A onda global de apetite ao risco ganhou força adicional durante a tarde desta quinta-feira, com maior reflexo aqui no mercado de câmbio. O dólar à vista desceu aos R$ 4,9802 (-1,52%), no mais baixo nível de fechamento desde 18 de abril, que também havia sido o último dia em que a moeda operou abaixo dos R$ 5. Prosseguiu no mercado o bom humor externo e o otimismo com a vitória do governo no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu por unanimidade que empresas não podem continuar abatendo benefícios dados pelos Estados do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), que são tributos federais. A ação é essencial para que o arcabouço fiscal fique em pé, já que deve render aos cofres R$ 90 bilhões ao ano. A percepção de um entrosamento maior entre governo e Banco Central ajuda ainda a distensionar o ambiente. Tais fatores contribuíram também a aliviar o trecho longo da curva de juros, enquanto a parte curta foi pressionada por dados bem melhores que o previsto em serviços e no Caged. Lá fora, o dia foi de recomposição das perdas recentes das bolsas, em meio a balanços melhores que o previsto, como o da Meta, que teve valorização de 13,93%. Assim, destaque para o salto do Nasdaq, de 2,43%. Dow Jones avançou 1,57% e S&P 500, 1,96%. Aqui no Brasil, o Ibovespa não conseguiu acompanhar na mesma magnitude, terminando o dia aos 102.923,31 pontos (+0,60%). Uma das causas para a falta de fôlego do índice brasileiro foi a baixa forte da Petrobras (ON -2,66% e PN -2,43%), em dia de Assembleia Geral Ordinária que definiu uma retenção de R$ 6,5 bilhões em dividendos até dezembro.
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CÂMBIO
Já em baixa firme pela manhã com diminuição dos riscos fiscais na esteira da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) favorável ao governo e de sinais de entrosamento entre o Banco Central e o ministério da Fazenda, o dólar à vista acentuou o ritmo de queda ao longo da tarde desta quinta-feira, 27, e voltou a romper o piso psicológico de R$ 5,00.
Esse movimento se deu em linha com o ambiente mais propício ao risco no exterior, que impulsionou divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Termômetro do comportamento do dólar frente a seis moedas fortes, o índice DXY - que havia subido com força pela manhã após divulgação do PIB dos EUA do primeiro trimestre e do índice de preços de gastos com consumo (PCE) - praticamente zerou os ganhos ao longo da tarde.
Com renovação de sucessivas mínimas nas duas últimas horas de negócios, a moeda desceu até R$ 4,9707 (-1,71%). No fim da sessão, o dólar recuava 1,52%, cotado a R$ 4,9802 - menor valor de fechamento e abaixo de R$ 5,00 desde o último dia 18 (R$ 4,9759). Após o tombo de hoje, o dólar passou a acumular desvalorização de 1,74% em abril. O real apresentou hoje o melhor desempenho frente à moeda americana entre as divisas globais mais relevantes.
Operadores relataram forte pressão vendedora no mercado futuro de câmbio, com desmonte de posições defensivas e início de rolagem de contratos, na véspera da formação da última taxa Ptax do mês. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para maio teve bom giro, na casa de US$ 14 bilhões.
"Tivemos uma forte redução de hedge cambial quando o dólar tocou R$ 4,90 neste mês e hoje estamos vendo um pouco da retomada desse movimento. Havia gordura para queimar depois que o dólar atingiu R$ 5,08", afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos André Rolha, para quem a moeda pode voltar a se aproximar de R$ 4,90 se não houver ruídos do lado fiscal.
O desempenho exuberante da moeda brasileira é atribuído, sobretudo, a uma redução de prêmios associados ao risco fiscal, após a decisão do STJ favorável ao governo, com autorização da cobrança de IRPJ e CSLL sobre benefícios fiscais de ICMS. Estima-se que isso possa reforçar a arrecadação em R$ 90 bilhões, contribuindo para que o governo alcance as metas previstas na proposta do novo arcabouço fiscal. Embora o julgamento do STJ tenha sido suspenso por decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, a pedido associação do agronegócio, a decisão animou os investidores. A liminar de Mendonça deve ser apreciada no plenário do STF na próxima semana.
