APESAR DE EXTERIOR RUIM, DIS CAEM COM OTIMISMO SOBRE ARCABOUÇO E INDICAM SELIC MENOR

Blog, Cenário

Se a cautela externa persiste, o tom mais otimista do mercado doméstico também, com os juros futuros emendando a quarta sessão de queda. E os motivos para isso, tanto lá quanto cá, são basicamente os mesmos que vêm ditando o rumo dos negócios nos últimos dias. No Brasil, o mercado continua com expectativas positivas sobre o novo arcabouço fiscal, que parece, de fato, estar caminhando. Hoje, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, encontrou seu par da Fazenda, Fernando Haddad, e disse que a regra fiscal "vai agradar a todos, inclusive ao mercado" e que o arcabouço é "preocupado com a responsabilidade fiscal, com o déficit primário, com estabilização da dívida/PIB", mas que atenderá a um pedido do presidente Lula, de que é preciso "ter recursos para os investimentos necessários". Para completar, circularam nas mesas de operações comentários de que os novos diretores do Banco Central devem agradar ao mercado. Todo esse conjunto antes do IPCA de fevereiro, amanhã, garantiu, além da nova rodada de retirada de prêmios da curva a termo, o aumento da precificação de corte de 0,25 ponto da Selic em maio, agora na casa de 40% de chances, com um ciclo total de ajuste de 250 pontos-base. Ao mesmo tempo, o dólar, que oscilou entre altas e baixas ante o real - e também em relação a várias outras divisas -, terminou praticamente estável, com leve valorização de 0,02%, a R$ 5,1413. Já na renda variável, por outro lado, o Ibovespa recuou 1,38%, aos 105.071,19 pontos, num movimento que ganhou força na hora final do pregão, diante da piora dos índices acionários em Wall Street. Mesmo assim, a perda da Bolsa brasileira foi inferior à verificada em Nova York. Por lá, pesaram o tombo dos papéis do setor financeiro e a expectativa pelo relatório do mercado de trabalho dos EUA, conhecido como payroll e que será divulgado nesta sexta-feira, bem como a persistência das apostas de que o Fed, diante da resiliência da economia, retomará a dose mais alta de aperto de 50 pontos este mês.

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

JUROS

Os juros futuros aceleraram a queda e renovaram mínimas ao longo da tarde, acompanhando a ampliação do recuo dos yields dos Treasuries e do otimismo sobre o arcabouço fiscal que deve ser apresentado nos próximos dias e que, segundo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, "vai agradar a todos, inclusive ao mercado". Em outra frente, cresceram também as expectativas de que os nomes para ocupar as diretorias de Política Monetária e Fiscalização do Banco Central, que já teriam sido encaminhados ao Planalto para análise do presidente Lula, serão de perfil técnico. Como resultado do rali, cresceram as apostas de queda da Selic em maio e também de orçamento do total de cortes do ciclo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,04%, de 13,08% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,40% para 12,23%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,56%, de 12,79%, e a do DI para janeiro de 2029 fechou em 12,95%, de 13,24%.

A quinta-feira marcou a quarta sessão seguida de queda das taxas, ainda refletindo a tentativa do mercado de precificar o que deve ser o novo arcabouço fiscal esperado para antes da decisão do Copom e que, no raciocínio dos agentes, pode abrir caminho para uma flexibilização na política monetária. "A Fazenda está trabalhando para enviar o arcabouço o mais rápido possível e, assim, pressionar o BC por alguma sinalização sobre corte de juros. O mercado antecipa os fatos", disse a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

Para ela, contudo, ainda é cedo para considerar a queda das taxas como tendência. "Ainda mais que amanhã temos IPCA e relatório do mercado de trabalho nos EUA. Esse movimento pode mudar no encerramento da semana", complementou. Para o IPCA de fevereiro, a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,78% e para o payroll, de criação de 220 mil vagas no mês passado.

Tebet se reuniu nesta quinta com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir o novo mecanismo fiscal que, segundo ela "vai agradar a todos, inclusive ao mercado" porque atende tanto o lado da preocupação em zerar o déficit fiscal e estabilizar a relação dívida/PIB, quanto garantir os investimentos necessários para o País voltar a crescer.

