A semana mais curta por causa da Sexta-Feira da Paixão termina com o mercado ansioso em relação aos rumos da economia dos Estados Unidos, após uma série de dados ao longo da semana mostrarem que é possível que esteja em curso a temida recessão decorrente do forte ajuste monetário do Federal Reserve. Neste sentido, eleva-se ainda mais a expectativa com os dados do relatório de emprego, que são publicados amanhã apesar do feriado. A mediana do Projeções Broadcast aponta desaceleração, dos 311 mil empregos gerados em fevereiro para 240 mil (mediana) em março. Desta vez, além de ser observado pela ótica inflacionária, o payroll será também um termômetro da atividade, possivelmente em desaceleração. Assim, houve queda dos juros dos Treasuries hoje e no acumulado semanal. O rendimento da T-note de 2 anos cedeu 21 pontos-base ante a sexta-feira passada, para 3,787%, enquanto o de 10 anos recuou quase 33 pontos, para 3,283%, ao redor das mínimas em seis meses. Tudo isso ocorreu a despeito da disparada do petróleo na semana (alta de 6,64% do WTI e 6,54% do Brent), marcada pelo corte de produção anunciado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). As bolsas de Nova York subiram na sessão e tiveram desempenho misto semanal - Dow Jones ganhou 0,01% hoje e 0,63% na semana; S&P 500 avançou 0,36% e caiu 0,10%, respectivamente; e Nasdaq saltou 0,76% no dia, mas cedeu 1,10% ante a sexta-feira passada. Aqui no Brasil, os juros futuros subiram hoje, reflexo do megaleilão do Tesouro e da repercussão negativa de falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central, mas a curva desinclinou na semana, com aumento discreto da ponta curta e queda do trecho longo. A Bolsa encerrou a semana aos 100.821,73 pontos, desvalorização diária de 0,15% e semanal de 1,04%. E o dólar, a despeito da alta hoje a R$ 5,0581 (+0,16%), cedeu 0,21% na semana e se manteve entre os melhores desempenhos das principais moedas globais.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
O sentimento de risco melhorou à tarde em Wall Street, ainda que com impulso contido, à medida que investidores se posicionam para o payroll amanhã. A recuperação de ações de tecnologia, liderada por Alphabet, forneceu fôlego aos índices S&P 500 e Nasdaq em Nova York, que se descolaram do Dow Jones. Os juros dos Treasuries, porém, continuaram pressionados por crescentes riscos de enfraquecimento da economia americana e de pausa no aperto monetário do Federal Reserve (Fed), em sessão abreviada na véspera de feriado. Entre as commodities, o petróleo avançou mais de 6% na variação semanal, sustentando ganhos registrados após decisão da Opep+. As negociações encerram uma semana mais curta sem novas turbulências no setor bancário, embora analistas tampouco descartem problemas à frente.
Na visão da Oanda, investidores do mercado acionário se abstiveram de um posicionamento mais contundente e evitaram grande exposição, tendo em vista a semana reduzida de negociações e como prevenção à uma possível alta surpresa na criação de empregos do payroll. A ação da Alphabet ganhou força ante pares de tecnologia, na esteira de notícias sobre o avanço da empresa no desenvolvimento de tecnologias sustentadas por tecnologia artificial (IA). Também no radar dos investidores, a Microsoft pagará mais de US$ 3,3 milhões em penalidades civis, como parte de um acordo firmado com o governo americano para encerra uma ação judicial. Com o fôlego dos papéis de tecnologia, o índice S&P avançou 0,36% e o Nasdaq subiu 0,76%, enquanto o Dow Jones teve alta marginal de 0,01%, .
