressaltando que republicanos e democratas concordaram que o calote não é uma opção. A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e a diretora do Conselho Econômico Nacional (NEC, pela sigla em inglês), Lael Brainard, comentaram hoje que um calote da dívida poderia colocar o país em uma recessão.

Mais cedo, o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, indicou que uma eventual legislação para aumentar o teto pode ser submetida à votação já na semana que vem. Nas últimas semanas, o Departamento do Tesouro americano tem alertado que pode esgotar recursos para honrar obrigações financeiras a partir do início de junho, se o limite não for suspenso ou elevado.

Para o BMO, a narrativa de otimismo sobre o teto da dívida permitiu que investidores se concentrassem nos comentários de dirigentes do Fed, em especial, a visão da presidente da distrital de Dallas, Lorie Logan, de que os dados atuais ainda não justificam pausa nas altas de juros. O banco aponta que as declarações impulsionaram os rendimentos dos Treasuries e a probabilidade de aumento nas taxas em junho. Por volta das 17 horas (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,266%, o da T-note de 10 anos aumentava a 3,650% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,908%. No horário citado, a plataforma do CME Group exibia 40,2% de chance de nova alta de 25 pontos-base em junho, crescimento em comparação aos 28,4% registrados ontem. Contudo, permanecia majoritária a aposta por manutenção dos juros, em 59,8% (de 71,6% na véspera).

Em entrevista ao Financial Times (FT), o presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, também sugeriu que pode apoiar um novo aumento dos juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), ponderando que a desaceleração da inflação está mais lenta do que o ideal. Logan tem direito a voto nas decisões deste ano, enquanto Bullard só vota a partir do próximo ano.

Os avanço na possibilidade de mais aperto monetário em junho também recebeu suporte da queda nos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, a 242 mil novas solicitações. Em geral, o dado é monitorado para verificar indícios da resiliência do mercado de trabalho americano. Contudo, analistas alertaram nesta quinta-feira que pedidos fraudulentos em Massachusetts podem estar distorcendo o levantamento semanal, afetando a leitura do setor no curto prazo. "Descobrimos que Massachusetts é responsável por quase toda a recente mudança no ritmo das pedidos semanais de seguro-desemprego relatadas nacionalmente", disse o JPMorgan, em nota à Reuters, citando análise dos dados semanais.

Com expectativa de maior aperto e solução do teto da dívida à vista, o dólar teve avanço sólido contra outras divisas. No horário citado, a moeda americana subia a 138,67 ienes, o euro recuava a US$ 1,0773 e a libra tinha baixa a US$ 1,2408. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou ganho de 0,68%, a 103,584 pontos. Entre emergentes, dólar avançava a 17,7092 pesos mexicanos, na esteira de manutenção nas taxas de juros pelo Banxico, em 11,25%. Apesar de indicar que deve manter nível restritivo por tempo prolongado, o BC mencionou que a inflação desacelera e as expectativas de inflação para 2023 diminuíram.

O fortalecimento do dólar no exterior pressionou as commodities em geral. No fechamento, o petróleo WTI para julho, agora o mais líquido, teve baixa de 1,30% (US$ 0,95), em 71,94 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês caiu 1,43% (US$ 1,10), a US$ 75,86 o barril, na ICE. O cobre para julho encerrou os negócios com baixa de 1,73%, a US$ 3,6895 por libra-peso, e o ouro com entrega prevista para junho fechou em baixa de 1,26%, a US$ 1.959,80 por onça-troy, ambos negociados na Nymex.

Já sobre as bolsas de Nova York prevaleceu ainda o otimismo com o teto da dívida, apesar dos sinais de resiliência da economia americana reforçarem o viés de juros restritivos. Em particular, o Nasdaq recebeu apoio de empresas conhecidas como big techs e do forte avanço da Netflix (+9,22%), após reportagem do Wall Street Journal revelar que a empresa trabalha para ganhar maior escala na frente dos anúncios tendo em vista o potencial de crescimento nesta área. Descolado durante a maior parte do pregão, o Dow Jones foi pressionado pela ação da P&G (-1,64%) e de bancos, embora tenha encerrado em território positivo. No final da tarde, o Dow Jones subiu 0,34%, o S&P 500 avançou 0,94% e o Nasdaq teve alta de 1,51%.

