GATILHO EM ARCABOUÇO LEVA DÓLAR A MENOR NÍVEL DESDE JUNHO E BOLSA A 8º GANHO SEGUIDO

Blog, Cenário

O otimismo dos agentes locais com o endurecimento do novo arcabouço fiscal ganhou ainda mais corpo na segunda etapa do dia, à medida que surgiram relatos no começo da tarde de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceitou adicionar gatilhos à regra desde que fossem preservadas as políticas de valorização do salário mínimo e do Bolsa Família. O relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), saiu da reunião com técnicos do governo dizendo que o texto estava pronto e que falta, agora, apenas o aval dos líderes da Câmara, que se reúnem às 19h. Há expectativa de que a íntegra do conteúdo seja conhecida entre hoje à noite e amanhã. Embalado nesta expectativa, o dólar conseguiu vencer a resistência dos R$ 4,90 e terminou o dia cotado no segmento à vista aos R$ 4,8882, recuo de 0,71%. É a menor cotação de encerramento desde 7 de junho, quando estava em R$ 4,8742. Além da visão de risco fiscal menor, fluxo comercial forte e diferencial de juros atrativo sustentam o real. Há também a percepção de que os ativos domésticos estão descontados em relação aos pares, o que, aliás, levou o Ibovespa ao oitavo ganho consecutivo mesmo com a baixa da Petrobras (ON -1,99% e PN -2,25%). O índice terminou em alta de 0,52%, aos 109.029,12 pontos. Esse ambiente favoreceu também a retirada de prêmios da curva de juros, concentrada nos vértices intermediários e longos. Nos Estados Unidos, o impasse em torno do teto da dívida segue no radar, sem sinais de resolução. Assim, os juros dos Treasuries foram para cima. Ações de bancos e tecnologia, contudo, deixaram os índices de Nova York no azul: Dow Jones ganhou 0,14%, S&P 500 subiu 0,30% e Nasdaq avançou 0,60%.

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

O dólar à vista não apenas emendou nesta segunda-feira, 15, o quinto pregão consecutivo de queda, como rompeu no fechamento o nível de R$ 4,90 pela primeira vez desde junho do ano passado. Já beneficiado pela onda de enfraquecimento da moeda americana no exterior, o real ganhou impulso extra em meio à expectativa em torno da divulgação ainda hoje do texto do novo arcabouço fiscal com regras mais duras. A possibilidade de redução dos prêmios exigidos por conta do chamado risco fiscal se soma a um ambiente de forte fluxo de recursos pela conta comercial e à perspectiva de manutenção de diferencial de juros interno e externo elevado nos próximos meses.

Afora uma alta pontual e bem limitada pela manhã, quando atingiu máxima a R$ 4,9327, o dólar operou em baixa ao longo de toda a sessão. O rompimento do piso de R$ 4,90 se deu à tarde, à medida que investidores digeriam informações a respeito das negociações em torno do texto do marco fiscal, como o fato de o presidente Lula, segundo apurado por Broadcast com fontes, ter concordado com a inclusão de gatilhos para brecar avanço de despesa e garantir cumprimento de metas. Ficariam de fora de eventual trava fiscal, por exigência de Lula, a política de valorização do salário mínimo e o Bolsa Família.

Com mínima a R$ 4,8882 na reta final dos negócios, o dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 0,71%, cotado a R$ 4,8882 - menor valor de fechamento desde 7 de junho de 2022 (R$ 4,8742). Nas últimas cinco sessões, a moeda experimentou desvalorização de 2,46%. No ano, o dólar tem agora perdas de 7,42%. "Acredito que com a aprovação do texto do arcabouço com restrições, o dólar vai para baixo de R$ 4,85", afirma o analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas.

À tarde, o relator do novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), disse ter finalizado seu relatório, após sugestões feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta manhã, durante reunião na Residência Oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Cajado afirmou que a divulgação da proposta depende de reunião com os líderes marcada para esta noite, às 19 horas, da qual Haddad também participa.

