CENÁRIO-2: TENSÕES INTERNAS SE DISSIPAM E ATIVOS LOCAIS TÊM ALÍVIO À TARDE, A DESPEITO DE NY
Os ativos locais tomaram rumo distinto à tendência externa durante a tarde, chegando ao fim da sessão exibindo alguma recuperação. Pela manhã, o cenário interno trazia uma série de incertezas, como a regra de reajuste do salário mínimo para os próximos anos, a primeira reunião do Conselho Monetário Nacional no governo Lula e a expectativa com a entrevista do presidente da República à CNN. Ao longo do dia, os temores se dissiparam - ao menos em relação às duas últimas questões. O encontro do CMN durou apenas 30 minutos e a coletiva de imprensa após a divulgação dos votos será com técnicos do Banco Central, o que sinalizou ao mercado que temas mais espinhosos não estiveram na pauta. Quanto à entrevista de Lula, ele disse que, como presidente, não interessa brigar com um "cidadão" que é presidente do BC, em referência a Roberto Campos Neto. Também lembrou que, em seus primeiros governos, conversava com o então presidente do BC, Henrique Meirelles. "Quando tinha que aumentar, aumenta, não tem problema nenhum, mas você tinha que cuidar do outro lado", disse Lula. O tom menos belicoso deu espaço para queima de prêmios na curva de juros, beneficiados ainda por uma apuração do Broadcast mostrando que a determinação no Ministério da Fazenda é apresentar um novo arcabouço fiscal ambicioso. Nesse ambiente, a Bolsa e o real encontraram espaço para valorização. O índice terminou em 109.941,46 pontos (+0,31%) e o dólar à vista caiu 0,16%, a R$ 5,2115. Os movimentos nesses mercados, contudo, foram contidos pelo cenário externo. Nos Estados Unidos, os dados da inflação ao produtor (PPI) reacenderam apostas de aumento da intensidade do aperto monetário, ainda que a chance de uma elevação de 50 pontos-base não seja majoritária. Falas do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, advogando por um aumento nessa magnitude pressionaram adicionalmente os ativos nos minutos finais do pregão. O índice Nasdaq caiu 1,78% e o juro da T-note de 2 anos subiu a 4,661%.
•JUROS
•BOLSA
•CÂMBIO
•MERCADOS INTERNACIONAIS
JUROS
O mercado de juros experimentou à tarde forte alívio na pressão com que vinha operando desde a etapa inicial. As taxas de curto e médio prazos inverteram a alta e passaram a cair, enquanto as longas reduziram sensivelmente o avanço e fecharam de lado. O movimento reflete a redução dos ruídos envolvendo a relação entre o governo, mais especificamente o presidente Lula, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, a partir de trechos da entrevista do presidente à CNN divulgados ao longo do dia. A percepção de que o Ministério da Fazenda trabalha para a apresentar um novo arcabouço fiscal "ambicioso", segundo apuração do Broadcast, também contribuiu.
Pela manhã, mesmo com os temores sobre a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) tendo sido esvaziados ontem, a expectativa para entrevista e dúvidas sobre a nova regra para reajuste do salário mínimo serviam de gatilho para um ajuste em alta após a queda forte das taxas ontem. No leilão de prefixados, o Tesouro elevou a oferta e conseguiu vender quase tudo, a taxas mais baixas do que na operação da semana passada.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,20%, de 13,27% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 12,53%, de 12,59% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2027 passou de 12,86% para 12,87% e a do DI para janeiro de 2029, de 13,20% para 13,21%.
A entrevista de Lula, que seria divulgada na íntegra às 18h, colocava o mercado na defensiva pela manhã, com os agentes na expectativa para saber se haveria novos comentários a respeito do trabalho do Banco Central e das metas de inflação, após a sinalização de alinhamento entre a autarquia e o Ministério da Fazenda e informações de que aliados aconselharam Lula a dar um trégua a Campos Neto.
