O último pregão de fevereiro foi de perdas para os ativos domésticos, em um dia de pregão morno no exterior e com os investidores, ao longo de todo o dia, em compasso de espera pelo detalhamento da reoneração dos combustíveis, que ocorreu apenas no fim da tarde. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou o impacto dos tributos sobre gasolina e etanol, além da cobrança de alíquota sobre a exportação de petróleo cru. Mas não foi exatamente isso que chamou a atenção. Ele aproveitou o anúncio para cobrar o Banco Central dizendo, entre outras coisas, que espera que a autoridade monetária reaja "da maneira prevista nas atas do Copom". "BC disse que reoneração é condição para redução da taxa de juros", sentenciou em determinado momento da coletiva, para completar: "Selic de 13,75% é insustentável". As palavras foram vistas como uma nova carga de pressão sobre o BC, algo desencadeado pelo presidente Lula e que gerou bastante estresse nos mercados ao longo de fevereiro. E não foi só. As ações da Petrobras aceleraram a queda e terminaram nas mínimas do dia, com perda de 4,39% no papel ON e de 3,48% no PN. Afinal, o ministro da Fazenda não apenas disse que será montado um grupo de trabalho "por maior transparência" na estatal, como questionou a redução de preços anunciada hoje pela empresa. "A Petrobras precisa ser transparente. Será que R$ 0,13 (por litro de gasolina) é o espaço que havia?". Com isso, os juros futuros recobraram boa parte dos prêmios devolvidos ontem, pressionados ainda pela oferta elevada de títulos no leilão realizado hoje pelo Tesouro. No mês, o balanço também é negativo, com ganho de inclinação da curva, em meio à desconfiança com a política fiscal doméstica, aos ataques do governo ao Banco Central - e à meta de inflação - e com a piora do ambiente externo, após indicadores econômicos sugerirem continuidade do aperto monetário - e a manutenção dos juros altos por mais tempo - por Fed e BCE. Esse cenário, aliás, responde por boa parte da valorização do dólar de 2,92% ante o real em fevereiro, em linha com o movimento global da divisa americana ante pares da moeda brasileira. Hoje, contudo, a alta de 0,34% do dólar no mercado à vista, a R$ 5,2250, ficou descolada do comportamento externo, com o mercado contaminado pelo fechamento da última Ptax do mês. A cotação do dólar futuro para abril disparou após as palavras de Haddad, com a cotação em R$ 5,2725. O Ibovespa, por sua vez, em um pregão de fraqueza externa, vinha em leve queda, até que acelerou as perdas no fim e teve recuo de 0,74%, aos 104.931,93 pontos, na mínima do dia. No mês, o principal índice da B3 cedeu 7,49% - maior perda desde junho passado (-11,50%) -, castigado pelas incertezas internas e externas. Lá fora, aliás, o dia majoritariamente negativo foi apenas uma extensão do que foi visto ao longo de fevereiro, com uma bateria de dados fortes em economias avançadas - e de declarações de dirigentes de BCs - sugerindo uma política contracionista por tempo maior e contrariando o otimismo anterior dos investidores em relação ao rumo dos juros. Não por acaso, todos os principais índices de Wall Street tiveram perdas no mês: S&P500 (-2,61%); Dow Jones (-4,19%); e Nasdaq (-1,11%).
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JUROS
Os juros futuros estiveram em alta firme ao longo de toda a terça-feira, devolvendo parte do alívio nos prêmios de risco exibido ontem. O mercado aguardou com certa apreensão o detalhamento da nova modelagem para a reoneração dos combustíveis. As explicações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vieram faltando poucos minutos para o fim da sessão e a reação da curva foi negativa, com parte das taxas renovando máximas, com comentários dele a respeito do Copom e da Selic. Outro destaque do dia foi a oferta atipicamente elevada no leilão de NTN-B, vendida integralmente, que também ajudou a puxar as taxas para cima. No balanço do mês, a curva fecha fevereiro com aumento da inclinação, refletindo especialmente a piora do ambiente externo e dúvidas sobre o cenário fiscal.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,37%, de 13,34% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,68%, de 12,59% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 12,81% para 12,97%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 13,34%, de 13,14%.