"A percepção de que a decisão de ontem do STJ ajudará no esforço fiscal do governo é um dos fatores por trás do movimento de hoje do dólar", afirma o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, ressaltando que "há meses" tem dito que os fundamentos macroeconômicos apontam para uma valorização da taxa de câmbio. "Temos que nos acostumar aos ruídos, que não alteram a tendência, mas trazem volatilidade à moeda".
Em debate no Senado sobre a taxa de juros com presença dos titulares da Fazenda (Fernando Haddad) e do Planejamento (Simone Tebet), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que é preciso "reconhecer grande esforço do governo com real possibilidade de estabilizar a dívida" pública. "Reconheço esforços de Haddad e Tebet, temos conversado muito", disse.
Após defesa do caráter técnico das decisões do BC, Campos Neto afirmou que a taxa de juros caiu todas as vezes que houve aprovação de formas estruturais, citando o teto de gastos. Ao comentar o IPCA-15 de abril, o presidente do BC pontuou que a inflação desacelera de forma lenta e com núcleos ainda altos.
"Campos Neto já havia dito que o arcabouço tira o risco de crescimento explosivo da dívida. Essa decisão do STJ é na margem um sinal positivo pode ajudar o governo a cumprir a meta fiscal, o que contribuiu para a queda do dólar", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, que a manutenção de taxa de câmbio abaixo de R$ 5,00 ainda não é sustentável, dadas as dúvidas no front fiscal.
No exterior, o destaque do dia foi a divulgação da primeira leitura do PIB americano no primeiro trimestre. Houve crescimento de 1,1% (taxa anualizada) no período, abaixo da mediana de Projeções Broadcast (2%). Trata-se de uma forte desaceleração em relação a expansão anualizada de 2,6%. no quarto trimestre de 2022. Já o índice de preços de gastos com consumo acelerou de 3,7% no quatro trimestre para 4,2%. Amanhã, sai a leitura mensal do PCE, a medida de inflação preferida pelo Federal Reserve.
Na CME, as chances de alta da taxa de juros americana em 25 pontos-base na próxima quarta-feira, 3, voltaram a superar 80%. As dúvidas são sobre a sinalização de provável pausa no aperto monetário em junho diante do enfraquecimento da economia. Apesar do PIB mais fraco e de inflação ainda pressionada, as bolsa em Nova York subiram com força, amparadas por balanços positivos das 'big techs' e leve recuperação dos bancos.
18:02
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JUROS
A curva de juros continuou perdendo a inclinação, com as taxas de curto e médio prazo encerrando com viés de alta e as longas, de baixa, nesta quinta-feira em que fatores domésticos sobretudo responderam pela dinâmica do mercado. Internamente, apesar do tombo do IGP-M de abril, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) surpreenderam para cima, alimentando a convicção sobre a manutenção da Selic em 13,75% no Copom da próxima semana e limitando o espaço para a flexibilização das taxas até o miolo. Os longos tiveram alívio com a valorização do câmbio e a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ontem, favorável ao governo no julgamento sobre benefícios fiscais, a despeito da pressão dos Treasuries e do leilão do Tesouro com lote e risco mais elevados.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,24%, de 13,21% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,84% para 11,94%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,72%, de 11,70%, e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 12,03%, de 12,07%.
A agenda e o noticiário interno estabeleceram um jogo de forças que segurou as taxas relativamente perto dos ajustes durante todo o dia, mas com alternância de leve sinal positivo e negativo até o trecho intermediário. Os longos, por sua vez, percorreram a jornada com queda moderada, na contramão da abertura da curva americana. A aceleração do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos à taxa anualizada de 4,2% no primeiro trimestre, de 3,7% no anterior, voltou a dar força às apostas de alta do juro pelo Federal Reserve na semana que vem.
O contágio por aqui foi limitado, em boa medida, pela queda do dólar, que à tarde voltou a furar o nível dos R$ 5, para fechar em R$ 4,9802. Além disso, a decisão do STJ trouxe alívio na perspectiva fiscal, dado que o alcance das metas estipuladas no arcabouço é visto como muito dependente da geração de receitas. A corte decidiu ontem, por unanimidade, autorizar a cobrança de IRPJ e CSLL sobre benefícios fiscais de ICMS. De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a decisão permite a arrecadação de R$ 90 bilhões para a União. A decisão, porém, não terá eficácia, no curto prazo, em função de uma liminar do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, afirma que, além da receita advinda, há um segundo ponto que pode ter favorecido o recuo das taxas. "Se pensarmos que as empresas serão taxadas, pode haver desaceleração na atividade, o que em tese reduz a inflação", comentou.
