A disparada do petróleo, após o surpreendente corte de produção anunciado pelo grupo Opep+, seguiu no foco dos mercados internacionais e locais na etapa da tarde, mas já com visões mais decantadas. Se na primeira etapa de negócios o temor inflacionário predominava, à tarde o que emergiu foi a visão de que não necessariamente o salto será convertido em aumento de preços para a economia em geral. E, assim, voltou ao centro da discussão o debate em torno de dados fracos da economia dos Estados Unidos e suas implicações para movimentos futuros do Federal Reserve. De todo modo, a escalada do barril do Brent aos US$ 84,93 (+6,31%) e do WTI a US$ 80,42 (+6,28%) apoiou o setor de energia mundo afora, sustentando as altas de 0,98% do Dow Jones e de 0,37% do S&P 500. Os juros dos Treasuries caíram a 3,969% (2 anos) e 3,424% (10 anos). Aqui no Brasil, as ações da Petrobras (ON +4,76% e PN +4,43%) ajudaram a tirar um pouco de pressão sobre o Ibovespa na etapa da tarde. O índice conseguiu voltar à marca dos 101 mil pontos amparado pela estatal e demais petroleiras (3R +1,56% e Prio +3,88%), enquanto a maioria dos papéis tinha queda - dos 88 componentes da carteira teórica, 65 cederam hoje. Ao fim, o indicador acionário marcava 101.506,18 pontos, queda de 0,37%. Na mínima do dia, no fim da manhã, a baixa foi de 1,21%, aos 100.650,55 pontos. Nos juros futuros, passada a pressão da manhã, as taxas cederam à tarde, com o investidor à espera do envio ao Congresso do projeto com o novo arcabouço fiscal e de olhos atentos à entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews. As declarações do chefe da equipe econômica foram assimiladas entre neutras e positivas, o que, conjugado à queda dos Treasuries, levou à redução das taxas futuras. Haddad disse que "nunca" falou de alteração da meta de inflação e que está focado no momento em resolver primeiro a questão fiscal. O DI para janeiro de 2025 cedeu a 11,98%. No câmbio, a segunda-feira foi de ajustes pontuais, com alta de 0,05% no segmento à vista, a R$ 5,0709. Foi a primeira alta da moeda depois de uma sequência de seis pregões consecutivos de baixa, período em que acumulou desvalorização de 4,18%.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
Os temores de recessão, exacerbados após a divulgação de dados fracos da economia americana, ganharam mais espaço durante à tarde, deixando em segundo plano as preocupações de maior aperto monetário pelos bancos centrais após a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de cortar parte de sua produção. Assim, a segurança dos Treasuries voltou a ser procurada, enquanto o óleo saltou no mercado futuro. Com a alta da commodity, petroleiras garantiram os ganhos do Dow Jones e S&P 500.
O índice de gerentes de compras (PMI) da indústria americana caiu a 46,3 em março, na leitura do Instituto para Gestão da Oferta (ISM), ante previsão de 47,3. Já o PMI industrial do país medido pela S&P Global avançou a 49,2 em março, quando a expectativa de 49,3. Para o Wells Fargo, esses dados mostram que a atividade manufatureira nos Estados Unidos deve perder ainda mais ímpeto, e uma recessão deve surgir em breve. O Mizuho ainda comenta que os deslocamentos recentes no mercado bancário reviveram a perspectiva de recessão no segundo semestre, "apesar dos últimos dados reais do setor sugerindo que a economia se manteve muito bem diante de um aperto recorde do Fed".
"O aumento das taxas de juros no ano passado e o aperto nas condições de crédito causado pelas falências dos bancos estão causando um grande golpe nos gastos de capital, a força vital da atividade manufatureira doméstica", disse a Pantheon, um relatório.
Neste contexto, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 3,969%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,424% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,638%. A Capital Economics avalia que a decisão da Opep, de cortar parte de sua produção de petróleo, não impedirá que os rendimentos dos Treasuries caiam ainda mais ao longo do resto do ano, ainda que os preços do petróleo aumentem. De acordo com a consultoria, os cortes não deverão influenciar a política monetária ou a inflação e, portanto, nem os rendimentos de títulos do governo americano. A consultoria disse que os dados fracos do ISM de março são um prenúncio de mais indicadores econômicos fracos por vir - o que significaria que, fora do mercado de petróleo, as pressões desinflacionárias só ganharão mais força.
"Consequentemente, ainda esperamos que o Fed volte sua atenção para cortes de juros até o final do ano, mesmo que os preços do petróleo continuem subindo", afirmou. Hoje, a commodity avançou mais de 6% nesta sessão: na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio subiu 6,28% (US$ 4,75), a US$ 80,42 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve ganho de 6,31% (US$ 5,04), a US$ 84,93 o barril.