À tarde, veio a confirmação. À CNN, ele disse que "não interessa brigar com um cidadão que é o presidente do BC", acrescentando que pouco conhece o comandante da autarquia. Foi a senha para a melhora do mercado, ainda que Lula tenha emendado que quando o chefe do Executivo era responsável pela indicação do presidente do BC, "você conversava". "Quando tinha que aumentar, aumenta, não tem problema nenhum, mas você tinha que cuidar do outro lado", disse.
Após cobrança de aliados do governo, principalmente da presidente do PT, Gleisi Hoffman, Campos Neto acertou ida à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no começo de março, em data ainda indefinida, em jantar com o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que será o presidente da CAE. O parlamentar disse que a autonomia do BC é "ponto sacramentado" e que o jantar foi uma forma de demonstrar apoio ao chefe da autoridade monetária.
Na esteira da boa repercussão da antecipação da apresentação da nova âncora fiscal para março, a informação de que técnicos da Fazenda receberam a incumbência de "não pensar pequeno" ao desenharem o novo arcabouço trouxe uma segunda onda de alívio nos prêmios de risco à tarde. Segundo apurou o Broadcast, a ideia é que o instrumento entregue a contento garantirá a elaboração da LDO de 2024 considerando os novos parâmetros, além de contribuir para o debate mais técnico do regime de metas. Internamente, a avaliação é de que o cronograma para se chegar aos objetivos caminha bem.
Mais cedo, segundo o economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel, também trouxeram desconforto as incertezas a respeito da nova regra para o salário mínimo. Lula confirmou que o valor vai subir dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320 a partir de 1º de maio e que terá lei da reposição inflacionária e crescimento do PIB.
"Não se sabe bem como será isso, faltam os detalhes de como esse crescimento do PIB será considerado", afirmou Sichel. No governo Dilma, a regra considerava o PIB de dois anos antes e o INPC do ano anterior. Lula também confirmou que a faixa de isenção do Imposto de Renda, por sua vez, vai subir para R$ 2.640. "O impacto fiscal desse ajuste do IR em 2024 deve ficar entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões", estima o economista.
Na gestão da dívida, mesmo com a abertura da curva, o Tesouro teve mais sucesso na emissão de prefixados nesta quinta. Vendeu boa parte (9,230 milhões) do lote de 10 milhões de LTN ofertado e toda a oferta de 650 mil NTN-F, com taxas pouco mais baixas do que na semana passada. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, vem alertando que a instituição tem evitado colocar lotes maiores para limitar pressões de custos nas emissões, em meio a volatilidade dos ativos.
BOLSA
O Ibovespa emendou segundo dia de ganhos e retomou o nível de 110 mil pontos durante a sessão, mas, como ontem, perdeu força em direção ao fim, sem conseguir sustentá-lo no fechamento. A virada no câmbio à tarde contribuiu para que o índice da B3 mudasse de sinal, na contramão do dia negativo em Nova York. No fechamento, a referência mostrava leve alta de 0,31%, aos 109.941,46 pontos, com os três índices de Nova York acentuando perdas no encerramento, acima de 1% na sessão.
Hoje, o Ibovespa oscilou entre mínima de 108.377,51 e máxima de 110.436,98 (+0,76%), saindo de abertura aos 109.599,20 pontos. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 1,72%, cedendo ainda 3,08% no mês, mas passando ao positivo, ainda que levemente, no ano (+0,19%). Após ter sido reforçado ontem pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro de hoje ficou em R$ 24,9 bilhões.
"Mais cedo, o Ibovespa acompanhava Nova York, onde os índices de ações refletiram a leitura da inflação ao produtor nos Estados Unidos e declarações de autoridade do Fed sobre os juros americanos. À tarde, veio melhora no câmbio, e o alinhamento de Petrobras, Vale e bancos, no positivo, deu suporte ao índice da B3", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos.
