IBOVESPA TOMBA QUASE 2%, ACOMPANHANDO EXTERIOR NEGATIVO ONTEM E HOJE

Blog, Cenário

O comportamento negativo dos ativos externos na véspera, quando o mercado local estava fechado por causa do carnaval, e hoje, sobretudo após a ata do Fed, gerou forte correção negativa para o Ibovespa nesta quarta-feira de liquidez reduzida e sessão mais curta, com abertura às 13h. Juros futuros e dólar também não escaparam da espiral negativa, ainda que em menor magnitude. Tudo porque, nos últimos dias, indicadores de atividade e inflação nos Estados Unidos e na Europa têm afastado a ideia de que os juros podem parar de subir em breve - e até serem cortados antes que o esperado. Ao mesmo tempo, a ata da última reunião do banco central dos EUA mostrou que os dirigentes "preveem que altas contínuas de juros são apropriadas para reduzir a inflação" e que alguns, inclusive, defenderam manter o ritmo de aperto em 0,50 ponto porcentual. O documento trouxe volatilidade, mas logo prevaleceu a aversão ao risco, com queda generalizada dos principais índices acionários de Wall Street. Foi nesse ambiente que o Ibovespa tombou 1,85%, aos 107.152,05 pontos - menor nível desde 4 de janeiro, com queda generalizada entre os papéis de maior peso no índice. Na renda fixa, os juros futuros subiram com o mau humor externo, mas também refletiram a nova rodada de piora nas medianas de IPCA previstas no Boletim Focus, recobrando prêmios devolvidos ao longo da curva na última semana. Diante disso tudo, o comportamento do real pode até ser considerado moderado. Afinal, se o dólar subiu frente ao euro e em relação a parte das divisas de países exportadores de commodities, recuou na comparação com os principais pares do real, como peso mexicano, peso chileno e rand sul-africano. Com esse balanço, a moeda teve leve valorização de 0,14% no mercado à vista local, a R$ 5,1689.

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

BOLSA

Após a pausa para o Carnaval, o Ibovespa retomou os negócios na tarde desta quarta de cinzas em tom menor, acompanhando a cautela externa que havia prevalecido especialmente na sessão anterior, e que voltou a se acentuar, hoje, com a ata do Federal Reserve. Assim, a referência da B3 operou em baixa desde a abertura, aos 109.173,51 pontos, chegando na mínima da sessão, pós-ata, aos 106.720,17 (-2,25%), menor nível intradia desde 5 de janeiro (105.333,08 pontos). No fechamento, o índice mostrava perda de 1,85%, aos 107.152,05 pontos, com giro financeiro limitado a R$ 17,1 bilhões. No mês, o Ibovespa cai 5,54% e, no ano, 2,35%. O nível de encerramento da sessão foi o menor desde 4 de janeiro, então aos 105.334,46.

Lá fora, a ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve apontou, nesta tarde, que os dirigentes da instituição consideram que a chance de os Estados Unidos entrarem em recessão em 2023 permanece elevada. No começo da divulgação do texto, o blue chip Dow Jones oscilou para o negativo, mas logo voltou a se realinhar ao S&P 500 e Nasdaq, em leve alta. Ao fim, contudo, as três referências de Nova York se mostravam mais fracas do que antes da divulgação do documento, e sem sinal único: Dow Jones -0,26%, S&P 500 -0,16% e Nasdaq +0,13%.

Aqui, acompanhando a oscilação vista em Nova York, o Ibovespa perdeu a linha dos 107 mil pontos durante a divulgação do documento, acentuando as perdas à casa de 2%, em sessão de baixo volume de negócios. "O comitê (Fomc, do Fed) continua comprometido em retornar a inflação à meta de 2%", apontou a ata, na qual os dirigentes da instituição observam que "um crescimento abaixo da tendência seria necessário para reduzir a inflação". O documento indicou também que alguns dirigentes defenderam aumento de 50 pontos-base na taxa de juros de referência.

Assim, com a percepção de risco reforçada pelos sinais do Fed, as ações e os setores mais líquidos da B3 mantiveram sinal único em direção ao fechamento, negativo. Com o petróleo em baixa de cerca de 3% nesta quarta-feira, Petrobras ON e PN fecharam em queda, respectivamente, de 2,49% (mínima do dia no encerramento) e 2,57%. Vale ON cedeu 0,76% e as perdas entre as siderúrgicas chegaram a 2,61% (Usiminas PNA).

