INFLAÇÃO MENOR NOS EUA AJUDA TECHS E DERRUBA DÓLAR,QUE TEM 3ª QUEDA SEGUIDA NO BRASIL

Blog, Cenário

A percepção de alívio inflacionário nos Estados Unidos impulsionou as ações de tecnologia na tarde desta quinta-feira, levando o Nasdaq a superar a casa de 2% de ganho nos melhores momentos. A visão que se consolidou hoje após o PPI de março, que veio na sequência da surpresa com o CPI divulgado ontem, é que haverá uma última alta de juros em maio pelo Federal Reserve de 25 pontos-base, mas que há espaço para cortes mais para o fim do ano. E ainda que os juros dos Treasuries tenham subido hoje, as taxas mantêm-se abaixo de duas importantes resistências, os 4% para a T-note de 2 anos e os 3,5% para a de 10 anos. No fim da tarde em Nova York, os yields estavam em 3,982% e 3,445%, respectivamente. Perspectivas de juros não tão altos ajudam ações de empresas de tecnologia, seja por causa dos custos de captação, seja pelas referências de retorno para os investidores. Desta forma, o Nasdaq teve a melhor performance entre os pares, ao avançar 1,99%. S&P 500 ganhou 1,33% e Dow Jones subiu 1,14%. No DXY, que mede o dólar contra seis divisas fortes, houve a terceira queda consecutiva, hoje para os 101,011 pontos (-0,48%). Aqui no Brasil, foi também o terceiro dia seguido de queda do dólar ante o real. A moeda americana à vista recuou aos R$ 4,9262 (-0,31%), mantendo-se na menor cotação desde 9 de junho. Na mínima do dia, a R$ 4,8965, furou o piso dos R$ 4,90. Dados da balança comercial da China também animaram os investidores de real e demais moedas emergentes. Na Bolsa, o dia foi de realização dos lucros recentes, com queda de 0,40%. Ainda assim, aos 106.457,85 pontos no fechamento, o Ibovespa mantém ganho de 5,59% na semana e de 4,49% em abril. O câmbio ajudou a tirar pressão dos contratos longos de Depósito Interfinanceiro (DI). O leilão de prefixados, com lotes e risco menores para o mercado, também deixou de adicionar pressão sobre as taxas. A referência de janeiro de 2029 fechou abaixo de 12% (11,97%) pela primeira vez desde 8 de novembro, quando o debate em torno da PEC da Transição ganhou mais corpo.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

O rali encabeçado por ações de tecnologia e comunicação ganhou fôlego ao longo da tarde e ajudou os três principais índices de Nova York a fecharem com ganhos superiores a 1%, enquanto o dólar se enfraqueceu. O movimento foi deflagrado por sinais de arrefecimento da inflação nos EUA, diante da forte desaceleração do índice de preços ao produtor (PPI) informada nesta manhã. Analistas apontam que a calmaria também reflete a estabilidade no setor bancário até o momento, que deve ser testada amanhã, com a divulgação de resultados corporativos do primeiro trimestre de bancos americanos. Com o ânimo revigorado em Wall Street, os rendimentos dos Treasuries reverteram perdas de mais cedo e avançaram, à medida que o mercado consolida expectativa por mais uma alta de juros do Federal Reserve (Fed) em maio, mas corte até o fim do ano. Já o petróleo devolveu parte dos ganhos recentes, de olhos em preocupações por demanda nos EUA.

O ANZ avalia que os mercados mantiveram uma tendência positiva considerando que os dados americanos apontam para algum arrefecimento nos motores da inflação. Hoje, o PPI dos EUA veio bem abaixo da expectativa de analistas, caindo 0,5% em março ante fevereiro. No confronto anual, o índice teve alta de 2,7% em março, desaceleração significativa em comparação ao acréscimo de 4,9% em fevereiro.

Em Nova York, a notícia sobre a inflação reverberou durante a tarde, impulsionando um rali nos papéis de tecnologia e serviços de comunicação. No fechamento, o índice Dow Jones subiu 1,14%, o S&P 500 avançou 1,33% e o Nasdaq teve alta de 1,99%. Entre as ações de destaque, Netflix ganhou 4,58%, Apple avançou 3,41% e a Meta subiu 2,97%. A Amazon teve alta de 4,67%, após anunciar a adição de ferramentas de inteligência artificial em seus serviços de computação na nuvem.