No fechamento, contudo, acompanhando a piora no fim do dia em Nova York, Petrobras ON (-0,10%) e PN (+0,41%) não mostravam sinal único, enquanto Vale limitava o ganho do dia a 0,21% (ON). Destaque no fechamento ainda para os grandes bancos, com ganhos até 1,89% (Bradesco PN) no encerramento da sessão, embora também moderados em relação aos vistos mais cedo. Na ponta do Ibovespa, CVC (+7,23%), Hapvida (+4,06%) e Petz (+3,69%), com Minerva (-5,72%), Azul (-4,52%) e Cyrela (-4,33%) no lado oposto.
Lá fora, as expectativas do mercado de que o Federal Reserve eleve os juros de referência em 50 pontos-base na próxima reunião, em março, aumentou de 12,2%, ontem, aproximando-se hoje de 20%, por volta do meio-dia, com perspectiva de mais aperto monetário a partir de comentários da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester.
Hoje, Mester defendeu que os juros nos EUA subam acima de 5% e fiquem nessa faixa por "um tempo". De acordo com a ferramenta do CME, o mercado estima probabilidade de 67,4% de que os juros cheguem ao fim de 2023 neste patamar. Os comentários vieram depois dos resultados do índice de preços ao produtor (PPI) dos EUA, acima do esperado pelo mercado.
Mester afirmou também que ainda é muito cedo para definir a dimensão do aumento de juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), em março. Assim, de olho nos sinais sobre a orientação da política monetária, os principais índices de ações em Nova York encerraram o dia com perdas entre 1,26% (Dow Jones) e 1,78% (Nasdaq), agora sem sinal único no acumulado da semana (DJ -0,51%; S&P 500, sem variação; Nasdaq +1,18%).
"A sessão foi volátil por conta deste PPI mais alto, indicando que o Fed pode vir mais 'hawkish', mantendo os juros em nível elevado por prazo prolongado. Já se fala agora em juros acima de 5% por lá, o que penaliza os ativos de risco, como as ações", diz Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3.
Em outro desdobramento do dia, o presidente do Fed em St. Louis, James Bullard, afirmou que não descarta apoiar um aumento de juros em 50 pontos-base na reunião de março. Bullard defende elevar os juros para 5,375% o mais rápido possível e revelou que também apoiou aumento de 50 pontos-base na última reunião, assim como Loretta Mester. Ambos, contudo, não têm no momento direito a voto no FOMC.
No quadro doméstico, por outro lado, a antecipação de trechos da entrevista do presidente Lula à CNN e a rápida reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), a primeira de Roberto Campos Neto (BC) com os novos ministros da Fazenda (Fernando Haddad) e do Planejamento (Simone Tebet), contribuíram para a percepção de que o pior momento da fervura em torno do nível da Selic e das metas de inflação possa ter ficado para trás.
Embora seja "um pouco cedo" para dizer que a questão tenha sido superada, o mercado começa a se ajustar à perspectiva de uma "meta (de inflação) mais condizível com o cenário", observa Harada, da Blackbird Investimentos, o que ficou claro, ontem, nos comentários de gestores de referência, como Rogério Xavier (SPX), Luis Stuhlberger (Verde) e André Jakurski (JGP). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 109941.46 0.31142
Máxima 110436.98 +0.76
Mínima 108377.51 -1.12
Volume (R$ Bilhões) 2.49B
Volume (US$ Bilhões) 4.75B
18:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 112165 0.65509
Máxima 112270 +0.75
Mínima 110070 -1.22
CÂMBIO
Após uma arrancada pela manhã, quando chegou a superar o teto de R$ 5,25, o dólar apresentou um comportamento instável ao longo da tarde, em meio à reversão parcial dos ganhos da moeda americana no exterior e a novas declarações do presidente Lula sobre a relação do governo com o Banco Central. Com trocas de sinal nas últimas horas de negócios, o dólar encerrou o pregão desta quinta-feira, 16, cotado a R$ 5,2115, em baixa de 0,16%.