O segmento de utilities também foi mal na sessão, com Eletrobras ON em baixa de 3,12%. Entre os grandes bancos, destaque negativo para BB (ON -2,48%). Na ponta do Ibovespa, Via (-8,41%), Minerva (-7,92%), BRF (-6,71%) e Locaweb (-6,51%), com Cyrela (+3,12%), Petz (+2,71%), TIM (+1,89%) e Raízen (+1,65%) no lado oposto - apenas oito ações da carteira Ibovespa conseguiram fechar o dia com ganhos.

“A Bolsa abriu mais tarde, às 13h, e com volume enfraquecido neste retorno de feriado. Lá fora, o cenário esteve negativo, com expectativa também para a ata do Fed, divulgada às 16h. Ontem, em Nova York, os ADRs (de empresas brasileiras) tiveram queda de quase 2%, e hoje veio também o ajuste, na B3”, após ter ficado fechada na segunda e terça-feira, observa Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos. “Um dia de menor volume e de ajuste do índice aqui dentro, e lá fora de atenção concentrada em sinais sobre a política monetária americana.”

“Ontem, teve um reverso forte no mercado americano, o que se refletiu aqui no volume nesta volta de feriado. Há ainda medo do Fed com relação a juros. O mercado se anima quando vêm alguns números melhores, mas quando a realidade se impõe, como nos últimos dados do CPI (inflação ao consumidor nos EUA), PPI (inflação ao produtor) e vendas do varejo, além dos de emprego, mostrando que a economia por lá ainda está forte, isso ampara a posição de que o Banco Central (americano) precisará ser ainda mais efetivo”, diz José Simão, sócio da Legend Investimentos, observando que o cenário de antecipação do momento de corte de juros foi se esvaindo.

Aqui, com a temperatura um pouco mais baixa após o tom conciliatório do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a redução das críticas ao BC do governo Lula, a expectativa para os juros básicos se manteve estável para o fim de 2023, 2024 e 2025, no Boletim Focus desta semana. A mediana para a taxa Selic no fim de 2023 continuou em 12,75% ao ano, enquanto para o término de 2024 seguiu em 10,00%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,50% e 9,50%, nessa ordem.

“O Focus trouxe continuidade do que se tem visto: as taxas abrindo nas perspectivas para 23, 24 e 25 em relação ao IPCA, com o mercado ainda precificando uma inflação pra cima, muito por conta do prêmio de risco. Enquanto não se puder ver um novo arcabouço fiscal e não se tiver efetividade da reforma tributária, a gente tende a ficar nesse movimento de juro pressionado”, aponta Simão, da Legend.

Nesse contexto, o Citi aumentou de 3,6% para 4,0% sua projeção para o IPCA de 2024, citando o impacto da desancoragem de expectativas no cenário. O banco estima que a inflação do Brasil fique em 3,5% ao ano a partir de 2025, 0,5 ponto porcentual acima do centro da meta para o ano (3,0%).

A incerteza sobre quem estará no comando do Banco Central a partir de 2025 também contribui para a elevação das expectativas de longo prazo registrada pelo boletim Focus, avalia o economista da Garde Asset Luís Menon. “Até 2024 sabemos que será o Roberto Campos Neto, mas a partir daí o mercado começa a colocar como possibilidade um banqueiro central mais dovish, mais leniente com a inflação”, diz o economista, reporta Marianna Gualter, jornalista do Broadcast. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 107152.05 -1.85467

Máxima 109173.51 -0.00

Mínima 106720.17 -2.25

Volume (R$ Bilhões) 1.71B

Volume (US$ Bilhões) 3.30B

18:32

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108600 -1.95016

Máxima 110130 -0.57

Mínima 108290 -2.23

MERCADOS INTERNACIONAIS

A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) destacou que alguns membros da instituição foram favoráveis a uma alta de 50 pontos-base, ao passo que todos os dirigentes anteciparam que aumentos contínuos de juros são apropriados para atingir a meta. Dessa forma, logo após a divulgação do documento, as bolsas de Nova York perderam força, enquanto o dólar acelerou a valorização ante rivais. Os rendimentos dos Treasuries, entretanto, continuaram sua trajetória de queda, no cenário de cautela, à medida que a ata reforçou que as chances dos Estados Unidos entrarem em recessão em 2023 seguem elevadas. Assim, o petróleo cedeu cerca de 3% no mercado futuro, em meio às preocupações sobre a demanda diante de expectativas de recessão nas principais economias.

