Ainda com a agenda esvaziada e numa semana encurtada pelo carnaval, o que tem resultado em liquidez enxuta, os ativos domésticos mostraram volatilidade, acompanhando, em sua maioria, o desempenho dos pares no exterior. Em meio a isso, o Ibovespa abriu em alta, virou para o negativo com as bolsas de Nova York, após novos indicadores mostrarem resiliência da economia dos EUA, até terminar com pequeno avanço de 0,41%, aos 107.592,87 pontos, puxado por Petrobras e colado no pequeno fôlego demonstrado pelos índices acionários de Wall Street na reta final. Por lá, após o desempenho fraco dos últimos dias, os investidores decidiram tomar um pouco de risco na hora final de negócios, sobretudo em papéis de tecnologia, antes do PCE, medida de inflação favorita do Fed, amanhã. Além disso, o petróleo subiu, amparado por expectativas positivas em relação à demanda. O câmbio também não escapou do vaivém, com as moedas de exportadores de commodities e de alguns emergentes ganhando fôlego nesse ambiente mais ameno no fim do dia. Mas o real foi além e liderou o desempenho positivo entre os emergentes, com a moeda americana recuando 0,64% ante a local, a R$ 5,1356 - menor valor desde 2 de fevereiro. Na renda fixa, sem novos embates entre governo e Banco Central ou novidades em relação ao arcabouço fiscal, houve alguma devolução de prêmios no começo do pregão, mas os juros futuros logo se reaproximaram dos ajustes e por lá ficaram, com o mercado guardando certa cautela antes do PCE nos EUA e do IPCA-15 por aqui.
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BOLSA
Com volume ainda fraco, um pouco acima da meia sessão de quarta de cinzas, o Ibovespa acompanhou o sinal predominantemente negativo de Nova York ao longo da tarde, mas, com a virada e melhora por lá, conseguiu fechar o dia em moderado viés de alta (+0,41%), aos 107.592,87 pontos, vindo ontem do menor nível de encerramento desde 4 de janeiro. Hoje, a referência da B3 oscilou entre mínima de 106.731,17 e máxima de 108.663,34, saindo de abertura aos 107.152,05 pontos. O giro ficou em R$ 22,4 bilhões, ante R$ 17,1 bilhões na sessão de ontem. Na semana, o Ibovespa cai 1,45%; no mês, cede 5,15% e, no ano, recua 1,95%.
A leve recuperação desta quinta-feira veio após duas perdas - de 1,85%, ontem, e de 0,70%, na sexta-feira - que, por sua vez, sucederam dois ganhos, de 0,31% e 1,62%. Assim, o Ibovespa está agora praticamente no mesmo nível que no fechamento do último dia 14, então aos 107,8 mil pontos. No fim de janeiro mostrava 113,4 mil pontos, e partiu do primeiro fechamento de fevereiro aos 112 mil pontos.
"O mercado está sem um direcional - o que se reflete também no volume -, na expectativa pelo arcabouço fiscal, antecipado para março. Até este mês de fevereiro, operou em cima de narrativas e declarações sobre o que ocorrerá no macro, tendo em vista que a temporada de balanços veio sem muitas surpresas, sejam positivas ou negativas", diz Felipe Moura, analista e sócio da Finacap Investimentos.
"Os gestores não querem tomar risco enquanto não se conhece o que será feito sobre os gastos públicos. A bola está com a equipe econômica", acrescenta, destacando também o contexto externo ainda desafiador, com os últimos sinais sobre os juros nos EUA. Amanhã, será a vez de o mercado conhecer a mais recente leitura sobre a métrica preferida do Federal Reserve para monitorar os preços ao consumidor, o PCE.
"Os dados americanos se mantêm fortes, e a inflação ao consumidor não tem arrefecido no ritmo que o Fed esperava inicialmente. A ata de ontem, do BC americano, mostrou que alguns dirigentes defenderam aumento maior de juros, de 50 pontos-base, na última reunião, e não o de 25 pontos efetivado", observa Moura. "O Fed fala e o mercado faz uma pausa para digerir, e a digestão tem sido ruim", resume Eduardo Telles, especialista em renda variável da Blue3.