Em entrevista à CNN Brasil, Lula, que teria sido aconselhado a baixar o tom nas críticas à gestão da política monetária, disse que "não interessa brigar com um cidadão que é o presidente do BC". O presidente, contudo, não deixou de espicaçar Campos Neto ao dizer que o levará a visitar os lugares mais miseráveis do país. "Ele tem que saber que, neste país, a gente tem que governar para pessoas que mais necessitam", disse.
Lula também afirmou a CNN Brasil que, antes da autonomia do BC, havia diálogo com a autarquia. "Quando tinha que aumentar (juros), aumenta, não tem problema nenhum, mas você tinha que cuidar do outro lado", disse, acrescentando que, como havia a TJLP, quando o BC aumentava os juros, o BNDES reduzia a taxa de longo prazo, para facilitar investimentos. "Você não precisa de briga pra isso, é só utilizar o bom senso", afirmou.
Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, há uma estratégia por parte de uma ala do governo de diminuir a temperatura política, na tentativa de reduzir danos provocados pelos ataques recentes de Lula a Campos Neto. "Os bombeiros de plantão estão fazendo o rescaldo do incêndio que o presidente colocou na relação com o BC", diz.
Investidores também operaram à espera do desfecho da primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) em meio ao acirramento do debate sobre as metas de inflação, embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha esclarecido nesta semana que eventual alteração da meta não estaria na pauta no encontro de hoje. Haddad e os dois outros integrantes do CMN - Campos Neto e a ministra do Planejamento, Simone Tebet - almoçaram juntos antes da reunião formal do conselho, que durou apenas 30 minutos.
Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que técnicos do Ministério da Fazenda receberam a incumbência de "não pensar pequeno" ao desenharem o novo arcabouço fiscal do país, que deve ser ambicioso e garantir a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 segundo os novos parâmetros. Ontem, Haddad anunciou que o anúncio das novas regras será antecipado de abril para março.
"O mercado de câmbio ficou muito volátil hoje. Temos essa questão de quanto os juros vão subir nos EUA. O dólar chegou a se fortalecer bastante lá fora pela manhã. E aqui o noticiário político continua incomodando bastante", afirma o economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, ressaltando que a alta das blue chips Vale e Petrobras podem ter ajudado a tirar pressão sobre o real ao longo da tarde.
Pela manhã, a divisa registrou máxima a R$ 5,2599 (+0,77%), em meio à escalada do dólar lá fora, após o resultado acima das expectativas do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos em janeiro e número de pedidos de auxílio-desemprego que ratificam leitura de mercado de trabalho ainda bem aquecido. Trata-se de uma combinação que desautoriza apostas em fim do ciclo de alta de juros já na reunião de política monetária do Federal Reserve em março e aponta para taxa termina acima de 5%.
A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse hoje que deve ser necessário elevar a taxa de juros para mais de 5% e deixa-la nesse nível "por um bom tempo". Mais: afirmou que, na última reunião de política monetária do Fed, em que o BC americano elevou os juros em 25 pontos-base, ouviu um "argumento convincente" para que um aumento de 50 pontos. "Nem sempre será 25 (pontos-base)", disse Mester, em referência a possível decisão do Fed em março. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que a alta de juros pode desinflacionar a economia mesmo em ambiente de crescimento e mercado de trabalho forte. Ele disse que não descarta apoiar um aumento de juros em 50 pontos-base em março.