Para o economista Francisco Nobre, da XP, a ata de 31 de janeiro a 1º de fevereiro mostrou informações que podem embasar diferentes argumentos sobre a política monetária. "Do lado dovish, e de relevância particularmente alta em nossa opinião, o texto diz que 'a equipe agora via os riscos em torno da previsão de referência para a inflação deste ano como equilibrados', removendo a frase 'desviada para cima' de declarações anteriores. Já do lado hawkish, a ata revelou que nenhum dos participantes sugeriu que uma pausa seria apropriada em breve, e a postura da política terá que permanecer restritiva 'até que a inflação esteja claramente no caminho de 2%'", ele explica.

Porém, Nobre destaca que a ata publicada hoje já está desatualizada, uma vez que não considera as surpresas de alta da inflação ao consumidor (CPI) de janeiro e os dados atípicos do mercado de trabalho divulgados desde a decisão. Já o Jefferies comenta que o documento é bastante duro quando se considera que os dados econômicos divulgados nas últimas três semanas solidificam o potencial para mais aumentos de juros. "A ata mostrou que 'alguns' membros do Fed 'favoreceram' ou 'poderiam ter apoiado' uma alta de 50 pb na reunião". Por fim, para o Citi, não houve discussão sobre as condições para uma possível pausa nos aumentos, reafirmando a atual precificação de mercado e a visão de "todos os dirigentes" de que os aumentos contínuos das taxas serão necessários.

Dessa forma, a cautela predominou em Wall Street. O índice Dow Jones fechou em queda de 0,26%, a 33.045,09 pontos, o S&P 500 caiu 0,16%, a 3.991,05 pontos; e o Nasdaq subiu 0,13%, a 11.507,07 pontos. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais fortes, fechou a sessão em alta de 0,39%, a 104,585 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,0603 e a libra, a US$ 1,2041, enquanto a moeda americana caía a 134,97 ienes.

Já o juro da T-note de 2 anos caía a 4,703%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,927%, e do T-bond de 30 anos tinha queda a 3,928%. Importante notar que os retornos dos dois últimos se inverteram pontualmente ao longo da curva, o que historicamente é um indicativo de recessão. O movimento reage à parte da ata que reforçou que os dirigentes do BC americano observaram que as chances dos Estados Unido entrarem em recessão em 2023 seguem elevadas. Segundo o documento, os membros indicaram que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá diminuir mais em 2023 ante desaceleração de 2022.

Essa preocupação em meio a expectativas de recessão nas principais economias pressionou os contratos mais líquidos do petróleo, que fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em baixa de 3,16% (US$ -2,41), a US$ 73,95 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 2,95% (-US$ 2,45), a US$ 80,60 o barril.

Mais cedo, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, argumentou que é melhor ser mais "afiado" agora no ritmo do aperto, a fim de garantir que a inflação seja controlada nos Estados Unidos ainda em 2023. No entanto, o mercado manteve precificação majoritária por alta de 25 pontos-base nos juros do BC americano na próxima reunião, em março, após a divulgação da ata. Plataforma de monitoramento do CME Group indicava 73% de chances de que o banco central americano suba a taxa básica da faixa atual entre 4,50% e 4,75% para o nível de 4,75% a 5,00%, ou seja, uma elevação de 0,25 ponto porcentual. Já a possibilidade de uma alta mais agressiva, de 50 pontos-base, era de 27%. Ontem, as probabilidades estavam em 76% e 24%, respectivamente.