Com a alta do óleo, petroleiras tiveram seu rali em Nova York: ConocoPhillips (9,28%), Chevron (4,19%) e Exxon Mobil (+5,89%). O índice Dow Jones subiu 0,98%, aos 33.601,15 pontos, o S&P 500 avançou 0,37%, aos 4.124,50 pontos e o Nasdaq fechou em baixa de 0,27%, aos 12.189,45 pontos. No câmbio, o dólar avançava a 132,44 ienes, o euro avançava a US$ 1,0904 e a libra tinha alta a US$ 1,2418. Já o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, recuou 0,05%, aos 102,093 pontos.
No campo geopolítico, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, criticou hoje o corte de produção promovido pela Opep. "Não achamos que os cortes de produção são aconselháveis neste momento, dada a incerteza do mercado, e deixamos isso claro", comentou.
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BOLSA
O ganho acima de 4% para as ações da Petrobras na sessão foi o contraponto favorável na B3 ao inesperado corte de mais de 1 milhão de barris/dia na produção da Opep+, que havia sido antecipado no domingo, fora de encontro do cartel, e confirmado hoje em reunião do grupo - uma dinâmica que chamou a atenção do mercado, muito atento a sinais que possam resultar em pressão adicional sobre a inflação global, em cenário de juros já muito altos. Assim, fora do setor de petróleo, o dia foi majoritariamente negativo para outros carros-chefes da Bolsa, como as ações de grandes bancos, que cederam até 2,79% (Itaú PN) no fechamento. Com a restrição da oferta da commodity, os preços do petróleo subiram mais de 6% nesta segunda-feira.
O Ibovespa encerrou em baixa pelo segundo dia, hoje de 0,37%, aos 101.506,18 pontos, entre mínima de 100.650,55 e máxima de 101.915,71 pontos na sessão, em que saiu de abertura aos 101.883,21 pontos. O giro financeiro se manteve acomodado neste começo de semana, a R$ 21,7 bilhões. No ano, o Ibovespa cede agora 7,50%.
Em Nova York, a decisão da Opep elevou os preços de ações do setor de energia e ajudou o blue chip Dow Jones a fechar em alta de 0,98%, acompanhado de longe pelo índice amplo, o S&P 500, que avançou 0,37% nesta segunda-feira. Por outro lado, o Nasdaq, que reúne as ações do setor de tecnologia, as de "crescimento", mais expostas à perspectiva para os juros e o custo de crédito, cedeu hoje 0,27%.
"Os mercados globais tiveram um começo instável no segundo trimestre, devido ao plano surpresa da Opep+ de reduzir a produção de petróleo, que aumentou os temores de inflação elevada e fez com que os investidores reduzissem apostas em uma inclinação 'dovish' do Federal Reserve", aponta em nota a Guide Investimentos.
"Aqui, os juros futuros chegaram a subir durante o dia, mas depois passaram a cair, e o dólar ficou praticamente estável. O corte surpresa da Opep+, que vem depois de um período de mínimas para a commodity, foi a principal notícia neste começo de semana, com foco do mercado sobre fatores como custo de energia e fretes, que pressionam inflação. É preciso ver até onde vai esse aumento de preços", diz Matheus Willrich, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos, destacando ainda a agenda da semana, que culmina na sexta-feira com o relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em março, o 'payroll'.
"A decisão dos produtores da Opep+ em cortar a produção de petróleo vai dar suporte aos preços, contanto que o esperado aumento de demanda se materialize mais para o fim de 2023. Este corte ajudará a manter os preços acima de nossa faixa de preços de médio prazo, entre US$ 55 e US$ 75/barril", aponta em nota Elena Nadtotchi, vice-presidente sênior da Moody’s Investors Service.
Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para Petrobras ON (+4,76%) e PN (+4,43%) à frente de Prio (+3,88%), Natura (+2,80%) e Suzano (+2,74%). No lado oposto, Renner (-7,00%), Hapvida (-6,49%), Soma (-5,80%) e Marfrig (-5,12%).