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que, além da expectativa pelo arcabouço fiscal, o real é beneficiado por um fluxo forte de entrada de dólares pelo lado comercial, com exportações expressivas do agronegócio. "A oferta de dólares é muito grande e não tem como segurar a cotação com esse ambiente externo mais favorável a emergentes e a espera pelo arcabouço com alguma restrição a gastos", afirma o Galhardo, ressaltando que, caso haja decepção com o texto do arcabouço, o dólar pode voltar rapidamente e superar R$ 5,00 e alcançar R$ 5,10.

Dados divulgados hoje pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,899 bilhão na segunda semana de maio. No mês, o superávit acumulado é de US$ 4,155 bilhões e no ano, de US$ 28,062 bilhões.

No exterior, índice DXY - termômetro do comportamento do dólar frente a seis divisas fortes - operou em queda ao longo do dia, furando a linha dos 102,500 pontos, com mínima aos 102,382 pontos. A moeda americana também recuou em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities, com perdas mais fortes frente a dois pares relevantes do real, os pesos mexicano e colombiano. Não por acaso, dois países que, como o Brasil, oferecem taxa de juros elevada aos investidores.

Entre indicadores americanos, destaque para a queda do índice de atividade industrial Empire State, que mede as condições da manufatura no Estado de Nova York, de 10,8 em abril para -31,8 em maio - acima das previsões de analistas, de -3,5%. No impasse em torno do aumento do teto da dívida dos EUA, o presidente Joe Biden informou que vai se encontrar com o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, e outros líderes do Congresso nesta terça-feira para discutir um acordo orçamentário e afastar o risco de calote.

"Nos EUA, saiu o Empire Manufacturing bem mais fraco que o esperado. O mercado americano precifica queda de 65 pontos-base nos FedFunds até dezembro de 2023", afirma, em nota, o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, que vê tendência de apreciação do real.

À tarde, o presidente da distrital do Federal Reserve em Atlanta, Raphael Bostic, disse que, se tivesse hoje direito a voto nas decisões de política monetária, optaria por manter os Fed Funds no nível atual (entre 5,00% e 5,25%) em junho. Pela manhã, Bostic disse que o Fed não deverá considerar cortes de juros até "bem adiante em 2024" e que uma eventual recessão nos EUA "não será longa ou profunda". (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.88820 -0.715 4.93270 4.88770

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4910.000 -0.6274 4948.500 4902.000

DOLAR COMERCIAL 4973.000 12/05    

BOLSA

Ganhando impulso depois do meio da tarde, enquanto o dólar à vista buscava mínimas da sessão abaixo de R$ 4,89, o Ibovespa emendou a oitava alta diária nesta abertura de semana, um intervalo ganhador não visto desde o trecho entre 16 e 25 de março do ano passado, há 14 meses. No melhor momento desta segunda-feira, superou os 109 mil pontos, aos 109.270,58 pontos, no maior nível intradia desde 17 de fevereiro, então aos 109.941,46. Hoje, saiu de abertura aos 108.469,09, quase correspondente à mínima do dia (108.356,35), e fechou em alta de 0,52%, aos 109.029,12 pontos, no maior nível de encerramento, também, desde 17 de fevereiro (109.176.92).

Em dia moderadamente positivo em Nova York, o giro na B3 se mostrou contido neste começo de semana, limitado a R$ 22,5 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa avança 4,40%, emendando ganhos desde o dia 4, que reduzem agora as perdas do ano a 0,64%. Na ponta do índice na sessão, destaque para Eztec (+4,91%), Klabin (+4,54%), Gol (+4,07%) e Locaweb (+4,06%), com Braskem (-6,70%), BB Seguridade (-5,91%), Raízen (-4,56%) e CVC (-3,67%) no canto oposto.