A melhora no sentimento de risco, contudo, não ofereceu suporte aos retornos dos Treasuries, ainda pressionados pelo temor de enfraquecimento da economia americana. Os juros ficaram mistos em parte do dia, mas houve queda nos retornos, na véspera do payroll. O Julius Baer vê o mercado de Treasuries posicionado para uma leitura fraca de geração de empregos nesta sexta-feira, o que seria um argumento por juros mais baixos e menor pressão vinda dos salários, no médio prazo. O dado misto de auxílio-desemprego na semana não deu direção a esse mercado hoje, e James Bullard, do Fed, reafirmou a postura hawkish recente, além de reafirmar o foco dos reguladores em controlar eventuais novas turbulências bancárias, ao afirmar que mais medidas podem ser adotadas, se preciso. No horário do fechamento abreviado desse mercado hoje (15h de Brasília), o juro da T-note de 2 anos caía a 3,787%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,283% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,537%, apresentando queda expressiva na variação semanal.
Já o dólar chegou a receber fôlego após os dados de auxílio-desemprego, porém devolveu ganhos ao longo do dia, operando em volatilidade diante do quadro mais ameno nos mercados. Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar subia a 131,82 ienes, o euro tinha alta a US$ 1,0925 e a libra recuava a US$ 1,2444. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,03%, a 101,822 pontos, com recuo de 0,67% nesta semana.
Para o Goldman Sachs, a semana encerra mostrando sinais de estabilização no setor bancário, com desaceleração no fluxo de saída dos depósitos e bancos funcionando normalmente, apoiados por iniciativas de liquidez dos bancos centrais. No entanto, a Oxford Economics alerta que o corte na produção da Opep+, que suportou os preços do petróleo nesta semana, adicionam riscos de alta nas projeções de inflação. Neste pregão, o petróleo WTI para maio fechou em alta de 0,11% (US$ 0,09), a US$ 80,70 o barril, enquanto o Brent para junho fechou com ganho de 0,15% (US$ 0,13), a US$ 85,12 o barril. Na semana, as altas foram de 6,64% e 6,54%, respectivamente.
No noticiário, manifestantes franceses voltaram a protestar contra a reforma previdenciária e confrontaram a polícia, enquanto o presidente francês, Emmanuel Macron, manteve agenda de visita à China. (Laís Adriana e Gabriel Bueno da Costa - [email protected] e [email protected])
JUROS
Os juros futuros desaceleraram a alta ao longo da tarde e fecharam com avanço apenas moderado nos principais contratos, dada a escassez de gatilho para os negócios na segunda etapa da sessão. Os principais movimentos foram registrados pela manhã, determinados pelo volume grande de títulos prefixados ofertados no leilão do Tesouro e repercussão negativa da fala do presidente Lula sobre meta de inflação e indicação nas diretorias do Banco Central. Se hoje as taxas subiram ligeiramente, mas em bloco, na semana a curva desinclinou, com aumento discreto da ponta curta e queda do trecho longo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,26%, de 13,22% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 12,05%, de 11,96% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,01%, de 11,90%, e a do DI para janeiro de 2029 encerrou a 12,40%, de 12,29%.
Como nos últimos dias os prêmios vinham diminuindo em função da melhora do ambiente externo e da percepção fiscal após o anúncio do arcabouço, havia espaço para certa correção na curva, hoje disparada por alguns gatilhos, como o próprio ajuste no câmbio. Mas o principal deles foi o leilão do Tesouro, que ofertou 23 milhões de títulos - 20 milhões de LTN e 3 milhões de NTN-F - vendidos integralmente. Chamou a atenção especialmente o lote de NTN-F, papéis normalmente demandados pelo investidor estrangeiro, cuja participação nas ofertas há meses tem sido discreta.
Nas mesas de renda fixa, a leitura é de que a captação externa bem sucedida ontem do Tesouro abriu espaço para a instituição hoje testar o apetite dos investidores, especialmente os não-residentes - com títulos domésticos. A emissão do Global 2033 somou US$ 2,25 bilhões, com demanda de US$ 8,5 bilhões, o que permitiu reduzir o custo da operação. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o resultados desta primeira emissão externa do Tesouro em quase dois anos mostra que os investidores internacionais estão mais otimistas sobre o Brasil do que os residentes no País.
O lote de 3 milhões de NTN-F foi a maior oferta do papel desde fevereiro de 2022 (3,5 milhões). O especialista em renda fixa Alexandre Cabral classificou a operação como "histórica". "Esse recado começou ontem com o leilão de bond e se confirmou com o de hoje. Temporariamente ou de forma permanente: temos a volta de gringo!", comemorou, no Twitter.