Para o BMO, a relativa calmaria foi uma "mudança bem-vinda em comparação com a volatilidade que definiu o primeiro trimestre". De acordo com o banco, os eventos de risco desta semana contribuíram para consolidar a visão de que o Fed deve aumentar os juros em 25 pontos-base em maio e pausar o aperto monetário logo em seguida. Por volta das 17h, o monitoramento do CME Group apontava 66,5% de probabilidade de nova alta na próxima reunião, contra 33,5% de manutenção dos juros. Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries ganharam fôlego. No final da tarde, o juro da T-note de 2 anos tinha alta a 3,982%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,445% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,682%.

No câmbio, o arrefecimento do PPI teve implicações negativas para o dólar. Na visão do Julius Baer, o euro deve avançar neste contexto - devido a possível disparidade no aperto monetário do Fed e do Banco Central Europeu (BCE) - e pode subir a US$ 1,12 nos próximos meses. Por volta das 17h (de Brasília), o dólar caía a 132,73 ienes, o euro subia a US$ 1,1050 e a libra tinha alta a US$ 1,2527. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,48%, a 101,011 pontos.

Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o maior uso de moedas locais no comércio ao invés do dólar, durante sua viagem à China. Em coletiva, o diretor adjunto do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nigel Chalk, comentou que a proposta seria viável, mas exigiria muito investimento e aceitação para ser implementada. Chalk também afirmou que a proposta do novo arcabouço fiscal brasileiro é positiva à médio prazo e traz metas ambiciosas.

Entre as commodities, o cobre avançou cerca de 1%, impulsionado pelo dólar enfraquecido e por dados da balança comercial da China. O Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, em inglês) informou que a balança comercial registrou superávit de US$ 88,19 bilhões em março, o dobro do esperado por analistas. Em relatório, o TD Securities aponta que o dado também sinalizou uma forte demanda por metais industriais no país.

Apesar disso, o petróleo não conseguiu se beneficiar da melhora no apetite por risco e da fraqueza do dólar no exterior. Investidores de energia acompanharam a publicação do relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que levantou preocupações em relação aos reflexos do aperto monetário sobre a demanda dos EUA durante o verão americano. Hoje, o petróleo WTI para maio recuou 1,32% (US$ 1,10), a US$ 82,16 por barril, enquanto o Brent para junho caiu 1,42% (US$ 1,24), a US$ 86,09 o barril.

A Capital Economics avalia que o atraso nos efeitos do aperto monetário sobre a economia deve se tornar um peso maior sobre a atividade das economias mais desenvolvidas, provocando uma recessão na segunda metade do ano. Durante debate nas reuniões de primavera, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou que o crescimento global deve permanecer lento nos próximos cinco anos. Já o BMO aponta que o foco do mercado se mantém sobre a extensão das turbulências bancárias, com atenção voltada principalmente para os balanços corporativos.

Nesta sexta-feira, Wells Fargo JP Morgan e Citi divulgam seus resultados do primeiro trimestre de 2023. Segundo o estrategista de investimentos, Louis Navellier, investidores estarão de olho no guidance dos grandes bancos americanos e nas reservas de empréstimos. "Se esses bancos aumentarem suas reservas para perdas com empréstimos, eles assustarão os investidores", avalia Navellier. (Laís Adriana - [email protected]; André Marinho - [email protected])

CÂMBIO

Com redução das perdas nas últimas horas de negócios em meio à pressão compradora no mercado futuro, o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 13, em baixa de 0,31%, cotado a R$ 4,9262. Foi o terceiro pregão seguido de recuo da moeda americana no mercado doméstico, período em que acumulou desvalorização de 2,76%. Pela manhã e no início da tarde, a divisa - que fechou ontem abaixo de R$ 5,00 pela primeira vez desde 10 de junho de 2022 - chegou a furar piso de R$ 4,90, com mínima a R$ 4,8965.

Com a agenda doméstica esvaziada e a proposta de novo arcabouço fiscal já absorvida, os negócios foram guiados pelo exterior, onde o dólar perdeu força frente a moedas fortes e, principalmente, emergentes. O real, que liderou os ganhos entre seus pares nos últimos dias, hoje apresentou desempenho inferior a divisas como peso chileno, peso colombiano e o rand sul-africano, com altas de mais de 1% ante a divisa americana.