Na entrevista coletiva de Haddad, a parte relacionada à estruturação da reoneração em si acabou ficando em segundo plano e o que mais chamou a atenção foram as declarações relacionadas ao Banco Central. O ministro disse que a Selic em 13,75% é "insustentável" e que o BC teria dito que a reoneração era condição para redução das taxas de juros. "Esperamos que o BC reaja da maneira prevista na ata do Copom", cobrou.
As palavras foram lidas como tentativa de ingerência no trabalho do BC, num momento em que o mercado acreditava que a pressão sobre a autoridade monetária estava restrita ao presidente Lula e a integrantes do PT no governo. "A fala soa como o governo se metendo mais uma vez na política monetária", diz uma economista.
Ao longo do dia, a expectativa pela entrevista gerou bastante cautela, puxando as taxas para cima. "Tivemos um 'payback' de ontem basicamente pelas dúvidas sobre como será feita a reoneração dos combustíveis. Não está claro para onde o governo vai caminhando e o vaivém dos anúncios trouxe ruídos. Dado o adiamento da entrevista coletiva para as 19h, ninguém quis ficar muito direcionado", afirmou o economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel, no meio da tarde. Pela manhã, Haddad informou que daria entrevista às 17h, no início da tarde adiou para as 19h. No meio da tarde, a coletiva voltou para as 17h.
A Petrobras anunciou hoje redução nos preços da gasolina e do diesel, mas com pouco impacto sobre a curva, dada a cautela sobre qual seria o arranjo desdenhado para a volta da tributação de maneira a não pressionar inflação e manter a arrecadação de R$ 28,9 bilhões. A queda foi de R$ 0,13 para o litro da gasolina e de R$ 0,08 para o diesel. O recuo dos preços estaria respaldado na política de Paridade de Preços de Importação (PPI), uma vez que os preços internos estão acima dos praticados no mercado internacional. Mas, como segundo Haddad, a reoneração da gasolina será de R$ 0,47 o saldo líquido para a gasolina - que é o que importa para o IPCA - é de R$ 0,34. O aumento mantém o diferencial das alíquotas entre os dois combustíveis vigentes em 15 de maio de 2021, como previa a lei que garantiu a zeragem dos impostos no ano passado.
No leilão do Tesouro, foi vendida integralmente a oferta de 1,75 milhão de NTN-B, com risco em DV01 de US$ 1,265 milhão, muito acima dos US$ 260 mil da operação do dia 14, quando foram vendida 633.750 NTN-B, da oferta de 800 mil. Nas mesas de renda fixa, profissionais acreditam ter havido uma demanda específica para justificar o tamanho do lote, num momento em que o Tesouro tem encontrado dificuldades para emitir.
O especialista em renda fixa Alexandre Cabral destaca que os R$ 6,82 bilhões vindos da NTN-B foram o melhor volume do ano, mas as taxas ainda são elevadas. "Todas maiores do que a Anbima de hoje de manhã", escreveu, no Twitter. De acordo com ele, a da NTN-B 2040 (6,4584%) foi a maior do ano e a da NTN-B 2060 (6,4764%), a segunda maior do ano.
No leilão de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), o Tesouro vendeu todo o lote de até 1,5 milhão. Somadas as operações com NTN-B e LFT, o volume foi de R$ 26 bilhões. Só com a operação de hoje, o Tesouro arrecadou o que é considerada a média semanal necessária para manter o colchão de liquidez constante. O relatório mensal da dívida, divulgado hoje, traz que a reserva ao fim de janeiro caiu a R$ 953,39 bilhões, ante R$ 1,175 trilhão no fim de dezembro. (Denise Abarca - [email protected])
CÂMBIO
Após uma manhã de instabilidade e trocas constantes de sinal, o dólar à vista ganhou fôlego ao longo da tarde e encerrou a sessão desta terça-feira, 28, cotado a R$ 5,2250, em alta de 0,34%, na contramão da tendência de baixa da moeda americana frente a divisas emergentes pares do real. No mês, o dólar acumulou uma valorização de 2,92%, depois ter recuado 3,89% em janeiro. Com o mercado à vista fechado, o dólar futuro para abril acelerou bastante o ritmo de alta e fechou a R$ 5,272500, avanço de 0,72%, após ter registrado máxima a R$ 5,281500, em meio a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrando que o Banco Central reduza os juros.
