A despeito das ponderações e críticas de especialistas em política fiscal em torno da proposta de arcabouço detalhada hoje pelo governo, os ativos domésticos tiveram uma jornada de ganhos firmes. A simples apresentação do texto já trouxe alívio ao investidor, especialmente por causa do aparente esforço para aprovar a medida rápido no Congresso bem como sinais de vitória da ala econômica sobre a política em alguns pontos da discussão. Dificuldades como o possível aumento da carga tributária ficaram em segundo plano. E ainda que a medida não dê espaço para um corte imediato da Selic, como quer o governo, a reação positiva dos ativos locais é um bom sinal para o canal de expectativas, balizador da política monetária. Neste ambiente, a curva de juros passou a embutir uma redução maior da Selic no próximo ciclo - a taxa no fim de 2024 projetada ontem era de 11,43% e hoje é de 11,30%. Entre os principais vértices do DI, a baixa ficou ao redor de 20 pontos-base. Bastante pressionada ao longo de março, a Bolsa emendou o quinto ganho seguido e terminou o dia aos 103.713,45 pontos, valorização de 1,89%. Dos 88 papéis que compõem o índice, 78 terminaram em alta hoje. No câmbio, foi também o quinto dia seguido de ganho para o real, que teve apoio também do fortalecimento de commodities no exterior. O dólar à vista cedeu 0,73%, aos R$ 5,0977, mantendo-se na menor cotação de fechamento desde 2 de fevereiro, marca conquistada ontem. No exterior, a subida forte de materiais básicos encontrou suporte tanto de um dólar menos pressionado hoje e comentários otimistas sobre a atividade econômica da China por parte de autoridades de Pequim. Na máxima, o Brent chegou a flertar com o nível de US$ 80 por barril. As bolsas de Nova York subiram, com ímpeto menor à tarde, dados sinais mais duros de dirigentes do Federal Reserve.
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JUROS
Os juros futuros fecharam a quinta-feira em baixa, refletindo essencialmente a reação à divulgação do novo arcabouço fiscal após semanas de espera. O teor da proposta não chegou a empolgar, mas determinados pontos, como o fato de incluir algum tipo de limitação para as despesas, inclusive com saúde e educação, foram bem recebidos, ainda que o mercado não tenha visto como factível a meta de estabilização da trajetória da dívida em relação ao PIB até 2026.
No geral, o marco foi considerado "otimista" do ponto de vista das receitas e outras premissas, como o crescimento do PIB. De todo modo, serviu para ampliar o orçamento de cortes na Selic na precificação das apostas na curva a termo. O Relatório de Inflação (RI) divulgado mais cedo e as entrevistas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor Diogo Guillen (Política Econômica) ficaram em segundo plano.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,17%, de 13,22% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,16%% para 11,96%. A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou a 12,05%, de 12,29% ontem, e a do DI para janeiro de 2029, em 12,50%, de 12,72%.
Após duas sessões de alta nas taxas, marcadas pela repercussão da ata do Copom e dos ruídos em torno do arcabouço, havia espaço para um ajuste nos prêmios de risco, hoje pavimentado pelo anúncio do nova regra. A reação inicial ao texto foi de volatilidade nos ativos, que posteriormente deu lugar à queda das taxas durante a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad
"O impacto foi positivo pelo fato de o texto ter finalmente saído e prever uma limitação de despesas, incluindo saúde e educação", comentou a economista da B.Side Investimentos, Helena Veronese. Para ela, a proposta "é bem intencionada", mas o ponto delicado é a estabilização da dívida, que só se viabilizaria, como sugere o texto, com crescimento forte do PIB, das receitas e com queda da Selic, além de juro neutro mais baixo. "O desenho macro é bom, mas os pressupostos são muito otimistas", diz.
Em linhas gerais, o arcabouço permite o crescimento real da despesa entre 0,6% a 2,5% ao ano, limitado a 70% do crescimento das receitas nos últimos 12 meses. O piso da enfermagem e o Fundeb ficarão de fora da regra de controle de gastos. As metas são zerar o déficit no próximo ano e alcançar superávits de 0,5% do PIB em 2025, de 1% do PIB em 2026 e estabilizar a dívida pública em 2026.