"Com liquidez abaixo da média, e os investidores também de olho na tramitação do arcabouço fiscal na Câmara, a queda do dólar e da curva de juros sustentou a alta do Ibovespa, mas as bolsas em Nova York, moderadas, e o desempenho da Petrobras, em queda, limitaram o apetite na B3", observa Alan Dias Pimentel, especialista da Blue3 Investimentos.

"A agenda da semana está tomada por dados econômicos, tanto no Brasil quanto lá fora. Por aqui, dados do setor de serviços e varejo referentes ao mês de março serão divulgados na quarta-feira, assim como o IBC-Br, indicador de atividade mensal do Banco Central. Além disso, as discussões sobre o andamento do arcabouço fiscal no Congresso devem seguir no radar dos investidores - com expectativa de que o texto saia relativamente mais duro do que foi enviado pelo governo", aponta Vanessa Naissinger, especialista da Rico Investimentos.

No exterior, o dia foi de recuperação para os preços do petróleo, em alta acima de 1% na sessão, mas Petrobras, vindo de série positiva, teve correção em torno de 2% na sessão (ON -1,99%, PN -2,25%), o que limitou a inclinação positiva do Ibovespa, com os investidores voltando a tomar nota de sinais quanto a uma possível mudança na política de preços para os combustíveis. Hoje, em evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, referiu-se à atual política como uma "abstração".

Entre as blue chips, destaque para retomada parcial do setor metálico nesta segunda-feira, com Vale (ON +1,44%) e CSN (ON +1,88%).

Apesar da indicação ruim para as ações da Petrobras, em geral o dia foi de ganhos bem distribuídos para as ações e os setores de peso no índice de referência da B3. Ainda no início da tarde, após se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o relator do novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), confirmou que o texto terá previsão de acionamento de gatilhos para que a meta primária seja perseguida pelo gestor.

Mecanismos de 'enforcement' eram um dos pontos defendidos pelo mercado financeiro como essenciais a que o arcabouço fiscal seja crível, reduzindo as preocupações quanto à evolução das contas públicas em relação ao crescimento econômico - ou seja, a relação dívida/PIB. Mais para o fim da tarde, o Broadcast confirmou relatos da imprensa, de mais cedo, que apontavam que o presidente Lula deu aval à inclusão de gatilhos no texto do arcabouço se as políticas de valorização do salário mínimo e do Bolsa Família ficarem de fora da regra. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109029.12 0.52117

Máxima 109270.58 +0.74

Mínima 108356.35 -0.10

Volume (R$ Bilhões) 2.24B

Volume (US$ Bilhões) 4.58B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110125 0.4332

Máxima 110365 +0.65

Mínima 109345 -0.28

JUROS

Os juros futuros recuaram na maior parte da curva no pregão desta segunda-feira, 15, acompanhando a forte baixa do dólar, enquanto investidores aguardavam a apresentação do relatório do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) sobre a proposta de novo arcabouço fiscal. Embora o texto não tenha sido divulgado até o fechamento do mercado, prevaleceu entre os agentes o otimismo com o endurecimento da regra, o que favoreceu o fechamento da curva.

Como resultado, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2029 caiu 18,5 pontos-base em relação ao ajuste anterior, de 11,605% para 11,420%. Também recuaram os DIs para janeiro de 2027 (11,294% para 11,150%) e janeiro de 2025 (11,713% para 11,670%). O DI para janeiro de 2024, único a encerrar o pregão em alta, subiu menos de 1 ponto-base, de 13,291% para 13,300%.

O movimento deu continuidade à tendência de achatamento da curva observada ao longo da semana passada. Ao fim do pregão, o spread entre as taxas dos DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, principal métrica de inclinação, era negativo em 25 pontos-base, ante -10,8 pontos no ajuste anterior. No ajuste de 31 de março, um dia após a divulgação da proposta de arcabouço, o spread era positivo em 50 pontos-base.