Apesar do aumento dos ruídos políticos domésticos, com a escalada de ataques do presidente Lula ao BC ao longo do mês, a depreciação do real em fevereiro é atribuída, sobretudo, à onda de valorização da moeda americana no exterior. Uma série de indicadores da economia dos EUA, em especial de emprego e inflação, esfriaram apostas em interrupção iminente do processo de aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e em eventual corte de juros no fim de 2023.
Essa mudança de expectativas abalou moedas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre pares do real, peso chileno caiu quase 4% e rand sul-africano amargou perdas superiores a 5%. Peso mexicano foi uma das raras exceções, com ganhos acima de 2% ante o dólar, em razão da alta acima do previsto da taxa de juros pelo Banco Central do México (Banxico) neste mês.
"Houve uma mudança da perspectiva para a alta de juros, com perspectiva de economia americana ainda aquecida e inflação em um nível desconfortável", afirma o analista de mercado Eduardo Moutinho, da consultoria Ebury, que trabalha com mais três altas de juros nos EUA (em março, maio e junho). "Fevereiro foi um mês muito forte para o dólar no exterior, com recuperação das perdas de janeiro".
Na sessão desta terça-feira, operadores ressaltam que a formação da taxa de câmbio esteve refém em parte da disputa pela formação da última taxa Ptax de fevereiro, com a tradicional disputa entre "comprados" e "vendidos", e da rolagem de posições no mercado futuro, embora tenha havido também cautela diante do imbróglio dos combustíveis. A máxima da sessão, a R$ 5,2425 (+0,68%), se deu por volta das 13h30, e coincidiu com perdas fortes do Ibovespa, abalado pelo tombo das ações da Petrobras.
Após receber bem ontem a notícia da reoneração dos combustíveis, o mercado se acautelou hoje diante da redução de preços de gasolina e diesel pela Petrobras e, sobretudo, da notícia de provável mudança na distribuição de dividendos da companhia. Pela política atual que leva em conta o preço de paridade de importação (PPI), havia espaço para redução anunciada pela Petrobras. Há temores, contudo, de que o PPI seja abandonado e a empresa passe a arcar com subsídios nos preços dos combustíveis, tendo em vista declarações recentes de Lula.
Segundo o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, com o ambiente político conturbado, a volatilidade dos ativos domésticos está elevada. "Os investidores estrangeiros ainda buscam um pouco de equilíbrio para proteção dos recursos alocados aqui", diz Galhardo, ressaltando que o 'fogo amigo' contra Haddad aumenta as incertezas. "A volta da tributação dos combustíveis veio colada com o anúncio de redução de preços e dúvidas sobre o papel da Petrobras, o que favoreceu os 'comprados' hoje".
O mercado também operou na expectativa pela entrevista coletiva do ministro da Fazenda sobre combustíveis, com início marcado a partir das 17h, após, portanto, o fechamento do mercado à vita. Embora a volta de PIS e Confins sobre gasolina e álcool, vista como uma vitória parcial de Haddad sobre a ala política do governo, possa ajudar a reduzir o déficit neste ano, havia muita dúvidas sobre a modulagem da reoneração.