Na agenda, a deflação do IGP-M de abril, de 0,95%, ficou perto do piso das estimativas, que iam de -1,04% a -0,41%, com mediana de -0,71%, sob impacto da melhora do câmbio e queda de preços das commodities. Pelo lado da atividade, o volume de serviços de fevereiro subiu 1,1% na margem, perto do teto das projeções (1,0% a 1,2%, com mediana de +0,5%).
Para os analistas da Levante, os indicadores mostram que a inflação desacelera e a
atividade econômica se recupera, embora aquém do seu potencial. "Aos poucos, mais devagar do que seria desejável, a economia brasileira está voltando aos trilhos", comentaram.
À tarde, a agenda trouxe ainda contas do Governo Central. O déficit de R$ 7,085 bilhões em março veio bem pior do que a mediana das estimativas (-R$ 4,70 bilhões). No Caged, as 195.171 vagas criadas em março superaram o teto das previsões, que iam de 23.407 mil a 161.244 vagas em março, com mediana positiva de 96.473. "Com ajuste sazonal, a geração de postos é estimada entre 250 mil e 300 mil, é muito forte", afirma Caruso. Enquanto o mercado de crédito dá sinais de arrefecimento, com potencial de limitar o consumo de bens duráveis e semiduráveis, a robustez do mercado de trabalho é apontada como um dos fatores segurar o processo de desinflação, especialmente de itens ligados à renda.
Hoje no Senado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a citar que a inflação brasileira tem desacelerado de forma lenta, com os núcleos ainda altos. Reforçou ainda que as "projeções do BC pioraram e estacionaram em nível alto e distante da meta". Ele participou, juntamente com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) de um debate sobre juros, mas com declarações na mesma linha daquelas feitas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na terça-feira.
O Tesouro veio com um lote grande de prefixados nesta quinta-feira, o último o mês, de 17 milhões de LTN e 1,3 milhão de NTN-F, ante 11 milhões e 1 milhão, respectivamente, na semana passada. O risco em DV01 ficou em US$ 691 mil, de US$ 418 mil no leilão anterior, segundo a Necton Investimentos. De acordo com o estrategista de renda fixa, Fernando Cervi Ferez, no balanço de abril, o ritmo de emissão por semana foi de R$ 26,3 bilhões, acumulando R$ 105,4 bilhões no mês. "Só de emissão de LTN + NTN-F foram R$ 52,5 bilhões (50% de tudo)", informou. (Denise Abarca - [email protected])
MERCADOS INTERNACIONAIS
O impulso no apetite por risco dos mercados acionários em Nova York enfraqueceu o dólar e fortaleceu os rendimentos dos Treasuries ao longo tarde, elevando os retornos das T-notes de 2 anos e 10 anos acima dos níveis 4,00% e 3,50%, respectivamente. Investidores se concentram nos fortes resultados corporativos de big techs, levando o Nasdaq a liderar ganhos e avançar mais de 2% em Wall Street. A busca por risco ofereceu suporte para commodities, ajudando o petróleo a corrigir perdas de ontem. Contudo, analistas apontam que o cenário desenhado pelo PIB dos EUA, de desaceleração da economia americana em meio à persistência da inflação, ainda pode ter efeitos sobre os mercados. O Banco Mundial estima que os preços globais de commodities devem cair 21% neste ano. Na Argentina, o Banco Central aumentou em mais 10 pontos porcentuais os juros básicos, uma semana após a elevação de 3 pontos porcentuais, fazendo a taxa saltar a 91% ao ano.
As bolsas de Nova York ampliaram ganhos durante a tarde, ainda sob o impulso oferecido por balanços corporativos de empresas americanas, com foco sobre big techs. A Meta saltou 13,93%, a Microsoft avançou 3,20% e a Alphabet subiu 3,74%, todas na esteira de resultados acima do esperado no primeiro trimestre deste ano. O clima positivo ofereceu fôlego ao setor bancário, que devolveu parte devolveu parte das perdas acumuladas nesta semana diante do ressurgimento de preocupações com a saúde do sistema financeiro dos EUA, deflagrado pelas incertezas First Republic Bank (+8,79% na sessão de hoje). Assim, o índice Dow Jones subiu 1,57%, o S&P avançou 1,96% e o Nasdaq ganhou 2,43%, no final da tarde em Nova York. Entre as ações de bancos, JP Morgan teve alta de 1,35%, o Morgan Stanley avançou 2,06% e o Goldman Sachs subiu 1,50%.