O resultado abaixo do esperado da inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) em março nos EUA ratifica a perspectiva de desinflação, embora ainda lenta, da economia americana atestada ontem pela leitura da inflação ao consumidor (CPI). Monitoramento do CME mostra que as chances de alta de 25 pontos-base da taxa básica em maio caíram da casa de 70% para cerca de 60%. Além disso, dados fortes da balança comercial chinesa reforçaram a leitura de recuperação rápida do gigante asiático, o que favorece moedas atreladas a commodities.

Para o economista-chefe do Instituto Finanças Internacionais (IIF), Robin Brooks, as movimentações do real estão mais ligadas às expectativas para a economia americana do que a questões domésticas. Ele observa que a alta o dólar de R$ 4,70 para R$ 5,50 entre junho e julho de 2022 ocorreu quando a inflação americana elevada pesava sobre divisas emergentes. "É por isso que o arrefecimento da inflação nos EUA agora é muito relevante. O real seguirá se fortalecendo", escreve Brooks, no Twitter.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, observa que houve nos últimos dias uma onda externa mais forte de baixa do dólar no exterior, com euro votando a ser cotado a US$ 1,10, que deu fôlego ao real. À redução da probabilidade de crise aguda no sistema financeiro americano, que trouxe alívio aos ativos de risco e fez o dólar se afastar de R$ 5,30, somou-se nos últimos dias um rearranjo da curva de juros dos EUA, na esteira de dados mais fracos de atividade e perda de fôlego da inflação.

"A percepção é que a atividade nos EUA vai desacelerar um pouco mais. O Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) não vai subir mais os juros para perto de 6% e o mercado já vê a chance de corte de juros neste ano. Isso acabou favorecendo as moedas emergentes", afirma Lima.

O economista acrescenta que, em sintonia com o ambiente externo mais favorável, houve diminuição do risco fiscal doméstico, embora ainda haja dúvidas sobre as premissas embutidas na proposta do novo arcabouço, que trará aumento de carga tributária. "Depois da aprovação da PEC da Transição, a percepção era de que o governo gastaria muito. E não se sabia a velocidade e o tamanho do gasto. A proposta do arcabouço não é tão boa como poderia ser, mas pelo menos vão discutir como fazer para fechar as contas", afirma Lima.

Em entrevista para a GloboNews hoje, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse que a proposta do novo arcabouço fiscal pode ir à votação 15 dias após o envio do texto à Casa, previsto para a próxima semana. Com elogios ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pelo "desprendimento" e a "forma cordata" de dialogar com o Congresso, Lira disse que a proposta chega maturada à Câmara e que precisa ser aprovada rapidamente para abrir espaço a debates como o da reforma tributária.

Em comentário sobre o cenário econômico, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, afirma que a combinação do novo arcabouço fiscal com juros reais elevados contribui para o movimento de apreciação da taxa de câmbio. "Achamos que ele deve seguir no curto prazo, mais preferimos aguardar maior visibilidade quanto às incertezas externas e locais para eventualmente alterar nossa projeção, que hoje está em 5,25", afirma. (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.92620 -0.3137 4.93960 4.89650

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4939.000 0.11148 4952.500 4906.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4969.000 -0.02012 4970.000 4969.000

BOLSA

Apesar de o dólar, hoje a R$ 4,92 no fechamento, ter continuado a refletir a melhora da percepção sobre inflação e juros aqui e nos Estados Unidos, o Ibovespa fez uma pausa na recente escalada que o elevou em seis mil pontos ao longo das três sessões anteriores, saindo dos 100,8 mil pontos no encerramento do último dia 6 para perto dos 106,9 mil no fechamento de ontem.

Hoje, a referência da B3 cedeu 0,40%, aos 106.457,85 pontos, entre mínima de 106.219,71 e máxima de 107.037,28 pontos na sessão, com abertura aos 106.889,71. Na semana, avança 5,59% e, no mês, 4,49%, reduzindo a perda do ano a 2,99%. O giro financeiro voltou a se enfraquecer hoje, após o vencimento de opções sobre o Ibovespa ontem, que o havia colocado perto de R$ 60 bilhões na quarta-feira - hoje, o volume ficou limitado a R$ 22,3 bilhões

No exterior, destaque nesta quinta-feira para o Nasdaq, em alta de 1,99%, em dia de leitura abaixo do esperado para a inflação ao produtor (PPI) nos Estados Unidos - em retração de 0,5% em março ante fevereiro -, o que estimulou o apetite pelas ações de "crescimento", mais sensíveis à perspectiva para os juros americanos. Os índices blue chip Dow Jones e amplo S&P 500 também foram bem na sessão, em alta respectivamente de 1,14% e 1,33% no fechamento em Nova York.