Sem 'triggers' domésticos nesta segunda sessão pós-Carnaval, e com a cautela ainda dando o tom em Nova York na maior parte do dia, o Ibovespa contou desde mais cedo com o suporte proporcionado pelas ações de Petrobras (ON +3,73%, PN +3,07%), em dia de recuperação para o petróleo ante o tombo de ontem. O dia ainda foi negativo para mineração (Vale ON -0,47%), mas ao final misto para a siderurgia (Usiminas PNA -1,27%, Gerdau PN +1,07%) e majoritariamente positivo para os grandes bancos (BB ON +0,81%, Unit do Santander +0,78%, Itaú PN +0,38%, Bradesco PN -0,43%).
Na ponta do Ibovespa, além das duas ações de Petrobras, destaque também para JBS (+5,53%), Minerva (+3,51%), Natura (+2,89%) e Renner (+2,62%). No lado oposto, Via (-3,86%), Qualicorp (-3,65%), CVC (-2,53%) e Carrefour Brasil (-2,46%).
No Brasil, "há muita incerteza ainda com relação à meta de inflação, se será alterada ou não, o que se reflete na curva de juros e em setores da Bolsa como os de consumo e construção - como visto (ontem) no Boletim Focus, que trouxe deterioração nas expectativas de inflação", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:28
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 107592.87 0.4114
Máxima 108663.34 +1.41
Mínima 106731.17 -0.39
Volume (R$ Bilhões) 2.23B
Volume (US$ Bilhões) 4.35B
18:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109200 0.65444
Máxima 110360 +1.72
Mínima 108215 -0.25
MERCADOS INTERNACIONAIS
A segunda parte da sessão desta quinta-feira foi marcada pela volatilidade em Wall Street, sendo que as bolsas de Nova York conseguiram vencer a cautela instaurada por dados da economia dos EUA e acabaram sustentando alta moderada. O apoio veio de ações de empresas ligadas à tecnologia. Por outro lado, a cesta do dólar ante rivais subiu, ao passo que os Treasuries caíram após os fortes ganhos dos últimos dias. Já o petróleo avançou no mercado futuro, à medida que as perspectivas de demanda pela commodity seguem otimistas. Ademais, do lado da oferta, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontrará amanhã virtualmente com líderes do G7 e com o presidente da Ucrânia para discutir novas sanções contra a Rússia. O Grupo dos Sete (G7), por sua vez, reforçou hoje que vai continuar a trabalhar para fazer cumprir os limites de preço do petróleo russo e impedir tentativas de burlar a medida. Também no front geopolítico, os EUA estão aumentando o número de tropas enviadas para Taiwan, azedando o clima com a China.
"As ações dos EUA receberam um impulso depois que a Nvidia apresentou uma perspectiva robusta. Os investidores gostaram do que viram da Nvidia, pois a demanda por processadores de inteligência artificial está aumentando", analisa Edward Moya, da Oanda. A empresa teve uma série de ajustes do preço-alvo de suas ações por bancos e consultorias, repercutindo seu balanço. Assim, o índice Dow Jones encerrou a sessão em alta de 0,33%, a 33.153,91 pontos, o S&P 500 subiu 0,53%, a 4.012,32 pontos, e o Nasdaq avançou 0,72%, a 11.590,40 pontos. Papéis da Nvidia saltaram mais de 14%. Microsoft (+1,31%) e Apple (+0,33%) também subiram.
Apesar de as bolsas terem conseguido fechar em alta, Doron Barness, chefe global de negociação e distribuição de ações da Oppenheimer & Co pondera ao The Wall Street Journal que os investidores ainda vão se retirar dos mercados acionários. "Eles não estão investindo até que tenham mais clareza, porque não querem comprar ações e errar desde o início se a economia tiver um pouso forçado", destaca.