Sob a ponderação de que são necessários mais detalhes sobre o marco, o mercado vê como superestimada por exemplo a percepção sobre as receitas, ainda mais com a esperada desaceleração da atividade em função do aperto da Selic, que se viabilizaria então em caso de aumento de imposto. O ministro Haddad diz que as receitas subirão não com aumento da carga tributária, mas sim via correção nas distorções. "Isso demora. A questão é saber se haverá tempo hábil para esse ajuste a ponto de se concretizarem as metas da nova regra", diz Veronese.
Para o economista André Perfeito, o plano joga pressão sobre os políticos para rever os benefícios tributários concedidos caso queiram aumentar gastos. "É um movimento inteligente esse que busca 'justiça tributária' uma vez que o ajuste se dará não aumentando as alíquotas ou criando novos impostos, mas antes trazendo para o Fisco setores que estavam ou favorecidos ou completamente fora", afirma o economista.
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que o texto deve ser enviado ao Congresso antes da Páscoa e uma semana antes da entrega da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Mesmo com o RI e os dirigentes do BC na entrevista mantendo o tom duro do comunicado e da ata do Copom, cresceram as apostas de queda da Selic na curva do DI. Para maio, o consenso segue em torno da estabilidade, mas para o Copom de junho os 15 pontos de cortes precificados representam 60% de chance de redução de 25 pontos-base, para 13,50%. Para o fim de 2023, a curva projetava no fim da tarde nível de 12,31% (12,47% ontem) e no fim de 2024, de 11,10% (11,43% ontem). Os números são do Banco Mizuho.
O alívio com a apresentação da nova regra permitiu ao Tesouro ampliar a oferta de prefixados, com destaque para os títulos longos. O risco para o mercado (DV01) subiu de US$ 220 mil na quinta-feira passada para US$ 530,3 mil hoje. A instituição conseguiu vender integralmente o lote de 1,750 milhão de NTN-F, papel normalmente demandado por não-residentes. Das 12 milhões de LTN ofertadas, vendeu quase tudo (11,950 milhões).
BOLSA
Apesar de o arcabouço fiscal, nos termos em que foi apresentado na manhã de hoje no Ministério da Fazenda, ter sido recebido com alguma reserva, especialmente por parâmetros e pressupostos considerados um tanto otimistas por analistas econômicos, o dia foi de descompressão para os ativos brasileiros conforme se esperava, com reação favorável na Bolsa como também no câmbio e nos juros futuros.
Andando à frente de Nova York, onde os ganhos se limitaram a 0,73% (Nasdaq), o Ibovespa retomou a linha dos 103 mil pontos, em seu melhor nível de fechamento desde o último dia 16. Assim, reduz as perdas do mês nesta penúltima sessão de março a 1,16% - no ano, o índice cede 5,49%. Na semana, o avanço é de 4,94%.
Hoje, a referência da B3 oscilou na faixa de 101.795,79 a 104.085,40, máxima intradia desde 14 de março, para fechar aos 103.713,45 pontos, em alta de 1,89%, maior ganho em porcentual desde o último dia 8 (+2,22%), que o levou hoje ao melhor nível de encerramento desde 9 de março (105.071,19).
A recuperação desta quinta-feira se espalhou de forma ampla pelas ações e setores de maior peso no índice, com destaque para siderurgia (CSN ON +5,43%, Usiminas PNA +7,03%). Os grandes bancos tiveram ganhos entre 1,83% (BB ON) e 3,00% (Bradesco PN) no fechamento. Vale ON subiu 1,63%, enquanto Petrobras teve fechamento mais moderado, em alta de 0,29% para a PN e de 1,12% para a ON.