Após o fechamento dos mercados, a Amazon deu continuidade a série de resultados fortes no setor de tecnologia, informando expansão no lucro líquido e na receita acima do esperado pelo mercado. Seguindo a divulgação do balanço, os papéis da empresa saltaram quase 10% no after hours de Nova York, após subir 4,61% no pregão regular.
O Navellier analisa que a alta das gigantes de tecnologia, liderada por Meta e Microsoft, gera preocupações sobre como estes ativos têm influência desproporcional sobre o resultado dos índices acionários. Além disso, a gestora de investimentos alerta que o cenário apresentado pelo PIB dos EUA deve "trazer à tona temores de estagflação, apesar dos ganhos [empresariais] atualmente indicarem o contrário". Para o Navellier, assim que o efeito dos balanços terminar, as preocupações sobre o crescimento da economia e o teto da dívida dos EUA podem afetar o mercado.
Já o analista da Oanda, Edward Moya, avalia que investidores estão otimistas de que o arrefecimento da economia deve baixar a inflação americana, tornando próximo o fim do ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed). "O Fed poderá avançar com um, talvez mais dois aumentos de juros, mas deve ser isso", conclui Moya. Em relatório, a Capital Economics projeta que o BC americano pode pausar o aperto em junho - com os Fed funds atingindo seu pico na faixa de 5,0% a 5,25% - e introduzir cortes nos juros já a partir de setembro deste ano.
A intensificação do otimismo e apetite por risco em Wall Street impulsionou os rendimentos dos Treasuries, enquanto enfraquecia o dólar ante outras divisas. Por volta das 17 horas (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos avançava a 4,092%, da T-note de 10 anos tinha alta a 3,528% e do T-bond de 30 anos subia a 3,755%. No horário indicado, o dólar subia a 133,94 ienes, o euro recuava a US$ 1,1027 e a libra tinha alta a US$ 1,2490. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,04%, a 101,503 pontos.
Além disso, o clima positivo e o enfraquecimento do dólar favoreceram o mercado de commodities, permitindo que o petróleo recuperasse parte das perdas de 3,5% registradas ontem, que haviam levado o óleo a fechar no menor nível desde os cortes na produção da Opep+. O petróleo WTI para junho fechou em alta de 0,62% (US$ 0,46), a US$ 74,76 o barril e o Brent para julho avançou 0,64% (US$ 0,50), a US$ 78,22 o barril. Porém, o Banco Mundial estima que os preços globais de commodities ainda devem cair neste ano, projetando recuo de 21% no mercado em geral e de 26% no setor de energia.
Entre moedas emergentes, o dólar blue recuava a 467 pesos argentinos (de 474 pesos ontem, conforme jornal Ámbito Financeiro) no mercado paralelo, enquanto o dólar oficial avançava a 222,0291 pesos. Hoje, o Banco Central da Argentina (BCRA) elevou sua taxa básica de juros em 10 pontos porcentuais, a 91%, como antecipado por veículos locais pela manhã. A decisão ocorreu apenas uma semana depois do banco central elevar os juros em 300 pontos-base, à medida que o país enfrenta inflação superior a 100% e dificuldades econômicas. Também no radar, uma equipe econômica do país viajou a Washington, para negociar mudanças no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). (Laís Adriana - [email protected])
BOLSA
O Ibovespa conseguiu se firmar no positivo à tarde, acompanhando muito à distância a acentuação de ganhos em Nova York, que chegaram a 2,43% no fechamento (Nasdaq), em dia de reação a balanços como o da Meta, bem recebidos nos EUA e na Europa. Os resultados corporativos se impuseram à decepção com o PIB americano no primeiro trimestre e também à cautela quanto ao núcleo do PCE - métrica de inflação ao consumidor preferida do Federal Reserve, que volta a se reunir na próxima semana para deliberar sobre os juros de referência dos Estados Unidos.