Na leitura do economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, as declarações "corroboram cenário de boas regras fiscais". "As indicações de que a sustentabilidade da dívida e a diminuição do déficit estarão contempladas são extremamente positivas", comentou, ressaltando a importância da complementação do desenho da regra, pela Fazenda, com as colaborações do Planejamento. Salto destaca ainda o compromisso com a responsabilidade fiscal como peça chave para a inflexão na política monetária, em contexto de uma fragilidade já bastante evidente nos dados de atividade econômica.

Na curva a termo, a precificação ainda aponta maio como o mês de início do ciclo de redução da Selic, mas as apostas de queda de 25 pontos-base na atual taxa de 13,75%, que ontem eram de 35%, hoje avançaram para 40%, enquanto as de manutenção caíram de 65% para 60%. O orçamento total de cortes, ontem de 210 pontos, hoje cresceu para 250 pontos. Os números são da BlueLine Asset.

A percepção de que o Copom deve antecipar o timing do afrouxamento dos juros se dá não somente mediante a entrega do novo marco fiscal, mas também pelos riscos percebidos no mercado de crédito, por sua vez penalizado pelo elevado patamar da taxa básica. De todo modo, ainda que o novo marco fiscal seja apresentado até a reunião de 22 de março, para este mês o consenso é de Selic estável, uma vez que as expectativas de inflação estão desancoradas antes as metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e dada a leitura de que os diretores devem, primeiramente emitir alguma sinalização do que poderá ser feito mais à frente antes de uma ação efetiva. "A curiosidade é pelo comunicado. Qualquer troca de vírgula pode mexer com os ativos", disse Abdelmalack.

Outro assunto que está no radar do mercado são as trocas nas diretorias de Política Monetária e de Fiscalização do Banco Central, com os mandatos de Bruno Serra e Paulo Souza tendo já expirado no fim do mês passado. No meio da tarde, circulou nas mesas de operação informação da Arko Advice de que os novos ocupantes "serão bem recebidos pelo mercado”. Os nomes já teriam sido encaminhados ao Planalto para a avaliação de Lula, "mas tiveram o aval tanto de Haddad quanto de Roberto Campos Neto".

Segundo apurou a repórter Célia Froufe, antes de o governo indicar os nomes para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), quer primeiro enviar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao colegiado e para "amansar" a oposição, evitando que se aproveite das críticas feitas por Lula para reprovar os indicados.

Pela manhã, o recuo das taxas era mais discreto diante do grande volume de prefixados ofertado pelo Tesouro no leilão, mas que teve boa demanda, especialmente nas LTN, cujo lote de 18 milhões foi vendido integralmente. A oferta de 1,250 milhão NTN-F foi parcialmente colocada (1,070 milhão). O risco para o mercado (DV01) foi de US$ 687 mil, bastante acima dos US$ 361 mil da semana passada. Com as operações de hoje, o Tesouro conseguiu emitir na semana R$ 36,91 milhões, de R$ 34,02 milhões na semana passada. (Denise Abarca - [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em meio a dificuldades de bancos regionais americanos, a liquidação de ações no setor financeiro puxou Wall Street para baixo ao longo da tarde e minguou o breve impulso que o avanço nos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA havia fornecido pela manhã. Afinal, o dado semanal é insuficiente para mudar a avaliação de um mercado de trabalho resiliente, à medida que investidores aguardam um direcionamento mais claro do payroll amanhã. Persistem, assim, as apostas de que o Federal Reserve (Fed) retomará a dose mais amarga de aumento de 50 pontos-base nos juros este mês. Com isso, as bolsas de Nova York e o petróleo fecharam em queda de mais de 1%, mas os rendimentos dos Treasuries devolveram os ganhos dos últimos dias e o da T-note de 2 anos perdeu a marca de 5%. Também em ajustes, o dólar se enfraqueceu ante rivais, embora tenha ficado misto frente a emergentes.

A decisão do Silicon Valley Bank de vender uma grande parte de seu portfólio, a um prejuízo de US$ 1,8 bilhão, levantou dúvidas sobre a solidez de bancos regionais americanos e contaminou todo o setor bancário em Nova York. Segundo cálculo do Wall Street Journal, os quatro principais bancos americanos - JPMorgan, Bank of America, Wells Fargo e Citigroup - perderam coletivamente quase US$ 50 bilhões em valor de mercado no pregão de hoje.