"Houve um componente técnico importante hoje para o dólar, por conta do fim do mês e da formação da Ptax. Mas a incerteza sobre como se dará a reoneração dos combustíveis e essa redução de preços pela Petrobras trouxe uma cautela para o câmbio", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
Declarações de Haddad em entrevista provocaram desconforto nas mesas de operação e levaram o dólar futuro para abril a acelerar o ritmo de alta e renovar máximas. O ministro disse que a reoneração de tributos federais da gasolina será de R$ 0,47 centavos e, do etanol, de R$ 0,02 centavos. Haverá também aplicação de imposto de importação sobre óleo cru por quatro meses, para assegurar arrecadação de R$ 28 bilhões previstos no pacote anunciado pela pasta.
As atenções se voltaram, contudo, à fala do ministro sobre a política monetária. Segundo Haddad, o BC teria afirmado que a reoneração era "condição para redução de taxa de juros". Mais: o ministro disse que esperar que o BC "reaja da maneira prevista nas atas do Copom" e que taxa Selic de 13,75% "é insustentável". Antes visto como anteparo às pressões do presidente Lula sobre o BC, Haddad parece fazer coro agora com a ala política do governo no ataque à gestão da política monetária. (Antonio Perez - [email protected])
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.22500 0.3418 5.24250 5.17990
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5207.500 0.02881 5224.000 5185.500
DOLAR COMERCIAL 5272.500 0.71633 5281.500 5213.500
BOLSA
O Ibovespa balançou em ambas as direções ao sabor do grau de inclinação em Petrobras (ON -4,39%, PN -3,48%, ambas nas mínimas da sessão no fechamento) e encerrou o dia no menor nível desde 3 de janeiro, abaixo dos 105 mil pontos. Até as aguardadas explicações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a reoneração dos combustíveis - que se fizeram acompanhar de mais pressão sobre o BC e o nível da Selic, na coletiva deste fim de tarde, e também na Petrobras, da qual se exigiu "mais transparência" -, o Ibovespa mostrava leves perdas, até 0,47%, quase no encerramento do dia.
Ao fim, a referência da B3 sinalizava piso da sessão no fechamento, em baixa de 0,74%, aos 104.931,93 pontos, saindo de máxima, mais cedo, aos 106.793,71 e de abertura aos 105.705,79 pontos. O giro, que se mantinha bem moderado como nas últimas sessões, fortaleceu-se no fechamento, aos R$ 29,9 bilhões. Em fevereiro, o Ibovespa teve perda de 7,49%, no que foi seu pior desempenho desde junho passado (-11,50%). Em janeiro, o índice tinha subido 3,37%. No ano, recua agora 4,38%.
O anúncio de redução, a partir de amanhã, nos preços da gasolina e do diesel já afetava o humor dos investidores, antes de Haddad. Mais cedo, por outro lado, as ações de Petrobras reagiam positivamente à divulgação de indicações de candidatos a membros do conselho de administração da empresa, parte dos quais com perfil técnico, o que agradou ao mercado, observa Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. O sinal trazia então um viés mais favorável para a política de preços da estatal, no momento da reoneração dos combustíveis e das tratativas sobre a criação de um "colchão" para estabilização de preços.
"Há uma margem para essa redução de preços anunciada para os combustíveis, e o governo precisa recompor receitas, o que justifica a reoneração. Não parece que haverá uma mudança radical na política de preços (da Petrobras)", contrapõe Rodrigo Jolig, diretor de investimentos e co-CEO da Alphatree Capital. Para Jolig, a preocupação maior continua a ser o cenário externo, em que permanecem as dúvidas quanto à extensão do ciclo de elevação dos juros de referência nos Estados Unidos, o que afeta o apetite por renda variável em escala global.
"Muito difícil concorrer com uma taxa de Fed fund que pode chegar a 5,5% ou mesmo 6% ao ano, sem qualquer perspectiva de corte em 2023. Tem muita gente que jamais viu isso, habituada a juro americano no máximo a 2%. Num ambiente assim, difícil para a renda variável sair do 'rema-rema' que se vê agora, e isso no mundo todo", acrescenta Jolig.