"Apesar dos dados mais fortes de emprego e inflação desde a reunião, esperamos que o Fed continue com mais dois aumentos de 25 pontos-base nas taxas até maio, a menos que as expectativas de inflação comecem a mostrar sinais de perda de ancoragem, como aconteceu em junho de 2022", conclui o Jefferies. (Letícia Simionato - [email protected])

JUROS

Os juros futuros estiveram em alta nesta sessão mais curta pós-carnaval, refletindo tanto o ambiente internacional quanto a leitura da pesquisa Focus, que trouxe piora nas medianas de IPCA mas manutenção nas expectativas de Selic, o que é considerado sintomático diante do debate sobre o aumento das metas de inflação, que pode até ter ficado para depois mas não saiu do radar. O mercado local ainda teve de se ajustar ao mau humor externo tanto de ontem quanto de hoje, com a perspectiva negativa sobre a condução da política monetária do Federal Reserve, hoje reforçada pela ata da reunião de fevereiro. Dado que a curva havia devolvido prêmios na semana passada, havia espaço para uma realização parcial de lucros.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,39%, de 13,24% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,52% para 12,66%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,93%, de 12,83%, e a do DI para janeiro de 2029 avançou de 13,17% para 13,29%.

A curva subiu praticamente em bloco, com o trecho intermediário um pouco mais pressionado que os demais, depois da forte deterioração nas expectativas de inflação de longo prazo no Focus. A mediana para 2023 subiu 10 pontos-base, para 5,89% e a de 2024, ano de destaque no horizonte de política monetária, variou menos, de 4,00% para 4,02%. Já a mediana de IPCA em 2025 disparou de 3,60% para 3,78%, ainda mais distante da meta central de 3,00%. A de 2026, ano que ainda não tem meta estipulada, disparou 20 pontos, para 3,70%.

"Além das incertezas no campo fiscal ou com relação ao atual nível de ociosidade da economia, as pressões do mundo político sobre o Copom - em especial do presidente Lula - geram um efeito negativo sobre as expectativas de inflação", afirma a analista da Tendências Consultoria Luiza Benamor, que aponta ainda a expectativa de reoneração dos combustíveis como outro fator a justificar os movimentos.

As medianas para a Selic não acompanharam a piora das medianas de IPCA, com exceção da de 2026, que subiu de 8,50% para 8,75%. As previsões para o fim de 2023 (12,75%), fim de 2024 (10,00%) e fim de 2025 (9,00%) foram mantidas.

Nas mesas, a leitura combinada das trajetórias das medianas de IPCA e de Selic passa pela percepção de que, cedo ou tarde, a metas de inflação para 2024 e 2025 serão ajustada para cima e as de horizontes adiante, definidas em patamar mais elevado do que 3%, cabendo assim uma política monetária mais frouxa. "Fica essa dúvida sobre o grau de constrangimento do Copom, sim", diz um economista.

Do mesmo modo, o quadro da Focus também reflete as incertezas sobre o processo de trocas na diretoria do BC, na medida em que os mandatos dos atuais ocupantes forem vencendo. Diante da pressão do PT, há receio de indicações pouco técnicas para os cargos. No fim deste mês, terminam os mandatos de Paulo Souza (Fiscalização) e Bruno Serra (Política Monetária) e ainda não há indicação sobre os substitutos. O do presidente Roberto Campos Neto vai até o fim de 2024.

O operador de renda fixa da Nova Futura André Alírio classificou a Quarta-Feira de Cinzas no mercado de juros como um dia de correção puxado especialmente pela aversão ao risco no exterior, mas ponderado pela liquidez menor, considerada natural para um esquema de meia sessão, que hoje começou às 13h. "É um típico pós-feriadão, com ajustes ao que vimos lá fora ontem", resumiu.

O clima externo vem pesando desde ontem pelo pessimismo sobre a economia americana, dada a sinalização do Federal Reserve de que pode sacrificar a atividade em prol de colocar a inflação na meta de 2%. Os dirigentes da instituição já vinham alertando sobre isso nos últimos dias e hoje o recado foi endossado pela ata da reunião de fevereiro, antecipando que os aumentos contínuos de juros são apropriados para atingir os objetivos. A ata admite que "um crescimento abaixo da tendência seria necessário para reduzir a inflação" e traz ainda que alguns dirigentes defenderam aumento de 50 pontos-base no juro.