Os juros intermediários chegaram a operar com viés de alta na etapa da manhã, em linha com os rendimentos dos Treasuries, mas viraram para queda firme no início da tarde, acompanhando o recuo do dólar à vista abaixo da linha de R$ 4,90. A moeda americana à vista encerrou o pregão cotada em R$ 4,8882 (-0,71%), o menor valor no fechamento desde 7 de junho de 2022 (R$ 4,8742).

Declarações de Cajado após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também ajudaram a sustentar as quedas dos juros futuros na etapa vespertina. A jornalistas, o relator do arcabouço confirmou que o texto terá a previsão de acionamentos de gatilhos para garantir que o governo persiga as metas de resultado primário.

Pouco depois, o Broadcast confirmou relatos de outros veículos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordou com a inclusão de gatilhos no arcabouço fiscal para brecar o avanço das despesas em caso de descumprimento das metas, o que acelerou o ritmo de queda dos juros futuros. Conforme a apuração, o mandatário pediu exceções à trava para a política de valorização do salário mínimo e para o Bolsa Família.

"No mercado, tem um consenso sobre o endurecimento do arcabouço, então os agentes estão posicionados para a inclusão de regras mais rígidas", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "Foi um dia de expectativas em torno do arcabouço aqui dentro, mas sem nenhum fato concreto. Então, quando a gente olha a cotação do dólar, isso favorece o fechamento da curva de juros."

Para a analista, a queda do dólar ajuda a explicar o descolamento entre a curva doméstica e a americana nesta sessão, marcada por altas nos rendimentos dos Treasuries com vencimentos para dois, cinco e dez anos. Os ganhos nos yields americanos respondem a uma incerteza em torno do teto da dívida nos Estados Unidos, mas a expectativa de que o problema seja resolvido também ajudou a blindar o mercado interno, afirma.

O relatório Focus divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central mostrou poucas mudanças nas medianas do mercado para o IPCA de 2023 (6,02% para 6,03%) e 2024 (4,16% para 4,15%) - ambas ainda acima do centro das metas, de 3,25% e 3%, respectivamente. As estimativas intermediárias para 2025 e 2026 ficaram estáveis na comparação com a semana anterior, em 4,0%.

A mediana do mercado para a taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 12,5% pela quarta semana consecutiva, enquanto a estimativa intermediária para o fim de 2024 ficou estável, em 10,0%. O mercado diminuiu a projeção de pico da relação entre dívida bruta e PIB pela terceira semana consecutiva, a 87,7% em 2031. (Cícero Cotrim - [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

O avanço das ações de bancos e techs ofereceu algum suporte às bolsas de Nova York nesta segunda-feira, enquanto investidores monitoram o impasse sobre o teto da dívida nos EUA. Nesta tarde, o presidente americano, Joe Biden, confirmou nova reunião com lideranças do Congresso amanhã, após ter demonstrado otimismo por uma resolução. Neste cenário, os retornos dos Treasuries avançaram, também apoiados pela indicação de dirigentes do Federal Reserve (Fed) de que os juros não devem ser cortados este ano. No câmbio, o sinal negativo predominou para o dólar, para benefício do petróleo, mas a moeda americana se fortaleceu ante o peso argentino, após o BC do país elevar juros a 97% em meio à escalada da inflação.

O bom desempenho entre ações de bancos regionais impulsionou pares maiores, diante do arrefecimento nos estresses do setor financeiro nos Estados Unidos. No final da tarde em Nova York, o PacWest Bank saltou 17,58%, o Western Alliance ganhou 11,98% e o Republic First subiu 2,0%. Entre os grandes bancos americanos, o Wells Fargo avançou 3,41%, o Bank of America teve alta de 2,07%, o Citigroup se valorizou 1,32% e o JPMorgan subiu 0,84%.