Para a curva do DI, porém, o leilão tem impacto de alta nas taxas, em função das operações de hedge que protegem o investidor contra o risco prefixado, sobretudo pelo risco elevado dos lotes, que somou, em DV01, US$ 947,3 mil, ante US$ 530,3 mil na operação da semana passada, de acordo com a Warren Rena.
Além do leilão, o mercado reagiu mal às declarações do presidente Lula dadas em café da manhã com jornalistas, que ampliaram os receios de ingerência política sobre o trabalho da equipe econômica. Ele comentou declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que, para atingir a meta de inflação em 2023, a Selic teria que ultrapassar 20%. "É no mínimo uma coisa não razoável de ser dita", disse Lula. "Se a meta está errada, muda-se a meta", afirmou. Disse ainda que não ficará "brigando" com Campos Neto, uma vez que a instituição detém autonomia, mas lembrou que irá escolher dois indicados para ocupar a diretoria, referindo-se às de Política Monetária e de Fiscalização. "Novos diretores vão mudar de acordo com interesses do governo", disse.
Com as declarações, as taxas tocaram as máximas do dia, mas depois arrefeceram. Jefferson Lima, gerente da Mesa de Reais da CM Capital, explicou que a reação negativa posteriormente perdeu fôlego com o mercado priorizando a postura do ministro da Fazenda, cujas declarações nesta semana melhoraram a confiança com relação ao fiscal. "É o que acabou prevalecendo", afirmou. Hoje, em entrevista à BandNews, Haddad disse que o arcabouço fiscal irá exigir, mais do que permitir, a queda da taxa de juros.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, lembra que Campos Neto elogiou o esforço de Haddad e afirmou que a dívida pública não está em trajetória explosiva, mas para ele isso não significa necessariamente de que a regra fiscal repercutiu para reduzir as expectativas de inflação. "Além disso, não significa menor taxa de juros em maio ou em junho", disse. O economista avalia que uma pausa da taxa de juros nos EUA em maio aumentaria a chance de redução de 25 pontos-base da Selic no Copom de junho, mas, sem aprovação da nova regra no Congresso, o mercado seguirá com probabilidade ainda minoritária de corte do juro naquele mês.
Os mercados abrem a próxima semana já repercutindo o payroll de março nos Estados Unidos, que sai amanhã quando as bolsas não funcionam. Na terça, 11, a agenda traz o IPCA de março, para o qual a mediana das estimativas é de 0,77% (0,84% em fevereiro) e os agentes acompanharão ainda a tramitação da proposta do arcabouço que deve chegar à Câmara até terça-feira. (Denise Abarca - [email protected])
BOLSA
Com volume ainda mais reduzido do que as já enfraquecidas médias recentes, o Ibovespa encerrou a semana pré-Páscoa abaixo dos 101 mil pontos, em dia de movimentos mais acomodados também nas praças do exterior. Os investidores aguardam os dados oficiais sobre o mercado de trabalho americano em março, amanhã, quando não haverá negócios em Nova York e em diversas outras bolsas, especialmente na Europa.
Na expectativa para um 'payroll' considerado peça-chave para a próxima deliberação do Federal Reserve sobre juros, no início de maio, o Ibovespa fechou esta quinta-feira em baixa de 0,15%, aos 100.821,73 pontos, entre mínima de 100.442,96 e máxima de 101.627,96, saindo de abertura aos 100.977,85 pontos. O giro desta quinta-feira foi de R$ 16,9 bilhões. Na semana, o Ibovespa recuou 1,04%, após ter avançado 3,09% na anterior, quando havia quebrado uma sequência de cinco perdas semanais.
Em um cenário de desaceleração da atividade global, de juros ainda pressionados no mundo desenvolvido como no emergente, e de incertezas, no ambiente doméstico, quanto à forma como o governo sustentará um arcabouço fiscal construído sobre ampliação de receitas, não em corte de gastos, os descontos vão se acumulando na Bolsa sem perspectiva de recuperação no curto prazo, mesmo com diversas portas de entrada oferecidas por 'valuations' deprimidos.