Em desdobramento negativo nesta abertura de semana, a desaceleração do PMI industrial da China em março - ao nível neutro de 50,0 no mês - afetou em boa parte da sessão, ainda que em grau moderado, as ações da Vale, que viraram no fim do dia (ON +0,02%), contribuindo para reduzir as perdas do Ibovespa no encerramento. A sessão também foi parcialmente negativa para as ações de siderurgia, com destaque para CSN (ON -2,20%). Assim, em dia misto para as ações de commodities, expostas à demanda externa, o índice de materiais básicos fechou em leve alta de 0,37%, enquanto o índice de consumo, com exposição ao ciclo doméstico, recuou 2,23% nesta segunda-feira. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 101506.18 -0.36907
Máxima 101915.71 +0.03
Mínima 100650.55 -1.21
Volume (R$ Bilhões) 2.17B
Volume (US$ Bilhões) 4.28B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 101765 -0.13248
Máxima 102490 +0.58
Mínima 100860 -1.02
JUROS
Os juros fecharam a segunda-feira de lado, numa sessão de liquidez mais enxuta. Após a escalada do petróleo trazer desconforto pela manhã, à tarde houve alívio nos prêmios de risco tanto pela virada dos retornos dos Treasuries para baixo quanto pela leitura entre neutra e positiva da entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews. Além de tratar do arcabouço fiscal, o ministro abordou a questão dos debates sobre as metas, das trocas na diretoria do Banco Central (BC) e da condução da política monetária. As taxas chegaram a ensaiar um movimento mais firme de queda, mas que perdeu força no fechamento.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,22%, de 13,19% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,01% para 11,97%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,06%, de 12,07%, e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 12,48%, de 12,51%.
Os mercados amanheceram repercutindo a notícia de que a Opep+ decidiu reduzir a oferta de petróleo, mais tarde oficializada em 1,6 milhão de barris por dia, a partir de maio até o fim do ano para estancar a queda dos preços. Houve estresse nos ativos, dados os receios de que o risco inflacionário subisse a ponto de tornar a política monetária dos bancos centrais ainda mais hawkish. Os preços do petróleo dispararam 6%. A aposta de alta de juros pelo Federal Reserve em maio chegou a ser majoritária. Nesse contexto, os yields dos Treasuries subiam, carregando junto a curva local.
Porém, dados de atividade nos Estados Unidos abaixo do esperado no fim da manhã levaram as taxas das T-Notes a inverter o sinal para baixo, tornando também mais equilibradas as apostas para a próxima reunião do Fed. Com isso, a alta das taxas na B3 começou a perder fôlego até inverter para a queda, coincidindo com a entrevista do ministro. Nas mesas, a avaliação é de que as declarações ajudaram a diminuir um pouco os ruídos, embora persista a desconfiança de que o governo vá conseguir entregar as metas de primário estabelecidas no novo marco e melhorar a trajetória da dívida/PIB sem aumentar impostos.
Haddad voltou a negar tal ideia e reforçou que a receita será encorpada pela correção de distorções, combate à sonegação e enfrentamento de reveses tributários que o governo tem sofrido na Justiça. Não garantiu o envio da proposta ao Congresso esta semana. De acordo com ele, a equipe tem trabalhado no texto desde sexta-feira (31). "Se ficar pronto antes, enviamos até quarta-feira. Se não, mandamos na segunda-feira da semana que vem", afirmou.
Na longa entrevista, o ministro falou ainda que, se o arcabouço for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir em algum momento. "Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%", disse. Ao mesmo tempo, disse que é preciso estar pilotando o BC para fazer palpites. Ele ponderou, no entanto, que economistas renomados avaliam que, com quase 8% de juro real ou 6,5%, a depender do cálculo, há espaço para corte.
Os agentes viram como positiva especialmente a afirmação dele de que nunca discutiu sobre mudança na meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O ministro disse que, na sua avaliação, o "cronograma ideal" era resolver primeiro a questão da política fiscal. Após esgotar essa discussão, segundo ele, haverá uma abertura para debater a política monetária de forma mais "leve". Sobre as diretorias do BC que estão para ser preenchidas, afirmou ter levado ao presidente Lula cinco sugestões de nomes, mas negou que o chefe do Executivo tenha batido o martelo sobre os escolhidos.
Haddad tem reunião nesta tarde com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para tratar do arcabouço e "outros assuntos", classificada por ele como "dever de ofício". Afirmou que, apesar das visões distintas sobre a realidade econômica, no campo pessoal não tem problemas com o presidente da autarquia e que ambos sabem de suas obrigações institucionais.
As taxas chegaram a se firmar em queda durante a entrevista, mas num movimento com pouca sustentação. Para a economista Ariane Benedito, da Esh Capital, o alívio não teve caráter perene porque o mercado segue cético sobre a capacidade de geração de receitas a partir da estratégia da Fazenda. "A gestão das receitas segue em aberto. A tentativa de taxação de setores que hoje não pagam impostos é válida, mas a questão é como fazer isso. São muitas vertentes a se arrumar e etapas políticas a se cumprir. Talvez não dê tempo de surtir efeito. Este ano já sabemos que não tem como", afirmou.