Entre bancos, Citigroup perdeu 1,47%, Wells Fargo caiu 0,62%, Bank of America cedeu 0,35% e Goldman Sachs recuou 0,18%. PacWest e Western Alliance avançaram 5,04% e 1,06%, mesmo em meio ao rebaixamento das suas classificações pela Fitch Ratings. Segundo a agência, o rebaixamento foi limitado a "bancos que experimentaram saídas de depósitos notavelmente acima de seus pares ou baixos níveis de capital tangível". A Fitch também avalia o ambiente como desafiador para os bancos regionais de maneira geral. (Laís Adriana - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 18, cotado a R$ 4,9680, em alta de 0,68%, após ter atingido máxima a R$ 4,9815 (+0,95%). O dia foi marcado por uma onda de valorização da moeda americana no exterior, em meio a ajustes nas expectativas para o rumo da taxa de juros nos Estados Unidos. Por aqui, analistas relataram certo desconforto, sobretudo na parte da manhã, com as estimativas de que o dispositivo do novo arcabouço fiscal abre espaço adicional para mais gastos públicos, algo rechaçado pelo relator da matéria, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), à tarde.

Termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e superou o nível dos 103,500 pontos, com perdas de euro, iene e libra esterlina. Na outra ponta da gangorra, petróleo e cobre recuaram, abalando divisas emergentes e de exportadores de matéria-prima. Moedas de países latino-americanos com taxas de juros elevadas, caso de Brasil, México, Chile e Colômbia, que vinham se sobressaindo, sofreram mais hoje. À tarde, o BC do México anunciou manutenção de sua taxa básica em 11,25% ao ano.

Após divulgação nesta semana de dados de produção industrial e vendas de varejo nos EUA em abril acima do esperado, investidores se deparam hoje com uma queda do número de pedidos de auxílio-desemprego. Na semana encerrada em 13 de maio, houve redução de 22 mil nas solicitações, para 242 mil (analistas previam 255 mil). Embora economistas tenham alertado que pedidos fraudulentos de auxílio-desemprego em Massachusetts possam distorcer dados semanais, a percepção é de que o mercado de trabalho segue apertado, o que sugere mais rigidez da inflação.

Monitoramento do CME Group mostra que as chances de elevação de 25 pontos-base da taxa básica americana em junho subiram, voltando a superar os 35%. O mercado também reduziu as apostas em um eventual ciclo de afrouxamento monetário ao longo do segundo semestre. As taxas dos Treasuries de 2 anos, mais ligada as apostas para o rumos dos Fed Funds no curto prazo, avançaram mais de 2,5%, operando acima de 4,5%.

Segundo o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, indicadores revelam que as expectativas de desaceleração mais forte da economia americana não estão se concretizando. Além disso, houve uma diminuição de temores de que mais bancos regionais apresentassem problemas de liquidez, o que poderia ter impactos negativos relevantes na atividade.

"E aí você começa a questionar se o Fed realmente terminou o ciclo de alta, já que ele disse que ia olhar os dados para tomar sua decisão. A inflação também não está caindo na velocidade que se imaginava. Está havendo um realinhamento dos preços diante da possibilidade de que o Fed tenha que sustentar a taxa de juros alta por mais tempo", afirma Lima, ressaltando que as divisas emergentes perdem mais com a queda dos preços das commodities, dado que a recuperação da economia chinesa se dá pela expansão do setor de serviços, e não de bens.

Lima observa que a onda de apreciação do real que levou o dólar por aqui a furar o piso de R$ 4,90 no início da semana tinha como pilares a taxa de juro local elevada e a perspectiva de redução dos Fed Funds nos segundo semestre, o que tirava força global do dólar. "Agora ficou só a questão do 'carrego'", diz o economista, em referência à obtenção de ganhos elevados com juros por meio da manutenção de posições em real. "Mas o que estamos vendo agora é apenas uma realização, e não uma depreciação mais forte da moeda. O dólar ainda está baixo de R$ 5,00".

Embora com peso menor na formação da taxa de câmbio hoje, analistas afirmaram que houve certo incômodo, sobretudo pela manhã, diante das estimativas de que a proposta do novo arcabouço fiscal abriria espaço para gastos adicionais de cerca de R$ 80 bilhões nos próximos dos anos. À tarde, Cajado disse que tal informação é "absolutamente fantasiosa". A assessoria do parlamentar divulgou uma nota à imprensa dizendo que o relator fez ajustes no substitutivo apresentado para evitar que houvesse uma perda de receita de cerca de R$ 40 bilhões em 2024.