Assim, neste começo de abril, até o dia 4, investidores institucionais e estrangeiros sacaram R$ 2,3 bilhões da B3, enquanto as pessoas físicas ingressaram com apenas R$ 100 milhões no intervalo, um volume de entrada bem tímido, considerando giro diário já muito enfraquecido quando contraposto às médias do ano passado.
Sem força compradora, o mercado observa níveis técnicos do Ibovespa, que desde o fim de março tem oscilado pontualmente para baixo dos 100 mil pontos. "O nível dos 100 mil é uma linha psicológica, mas o suporte importante é o dos 98,8 mil pontos que, se perdido, pode levar o Ibovespa aos 95,7 mil", diz Lucas Mastromonico, operador da renda variável da B.Side Investimentos.
"O dia foi de ajuste de posições por conta do feriado. Na Europa, contribuiu para desempenho positivo na sessão a produção industrial da Alemanha, em alta [de 2% em fevereiro ante janeiro]. No Brasil, os investidores continuam aguardando novos detalhes sobre o arcabouço fiscal e também sobre os passos do governo com relação a eventual mudança na política de preços da Petrobras. Sobre o arcabouço, o ministro Fernando Haddad tem insistido que as medidas implicam redução de juros", diz Judah Victor de Carvalho Nunes, especialista em renda variável da Blue3.
Na incerteza sobre a política de preços, as ações de Petrobras andaram, mas bem abaixo do ganho de 6% acumulado pelo petróleo na semana, aberta com um forte catalisador para os preços, de domingo para a segunda-feira: a confirmação de corte da produção pela Opep+, de mais de 1 milhão de barris/dia, em novo esforço coletivo do cartel para sustentar preços, afetados por perspectiva de desaceleração do ritmo de atividade econômica global.
Na B3, Petrobras ON e PN acumularam na semana ganho de 2,23% e 2,35%, respectivamente - hoje, a primeira fechou em baixa de 1,17% e a segunda, de 1,44%. A sessão foi negativa para outras referências das commodities, com Vale ON em baixa de 0,18% e perdas na siderurgia de até 0,88% (CSN ON). O dia foi ruim também para os grandes bancos, com Bradesco (ON -0,94%, PN -1,44%) à frente.
Hoje, em café da manhã com jornalistas, o presidente Lula disse que a mudança na política de preços da Petrobras ainda não está em discussão no governo. "A política de preços será discutida pelo governo no momento em que o presidente da República convocar o governo para discutir. Enquanto o presidente da República não convocar, a gente não vai mudar o que está funcionando hoje", afirmou.
Na ponta do Ibovespa na sessão desta sexta-feira, destaque para recuperação em alguns nomes do setor de consumo, que haviam cedido terreno no dia anterior, como Alpargatas (+5,04%) e Arezzo (+4,71%), ao lado de Lojas Renner (+4,94%) e 3R Petroleum (+4,84%). No canto oposto, Natura (-5,49%), Totvs (-4,08%), Méliuz (-3,26%), JBS (-2,50%) e Assaí (-2,43%).
O quadro das expectativas para o desempenho das ações no curtíssimo prazo manteve-se relativamente estável no Termômetro Broadcast Bolsa desta quinta-feira em comparação ao levantamento da semana passada. Entre os participantes, 62,50% têm a percepção de que a próxima semana será de ganhos para o Ibovespa, frente a 57,14% na pesquisa anterior. Os que esperam estabilidade, que eram 28,57%, agora são 25,00%. A fatia dos que preveem perdas caiu de 14,29% para 12,50%. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 100821.73 -0.15461
Máxima 101627.96 +0.64
Mínima 100442.96 -0.53
Volume (R$ Bilhões) 1.69B
Volume (US$ Bilhões) 3.34B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 101300 0.39146
Máxima 101715 +0.80
Mínima 100515 -0.39
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 6, em alta de 0,16%, cotado a R$ 5,0581, em dia marcado por perdas da maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Foi um pregão morno e de liquidez reduzida, com oscilação de apenas cerca de quatro centavos entre mínima (R$ 5,0415) e máxima (R$ 5,0831). Na semana, o real teve desempenho bem superior a de seus pares. A moeda americana caiu 0,21% por aqui, mas subiu na comparação com peso chileno, peso mexicano e rand sul-africano.
