ALÍVIO COM CAMPOS NETO ESFRIA E NOVA PRESSÃO SOBRE META PESA EM ATIVOS LOCAIS À TARDE

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CENÁRIO-2: ALÍVIO COM CAMPOS NETO ESFRIA E NOVA PRESSÃO SOBRE META PESA EM ATIVOS LOCAIS À TARDE

Durou apenas meia sessão o efeito sobre os preços domésticos da "bandeira branca" hasteada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Mesmo depois de uma noite e uma madrugada de acenos ao governo por parte do chefe da autarquia, o governo dobrou a aposta na pressão para que a meta de inflação seja elevada. A ideia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme apurou o Broadcast, é subir o alvo em 1 ponto porcentual em 2023, o que abriria espaço, na visão dos defensores do plano, para baixar a Selic para ao redor de 12% até o encerramento deste ano. Nesta tarde, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, voltou a criticar o BC e o atual nível da Selic. Com a incerteza de novo à mesa, o investidor viu espaço para alguma recomposição de prêmios no trecho longo da curva de juros. Assim, setores que têm correlação negativa com taxas mais altas foram penalizados na Bolsa, puxando para baixo o Ibovespa. O movimento, contudo, se arrefeceu na hora final, com o mercado ponderando, a partir de relatos da imprensa, que o debate sobre a elevação da meta não ocorreria necessariamente na reunião do Conselho Monetário Nacional desta semana. Após o fechamento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o CMN de quinta-feira não tratará da meta de inflação. Assim, o Ibovespa terminou o dia aos 107.848,81 pontos, queda de 0,91%. Um dos principais termômetros desta mudança de humor do mercado foi o dólar, que oscilou 10 centavos entre a mínima (R$ 5,1291) e a máxima (R$ 5,2287) no mercado à vista. Ao fim do dia, a cotação era de R$ 5,1984 (+0,42%). No dólar futuro, único mercado aberto quando da declaração de Haddad, a moeda americana perdeu força. Nos Estados Unidos, houve certa acomodação dos ativos à tarde depois do incômodo com os números da inflação ao consumidor de janeiro na etapa da manhã. Ainda assim, com dirigentes do Federal Reserve reforçando a mensagem de que a instituição pretende seguir firme no processo de aperto monetário, o mercado praticamente descartou corte dos Fed funds este ano. Desta forma, o retorno da T-note subiu ao maior nível do ano.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O alívio de prêmios na curva de juros perdeu ímpeto na sessão vespertina, a partir de novos ruídos envolvendo a discussão sobre o aumento das metas de inflação, que reduziram o ritmo de baixa nos trechos curto e intermediário e chegaram a colocar a ponta longa em alta. Até então, as taxas vinham resistindo à piora do ambiente externo ao longo do dia, que puxou a virada do dólar e dos rendimentos os Treasuries para cima, amparados na leitura positiva das declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ontem e hoje.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,43%, de 13,51% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,97% para 12,82%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 13,09%, de 13,11% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 13,36%, de 13,38%.

A entrevista de Campos Neto ao programa Roda Viva era amplamente aguardada e surpreendeu positivamente. "Falou o que tinha para falar, sem deixar de tocar no fiscal, mas num tom de conciliação", afirmou a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese. Hoje, em evento organizado pelo BTG, o presidente do BC manteve a mesma linha das declarações de ontem.

Agradou aos agentes a postura amistosa do comandante do BC, que optou por contemporizar em resposta aos ataques que partiram do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se espalharam não somente no mundo político, mas entre empresários e até economistas de viés mais à esquerda. Campos Neto defendeu que os investidores tenham maior "boa vontade" com o novo governo, considerou justos os questionamentos sobre o nível da Selic, hoje em 13,75%, e mostrou-se disposto a ir ao Congresso explicar por que a taxa está onde está.

Um dos maiores temores dos agentes era de que ele confirmasse a informação de que teria assentido em elevar as metas de inflação, que circulou na semana passada e foi lida como um sinal de capitulação do BC às pressões políticas. Mas ele negou. "Não existe ganho de credibilidade se mudar a meta", disse. Admitiu, por outro lado, que é possível haver um aprimoramento do sistema.

Na quinta-feira, haverá reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) e se a questão das metas estaria ou não em pauta ainda era uma incógnita durante a sessão. Após o fechamento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o assunto não está na pauta. Campos Neto, pela manhã, sinalizou que, quando e se o assunto for debatido, votaria contra uma elevação e, diante da expectativa de que o Haddad se alinhe ao presidente Lula e vote a favor, o fiel da balança seria a posição a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Segundo apurou o Broadcast, Lula já avisou a equipe econômica que quer um aumento de 1 ponto porcentual na meta de 2023, de 3,25%. Lula avalia que com uma meta maior seria possível reduzir a Selic para próximo de 12% no fim no ano, com cortes consecutivos de 0,25 e 0,50 ponto porcentual, afirmaram técnicos do Ministério da Fazenda. Após a informação, a ponta longa da curva, que tem sido o melhor termômetro da discussão das metas, passou a operar em alta. Perto do fechamento, a pressão arrefeceu relatos da imprensa, que o debate sobre a elevação da meta não ocorreria necessariamente na reunião do CMN desta semana.