Dados divulgados mais cedo, reforçaram a visão de que o Federal Reserve (Fed) tem mais caminho a percorrer: o índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu à taxa anualizada de 3,7% no quarto trimestre, enquanto seu núcleo, que exclui os voláteis preços de energia e alimentos, avançou 4,3%. Ambas as altas foram superiores as da primeira leitura. Já os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caíram 3 mil na semana encerrada no dia 18, a 192 mil, abaixo da estimativa de 197 mil, mostrando que o mercado de trabalho continua robusto.
"Com o Fed provavelmente entregando mais alguns aumentos de juros, as chances de recessão devem estar aumentando", comenta Moya. Em meio à cautela, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,691%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,874%, e do T-bond de 30 anos tinha queda a 3,868%. Os juros de 10 e 30 anos intensificaram sua inversão ao longo da curva, o que, historicamente, sinaliza recessão. No entanto, os juros longos chegaram a reduzir perdas após o Departamento do Tesouro dos EUA leiloar US$ 35 bilhões em T-notes de 7 anos. Segundo o BMO Capital Markets, a operação teve demanda abaixo da média.
No câmbio, o euro avançava a US$ 1,0604, e a libra cedia a US$ 1,2021. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, avançou 0,01%, aos 104,598 pontos. Em relação à moeda japonesa, o dólar recuou a 134,64 ienes.
Além de ser favorecido pelo enfraquecimento do dólar, os contratos futuros do petróleo fecharam em alta, com perspectivas positivas com relação à demanda pela commodity. Contudo, o óleo chegou a perder um pouco do fôlego após o Departamento de Energia dos EUA indicar que os estoques subiram mais do que a expectativas do mercado na semana passada. Mas o movimento não se sustentou: na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em alta de 1,95% (US$ 1,44), a US$ 75,39 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 2,0% (US$ 1,61), a US$ 82,21 o barril.
Também de viés altista para o petróleo, os riscos geopolíticos continuam na mesa. Os Estados Unidos estão aumentando o número de tropas enviadas para Taiwan, mais do que quadruplicando o número atual para reforçar um programa de treinamento para os militares da ilha em meio à crescente ameaça da China. O presidente americano se encontrará amanhã virtualmente com líderes do G7 e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para discutir novas sanções a Rússia, no dia em que a invasão ao território ucraniano completará um ano. Mais cedo, o G7 reafirmou que continuará a trabalhar para aplicar sanções à Rússia e para fazer cumprir os limites de preço do petróleo russo e derivados e impedir tentativas de burlar a medida. (Letícia Simionato - leticia.frigo@Estadão.com)
CÂMBIO
O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira, 23, no mercado doméstico de câmbio em queda de 0,64%, a R$ 5,1356 - menor valor de fechamento desde 2 de fevereiro. O real se sobressaiu hoje entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Operadores atribuíram o desempenho da moeda brasileira a fluxos pontuais, ajustes técnicos e desmonte de posições defensivas no mercado futuro de câmbio, em meio ao ambiente externo mais ameno e à diminuição dos ruídos locais, na ausência de novos ataques do presidente Lula ao Banco Central.
Afora uma alta pontual e bem restrita nas primeiras horas de negócios, com máxima a R$ 5,1757, o dólar trabalhou em baixa durante toda a sessão, com mínima a R$ 5,1108 (-1,12%) no fim da manhã, quando o Ibovespa renovou máxima, acima dos 108 mil pontos. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para março teve bom volume, com giro superior a US$ 13 bilhões.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, afirma que a combinação de "ausência de notícias ruins" no Brasil com exterior menos pressionado abriu espaço para uma recuperação do real frente a pares hoje. "Mas acho difícil o dólar voltar para R$ 5,00 se não houver um fato concreto da parte do governo para pôr as coisas nos eixos. Por enquanto, ainda estamos na frase do morde e assopra", diz Galhardo, em referência à dinâmica que contrapõe discursos mais amenos da equipe econômica, que promete o novo arcabouço fiscal para março, a ataques de Lula à política monetária.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou na maior parte do dia alternando entre ligeiras altas e baixas, ao redor dos 104,600 pontos. Dados da economia americana divulgados pela manhã não alteraram a perspectiva para o ritmo de a magnitude do aperto monetário no EUA. A segunda leitura do PIB americano mostrou crescimento anualizado de 2,7% no quarto trimestre, aquém do esperado (2,9%), e o índice de preços de gastos com consumo (PCE) foi revisado para cima, com taxa anualizada de 2,7% no quarto trimestre (de 3,2%).
