MAU HUMOR COM ARCABOUÇO PESA EM ATIVOS LOCAIS, QUE PIORAM À TARDE COM CASO GSI

Blog, Cenário

O dólar superou o nível de R$ 5,08, os juros futuros dispararam e a Bolsa cedeu mais de 2% nesta quarta-feira de cautela no mercado local. O incômodo que vinha desde ontem com as exceções no arcabouço fiscal somou-se a críticas à falta de punições em caso de descumprimento da nova regra, trazendo apreensão entre os agentes. Houve, sobretudo, uma piora adicional à tarde à medida que escalou a crise envolvendo o agora ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Imagens do circuito interno de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostram trechos da atuação de Dias no dia 8 de janeiro, quando extremistas invadiram prédios públicos em Brasília. As gravações mostram o general circulando nos corredores do edifício e abrindo as portas e indicando rotas de saída pela escada a alguns dos invasores. Após pressão do Planalto, Dias pediu demissão do cargo. É a primeira baixa no alto escalão do governo Lula. O temor do mercado é que o caso cresça ainda mais e pressione o Congresso pela instalação da CPMI do 8 de janeiro, o que, em tese, pode atrasar a tramitação do arcabouço no Legislativo. Neste ambiente, o dólar à vista fechou bem perto da máxima do dia, aos R$ 5,0866 (+2,22%). Nos juros futuros, as taxas abriram mais de 20 pontos nos vértices longos, mais sensíveis à aversão ao risco. Já o Ibovespa caiu aos 103.912,94 pontos, recuo de 2,12%. Destaque ainda para queda da Vale (-2,92%), após dados do relatório de produção e vendas. No exterior, os juros dos Treasuries desaceleraram à tarde, em resposta à divulgação do Livro Bege do Federal Reserve. A publicação apontou arrefecimento nas pressões sobre o mercado de trabalho, mas indicou aperto maior nas condições de crédito em algumas regiões e trouxe incertezas sobre a atividade econômica nos Estados Unidos. O juro da T-note de 2 anos chegou ao fim da tarde em alta, aos 4,262%.

•CÂMBIO

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

O dólar emendou nesta quarta-feira, 19, o terceiro pregão consecutivo de alta e voltou a fechar acima do nível de R$ 5,00, impulsionado por ajustes técnicos e recomposição de prêmios de risco em meio à percepção de frouxidão da nova proposta de arcabouço fiscal e de perda de força do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro do governo Lula. Pesou ao longo da tarde também o aumento da temperatura política após revelação da presença do agora ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, no Palácio do Planalto em 8 de janeiro, dia de atos golpistas em Brasília.

Lá fora, o dólar avançou em relação a pares, como euro e iene, e à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, na esteira da alta das taxas dos Treasuries e da redução das apostas em corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) neste ano. Commodities metálicas e petróleo caíram, com o contrato futuro do Brent para junho encerrando em baixa 1,95%, a US$ 83,12 o barril.

Apesar do ambiente externo adverso, ficou evidente hoje o peso dos fatores domésticos sobre a formação da taxa de câmbio. Pares da moeda brasileira, como peso chileno e o rand sul-africano, escaparam da maré externa negativa e apresentaram leve ganho. Já o real, que brilhou na semana passada, amargou hoje, de longe, o pior desempenho entre as principais moedas locais.

Em alta firme e já acima de R$ 5,00 pela manhã, o dólar acelerou ainda mais o ritmo de ganhos ao longo da tarde e superou a linha de R$ 5,08, em sintonia com mínimas da Bolsa e avanço mais agudo das taxas dos juros futuros. Após registrar máxima a R$ 5,0871 nos minutos finais da sessão, o dólar fechou cotado a R$ 5,0866, em alta de 2,22%. Com valorização de 3,49% nas três sessões desta semana, a moeda passou a apresentar ganho de 0,36% no acumulado do mês.

"O novo arcabouço desagradou, com muitas exceções ao limite de gastos. Estamos vendo um movimento técnico forte hoje, com ajuste para realização de lucros e reversão de posições de quem estava apostando em mais queda do dólar", afirma o head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, para quem também provocou desconforto no mercado o fato de o governo ter voltado atrás ontem na cobrança de impostos nas compras internacionais entre pessoas físicas até US$ 50, com previsão de arrecadar R$ 8 bilhões. "Isso mostrou que Haddad não está com a força que se imaginava no governo e que Lula pode pender para a ala política", diz.