No fechamento, a ação do SVB desabou 60,41% em Nova York. Silvergate despencou 42,16%, após o banco com foco no mercado de criptomoedas encerrar operações e anunciar liquidação de ativos. Na esteira, Wells Fargo recuou 6,18%, Bank of America baixou 6,20% e Morgan Stanley cedeu 3,86%. O quadro amplificou a cautela persistente em relação à trajetória dos juros do Fed e derrubou os três principais índices acionários de Wall Street: o Dow Jones caiu 1,66%, a 32.254,86 pontos; o S&P 500 recuou 1,85%, a 3.918,32 pontos; e o Nasdaq cedeu 2,05%, a 11.338,35. "O mercado está focado em exatamente onde as taxas vão atingir o pico, e há um pouco de incerteza em torno disso", disse o estrategista de mercado global do JPMorgan Asset Management Mike Bell, de acordo com a Dow Jones.

O petróleo também capitulou à cautela vigente nas mesas de operações. O barril do WTI para abril negociado em Nova York recuou 1,23%, a US$ 75,72, e o do Brent para maio em Londres baixou 1,29%, a US$ 81,59. A inflação mais fraca que o esperado na China também compôs o cenário desfavorável a commodities, uma vez que põe em xeque a narrativa de que a reabertura impulsiona uma recuperação econômica forte. "Alguns otimistas podem esperar que a desinflação da China forneça algum alívio globalmente, mas não acreditamos que a China tenha sido um fator importante por trás da alta inflação do ano passado", dizem analistas do BBH.

Apesar disso, houve espaço para ajuste de posições no câmbio e na renda fixa, com apoio da alta nos pedidos de auxílio-desemprego na semana passada. O indicador suscitou esperanças de que o mercado de trabalho caminha para um enfraquecimento mais sustentado, o que pode aliviar pressões inflacionárias. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais fortes, encerrou a sessão em baixa de 0,33%, a 105,309, após ter atingido maiores níveis em dois meses na sequência de declarações do presidente do Fed, Jerome Powell. Já entre os Treasuries, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,880%, o da T-note de 10 anos, a 3,920% e o do T-bond de 30 anos baixava a 3,868%.

0 foco, agora, se volta à divulgação do relatório de emprego (payroll) de fevereiro dos EUA amanhã. De acordo com a mediana de estimativas do Projeções Broadcast, a expectativa é de que os EUA tenham criado 220 mil postos de trabalho no mês passado, o que representaria uma desaceleração após a forte geração de 517 mil vagas em janeiro. O ING, no entanto, adverte que as previsões estão associadas a um nível anormal de incertezas. "Diante disso, praticamente qualquer coisa poderia ocorrer neste relatório, com probabilidade elevada de volatilidade significativa no mercado nas horas e potencialmente dias na época do dado de emprego", acredita o banco holandês. (André Marinho - [email protected])

BOLSA

Em sessão negativa em Nova York, na véspera da divulgação do relatório oficial sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos (payroll), o Ibovespa devolveu parte da alta de 2,22% vista ontem, quando retomou o nível de 106,5 mil pontos em fechamento, no que foi seu maior ganho porcentual desde novembro. Hoje, oscilou entre mínima de 105.053,24 (-1,40%), bem perto do ajuste final, e máxima de 106.723,99, saindo de abertura a 106.539,92 pontos. Ao fim, mostrava baixa de 1,38%, a 105.071,19 pontos, com perda um pouco menor do que a vista em Nova York (Dow Jones -1,66%, S&P 500 -1,85%, Nasdaq -2,05%) e giro de R$ 32,2 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 1,16%, com leve ganho de 0,13% no mês - no ano, cai 4,25%.

Sem prover detalhes sobre a proposta, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse hoje, após almoço com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em que trataram do arcabouço fiscal, que o formato está alinhado à responsabilidade fiscal e que agora é "questão de colocar os números no papel". "Do lado orçamentário-fiscal, saímos muito satisfeitos", resumiu Tebet. "O mais importante: o arcabouço vai agradar a todos", disse a ministra, referindo-se também ao mercado financeiro.