Ontem, em sua ata, o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) alertou que será necessária uma desaceleração do crescimento para pôr a inflação rumo à meta e que existe ainda chance elevada de os EUA entrarem em recessão em 2023. Houve inversão da curva de juros americana, com as taxas dos títulos de 10 anos superando o retorno dos papéis de 30 anos - o que é visto como prenúncio de retração da atividade.
"A ata do Fomc [comitê de política monetária do Fed] ontem diminui o otimismo do mercado em relação a um corte de juros neste ano. Há expectativa é de que alta da taxa por mais tempo, com o mercado de trabalho ainda bastante aquecido", afirma a head de câmbio da One Investimentos, Lara Rates, ressaltando que o mercado deve monitorar de perto amanhã a divulgação do PCE, medida de inflação preferida pelo Fed.
Dados divulgados pelo Banco Central no início da tarde mostraram fluxo cambial positivo de US$ 1,706 bilhão na semana passada (de 13 a 17 fevereiro), com entrada líquida de US$ 636 milhões no canal financeiro e US$ 1,070 bilhão via comércio exterior. No acumulado de fevereiro (até dia 17), o fluxo é positivo em US$ 5,357 bilhões, sendo US$ 2,251 bilhões pelo canal financeiro.
Nas mesas de operação, comenta-se que pode estar em curso, porém, um arrefecimento do apetite do capital externo por ativos locais. Chamou a atenção o fato de os estrangeiros terem retirado R$ 3,139 bilhões da B3 na sessão de sexta-feira, 17. No acumulado do ano, contudo, o saldo é positivo em R$ 11,728 bilhões.
Analistas minimizaram eventual impacto no fluxo para o país e, por tabela, na formação da taxa de câmbio, com a suspensão pontual de exportações de carne bovina para a China após descoberta de um caso da doença da vaca louca no Pará. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) informou hoje que a balança comercial registrou déficit de US$ 280,6 milhão na terceira semana de fevereiro. No acumulado do mês, o saldo ainda é superavitário em US$ 1,234 bilhão. (Antonio Perez - [email protected])
18:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.13560 -0.6442 5.17570 5.11080
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5140.000 -0.35863 5182.000 5115.500
DOLAR COMERCIAL 5184.000 -0.67063 5188.500 5163.000
JUROS
Após buscar uma recuperação pela manhã, os juros futuros mostraram volatilidade durante à tarde, com as taxas chegando a desacelerar a queda e testar alta leve no caso dos vencimentos mais longos. No fechamento dos negócios, estavam em direções distintas, perto dos ajustes anteriores. O ambiente externo, dados os riscos para a economia americana de um aperto monetário mais prolongado, esteve no foco nesta quinta-feira encravada entre as divulgações da ata do Federal Reserve (ontem) e do índice de preços de gastos do consumidor (PCE, em inglês) de janeiro (amanhã), o que resultou em oscilações mais contidas na curva local. Internamente, os dados da arrecadação de janeiro e o noticiário sobre a doença da vaca louca foram monitorados, mas sem influência sobre os preços.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,39%, de 13,37% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,64% ontem para 12,61%. O DI para janeiro de 2027 fechou em 12,87%, de 12,88%, e o DI para janeiro de 2029, em 13,24%, de 13,22%. A pouca disposição para os negócios diante da agenda de amanhã, que aqui traz ainda o IPCA-15 de fevereiro, pode ser notada ainda pelo volume baixo de contratos. Normalmente o mais líquido, o DI para janeiro de 2025 movimentou 395,3 mil, ante média diária nos últimos 30 dias de 817 mil.
A economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, viu o exterior hoje preponderando para o comportamento das taxas. Ela explica que pela manhã o resultado do PIB americano do 4º trimestre, de +2,7% na segunda estimativa, levemente abaixo do consenso de 2,9%, trouxe algum alívio na tensão sobre o quanto o Fed pode avançar no ciclo de contração monetária, após o estresse trazido ontem pela ata. Assim, houve espaço para um recuo moderado nas taxas, mas à tarde o compasso de espera pelo índice PCE - medida preferida de inflação do Fed - trouxe volatilidade. "Os dados de janeiro nos EUA estão com uma narrativa muito diferente de dezembro, parando de contar a história de possível queda de juros este ano", disse.
Aqui, as taxas não conseguiram engatar queda consistente, mesmo num dia de melhora do câmbio e queda nos retornos dos títulos do Tesouro americano. Cabe destacar que a inversão da curva dos Treasuries, indicativo de recessão e que ontem foi pontual, hoje foi mais persistente, com a taxa dos papéis de 10 anos superando o rendimento dos títulos de 30 anos em boa parte da sessão. No fim tarde, estavam ambas no nível de 3,87%.
Internamente, o dia não trouxe fatores de impacto para a curva. A arrecadação de R$ 251,745 bilhões em janeiro ficou pouco acima da mediana das estimativas (R$ 250,367 bilhões), mas na área fiscal o maior interesse do mercado agora é a regra que vai substituir o teto de gastos. O secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou ao Estadão que a proposta está evoluindo rapidamente, o que permitiu ao governo antecipar a apresentação de abril para março. Segundo ele, é importante que tenha componente anticíclico e com previsibilidade na evolução da despesas. "É importante que considere trajetória da relação dívida/PIB", afirmou.
Por outro lado, o Broadcast Político apurou que parlamentares estão incomodados por não terem sido incluídos nas discussões e descartam a possibilidade, cogitada pela equipe econômica, de que a nova regra que seja aprovada até abril, a tempo de ser incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024.
Além do PCE amanhã, o mercado estará de olho no IPCA-15 de fevereiro, cuja mediana das estimativas é de 0,72%, de 0,55% em janeiro. Ainda que a desancoragem das expectativas esteja mais atreladas ao risco de mudança das metas e a ruídos políticos, um número muito fora da mediana pode mexer com os preços, ou mesmo a leitura dos preços de abertura.
Aposta crescente no mercado, a retomada da cobrança de impostos federais sobre os combustíveis seria boa para a área fiscal, mas ruim para a inflação nos próximos meses. Um possível atenuante do efeito no IPCA é um esperado aumento na oferta de carne em decorrência da suspensão das exportações para a China, por sua vez, determinada pela ocorrência de um caso de vaca louca no Pará.
A estrategista de inflação da Warren Rena Andréa Angelo afirma que o viés é de queda para o índice, porém não é comparável a 2021, data do último embargo que durou aproximadamente 100 dias. "Por ora, acreditamos que o efeito no preço pode chegar a -2%, ou -5 pontos-base de impacto no IPCA de março, se encerrar em 30 dias", disse.
Na gestão da dívida pública, o Tesouro vendeu todo o lote de 9,5 milhões de LTN, mas na operação com NTN-F, prefixados de prazo mais longo, colocou 303 mil, da oferta original de 450 mil. No Twitter, o especialista em renda fixa Alexandre Cabral apontou que o leilão de LTN teve "bom volume" e "taxas em queda", com destaque para os 5 milhões de títulos para 2026. Por outro lado, NTN-F teve "volume bem ruim", o terceiro pior do ano, mas com taxas em queda. "Gringo que tinha entrado pesado no dia 9, parou de entrar. Como os gringos começaram a sair da nossa bolsa, vamos acompanhar com carinho o fluxo cambial de semana que vem", escreveu. (Denise Abarca - [email protected])