Parte do aumento do estresse no mercado ao longo da tarde foi atribuído ao mal-estar dentro do governo causado pela revelação do "caso GSI". Aumenta no Congresso pressão para abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), contrariando o desejo do governo Lula. Teme-se que possa haver prejuízo à tramitação da proposta do novo arcabouço com aumento da temperatura política. Com o mercado já fechado, confirmou-se a informação de que o general Gonçalves Dias pediu demissão do cargo de ministro-chefe do GSI.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, observa o mercado digeriu mal o texto do arcabouço, que traz uma lista de exceções ao limite de aumento de gastos e lança dúvidas sobre a capacidade de o governo cumprir as metas de superávit primário para assegurar a melhora da relação dívida/PIB. "O desconforto do mercado é maior com as exceções aos gastos. Com todas essas incertezas, o dólar volta a subir e já se aproxima dos R$ 5,10", afirma Quartaroli.

À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial total foi negativo em US$ 3,803 bilhões na semana passada, de 10 a 14 de abril, com saídas líquidas de US$ 2,900 bilhões no canal financeiro. Esse número chama a atenção porque o dólar à vista encerrou a semana passada com baixa de 2,83%. Segundo analistas, a discrepância entre o fluxo cambial e o comportamento da moeda pode ser atribuída ao comportamento dos investidores no mercado futuro de câmbio, onde houve uma forte onda vendedora, com desmonte de hedge cambial por estrangeiros. Esse movimento teria ditado a formação do preço do dólar à vista.

Para o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, o anúncio ontem do novo arcabouço fiscal é o principal responsável pela volta do dólar ao nível de R$ 5,00, embora tenha havido também piora do ambiente externo, com os Bancos Centrais globais, incluindo o Federal Reserve, voltando a adotar uma postura mais dura.

"Está claro que a equipe econômica não terá uma vida fácil nas próximas semanas, seja pela dificuldade para 'encontrar' receitas, seja pela quantidade de 'fogo amigo' que potencialmente pode receber", afirma, em nota, Oliveira, que, contudo, ainda permanece construtivo em relação ao real. "Mantemos visão de que os fundamentos e o fluxo devem permitir que o dólar volte a ser negociado entre R$ 5,00 e R$ 4,90 nas próximas semanas, principalmente se a tramitação do novo arcabouço for rápida e não trouxer novidades ruins". (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.08660 2.2247 5.08710 5.00600

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5083.000 1.74139 5097.000 5012.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5122.000 1.97093 5122.000 5122.000

JUROS

O "day after" da entrega do novo arcabouço fiscal ao Congresso foi pesado para o mercado de juros, com forte inclinação da curva e taxas longas abrindo mais de 30 pontos-base nas máximas do dia. O texto foi bastante criticado, com vários trechos que sugerem fraqueza do ponto de vista do controle dos gastos e ainda dependente de grande geração de receitas, além de não prever consequências legais caso haja descumprimento das regras. No fim da tarde, ruído envolvendo o caso do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) acentuou a cautela, dados os receios de que poderia respingar sobre a evolução do texto no Legislativo caso seja mesmo instalada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O ambiente externo, com juros dos Treasuries e na Europa em alta, também não contribuiu.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou com taxa de 13,27%, de 13,24% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,97% para 12,10%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,06%, de 11,82%, e a do DI para janeiro de 2029 avançou a 12,42%, de 12,13%.

O mercado deu sequência à reação negativa ao texto já vista ontem no fim do dia, mas que se acentuou ao longo da quarta-feira na medida em que os especialistas iam se debruçando sobre a proposta. As linhas gerais da matéria já apresentadas no fim de março se confirmaram, mas os detalhes assustaram os investidores.

Patricia Pereira, gestora da MAG Investimentos, destaca, entre pontos bastante negativos a ausência do "enforcement". "Não tem nenhum gatilho claro que obrigue um contingenciamento", afirmou. Para ela, contudo, o estresse da curva teve ainda a contribuição do exterior, com a inflação no Reino Unido em março (10,1%) desacelerando menos do que o consenso (9,8%), ainda nos dois dígitos na taxa anual. O resultado alimenta a ideia de persistência da inflação em termos globais, reduzindo o espaço para alívio monetário pelos bancos centrais.

De volta ao arcabouço, em artigo ao Broadcast (confira íntegra publicada às 15h45), Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro, diz que o texto abala a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que deve ser mantida, mas "ferida de morte em sua essência, nos seus artigos que tratam do ajuste fiscal". "Há grande risco de que, aprovado nos moldes propostos, o novo arcabouço leve a uma nova crise fiscal nos próximos anos", diz.