Assim, com foco total nos juros americanos, a abertura de ano marcada pela retomada de fluxo estrangeiro para a B3, com entusiasmo então sobre a reabertura econômica da China pós-política de Covid zero, dá lugar agora à saída de recursos externos, que haviam vindo para cá pela exposição da Bolsa brasileira a commodities. Somam-se a isso, no quadro doméstico, a expectativa para o anúncio, até o fim de março, do novo arcabouço fiscal e as movimentações do começo de governo, em que pressões sobre o BC e o nível da Selic, bem como o das metas de inflação, deram o tom.
"Ontem, a curva de juros havia respondido a um ambiente político que parecia mais balanceado entre as alas do governo com a reoneração dos combustíveis, mas permaneceram questões em aberto, ainda não muita claras", sobre as quais o mercado aguardava esclarecimento na entrevista coletiva deste fim de tarde do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, observa Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez. Lá fora, por sua vez, segue em curso a "reprecificação de risco por conta dos últimos dados de inflação e emprego nos Estados Unidos, quanto à duração e intensidade do aperto de juros" na maior economia do mundo, acrescenta Lucci.
Dessa forma, considerando a falta de 'drivers' domésticos e externos para induzir uma retomada na Bolsa, no momento em que os preços dos ativos seguem baixos por aqui, a "perspectiva de curto e médio prazo para o Ibovespa não é boa", observa Lucci, lembrando que, no cenário interno, a atenção segue concentrada também no fiscal. Assim, caso surja até o fim do mês uma "âncora fiscal crível e efetiva, e que o mercado entenda que haverá um esforço de estabilização da relação dívida/PIB nos próximos anos", tal desdobramento pode ajudar a Bolsa.
Em dólar, o Ibovespa encerrou o ano passado, no dia 29, aos 20.783,06. Em forte retração nas duas primeiras sessões de 2023, foi aos 19.105,61 pontos, com o dólar à vista atingindo no encerramento do dia 3 de janeiro o maior nível desde julho, na casa de R$ 5,45 - no fechamento de 3 de janeiro, o Ibovespa foi a 104.165,74. Hoje, a moeda americana fechou em alta de 0,34%, a R$ 5,2250, de forma que, em dólar, o Ibovespa fechou o mês de fevereiro em 20.082,66 pontos, após ter encerrado janeiro aos 22.343,36 pontos.
Na ponta do Ibovespa nesta última sessão do mês, destaque para Embraer (+3,17%), Suzano (+3,02%), Dexco (+2,68%) e Klabin (+2,37%), com PetroRio (-9,04%), Pão de Açúcar (-7,17%), CVC (-7,06%) e 3R Petroleum (-6,97%) no canto oposto. Entre as blue chips, Vale (ON +0,33%) e Gerdau PN (+1,52%) avançaram na sessão, apesar do sinal ainda negativo para o minério de ferro na China. Entre os grandes bancos, não houve direção única nesta terça-feira, com destaque, por um lado, para BB (ON +0,93%) e, por outro, para Santander Brasil (Unit -1,60%). De forma geral, as ações que subiam limitaram ganhos durante a entrevista de Haddad e as que caíam, amplificaram perdas, definindo o fechamento do Ibovespa na mínima do dia. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:29
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 104931.93 -0.73703
Máxima 106793.71 +1.02
Mínima 104931.93 -0.74
Volume (R$ Bilhões) 2.98B
Volume (US$ Bilhões) 5.73B
18:33
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 105750 -1.09428
Máxima 108250 +1.24
Mínima 105700 -1.14
MERCADOS INTERNACIONAIS
A sessão desta terça-feira foi marcada pela volatilidade, à medida que investidores operaram com os olhos atentos a dados fracos de índice de gerentes de compras (PMI) e confiança do consumidor dos EUA e a comentários do Federal Reserve (Fed) sobre os próximos passos de aperto monetário da entidade. Presidente do BC americano de Chicago, Austin Goolsbee, alertou hoje que é perigoso confiar demais na reação do mercado para decisões monetárias. Hoje, por exemplo, o mercado foi cauteloso em Wall Street, com o Dow Jones liderando as perdas, ao ser pressionado por perdas de papéis do Goldman Sachs e Merck. Por outro lado, os Treasuries na ponta curta e o índice DXY subiram, assim como o petróleo, que recebeu apoio da queda da produção americana informada pelo Departamento de Energia (DoE).