"Os dados do PPI confirmaram a impressão deixada pela última leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, também nesta semana, o que contribui para o viés de alívio à curva de juros, aqui e no exterior, e amparou ainda hoje, na B3, a demanda por 'small caps' [ações de menor capitalização de mercado], na contramão do Ibovespa, e por setores como os de varejo, construção e companhias aéreas [mais expostos a juros e câmbio, respectivamente]", aponta Lucca Ramos, assessor de renda variável da One Investimentos.

Na B3, apesar do ajuste negativo nos preços do petróleo, Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 1,17% e 0,70%, enquanto Vale ON cedeu 1,35%, após o minério ter recuado 3% nesta quinta-feira na China (Dalian). As ações de grandes bancos encerraram sem sinal único (Santander +1,14%, Bradesco ON +0,98%, BB ON -0,05%, Itaú PN sem variação). Na ponta do Ibovespa, destaque para MRV (+6,56%), Qualicorp (+2,79%), Copel (+2,62%) e 3R Petroleum (+2,58%). No canto oposto, BRF (-7,64%), Marfrig (-7,05%), Minerva (-6,47%), Totvs (-6,06%) e Assaí (-4,78%).

No exterior, o crescimento das exportações na China em março, de 14,8% ao ano, também surpreendeu positivamente o mercado, mas não foi o suficiente para impedir a leve realização vista nesta quinta-feira na B3, após alívio de 6% acumulado nas sessões anteriores pelo Ibovespa, observa Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

Em sinal positivo para os ativos brasileiros, anteontem, quando o Ibovespa fechou em alta de 4,29%, aos 106.213,76 pontos, no seu maior avanço diário desde o começo de outubro, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 1,084 bilhão na B3, para um giro financeiro de R$ 32 bilhões na sessão. Em abril, houve entrada de R$ 1,697 bilhão na Bolsa, até o dia 11, resultado de compras acumuladas de R$ 72,751 bilhões e de vendas a R$ 71,053 bilhões. Em 2023, o capital externo está positivo em R$ 10,190 bilhões na B3.

No noticiário doméstico, o projeto do novo arcabouço fiscal deve reforçar instrumento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que trata de compensação de medidas que criam renúncias e aumentam despesas de forma permanente, um desdobramento que, no meio da tarde, levou o Ibovespa a quase zerar perdas na sessão.

O Broadcast/Estadão apurou que o projeto deve prever que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) disporá sobre critérios de renúncia de receita para efeito de sustentabilidade do regime fiscal. Cada LDO, que é uma lei anual, deve trazer restrições específicas de renúncia para garantir a sustentabilidade do regime fiscal. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 106457.85 -0.40402

Máxima 107037.28 +0.14

Mínima 106219.71 -0.63

Volume (R$ Bilhões) 2.22B

Volume (US$ Bilhões) 4.53B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108330 -0.48686

Máxima 109395 +0.49

Mínima 108220 -0.59

JUROS

Os juros futuros encerraram a sessão com taxas de curto e médio prazo perto da estabilidade e as longas em queda. A perda de inclinação da curva foi pavimentada pelo cenário externo de maior otimismo sobre a política monetária do Federal Reserve, por sua vez apoiado no dado de inflação no atacado nos Estados Unidos bem abaixo do esperado. Ainda, indicadores robustos do comércio exterior da China favoreceram ativos de economias emergentes, com impacto na estrutura a termo não só pelo aumento da demanda na renda fixa brasileira como também ao jogar o dólar ainda mais para baixo ante o real, o que sugere melhora na dinâmica inflacionária. O leilão de prefixados, com lotes e risco menores para o mercado, também deixou de adicionar pressão sobre as taxas.

Com o desempenho hoje, apenas as taxas com vencimento a partir de 2030 ainda estão acima de 12%. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,16%, de 13,13% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,79% para 11,77%. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,74% para11,62%. A do DI para janeiro de 2029 terminou em 11,97%, de 12,14%.