Aqui, o desempenho de Petrobras (ON -2,66%, PN -2,43%), embora amenizado no meio da tarde em relação ao visto no início da etapa vespertina, impediu recuperação mais consistente do índice da B3, apesar dos ganhos bem distribuídos pelas ações e os setores de maior peso e liquidez. Vale ON subiu 2,12% mesmo com a frustração dos investidores quanto ao balanço do primeiro trimestre, divulgado na noite anterior. E os ganhos entre os grandes bancos atingiram 1,93% (Bradesco PN) no encerramento do dia. Destaque também para BTG Pactual (+3,35%), quinta maior alta da carteira Ibovespa na sessão, pouco atrás de Soma (+4,27%) e de Locaweb (+3,91%).
Assim, vindo de três perdas consecutivas, o Ibovespa subiu hoje 0,60%, aos 102.923,31 pontos, tendo oscilado entre 101.975,35 e 103.177,38, após abertura aos 102.309,98 pontos. O giro se manteve moderado nesta penúltima sessão do mês, a R$ 22,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 1,38%, limitando os ganhos acumulados em abril a 1,02% - ontem, estavam abaixo de 0,5%. No ano, cai 6,21%.
Em abril, Petrobras permanece como carro-chefe para o leve ganho do Ibovespa no mês, mas hoje as ações da estatal destoaram do desempenho moderadamente positivo do petróleo e do apetite por ações de primeira linha, em sessão na qual o dólar convergiu para baixo de R$ 5 - chegando a R$ 4,97 nas mínimas -, o que sugere fluxo de ingresso de recursos, observa Lucca Ramos, assessor de renda variável da One Investimentos. Em abril, Petrobras ON e PN ainda acumulam ganhos fortes, de 9,10% e 11,30%, respectivamente.
Os acionistas da Petrobras aprovaram hoje, em assembleia geral ordinária (AGO), a retenção de R$ 6,5 bilhões da segunda parcela dos dividendos referentes ao quarto trimestre de 2022. A proposta foi da União, acionista majoritária representada pelo governo federal. Com isso, a Petrobras pagará em proventos o total de R$ 35,8 bilhões, mas agora em três parcelas: em 19 de maio (R$ 17,9 bilhões); 16 de junho (R$ 11,4 bilhões); e 27 de dezembro (R$ 6,5 bilhões), reportam do Rio os jornalistas Denise Luna e Gabriel Vasconcelos, do Broadcast.
"Após três perdas para o Ibovespa, o dia foi de respiro mesmo com os resultados da Vale não tendo vindo tão bem", diz Ramos, destacando a recuperação em papéis como os de 3R Petroleum (+11,91%) e MRV (+8,59%), na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira. No lado contrário, Petz (-4,87%), Pão de Açúcar (-3,71%) e Sabesp (-3,13%).
"O mercado já abriu hoje em tendência de queda, precificando a princípio os resultados de Vale, ação com peso muito significativo no índice. Ainda pela manhã, vieram leituras importantes sobre o PIB americano, bem abaixo do projetado, e o PCE, cujo núcleo veio acima nessa leitura", diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos. "Depois, o Ibovespa reagiu, com ânimo um pouco mais comprador, e com o dólar dando também uma puxada, em queda", acrescenta.
"A Bolsa conseguiu sair do negativo para o positivo na sessão. O PIB americano mostrou que a elevação de juros empreendida pelo Fed trouxe efeitos para a economia, em desaceleração. Como notícia ruim tem virado notícia boa, a leitura de copo meio cheio é de que a política monetária americana está surtindo efeito, com o mercado ponderando se o Federal Reserve poderá fazer uma pausa ou se ainda elevará os juros mais um pouco, antes de parar", diz Matheus Willrich, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.
Em outro desdobramento fundamental para a sessão desta quinta-feira, as grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como a Meta, vieram com bons resultados, acrescenta Willrich. "Por aqui, os números da Vale decepcionaram, mas grande parte disso já estava precificada numa ação que acumulava perdas", acrescenta o analista.
À tarde, na agenda de indicadores domésticos, destaque para a divulgação do Caged de março, acima do esperado, "mostrando um mercado de trabalho ainda aquecido apesar da desaceleração da geração líquida de vagas em relação a fevereiro", diz Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para América Latina. "Em termos de abertura [dos dados], o destaque segue com o setor de serviços, mostrando resiliência em linha com a atividade econômica mais recente, que tem perdido força com o aperto nas condições de crédito", acrescenta a economista. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 102923.31 0.5974
Máxima 103177.38 +0.85
Mínima 101975.35 -0.33
Volume (R$ Bilhões) 2.25B
Volume (US$ Bilhões) 4.49B
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Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 104400 0.19194
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