Segundo operadores, o dia foi de ajustes finos de posições e pouca disposição para apostas mais contundentes, com investidores adotando postura cautelosa na véspera da divulgação do relatório de emprego (payroll) nos EUA e de feriado de Páscoa, quando não haverá negócios no mercado local. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para maio teve giro deprimido, inferior a US$ 8 bilhões.
Após o dólar acumular baixa superior a 4% no ano e ter se aproximado do piso de R$ 5,00 em março, na esteira de arrefecimento do risco de crise no sistema financeiro americano e da apresentação da proposta de novo arcabouço fiscal, faltariam gatilhos para nova onda de apreciação do real. De outro lado, a taxa Selic elevada, em combinação com perspectiva de fim próximo do aperto monetário nos EUA, desencorajam carregamento de posições na moeda americana.
Pela manhã, queda abaixo do esperado nos pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA reforçou a percepção de que, apesar de sinais reiterados de desaceleração da atividade, o mercado de trabalho americano segue apertado, o que tem implicações inflacionárias. Depois do payroll amanhã, as atenções se voltam para o índice de preços ao consumidor (CPI na sigla em inglês) nos EUA e à ata do Federal Reserve, na quarta-feira, 12. Monitoramento do CME Group mostra investidores divididos entre manutenção e alta de 25 pontos-base dos FedFunds em maio, embora siga firme a expectativa de corte de juros ao longo do segundo semestre.
Operadores notam retomada do interesse do capital externo por ativos domésticos, em especial para a renda fixa. Hoje, o Tesouro Nacional vendeu oferta integral de 3 milhões de NTN-F, o papel público preferido pelo investidor estrangeiro, em operação que somou R$ 2,732 bilhões. Foi a maior oferta de NTN-F desde 3 de fevereiro de 2022.
"Apesar de falas de Lula contra o Banco Central, vemos um movimento de fluxo de estrangeiros para o país, com alternância de recursos da bolsa para os juros. Isso já está acontecendo faz algum tempo", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Por aqui, o mercado aguarda o envio do texto final da proposta do novo arcabouço fiscal à Câmara dos Deputados provavelmente na terça-feira, 11, enquanto monitora as pressões da ala política do governo contra a equipe econômica e o Banco Central.
Em café da manhã hoje com jornalistas, o presidente Lula voltou a criticar a gestão da política monetária, ao repetir é "incompreensível" taxa Selic em 13,75%, uma vez que não haveria "inflação de demanda". Lula evitou ataque direito a Roberto Campos Neto, dizendo que não quer ficar "brigando" com o presidente do BC, mas lembrou que o governo vai escolher dois novos diretores para a autarquia. "Novos diretores vão mudar de acordo com interesses do governo", afirmou Lula, para quem, se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta. "Vamos ter que encontrar um jeito para que o BC comece a reduzir a taxa de juros".
Pela manhã, em entrevista a BandNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o novo arcabouço fiscal vai exigir, mais do que permitir, a queda da taxa Selic. "Se as contas estiverem em ordem não tem por que existir juros tão altos", disse o ministro. "Penso que está havendo convergência entre a política fiscal e a monetária". Ontem, Campos Neto elogiou os esforços da Fazenda, avaliou a proposta de nova regra fiscal como superpositiva, mas repetiu que não há relação mecânica entre a aprovação do arcabouço e a redução dos juros.
"As falas de Lula e Haddad, na contramão do tom do BC ontem, podem ter trazido algum desconforto para o mercado, mas o clima já era de cautela com a expectativa pelo payroll", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, ressaltando que o comportamento da moeda americana lá fora está muito ligado ao temor de recessão, dada a piora dos indicadores de atividade econômica. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.05810 0.1624 5.08310 5.04150
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5071.000 0.01972 5102.000 5059.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5105.000 -0.13674 5120.500 5105.000