O desenho da curva se definiu ainda pela manhã, a partir da reação dos Treasuries ao índice de preços ao produtor (PPI, em inglês), que caiu 0,5% em março, ante expectativa de estabilidade, no caso do dado cheio. O núcleo subiu apenas 0,1%, contra previsão de avanço de 0,2%. Na taxa anual, a inflação cheia desabou de 4,9% em fevereiro para 2,7% e o núcleo passou de 4,5% para 3,6%. As apostas de alta de 25 pontos-base no juro para a reunião do Federal Reserve em maio recuaram, mas ainda são majoritárias. As taxas longas chegaram a fechar quase 20 pontos, mas a partir de meados da tarde reduziram o ritmo, alinhadas às máximas dos rendimentos dos Treasuries.

A percepção de que o ajuste do Fed em maio pode ser o último do atual ciclo vem amadurecendo desde a semana passada, com dados do mercado de trabalho indicando esfriamento e com os números de inflação nesta semana abaixo do previsto, além da ata do Fed ontem mostrando que os diretores já trabalham com a ideia de uma recessão leve no fim do ano. "Parece não haver mais tanto estímulo a continuar elevando o juro", afirmou o economista do Banco Modal Rafael Rondinelli. Somado a isso, ele acrescenta que o IPCA de março e o arcabouço fiscal - "que dá um norte, embora ainda haja dúvidas" - ajuda a aliviar curva, mas que ainda segue bastante premiada na ponta longa.

Na mesma linha, analistas da MCM avaliam que a inflação cheia deverá seguir desacelerando no curto prazo ao redor do mundo, alimentando a ideia de que o pior em relação a preços e juros ficou para trás. "No Brasil, com a ajuda dos preços dos alimentos e, talvez, até mesmo da apreciação do real, o IPCA deverá encostar nos 4% ano/ano em junho, antes da voltar a subir no segundo semestre", disseram.

O dólar se firmou abaixo dos R$ 5 desde ontem - hoje fechou em R$ 4,92 -, acumulando três sessões de queda, o que traz boas perspectivas para a dinâmica inflacionária, sobretudo na questão dos combustíveis. "E há espaço para a moeda cair mais, dada a expectativa bastante positiva para a balança comercial em abril", comentou Rondinelli.

No que se refere à Selic, a percepção é de que não somente as próximas leituras de inflação têm de continuar melhorando, incluindo desinflação mais firme dos núcleos, mas também contagiando as projeções futuras, para então abrir espaço para um corte. "Ainda que Campos Neto tenha elogiado o arcabouço e reconhecendo a queda de inflação pelo IPCA, preços de serviços em 12 meses ainda estão em 7% e a taxa de desemprego no nível atual tende a manter a inflação pressionada", disse o economista.

"Enquanto a rigidez dos núcleos e, particularmente, dos preços dos serviços permanecer elevada, o espaço para afrouxamento das políticas monetárias tende a ser limitado", acrescentam os profissionais da MCM.

Tal contexto explica a lateralidade dos DIs de curto e médio prazos entre ontem e hoje, após cederam bastante depois do IPCA.

De todo modo, players que estão acompanhando as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, e seus eventos paralelos, chamam a atenção para o otimismo dos investidores com ativos de emergentes, sobretudo México e Brasil, com recepção positiva do arcabouço fiscal.

O diretor adjunto do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, Nigel Chalkm, afirmou hoje que, até agora, houve impacto limitado do estresse bancário nas economias desenvolvidas para América Latina e que a proposta fiscal brasileira é positiva no médio prazo e traz metas ambiciosas para o orçamento do governo.

Na gestão da dívida pública, o Tesouro reduziu o volume da oferta de LTN para 14 milhões esta semana, colocada integralmente, ante os 20 milhões da semana passada. No Twitter, o especialista em renda fixa Alexandre Cabral comemorou o resultado, destacando que a maior parte das taxas ficou abaixo de 12% e todas foram menores do que a referência da Anbima.

Nas NTN-F, o Tesouro ofertou 650 mil, mas vendeu apenas 300 mil, no vencimento de 2029, rejeitando propostas para 2033. "Volume fraco, após um excelente volume de semana passada. Nada que preocupe, mas espero que não vire tendência", escreveu. No leilão anterior, a instituição havia vendido 3 milhões de NTN-F. (Denise Abarca - [email protected])

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