"De pedidos menores do que o esperado de pedidos de seguro-desemprego ao PPI maior do que as expectativas, os dados americanos estão em linha com que números têm sugerido nas últimas semanas - ou seja, que a economia permanece robusta", afirmou, em rede social, Mohamed El-Erian, presidente do Queens College da Cambridge University e ex-CEO da Pimco. "O benefício de reduzir e eliminar o risco de recessão vem com a ameaça de inflação persistente". (Antonio Perez - [email protected])
18:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.21150 -0.1571 5.25990 5.19730
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5228.000 0.00956 5270.000 5206.500
DOLAR COMERCIAL 5265.000 15/02
MERCADOS INTERNACIONAIS
O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) em St. Louis, James Bullard, evitou descartar apoio a um aumento de 50 pontos-base nos juros na reunião de março, depois que dados divulgados nesta manhã mostraram uma inflação ao produtor mais alta que o esperado nos Estados Unidos. Os comentários ecoaram o posicionamento da líder da regional de Cleveland, Loretta Mester, que afirmou, mais cedo, que não há garantias de que as elevações serão sempre de 25 pontos-base. Os sinais de aperto monetário mais longo contribuíram para o movimento de vendas de ações em Nova York e de ativos como o petróleo. Os juros dos Treasuries atingiram os níveis mais altos do ano, enquanto o dólar se acomodou em alta moderada ante rivais. Na contramão, o bitcoin superou a marca de US$ 25 mil, com fluxo positivo de investidores institucionais.
Bullard, que não tem direito a voto nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), afirmou que o combate à escalada dos preços nos EUA deve se provar um processo longo. Segundo a Bloomberg, o dirigente defendeu que o Fed deve aumentar os juros o mais rapidamente possível para levá-los da faixa entre 4,50% e 4,75% para cerca de 5,735%. Antes, Mester já havia dito que chegou a apoiar uma elevação de meio ponto porcentual em fevereiro, embora também não possa votar oficialmente.
Uma alta de 50 pontos-base representaria um novo endurecimento na postura do Fed, que optou por um ajuste mais brando de 25 pontos-base no início deste ano. Na esteira das falas de Bullard, monitoramento do CME Group mostrou um aumento das chances de uma alta de 0,5 ponto porcentual no próximo encontro, embora a expectativa majoritária ainda seja de uma repetição da decisão de fevereiro.
Nesse cenário, as bolsas de Nova York recuaram às mínimas do dia na reta final do pregão, enquanto os juros dos Treasuries aceleraram alta. Em Wall Street, o Dow Jones fechou em queda de 1,26%, a 33.696,85 pontos; o S&P 500 perdeu 1,38%, a 4.090,41 pontos; e o Nasdaq cedeu 1,78%, a 11.855,83 pontos. Na renda fixa, no fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,661%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,856%, e do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,915%. O movimento já vinha induzido pelas repercussões do índice de preços ao produtor (PPI), que subiu 0,7% em janeiro ante dezembro, acima do esperado. "A maioria dos dados sugere que a economia está mais forte do que Wall Street esperava", resume o analista Edward Moya, da Oanda.
Já o dólar se fortaleceu ante boa parte dos rivais e emergentes, mas em um ritmo mais fraco do que o observado na véspera. Até porque euro e libra também tem seus próprios drivers - o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE), Huw Pill, comentou que seria prematuro declarar a vitória contra a inflação no Reino Unido. Já o Banco Central Europeu (BCE) ressaltou, em boletim, que as pressões inflacionárias seguem fortes na zona do euro. Com isso, perto do fechamento das bolsas de Nova York, o euro caía a US$ 1,0679 e a libra recuava a US$ 1,1996. Tudo somado, o índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais fortes, caiu 0,06%, a 103,856 pontos. Para o ING, a moeda americana deve seguir na faixa atual ao longo do trimestre, em meio ao balanço entre o Fed mais hawkish e o ambiente de risco incerto.
A cautela inviabilizou os ganhos de mais cedo do petróleo, que fechou em baixa. O barril do WTI para abril encerrou em baixa de 0,11%, a US$ 78,74, e o do Brent para igual mês perdeu 0,28%, a US$ 85,14. Hoje, o ministro da Energia da Arábia Saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, garantiu que o acordo de produção firmado no final de 2022 no âmbito da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) permanecerá em vigor até o fim deste ano.
Em Washington, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que não há evidências de que os três objetos derrubados no espaço aéreo americano na última semana estejam ligados ao programa de espionagem chinês. (André Marinho - [email protected])