No texto de Cajado, foram feitas duas mudanças que, na prática, possibilitam gastos maiores no primeiro ano de vigência da nova regra: a determinação de que o crescimento real das receitas será de 2,5%, teto do arcabouço, e a mudança do período de correção da alta de despesas pelo IPCA. Com aprovação ontem do regime de urgência para tramitação do projeto por ampla margem (376 votos a favor e 102 contra), a proposta deve ir à votação no plenário da Câmara na terça ou quarta-feira da próxima semana. (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.96800 0.6789 4.98150 4.94990

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4977.500 0.55556 4994.000 4963.000

DOLAR COMERCIAL 5004.000 0.59575 5004.000 5004.000

JUROS

Os juros futuros fecharam entre leve baixa e leve alta nesta quinta-feira, 18, beneficiados pela percepção de redução do risco fiscal do País após o relator do novo arcabouço fiscal na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), defender o projeto de lei complementar que cria a regra, após a aprovação da urgência na tramitação da medida na véspera. O alívio doméstico acabou prevalecendo mesmo em um dia de altas do dólar e dos rendimentos dos Treasuries.

Na comparação com o ajuste anterior, o DI para janeiro de 2024 recuou de 13,326% para 13,320%, acompanhado pelos contratos para janeiro de 2025 (11,761% para 11,705%) e 2027 (11,310% para 11,290%). O DI para janeiro de 2029 subiu de 11,607% para 11,620%. O pregão resultou em redução da inclinação negativa da curva, com aumento do spread entre os DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 de -8,5 para -9 pontos-base.

Os juros longos e intermediários chegaram a operar com viés de alta na etapa da manhã e no início da tarde, quando as altas do dólar e dos rendimentos dos Treasuries prevaleceram sobre a aprovação da urgência na tramitação do arcabouço fiscal. Mas, durante a tarde, afirmações do relator do texto na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), diminuíram a percepção de risco fiscal e levaram as taxas domésticas para o negativo.

Em meados da etapa vespertina, Cajado divulgou nota na qual explicou que a decisão de permitir um aumento real de 2,5% dos gastos em 2024 - no limite superior do intervalo permitido pela regra - foi tomada para limitar a perda decorrente da desoneração de combustíveis de 2022. Segundo o parlamentar, a receita do governo terá alta real de 2,9% este ano, mas poderia subir 3,6% se não fosse o corte de impostos.

Uma expansão de 2,5% da despesa equivale a 70% de um crescimento de 3,6% na receita, em linha com os limites estabelecidos no arcabouço. Segundo o relator, isso representa um espaço de alta de R$ 40 bilhões dos gastos federais no ano que vem.

"Esse é um sinal de que as despesas obrigatórias não subirão tanto e que, se o governo quiser aumentar bastante o gasto no ano que vem, vai ter de eliminar a desoneração dos combustíveis", explica o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. O governo retomou apenas parcialmente a cobrança de impostos federais sobre combustíveis no fim de fevereiro.

Na penúltima hora da sessão, declarações de Cajado levaram a uma nova rodada de alívio das taxas domésticas. A jornalistas, o deputado disse não prever mudanças no arcabouço e classificou como "absolutamente fantasiosa" a estimativa de que a regra pode abrir espaço para um aumento de despesas de R$ 80 bilhões nos próximos dois anos, conforme calculado por instituições financeiras ouvidas pelo Estadão/Broadcast.

Para a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patrícia Pereira, a queda das taxas domésticas no pregão desta quinta-feira reflete a continuidade do otimismo no mercado de juros que favoreceu o rali dos DIs nas últimas semanas. A analista lembra que as projeções do mercado ainda indicam uma trajetória de resultados primários incompatível com as metas, além de aumento contínuo da relação dívida/PIB nos próximos anos.

"O relator diz que o aumento de despesa não vai bater R$ 80 bilhões, e sim metade, mas isso é uma projeção, e a projeção aceita qualquer número", diz Pereira. "Tem um componente de otimismo interno muito difícil de explicar no mercado de juros. É como quando o Banco Central falou que não tem relação mecânica entre o arcabouço e uma queda da Selic, e o mercado continuou embutindo quedas de juros."

No fim do pregão, o otimismo interno prevaleceu sobre a alta de 0,68% do dólar em relação ao real, a R$ 4,9680, e às altas entre 7,7 e 10,2 pontos-base nos rendimentos das T-Notes de dois, cinco e dez anos. Ainda nesta quinta-feira, o Tesouro vendeu a oferta integral de 1,750 milhão de NTN-Fs e de 10 milhões de LTNs com vencimentos entre 2023 e 2033. (Cícero Cotrim - [email protected])

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