Na ponta do índice, ações de setores correlacionados ao ciclo doméstico, como Rede D´Or (+8,96%), Dexco (+8,57%), CVC (+8,28%) e Yduqs (+7,05%). No lado oposto, Natura (-2,08%), Minerva (-2,02%) e Hypera (-2,00%). Foi a quinta alta consecutiva para o índice da B3, a mais longa sequência positiva do Ibovespa desde os seis ganhos entre 4 e 11 de janeiro, no começo do ano. O giro financeiro ficou em R$ 24,0 bilhões na sessão.
"Sabíamos que a regra fiscal seria mais flexível que o teto de gastos, tentando incorporar o que o ministro [Haddad] chamou de as melhores facetas da Lei de Responsabilidade Fiscal e do próprio teto, com mecanismos de ajuste caso necessário. Regra agrada em um primeiro momento: há onde pisar agora, mesmo sabendo que não se está no melhor dos mundos. As expectativas vinham se alinhando de forma positiva, deve haver um apaziguamento no curto prazo", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
"O arcabouço veio em modo do 'é o que tem para hoje', dentro do que já vinha sendo anunciado. Não se falou nada em corte de gastos, mas em elevação, na medida em que se aumenta receita. Melhor 'feito' do que 'perfeito', e o mercado tenta digerir, fazendo conta", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
"Mercado gostou em um primeiro momento, desde ontem à noite, quando começaram a vazar algumas premissas", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos. "O modelo projeta zeragem de déficit [primário em 2024] e superávit [em 2025 e 2026]. Agora é aguardar detalhamento mais profundo do arcabouço, em nível técnico. Deu para ter noção do quadro geral e das principais características da proposta. É esperar agora o aprofundamento do arcabouço, que é positivo na margem, uma bússola para os gastos do governo nos próximos quatro anos."
"Muito importante observar também qual será a reação do Banco Central, como o colegiado vai incorporar essa nova regra em sua comunicação nas próximas decisões sobre juros", diz Moura.
Evento mais aguardado do dia, o anúncio do arcabouço fiscal deixou em segundo plano outro ponto alto da agenda da semana, o relatório trimestral de inflação, também divulgado pela manhã, no Banco Central. No documento de hoje, "ao não incluir o cenário com Selic constante, o BC criou uma situação na qual o relatório trimestral tem menos informação sobre os cenários de inflação do BC do que os últimos dois comunicados e atas do Copom", aponta em nota Darwin Dib, economista-chefe da Gauss.
Ele observa que no relatório desta quinta-feira, somente com o cenário de referência, as projeções de inflação usadas pelo BC consideram apenas a trajetória da Selic "extraída da pesquisa Focus". "Ou seja, não foi apresentada a trajetória de inflação no cenário alternativo, aquele com Selic constante, cuja (re)introdução na ata de fevereiro foi o estopim da crise entre governo Lula e RCN [Roberto Campos Neto]", acrescenta o economista.
"Ao não incluir o cenário com Selic constante, o BC criou uma situação na qual o relatório trimestral tem menos informação sobre os cenários de inflação do BC do que os últimos dois comunicados e atas do Copom", conclui Dib. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 103713.45 1.8871
Máxima 104085.40 +2.25
Mínima 101795.79 0.00
Volume (R$ Bilhões) 2.39B
Volume (US$ Bilhões) 4.68B
18:02
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 104425 2.01739
Máxima 104530 +2.12
Mínima 103030 +0.65
CÂMBIO
A apresentação da proposta de novo arcabouço fiscal e um ambiente externo favorável a divisas emergentes levou o dólar a emendar nesta quinta-feira, 30, o quinto pregão consecutivo de baixa, período em que acumulou desvalorização de 3,63%. Afora uma alta pontual pela manhã, em meio à fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a moeda operou em terreno negativo ao longo do dia. Entre mínima a R$ 5,0745 e máxima a R$ 5,1598, o dólar encerrou o pregão em baixa de 0,73%, cotado a R$ 5,0977. A divisa acumula queda de 2,92% na semana e de 2,44% no mês.
Termômetro do apetite por negócios, o contrato do dólar futuro para abril teve giro expressivo, superior a US$ 18 bilhões. Além de rearranjo de posições à luz do novo arcabouço, o volume pode ter sido turbinado pelo início da disputa pela formação da última taxa Ptax de março, amanhã, e pela rolagem de contratos.