Os ganhos no mercado acionário em Nova York chegaram a ser pontualmente limitados nesta manhã, devido ao recuo acentuado na atividade industrial Empire State, que passou de 10,8 para -31,8. Contudo, a alta de empresas no setor financeiro e de big techs voltou a oferecer fôlego para as bolsas. Destaque entre as empresas de tecnologia, a Amazon avançou 0,85%, em meio a notícias sobre integração de inteligência artificial no estilo ChatGPT à sua loja virtual. Já a Microsoft subiu 0,16%, após a União Europeia aprovar a compra da Activision pela empresa. No horário citado, o índice Dow Jones ganhou 0,14%, o S&P 500 teve alta de 0,30% e o Nasdaq avançou 0,66%.

Analista da Oanda, Edward Moya aponta que investidores também estão em compasso de espera para a nova rodada de negociações sobre o teto da dívida, confirmada para amanhã. Moya reforça que até que um movimento significativo em direção a um acordo sobre aumentos de impostos, aumento do teto da dívida ou gastos federais seja alcançado, "qualquer otimismo é prematuro". Após o fechamento dos mercados, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, reiterou o alerta de que o departamento pode ficar sem recursos a partir de 1º de julho, caso o teto não seja elevado.

Durante o final de semana, Biden chegou a demonstrar otimismo para uma resolução do impasse. O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, no entanto, disse que o governo e a oposição ainda estão "muito distantes". Líderes do partido republicano exigem que Biden aceite realizar cortes orçamentários em troca da elevação da dívida, enquanto o presidente americano defende que este é um dever constitucional do Congresso e indicou, anteriormente, que não aceitaria negociar a aprovação do teto. Presidente da Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM americana), Gary Gensler disse nesta segunda feira que um eventual default dos EUA teria efeitos sobre todo o mercado.

Segundo o BMO, as discussões sobre o teto da dívida trazem implicações de volatilidade para os juros dos Treasuries. Porém, o banco analisa que a política monetária ainda é driver que continua a definir a ponta curta dos rendimentos. Hoje, dirigentes do Fed defenderam que a política restritiva pode ainda não ter terminado seu trabalho nos EUA. O presidente da distrital do Fed em Richmond, Thomas Barkin, afirmou que não vê barreiras da estabilidade financeira no país para caminho de taxas mais altas. Já Raphael Bostic (Atlanta) comentou que cortes de juros não fazem parte do seu cenário provável para as taxas e indicou que, se tivesse direito a voto hoje, optaria por manter os juros na reunião monetária de junho.

Em meio as declarações, os rendimentos dos Treasuries avançaram neste pregão. No horário citado, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,000%, o da T-note de 10 anos aumentava a 3,498%, e o do T-bond de 30 anos marcava alta a 3,836%.

Já o dólar ficou sem direção única ante outras divisas, embora tenha permanecido em território negativo durante boa parte das negociações. Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar subia a 136,04 ienes, o euro avançava a US$ 1,0880 e a libra tinha alta a US$ 1,2530. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,24%, a 102,434 pontos.

O viés de queda da moeda americana no exterior apoiou commodities, em especial o petróleo. No fechamento, o petróleo WTI para junho avançou 1,53% (US$ 1,07), em US$ 71,11 o barril e o Brent para julho subiu 1,43% (US$ 1,06), a US$ 75,23 o barril.

O dólar, contudo, avançou a 230,6603 pesos argentinos, após o Banco Central da Argentina confirmar a elevação da taxa básica de juros em 6 pontos porcentuais, a 97%. No domingo, o ministério da Economia do país já havia anunciado um pacote de medidas econômicas para tentar frear a inflação que tem continuado a acelerar, apoiar negócios e frear a dolarização em transações locais.

Após o fechamento dos mercados, o vice-presidente de Supervisão do Fed, Michael Barr, afirmou que será necessário avaliar se os atuais requisitos de capital estão adequados. Apesar de reiterar a resiliência do sistema americano, Barr comentou que a crise do Silicon Valley Bank teve consequências mais amplas para o sistema bancário. As declarações fazem parte de testemunho preparado para a Câmara dos Representantes, onde Barr deve comparecer amanhã. (Laís Adriana - [email protected])

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