"Há muita gente no governo falando sobre o arcabouço e a atitude do mercado tem sido a de esperar para ver. Está fácil vender Bolsa, mas difícil comprar mesmo com empresas muito descontadas, algumas precificadas a patamares de 2008. Com renda fixa oferecendo 14% ao ano, fica difícil convencer o investidor a tomar risco quando os juros se mantêm tão atrativos", diz Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, acrescentando que, mesmo nos dias com alguma recuperação de volume, como hoje, a Bolsa tem se mantido de lado, sem conseguir progredir. "Hoje, basicamente devolveu parte do ganho de ontem, quando tinha sido muito favorecida pela queda dos DIs."

Na B3, Azul (+18,95%) e CVC (+9,74%) seguiram na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira, ao lado de Dexco (+8,80%), após balanço, e de Gol (+9,15%). Pouco atrás entre as maiores vencedoras do dia, destaque na sessão para alta de 7,52% em Locaweb e de 6,38% em MRV, outra empresa a divulgar resultados trimestrais na noite anterior. No lado oposto do Ibovespa, forte correção em Hapvida (-33,56%), após a empresa ter divulgado na noite de ontem nota com esclarecimentos ao mercado sobre alternativas para fortalecer a estrutura financeira, com possibilidade de aumento de capital por meio de emissão de ações.

Do lado negativo do Ibovespa na sessão, destaque também para CSN (-8,06%), com resultados trimestrais considerados mistos, observa Luiz Adriano Martinez, gestor de renda variável e sócio da Kilima Asset. "Os fatores micro se sobrepuseram aos macro, num dia sem grandes novidades", acrescenta. Na sessão, ajustes negativos também para 3R Petroleum (-6,09%) e Petz (-7,09%). Entre as blue chips, Petrobras (ON -1,24%, PN -0,43%) ao fim não conseguiu evitar perdas, em dia de retração superior a 1% para o petróleo. Vale ON fechou o dia em baixa de 1,31% e, entre os grandes bancos, as perdas no fechamento da sessão chegaram a 2,17% (BB ON, mínima do dia no encerramento, assim como Unit do Santander Brasil, -1,35%).

"O ambiente nos mercados segue caracterizado por maior aversão ao risco, com investidores avaliando as chances de juro maior e, eventualmente, recessão nos Estados Unidos", aponta em nota a Guide Investimentos. "O BC americano segue muito dependente dos dados que estão para sair antes da próxima decisão, no dia 22. Após os últimos números de emprego e inflação terem superado estimativas, o relatório oficial de fevereiro (payroll), amanhã, e os dados de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) referentes ao mesmo mês, no início da semana que vem (dias 14 e 15, respectivamente), serão chave para calibrar as apostas do mercado no próximo movimento do Fed", acrescenta a casa.

Em Nova York, a aversão a risco piorou à tarde "após o Credit Suisse anunciar um atraso na publicação do relatório anual referente a 2022, por conta de um pedido dos reguladores do mercado de ações dos Estados Unidos por mais informações sobre demonstrações dos anos de 2019 e 2020 do banco", diz Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3.

Na agenda de dados domésticos, o Caged registrou a criação de 83,3 mil empregos com carteira assinada em janeiro, na série com ajustes, "uma retomada dos empregos formais após mais de 440 mil demissões em dezembro", observa o economista Rafael Perez, da Suno Research.

"No acumulado dos últimos 12 meses, houve a criação de quase 2 milhões de vagas. E quatro dos cinco grandes grupos de atividade econômica tiveram expansão no número de contratações, influenciada principalmente pelos setores de serviços, construção e indústria", acrescenta o economista, ressalvando que "apesar do dado positivo, nota-se uma desaceleração do mercado de trabalho, por conta do ciclo de alta dos juros e da perda de tração da economia brasileira nos últimos meses".

"O resultado do Caged de janeiro conta uma história parecida com a dos números da Pnad: apesar de um headline positivo, o mercado de trabalho está em franco desaquecimento. A criação de vagas já não alcança todos os setores e sequencialmente o saldo é cada vez mais baixo", aponta em nota a Terra Investimentos, que projeta, para a leitura de fevereiro, abertura de 333 mil vagas. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 105071.19 -1.37894

Máxima 106723.99 +0.17

Mínima 105053.24 -1.40

Volume (R$ Bilhões) 3.22B

Volume (US$ Bilhões) 6.27B

18:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 105920 -1.91684

Máxima 107975 -0.01

Mínima 105780 -2.05

CÂMBIO

Após recuo de 1,02% ontem, na contramão da tendência externa de valorização da moeda americana, o dólar teve um comportamento instável nesta quinta-feira, 9, com trocas de sinal ao longo do dia e oscilação de cerca de cinco centavos entre mínima (R$ 5,1099), pela manhã, e máxima (R$ 5,1592), à tarde. No fim do pregão, a moeda era cotada a R$ 5,1413, praticamente estável (+0,02%).