"Embora não seja ideal, a proposta fiscal sinaliza ao mercado que o governo está preocupado com a trajetória da dívida pública. Pelo menos agora há um plano a ser seguido, o que tira um pouco de pressão sobre o dólar e os juros futuros", afirma o economista Bruno Mori, sócio-fundador da consultoria Sarfin, para quem ainda há espaço para o real se apreciar com a redução das incertezas. "Não fosse o ruído político causado pela transição de governo e as dúvidas sobre a nova configuração fiscal, o dólar poderia estar abaixo de R$ 5,00".
Como ventilado ontem, a proposta de novo arcabouço traz o objetivo de zerar o déficit primário em 2024 e de obtenção de superávits de 0,5% do PIB em 2025 e de 1% em 2026, com banda de variação de 0,25 ponto porcentual para cima e para baixo. O crescimento anual dos gastos estará limitado a 70% da variação da receita nos últimos 12 meses.
Se o superávit primário ficar abaixo da banda definida, o avanço das despesas será restrito a 50% do crescimento da receita. Caso o superávit fique acima do estabelecido, os recursos excedentes serão usados para investimentos, e não para amortização da dívida pública. Há uma banda de crescimento real da despesa primária entre 0,6% e 2,5% ao ano. A Fazenda soltou estimativas para a trajetória do endividamento público, considerando o superávit primário, crescimento do PIB e nível da taxa Selic.
Em apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou comentários mais detalhados sobre a proposta, mas disse que "parecia bastante razoável" e que "existe boa vontade da Fazenda em fazer um arcabouço robusto". Já o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, voltou a dizer que não há relação mecânica entre o processo de desinflação e a apresentação.
A maioria dos economistas ouvidos pelo Broadcast ao longo do dia mostraram ressalvas em relação ao novo arcabouço, como falta de meta para relação dívida/PIB, possível aumento da carga tributária e premissas muito otimistas para sustentar a obtenção de superávits. Não se espera redução significativa do risco fiscal nem impacto relevante na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre início de eventual ciclo de redução da taxa Selic.
Para o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, apesar de haver pontos sensíveis no novo arcabouço, o mercado digeriu de forma benigna a proposta porque reduz o nível de incerteza e, por tabela, os prêmios de risco. Com mais visibilidade do lado doméstico e passado o estresse em torno do sistema financeiro americano, que havia levado o dólar a superar R$ 5,30, a taxa de câmbio pode continuar rodando por volta de R$ 5,10 e até ensaiar uma descida para o nível de R$ 5,00.
"O rompimento de R$ 5,10 foi importante e acredito que a taxa está agora em um nível mais realista. Com a possibilidade de juro alto por mais tempo depois do comunicado duro do Copom e de o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) encerrar o aperto monetário, o diferencial de juros seguirá bem atrativo para o carry trade", afirma Rolha.
No exterior, o índice DXY - termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em queda ao longo do dia, abaixo da linha dos 102,200 pontos. O dólar também recuou em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em dia de alta do petróleo e de commodities metálicas. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.09770 -0.7322 5.15980 5.07450
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 5098.000 -0.79782 5162.500 5070.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5122.500 -0.65936 5185.000 5097.000
MERCADOS INTERNACIONAIS
Uma rodada de dirigentes do Federal Reserve (Fed) sinalizando que mais altas de juros são necessárias e que a instituição não deve cortar juros tão cedo não foi suficiente para apagar o ânimo dos mercados acionários de Nova York, que vêm sendo impulsionados pelo otimismo com o setor bancário. A Casa Branca pediu hoje para que reguladores desfaçam medidas adotadas pelo ex-presidente Donald Trump que abrandaram a supervisão de bancos. Já os rendimentos dos Treasuries subiram só na ponta curta, enquanto o dólar perdeu para a maioria das divisas rivais. O enfraquecimento do dólar, aliado com sinalizações do governo chinês de que a recuperação econômica está a pleno vapor, deram força às commodities, especialmente o petróleo.
O presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, disse que, caso a inflação persista, o banco central americano poderá reagir aumentando as taxas de juros ainda mais. Já a chefe da distrital de Boston, Susan Collins, destacou que prevê mais uma alta de juros, seguida de uma pausa no aperto monetário até o fim do ano. Collins ressaltou que, para desacelerar a inflação, o Fed provavelmente não deverá cortar juros até o fim de 2023. De Minneapolis, Neel Kashkari insistiu hoje na importância de conter a demanda, a fim de que a inflação não fique fora de controle nos Estados Unidos.
Mesmo esse tom nos comentários não foi capaz de ofuscar o otimismo advindo do setor bancário. "Os temores do mercado de um contágio mais amplo são limitados", disse o estrategista-chefe de investimentos da Raymond James Investment Management, Matt Orton. "O mercado está começando a se unir em torno do fato de que este não foi um evento de risco sistêmico. Foi muito idiossincrático e específico para questões de certos bancos", completa.
O governo americano pediu hoje para que reguladores desfaçam medidas adotadas pelo ex-presidente Donald Trump a fim de reduzir o risco de novas quebras de bancos. Uma das regras que Biden quer trazer de volta é o requisito de liquidez suficiente para cobrir saques esperados durante períodos de estresse para bancos com patrimônio entre US$ 100 bilhões e US$ 250 bilhões. Biden também quer que os supervisores retomem os testes anuais de estresse de capital, que durante o governo Trump passaram a ocorrer a cada dois anos.
Assim, o Dow Jones fechou com ganho de 0,43%, em 32.859,03 pontos, o S&P 500 subiu 0,57%, a 4.050,83 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,73%, a 12.013,47 pontos. "Parece um pouco de calmaria depois da tempestade", disse Viraj Patel, da Vanda Research, ao Wall Street Journal. "Muitas coisas aconteceram nas últimas semanas que estão mudando as suposições das pessoas sobre para onde vão os mercados, e onde estamos no ciclo de aperto", acrescenta.
Monitoramento do CME Group mostrava que as chances de o Fed manter seus juros básicos no atual nível de 4,75% a 5,00%, na reunião de maio, diminuíram para 49,5%. Ontem, ela era de 59,4%. Já a probabilidade de uma nova elevação de 25 pontos-base pelo Fed no começo do que vem aumentou na mesma comparação, de 40,6% para 50,5%. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,121%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,550% e o do T-bond de 30 anos caía a 3,744%.
Investidores também acompanharam uma rodada de dados dos EUA. O produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu ao ritmo anualizado de 2,6% no quarto trimestre de 2022 - abaixo da estimativa anterior e da projeção de analistas de alta de 2,7% em ambos os casos. Já os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiram 7 mil na semana passada, a 198 mil.
Com relação ao PIB, a Oxford Economics acredita que o crescimento "sólido" dele em 2022 dará lugar a uma recessão, prevista para acontecer no segundo semestre de 2023. "A recente turbulência no setor bancário afetará a economia principalmente por meio de padrões de empréstimos mais rígidos e uma redução na disponibilidade de crédito", indica a consultoria britânica. Neste cenário, na avaliação da Capital Economics, o dólar deve ganhar fôlego mais adiante, conforme economias avançadas entram em recessão e ocorre uma piora no sentimento de risco. O dólar recuava a 132,54 ienes, o euro subia a US$ 1,0910 e a libra tinha alta a US$ 1,2390. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,48%, a 102,144 pontos.
Entre as commodities, o petróleo WTI para maio fechou com ganho de 1,92% (US$ 1,40), a US$ 74,37 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para junho avançou 1,26% (US$ 0,99), a US$ 79,27 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Além da continuidade do enfraquecimento do dólar, o óleo foi beneficiado por falas do premiê da China, Li Qiang, que disse que a retomada econômica do país ganhou força em março, além de reafirmar compromisso com a abertura para o mundo. (Letícia Simionato - [email protected])