Depois da ata, o yield da T-Note de dez anos, que mais cedo rodava abaixo de 3,90%, voltava a 3,92% no fim da tarde e o petróleo acelerou a queda para mais de 3%, ajudando a reverter o ajuste em baixa do câmbio por aqui. (Denise Abarca - [email protected])

CÂMBIO

Após esboçar uma arrancada nas primeiras horas de negócios, quando rompeu o teto de R$ 5,20 e registrou máxima a R$ 5,2128 (+0,99%), o dólar perdeu força no transcorrer do pregão e encerrou esta quarta-feira, 22, cotado a R$ 5,1689, em alta de 0,14%. Na volta do feriado de Carnaval e em sessão que começou às 13h, a liquidez foi reduzida, o que deixou a formação da taxa de câmbio mais sujeita a operações pontuais.

A escalada da moeda americana no início do pregão foi atribuída a um ajuste à piora do apetite ao risco ontem lá fora (quando o mercado local estava fechado) em razão da perspectiva de mais aumentos de taxa de juros nos EUA, cujos indicadores revelam economia ainda aquecida a arrefecimento lento da inflação. Divulgada às 16h, a ata do mais recente encontro de política monetária do Federal Reserve (Fed, o BC americano) ratificou a visão de continuidade do aperto monetário nos EUA e taxa terminal acima de 5%.

Segundo operadores, passando o momento mais forte de ajustes, o dólar acabou se acomodando abaixo da linha de R$ 5,16 e registrou mínima a R$ 5,1535 (-0,15%) antes da divulgação da ata do Fed. Lá fora, a moeda americana subiu frente ao euro e em relação a maior parte das divisas de países exportadores de commodities, mas recuou na comparação com pares relevantes do real, como peso mexicano e o peso chileno.

O head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, lembra que o dólar havia recuado por aqui na sexta-feira, pré-carnaval, na contramão da tendência global. Era de se esperar que houvesse uma alta mais expressiva no início da sessão, dado o tom azedo do mercado internacional ontem.

"As prévias de inflação não vieram boas nos Estados Unidos e a perspectiva é de que os juros devem continuar subindo. O mercado esperava alta em março e maio, mas já se fala agora em elevação também em junho", afirma Caciano, para quem também podem pesar contra o real no curto prazo os ruídos políticos locais. "O discurso do presidente [Lula] não bate com o da equipe econômica, isso acaba gerando muita incerteza no mercado".

A ata do Fed mostrou que o BC americano avalia ser necessário avançar com o aperto monetário e que há chances elevadas de uma recessão neste ano. "O comitê continua comprometido em retornar inflação à meta de 2%", diz a ata, admitindo que "um crescimento abaixo da tendência seria necessário para reduzir a inflação". O documento traz ainda que alguns dirigentes defenderam aumento de 50 pontos-base da taxa básica.

Para o sócio e CIO da Tag Investimentos, Dan Kawa, em uma leitura inicial, a ata do Fed parece trazer um tom mais duro, o que deve dar suporte ao movimento do mercado de altas de juros por mais tempo e taxa terminal mais elevada. "Alguns membros do Fomc [comitê de política monetária do Fed] parecem claramente desconfortáveis com o recente afrouxamento das condições financeiras. Após o ajuste, que me pareceu técnico, em janeiro, o mercado parece retornar as tendências que prevaleceram ao longo de 2022", escreve Kawa, em nota.

A economista-chefe do Banco Inter, Rafael Vitoria, observa que a taxa de 10 anos nos EUA voltou para próximo de 4%, com alta de 50 pontos-base em fevereiro. "A esperança do cenário 'no landing' durou pouco. Com mais altas de juros por lá, o cenário para o Brasil também fica menos favorável", afirma Vitória no Twitter.

Por aqui, o Boletim Focus trouxe nova rodada de deterioração das expectativas de inflação. Houve alta na projeção para o IPCA deste ano (de 5,79% para 5,89%) e para 2024 (de 4,00% para 4,02%). Há quatro semanas, a expectativa para o IPCA do ano que vem, que ganha cava vez mais importância no horizonte de convergência de inflação à meta, era de 3,84%.

Na avaliação do economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, o mercado local hoje refletiu ao boletim Focus e ao ambiente global mais desafiador. "A recente discussão sobre elevação da meta para a inflação para os próximos anos tem desancorado a expectativa dos agentes com relação à evolução do IPCA", afirma Oliveira, em relatório. "Além disso, há reprecificação da taxa de juros global, com mercado internacional reagindo aos discursos mais duros de membros do Federal Reserve e aos dados de atividade e inflação nos EUA". (Antonio Perez - [email protected])

18:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

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