Segundo operadores, o mercado local foi dominado por movimentos para ajustes de posições e realização de lucros, com investidores se preparando para a divulgação amanhã do relatório de emprego (payroll) americano e do IPCA de fevereiro no Brasil. Dados fortes de emprego nos EUA podem ratificar a perspectiva alta mais expressiva dos juros pelo Federal Reserve. Por aqui, uma inflação corrente sem surpresas reforçaria a aposta em queda da taxa Selic a partir de maio, em meio a sinais de restrição do mercado de crédito e à absorção do novo arcabouço fiscal.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse hoje à tarde que a nova regra fiscal "vai agradar a todos, inclusive ao mercado". Após encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Tebet afirmou que o arcabouço é "preocupado com a responsabilidade fiscal, com o déficit primário, com estabilização da dívida/PIB, mas atendendo a um pedido justo do presidente da República" de que é preciso "ter recursos para os investimentos necessários para o país voltar a crescer". Tebet repetiu que a proposta, que ainda vai passar pelo crivo de Lula, deve ser divulgada ainda este mês.

Circularam informações de que os novos diretores do Banco Central devem agradar o mercado. Com aval de Haddad e do presidente do BC, Roberto Campos Neto, os nomes já teriam sido encaminhados para a chancela de Lula. A grande expectativa é sobre o substituto do diretor de Política Monetária, Bruno Serra.

"Tivemos um movimento muito acentuado de queda ontem, com a expectativa pelo novo arcabouço fiscal. Hoje foi um dia de ajustes técnicos com o mercado já se preparando para a agenda de amanhã", diz head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, ressaltando que é grande a expectativa para o payroll após as falas duras do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso americano nos últimos dois dias.

Mais uma vez, a liquidez foi reduzida, o que torna a taxa de câmbio mais suscetível a operações pontuais. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para abril movimentou pouco mais de US$ 10 bilhões. Dados da Warren Rena mostram que ontem os investidores estrangeiros reduziram posição "comprada" em dólar futuro em US$ 1,365 bilhão, enquanto os fundos locais elevaram sua posição "vendida" em US$ 545 milhões.

A combinação de mercado estreito com desmonte de posições defensivas por estrangeiros e aumento de apostas em queda do dólar pelos locais ajuda a explicar o desempenho positivo do real ontem, apesar da aversão ao risco no exterior. Segundo o operador sênior de renda fixa da Warren Rena, Luis Felipe Laudisio, o "nível do carry parece seguir animando os investidores", a despeito da perspectiva de taxas de juros terminais mais altas nos EUA.

No exterior, o dólar recuou frente a moedas fortes, devolvendo parte dos ganhos de ontem, e apresentou comportamento misto em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre pares do real, caiu frente ao peso chileno e o rand sul-africano, mas subiu na comparação com o peso mexicano.

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, observa que dados com aumento acima do esperado de pedido de auxílio-desemprego nos EUA, divulgados pela manhã, acabaram abrindo espaço para uma baixa do dólar frente a moedas fortes, após a arrancada provocada pelas declarações de Powell nas sessões anteriores.

"A grande expectativa agora é pelo payroll amanhã. Ontem, o Brasil descolou da alta do dólar com essa expectativa de que o arcabouço fiscal está andando, embora seja tudo ainda embrionário. Hoje, tivemos um pouco mais de volatilidade", diz Velloni, que ainda vê a taxa de câmbio oscilando na faixa entre R$ 5,08 e R$ 5,12. (Antonio Perez - [email protected])

18:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.14130 0.0233 5.15920 5.10990

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5194.500 0.49333 5195.500 5134.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5194.000 0.02355 5194.500 5194.000

Gostou do post? Compartilhe:

Pesquisar

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Categorias

Newsletter

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Posts relacionados

Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?