"A percepção crescente até fevereiro foi de que, na verdade, a economia dos EUA não está respondendo suficientemente aos aumentos do Fed", disse a estrategista-chefe global da Principal Asset Management, Seema Shah, ao The Wall Street Journal. "E isso significa que o mercado de trabalho continuou a se contrair e que, como resultado, as pressões inflacionárias ainda estão quentes e pesadas e simplesmente não devem desacelerar", completou.
Porém, indicadores da economia americana divulgados hoje foram na contramão disso: O índice de gerentes de compras (PMI) do Instituto para Gestão da Oferta (ISM) de Chicago caiu a 43,6 em fevereiro, ante previsão de 45,0. Já o índice de confiança do consumidor do Conference Board recuou de 106,0 em janeiro a 102,9 em fevereiro, sendo que a expectativa era de alta a 108,5. Os dados fracos ajudam a reforçar a perspectiva de que o Fed pode não ser tão agressivo no ritmo de altas de juros. A Oxford Economics, por exemplo, avalia que a queda no índice de confiança do consumidor mostra que a economia "perde seu vigor", afirmando que um aumento na taxa de juros de 25 pontos-base (pb) em maio é "altamente provável". Goolsbee, por sua vez, comentou que "é perigoso demais confiar em reações do mercado" para tomar decisões de política monetária.
No fechamento, o Dow Jones caiu 0,71%, a 32.656,70 pontos - pressionado pelas quedas da Merck (-2,87%), que informou problemas na pesquisa para o desenvolvimento de um medicamento contra o câncer, e do Goldman Sachs (-3,80%), após o CEO do banco, David Solomon, sugerir que a instituição financeira considera "alternativas estratégicas" para o braço voltado a consumidores da empresa. Já o S&P 500 perdeu 0,30%, a 3.970,15 pontos, e o Nasdaq teve queda de 0,10%, a 11.455,54 pontos. No mês, as quedas foram de 4,2%, 2,6% e 1,1%, respectivamente.
No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,803%, o da T-note de 10 anos tinha queda a 3,914%, e do T-bond de 30 anos cedia a 3,917%. O dólar recuava ante 136,16 ienes, o euro tinha queda a US$ 1,0584 e a libra cedia a US$ 1,2039. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, avançou 0,19%, a 104,869 pontos, representando aumento de 2,71% na variação mensal.
O dólar canadense se desvalorizou frente ao dólar dos EUA, após a publicação do Produto Interno Bruto (PIB) do Canadá, que ficou estável no quarto trimestre de 2022, na leitura anualizada, quando analistas previam alta de 1,6%. Assim, o dólar americano subia a 1,3643 dólar canadense, sendo que no fim da tarde de ontem, o dólar dos EUA era negociado a 1,3581 dólar canadense. O CIBC afirma que os resultados apoiam a pausa atual no aperto de juros pelo Banco do Canadá (BoC, na sigla em inglês).
No caso da América Latina, a S&P Global acredita que bancos centrais da região podem precisar manter juros básicos altos por mais tempo para controlar a inflação. A projeção é que os juros dos BCs não devem retornar ao nível pré-pandemia pelos próximos três anos.
Entre as commodities, o petróleo fechou em alta, ajudado pelo relatório do Departamento de Energia (DoE), que mostrou recuo de 12,377 milhões de barris por dia (bpd) em novembro para 12,101 milhões de bpd em dezembro. Além disso, a perspectiva de que o avanço da reabertura da China aumente a demanda pela commodity continua no pano de fundo. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril de 2023 fechou em alta de 1,81% (US$ 1,37), a US$ 77,05 o barril, enquanto o Brent para maio, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 1,79% (US$ 1,41), a US$ 83,45 o barril. No mês, entretanto, o WTI teve queda de 2,30% e o Brent, de 1,24%.
(Letícia Simionato [email protected])