Pela manhã, foi divulgada a pesquisa Focus, com resultados que mostraram que, até o momento, a apresentação do arcabouço fiscal não foi suficiente para melhorar as estimativas de inflação na pesquisa Focus. Em alguns casos, como a do IPCA para 2023, a mediana até subiu (5,93% para 5,96%). A projeção para 2024 manteve-se em 4,13% e a de 2025, em 4,00%. (Denise Abarca - [email protected])
CÂMBIO
Com trocas de sinais e oscilação contidas, de cerca de quatro centavos entre mínima (R$ 5,0415) e máxima (R$ 5,0820), o dólar encerrou a primeira sessão de abril em ligeira alta (+0,05%), cotado a R$ 5,0709, após ter recuado 2,99% em março. Foi o primeiro avanço da moeda depois de uma sequência de seis pregões consecutivos de baixa, período em que acumulou desvalorização de 4,18%. Segundo operadores, o dia foi marcado por cautela e ajuste de posições, com investidores refreando novas apostas enquanto ponderam os impactos da proposta de novo arcabouço fiscal e digerem indicadores externos.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes - chegou a ensaiar uma alta e superar pontualmente os 103,000 pontos, com preocupações inflacionárias diante da disparada do petróleo. A Opep+ anunciou, de forma inesperada, corte de produção de 1,66 milhão de barris por dia de maio até o fim de 2023. O contrato do Brent para junho subiu 6,31%, a US$ 84,93 o barril. Mas o índice perdeu fôlego e passou a maior parte da tarde em baixa, tendo rompido os 102,000 pontos na mínima, após dados fracos da economia americana (indústria e construção) suscitarem temores de recessão e espaço limitado para mais altas de juros pelo Federal Reserve.
Em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, o dólar teve comportamento misto. Caiu na comparação com moedas de países desenvolvidos como dólar canadense e australiano, mas avançou em relação a divisas latino-americanas, como peso mexicano e o dólar chileno, e ao rand sul-africano. A moeda brasileira, contudo, teve desempenho bem superior a de seus pares.
Analistas afirmam que a perspectiva de manutenção de taxa real de juros doméstica elevada, mesmo com provável corte da Selic a partir do segundo semestre, serve de âncora para o real. Além disso, a possibilidade de fim iminente do aperto monetário nos EUA deve manter o diferencial de juros interno e externo expressivo, estimulando operações de "carry trade".
"O aumento do risco de recessão nos EUA - que fará com que o Fed comece a cortar suas taxas neste ano - e o corte na produção da Opep+, com elevação dos preços do petróleo, estão colocando o Brasil de volta ao ponto ideal para os mercados", afirma, no Twitter, o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks. "Fiquemos quietos em relação ao nosso valor justo [de dólar] a R$ 4,50. Mas ele está voltando".
Para o analista de câmbio da corretora Ourominas Elson Gusmão, após a forte rodada de apreciação do real, investidores entraram em compasso de espera. "Por enquanto, a proposta do novo arcabouço, com aposta majoritária em aumento da receita, é apenas uma carta de boas intenções e os investidores ainda querem saber como isso vai ser realizado na prática", afirma.
Em entrevista à GloboNews hoje à tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, listou o que considera uma série de distorções tributárias e reveses jurídicos da receita, que - se revertidos - podem turbinar a arrecadação. Ele refutou a tese de que seria necessário aumento bruto da carga tributária para o governo zerar o déficit primário e passar a obter superávits.
Haddad disse que, qualquer que seja o parâmetro do arcabouço para o ano que vem, se houver arrecadação entre R$ 110,0 bilhões e R$ 150,0 bilhões, o déficit será zerado. "Não precisa aumentar e nem criar imposto para atingir esse objetivo. Basta cobrar de quem não paga", afirmou Haddad, citando que há hoje cerca de R$ 400 bilhões em incentivos fiscais. "Sabemos que há alguns privilégios que precisam ser cortados".
Embora tenha reafirmado que vê espaço para queda da taxa Selic, Haddad evitou entrar em rota de colisão com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com quem se encontra hoje a partir das 17h, ao dizer que nunca falou de "meta de inflação" e o ideal é resolver a questão fiscal primeiro. "Quando esgotar a discussão do fiscal, vai abrir discussão sobre [política] monetária mais leve."
Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, os fatores externos e internos não são favoráveis para as projeções de inflação e juros. "Do exterior, a nova trajetória do preço do barril e, no Brasil, um arcabouço fiscal que não é anticíclico e que depende da arrecadação. Estimamos até que o governo aumente a carga tributária se quiser cumprir a meta do primário" afirma Velho, para quem a eventual "precificação de menor espaço para queda da Selic em 2023 mantém o dólar inferior a R$ 5,20 no curtíssimo prazo". (Antonio Perez - [email protected])
18:02
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