Para Veronese, embora o mercado tenha começado a se preparar para uma alteração, um eventual aumento ainda não está nos preços dos ativos. "São poucos os economistas que já estão considerando isso", disse, acrescentando que, caso se concretize, há espaço para nova piora nas medianas de IPCA e Selic na pesquisa Focus.

Já a autonomia do BC parece uma questão mais preservada, pelo menos a curto prazo, a despeito da críticas de algumas áreas dentro do governo. Uma mudança de status exigiria uma mobilização mais efetiva do Congresso, que, por ora, parece mais voltado a discutir a reforma tributária e novo arcabouço fiscal.

Nesse contexto, o exterior ficou hoje em segundo plano para o mercado de juros. Os rendimentos dos Treasuries reagiram inicialmente em baixa ao índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) dentro do esperado nas bases mensais, mas no começo da tarde passaram a subir, com o yield da T-Note de 2 anos atingindo o pico do ano, a 4,65%. Embora as leituras mensais tenham ficado em linha com o esperado, as taxas anuais desaceleraram menos do que o previsto, a 6,4% no índice cheio e 5,6% no núcleo, ante consensos de 6,2% e 5,5%. A meta de inflação nos Estados Unidos é de 2%. Desse modo, os resultados ampliaram não só o ceticismo sobre um eventual ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve em 2023 como também a percepção de extensão do período de aperto na taxa. À tarde, a alta ganhou força com discursos de dirigentes regionais do Federal Reserve considerados "hawkish".

Na gestão da dívida pública, o Tesouro até elevou a oferta de NTN-B no leilão, para 800 mil títulos, em relação à semana passada (450 mil), mas vale destacar que naquela ocasião ainda vigorava o período de hiato dos dealers. Hoje foram vendidas 633.750 NTN-B, com risco para o mercado em DV01 em US$ 260 mil, de US$ 102 mil no leilão anterior, segundo a Warren Rena. Chamou a atenção especialmente o desempenho da NTN-B 2033 - da oferta de 150 mil, apenas 21.200 foram vendidas.

Especialistas vêm alertando que para fazer frente aos vencimentos previstos no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2023 as emissões em média teriam de ficar acima de R$ 20 bilhões por semana, o que não tem ocorrido. O giro financeiro de hoje, entre LFT e NTN-B, foi de cerca de R$ 15 bilhões, o que joga pressão para a operação de quinta-feira, com prefixados, cuja demanda tem sido menor em meio ao aumento dos riscos fiscais. Essa dificuldade em colocar papéis, ao mesmo tempo em que pressiona o colchão de liquidez, pode elevar ainda mais os custos para o Tesouro no financiamento da dívida. (Denise Abarca - [email protected])

Volta

BOLSA

O Ibovespa não conseguiu sustentar o sinal positivo pelo terceiro dia, nem a linha dos 108 mil pela quarta sessão, nível que tem predominado na B3 desde o último dia 3, após o índice ter iniciado o mês em tendência negativa, saindo dos 113,4 mil pontos no fim de janeiro. Em fevereiro, o Ibovespa acumula agora perda de 4,92% ao encerrar esta terça-feira em baixa de 0,91%, aos 107.848,81 pontos, tocando na mínima da sessão os 107.557,07 (-1,18%), no fim da tarde, com máxima a 109.564,11 pela manhã e abertura aos 108.838,52 pontos.

O giro financeiro se manteve moderado nesta terça-feira, a R$ 24,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula agora perda de 0,21%, cedendo até aqui 1,72% em 2023.

O humor em Nova York piorou ainda pela manhã, com a leitura mista sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em janeiro, reduzindo o apetite por risco em momento no qual os investidores ainda mantêm dúvidas quanto ao nível da taxa terminal de juros do Federal Reserve - premido entre tom mais suave, recentemente, para a política monetária e dados americanos, especialmente sobre o mercado de trabalho, que ainda sugerem cautela.

Aqui, o dólar virou ainda no começo da tarde, passando a subir, enquanto os DIs para janeiro de 2025 e 2027 seguiam em baixa em relação ao ajuste anterior, com a percepção favorável do mercado sobre a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na noite anterior no Roda Viva, da TV Cultura.

Mas, em desdobramento negativo à tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já teria avisado à equipe econômica que quer aumento de um ponto porcentual na meta de inflação de 2023, atualmente em 3,25%. Lula avalia que com meta maior seria possível reduzir os juros para patamar próximo de 12% no fim do ano, com cortes consecutivos de 0,25 e 0,50 ponto porcentual, afirmaram técnicos do Ministério da Fazenda ao Broadcast, conforme relato do jornalista Antonio Temóteo, de Brasília. As projeções do Focus apontam para uma Selic ao final deste ano a 12,75%.