Nesse contexto, o mercado aguarda por possíveis ajustes ao texto no Congresso que possam fortalecer a disciplina fiscal, mas vê riscos para a tramitação caso se instale uma CMPI para investigar a atuação do ministro do GSI, Gonçalves Dias, que apareceu em vídeo circulando pelo Palácio do Planalto durante a invasão do prédio, em 8 de janeiro. O fato deu combustível político para a oposição aumentar a pressão pela abertura da Comissão. "O risco do GSI é ter CPI e paralisar o Congresso", afirmou Pereira. O ministro pediu demissão no fim da tarde. Com a crise do GSI vindo à tona, fica a dúvida sobre se a definição de quem será o relator do arcabouço na Câmara sairá ainda hoje.

Pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento em Londres, alertava que o arcabouço é “bastante razoável”. "É uma boa indicação de que estamos avançando na direção certa. O arcabouço tira um pouco do risco de cauda sobre um aumento da dívida rapidamente”, avaliou. Mas também alertou que é preciso acompanhar o processo de aprovação no Congresso. Disse ainda que o processo de desinflação está mais lento do que o esperado diante da taxa de juros e que não tem certeza se alguns elementos da inflação vão continuar melhorando na mesma velocidade que estão agora.

Nos aspectos mais técnicos, sócio e estrategista de renda fixa e câmbio da Garin Investimentos, Felipe Beckel, aponta que como o arcabouço "deixou muitas pontas soltas" o mercado reduziu posições aplicadas, que haviam sido fortemente ampliadas na semana passada no surto de otimismo com o Brasil. Ao mesmo tempo, diz, houve aumento de posições em inflação implícitas, aparentemente puxadas pela atuação de fundos de pensão.

A agenda trouxe a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de fevereiro, com queda de 0,2% na margem, e coincidindo com a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. Embora reforce a percepção de fraqueza do setor em meio à Selic elevada, não houve efeito sobre a curva. (Denise Abarca - [email protected])

BOLSA

Dados decepcionantes sobre a produção da Vale (ON -2,92%), divulgados na noite anterior, e um quadro macro turbulento, agravado à tarde com a revelação de que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, esteve no Palácio do Planalto no 8 de janeiro, mantiveram o Ibovespa em espiral negativa nesta quarta-feira, em que o mercado também digeriu, com amargor, os detalhes do arcabouço fiscal, encaminhado ontem ao Congresso Nacional. No fim da tarde, veio a confirmação da demissão do ministro, a pedido - a primeira baixa na equipe do presidente Lula, no que foi seu 109º dia de governo.

Assim, o Ibovespa, que havia conservado a linha dos 106 mil pontos nas seis sessões anteriores mesmo quando o sinal se mostrava negativo, desceu hoje três andares, aos 103.912,94 pontos no fechamento, em queda de 2,12%, a maior desde 23 de março (-2,29%). Na semana, o índice acumula perda de 2,23%, reduzindo o ganho do mês a 1,99% - no ano, o Ibovespa tem retração de 5,31%. O giro financeiro de hoje ficou em R$ 24,3 bilhões, um pouco acima do que tem sido visto recentemente.

"Dia bem estressado, com frustração do mercado sobre o arcabouço fiscal. Mudança de última hora abriu 13 pontos de exceção à regra, e a sensação é de que haverá furos, não será cumprida mais uma vez, da forma como se viu em anos recentes [em que se rompeu o teto]. O que veio [ontem] acabou sendo uma cortina de fumaça", diz Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

"Ficou claro para o mercado a dificuldade de se mexer em todas as vacas sagradas, todos os beneficiários de isenções, e fazer com que a arrecadação cresça. Até agora tem sido dito que não se mexerá em alíquotas [de tributação]. É uma resposta fiscal que deixa insegurança muito grande, e uma compensação para não cumprimento [das regras] muito ruim, e não crível. Governo tem necessidade de novos gastos e não tem um caminho fácil pela frente - provavelmente se chegará ao fim [do mandato] com uma relação dívida/PIB maior do que se gostaria", diz Ricardo Campos, sócio e diretor de investimentos da Reach Capital.

"Semana tensa e insegurança grande, com ápice hoje. Os investidores estão cansando de esperar por decisões do governo. Todos aguardavam a formalização do arcabouço fiscal, que veio com atraso e com surpresa que ninguém gostou: regra muito aberta, passível de aumento de despesas [públicas]", diz Eduardo Cavalheiro, sócio e gestor da Rio Verde Investimentos.

"Em vez de retomar segurança [com o arcabouço], [o governo] está injetando incerteza no mercado", acrescenta Cavalheiro, observando o prolongamento do estresse na curva de juros desde a última segunda-feira e a retomada do câmbio, com o dólar de volta ao patamar de R$ 5, movimento que afeta em especial as ações de empresas com exposição a juros e crédito, como as de varejo e construção.

"O que eu vejo, em conversas com colegas, é que pouca gente está disposta a pagar pra ver", aponta o gestor, referindo-se também a ruídos que começam a chegar de um front que vinha se mostrando mais pacificado, após a turbulenta abertura de ano. "O relato, que circulou na imprensa, de que tem gente do governo atual envolvida no 8 de janeiro não afetaria tanto normalmente, mas acabou impactando bastante hoje, em um dia que já era ruim", observa.

"No cenário institucional, a divulgação de vídeo mostrando o ministro do Gabinete de Segurança Institucional circulando pelo Palácio do Planalto no dia da invasão aos Três Poderes, de 8 de janeiro, aumentou a incerteza sobre a estabilidade do ambiente político institucional - em um momento-chave para a aprovação da nova regra fiscal, que abriria espaço para discussões mais estruturais como a reforma tributária", pontua em nota Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

Assim, a possibilidade de um novo ruído no relacionamento do governo com as Forças Armadas, no momento em que se prepara para articular com o Congresso a tramitação do arcabouço fiscal, jogou gasolina em uma tarde na qual o mercado já vinha ponderando, muito negativamente, a direção dada pela equipe econômica às contas públicas nos próximos anos.

Hoje, em evento em Londres, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o projeto de arcabouço fiscal é "bastante razoável", mas ponderou ser preciso acompanhar a tramitação da proposta. "Há incerteza sobre como será aprovado e em qual velocidade", disse Campos Neto, em reunião com investidores organizada pelo European Economics & Financial Centre (EEFC).

Campos Neto disse também que o processo de desinflação está mais lento do que o esperado diante da taxa de juros, e que não tem certeza se alguns elementos da inflação vão continuar melhorando no mesmo ritmo visto agora. Ele ponderou que, em termos de política monetária, é necessário observar mais dados e acompanhar a dinâmica inflacionária, até porque há incerteza sobre alguns preços importantes, como o petróleo.

No arcabouço, "voltar atrás na taxação de importações abaixo de US$ 50 por parte do governo causa uma piora na perspectiva fiscal, além de trazer quedas para empresas do setor, como a Renner (-5,48%), nesta quarta-feira", aponta Matheus Sanches, analista da Ticker Research, destacando queda, hoje, concentrada em "nomes mais alavancados e sensíveis aos juros", como Via (-6,74%), bem como para empresas de "crescimento", como Petz (-4,86%) e Rede D´Or (-2,55%).

Na ponta perdedora do Ibovespa, além de Via e Renner, destaque nesta quarta-feira para Carrefour Brasil (-8,37%), Magazine Luiza (-8,19%), Yduqs (-7,07%), Eztec (-5,91%) e MRV (-5,29%). No canto oposto, apenas oito ações do Ibovespa conseguiram encerrar o dia com ganhos, tendo Sabesp (+1,16%), Embraer (+0,83%) e Klabin (+0,53%) à frente. Entre as blue chips, em dia de queda na casa de 2% para o petróleo, Petrobras ON e PN cederam, respectivamente, 3,19% e 3,21%. Entre os grandes bancos, as perdas do dia ficaram entre 0,22% (Unit do Santander) e 1,95% (Bradesco ON). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 103912.94 -2.11965

Máxima 106148.97 -0.01

Mínima 103603.70 -2.41

Volume (R$ Bilhões) 2.43B

Volume (US$ Bilhões) 4.81B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 105870 -1.84498

Máxima 107105 -0.70

Mínima 105330 -2.35

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os rendimentos dos Treasuries desaceleraram ganhos nesta tarde, em resposta à divulgação do Livro Bege do Federal Reserve (Fed). A publicação apontou arrefecimento nas pressões sobre o mercado de trabalho, mas indicou aperto maior nas condições de crédito em algumas regiões. O cenário de incertezas manteve o dólar sob demanda e impôs pressão sobre o petróleo, com o WTI abaixo de US$ 80. Em Nova York, o quadro geral também foi de cautela, com Netflix pelo crescimento menor que o esperado na base assinantes. No entanto, o aumento dos depósitos do Western Alliance mitigou os temores quanto ao setor bancário e impulsionou os papéis de bancos regionais. Com isso, o índice VIX caiu ao menor nível desde novembro de 2021.

De acordo com o Livro Bege, o crescimento do emprego moderou e a oferta de mão de obra aumentou nos Estados Unidos, sinalizando menor aperto do mercado de trabalho. Por outro lado, os empréstimos para pessoas físicas e jurídicas caíram de modo geral, em meio às incertezas econômicas e preocupações com a liquidez. A Oxford Economics avalia que o documento serve como nova evidência de desaceleração na economia e aperto nas condições de crédito. A consultoria observa ainda que os efeitos deste aperto tendem a afetar empresas e consumidores com "atraso significativo". "Como resultado, é improvável que vejamos o impacto total na atividade até alguns trimestres a partir de agora, o que é uma das principais razões pelas quais esperamos que a economia entre em recessão no segundo semestre deste ano", projeta a Oxford.

Neste cenário de incertezas, os rendimentos dos Treasuries desaceleraram ganhos durante a tarde. O movimento também foi intensificado pelo leilão de US$ 12 bilhões em T-bonds de 20 anos, que registrou demanda acima da média. No final da tarde, o juro da T-note de 2 anos avançava a 4,262%, o da T-note de 10 anos subia a 3,598% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,790%.

Já o dólar se manteve sob demanda, avançando sobre moedas rivais. Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar avançava a 134,75 ienes, o euro tinha baixa a US$ 1,0956 e a libra se valorizava a US$ 1,2439, esta última recebendo suporte após a inflação ao consumidor no Reino Unido permanecer acima de 10% e sustentar expectativa de novo aperto monetário pelo Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês). O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou ganho de 0,22%, a 101,968 pontos.

A força da moeda americana pressionou commodities em geral. O petróleo foi especialmente impactado, com o WTI caindo abaixo de US$ 80, apesar do Departamento de Energia (DoE) americano informar queda nos estoques de petróleo do EUA. Investidores de energia também ponderam sobre preocupações com a demanda da commodity, diante das expectativas por maior aperto monetário de BCs. No fechamento, o petróleo WTI para junho fechou em queda de 2,05% (US$ 1,66), a US$ 79,24 por barril, e o Brent para o mesmo mês recuou 1,95% (US$ 1,65), a US$ 83,12 por barril.

O quadro de cautela também prevaleceu sobre o mercado acionário em Wall Street, com as bolsas encerrando mistas. Resultados corporativos do primeiro trimestre da Netflix, que que decepcionou com o número de assinantes, e de outras empresas americanas contribuíram para a pressão de baixa. Porém, papéis de bancos regionais ofereceram algum fôlego para os índices, na esteira da divulgação de lucros acima do esperado no setor em geral. No horário indicado, o Dow Jones caiu 0,23%, a 33.897,01 pontos; o S&P 500 cedeu 0,01%, a 4.154,52 pontos; o Nasdaq avançou 0,03%, a 12.157,23 pontos. Entre as ações de destaque, a Netflix recuou 3,17%, o Morgan Stanley subiu 0,67% e o Western Alliance avançou 24,12%, todos após balanços. No setor de tecnologia, a Meta recuou 1,01%, em meio a notícias sobre demissões em massa.

Em relatório, o BMO Capital analisa que houve recuo na volatilidade no mercado acionário, enquanto as condições financeiras têm relaxado em comparação ao quadro mais apertado visto no início de março. O banco de investimentos destaca que o índice VIX de volatilidade caiu ao seu menor nível desde novembro de 2021 e, ao lado de outros indicadores econômicos e comunicação oficial do Fed, serve como sinal para uma nova alta de 25 pontos-base em maio. Além disso, o BMO aponta que o teto da dívida também deve voltar a entrar em foco para o mercado de títulos.

Hoje, a Bloomberg reportou que republicanos da Câmara de Representantes dos EUA tentarão aumentar o teto da dívida americana em US$ 1,5 trilhão até 31 de março de 2024, em troca de cortes de gastos em uma proposta que deve ser colocada em votação na próxima semana, segundo fontes com conhecimento do assunto.

Do outro lado do Atlântico, o foco nesta tarde esteve sobre falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE). O dirigente Pablo Hernández de Cos afirmou que o banco central ainda tem muito trabalho a fazer para controlar a inflação, se as projeções se confirmarem. Já a integrante do Conselho do BCE, Isabel Schnabel destacou que as taxas de juros mais elevadas estão colocando um freio sobre o crescimento do crédito para famílias e empresas na zona do euro.(Laís Adriana - Contato: [email protected])

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