"O mercado, aqui, continua a ser pressionado principalmente por questões locais, como o BC, a taxa de juros e a meta de inflação. Viramos o dia com a entrevista do Campos Neto, em que estendeu a mão para o governo, e se imaginava que haveria uma continuidade. Antes mesmo da abertura do mercado, ele reafirmou hoje, em evento do BTG Pactual, tudo que havia dito na noite de ontem, no Roda Viva. Entretanto, a pressão do governo sobre o Banco Central não amenizou", observa Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos.

Ele se refere também a declarações da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, bem como ao relato de que o presidente Lula teria exigido do ministro Fernando Haddad (Fazenda) que, em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), determine aumento da meta de inflação de 3,25% para 4,25% este ano, "o que foi muito mal recebido pelo mercado, que virou, com Bolsa pra baixo e dólar pra cima". O CMN volta a se reunir nesta quinta-feira.

Perto do fechamento, contudo, relato de que Lula ainda não teria batido o martelo quanto a uma mudança na meta de inflação contribuiu para tirar parte da pressão sobre o Ibovespa, que chegou a recuperar, pontualmente, o nível dos 108 mil pontos. Com a Bolsa nos ajustes finais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que mudança na meta de inflação não estará na pauta do CMN desta quinta-feira.

Ainda assim, "o governo não parece disposto a acordo, apesar de o BC ter estendido a mão. Aumento na meta de inflação é ruim do ponto de vista técnico, mexe com o mercado e exacerba uma certa crise de confiança na condução da política monetária", aponta Cavalheiro, da Rio Verde. "A tentativa do mercado de ficar mais tranquilo se foi", acrescenta o gestor, referindo-se ao humor favorável do começo do dia.

Ontem à noite, na contramão da pressão do governo, Campos Neto fez referências que o mercado gosta de ouvir: a Selic é um componente importante, mas não definidor por si da curva de juros a termo; e elevar, ainda que pouco, as metas de inflação pode afetar a credibilidade da política monetária, aprofundando a desancoragem das expectativas e levando os juros de mercado mais para cima, em vez de fazê-los ceder como o governo gostaria.

A clareza conceitual se fez acompanhar de sinais pacificadores em direção a críticos, no governo e em partidos como PT e PSOL, que têm atacado a Selic a 13,75% ao ano, bem como o regime de metas de inflação, considerado inexequível nos patamares que haviam sido definidos pelo Conselho Monetário Nacional - e que Campos Neto deixou claro, ontem à noite no Roda Viva, que não gostaria de mudar, agora ou adiante, ainda que esteja aberto à discussão, inclusive com o Congresso.

Em alguns momentos da entrevista, o presidente do BC observou que, até as metas terem sido colocadas em dúvida, a discussão dos agentes econômicos e do mercado era sobre quando a Selic começaria a ser cortada, possivelmente em junho, na metade do ano, mas o questionamento do regime acabou produzindo o efeito oposto, ao pressionar a curva de juros.

Além do contexto macroeconômico em interação com o político, o mercado segue atento à temporada de resultados corporativos, e o destaque desta terça-feira foram os números do Banco do Brasil, que vieram acima do esperado para o quarto trimestre, colocando BB ON em alta de 2,34% no encerramento da sessão - moderado em relação ao ganho de cerca de 4% visto até o meio da tarde, quando a Bolsa piorou.

"O Banco do Brasil entregou RoE (retorno sobre o patrimônio) de 23% no trimestre, acima do que o mercado esperava", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, destacando também a entrevista de Campos Neto, "que busca aproximação com o governo, mas alerta que a mudança da meta de inflação pode gerar efeito oposto (ao pretendido), no mercado".

Apesar da satisfação com os resultados do BB, o dia na B3 foi majoritariamente negativo para ações de grandes bancos, como Itaú (PN -1,24%) e Santander Brasil (Unit -0,31%). O setor de commodities, que ao lado do financeiro costuma dar direção ao Ibovespa, pelo peso conjunto sobre o índice, também foi mal na sessão, à exceção de Vale (ON +0,45%) e de parte das siderúrgicas (Gerdau PN +0,24%, CSN ON +0,29%), que também acomodaram ganhos em direção ao fim da tarde, com a deterioração de expectativas sobre a política monetária.

Na ponta do Ibovespa, além de Banco do Brasil, destaque nesta terça-feira para Carrefour Brasil (+2,92%), à frente também de Sabesp (+1,87%) e TIM (+1,56%). No lado oposto, Raízen (-7,45%), Méliuz (-7,45% também), CVC (-6,72%), BRF (-6,51%) e Yduqs (-6,41%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 107848.81 -0.90747

Máxima 109564.11 +0.67

Mínima 107557.07 -1.18

Volume (R$ Bilhões) 2.40B

Volume (US$ Bilhões) 4.67B

18:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 107805 -1.25487

Máxima 109740 +0.52

Mínima 107550 -1.49

CÂMBIO

Após ensaiar um recuo pela manhã, o dólar ganhou força ao longo da tarde e, depois de atingir máxima a R$ 5,2287, encerrou a sessão desta terça-feira, 14, em alta de 0,42%, cotado a R$ 5,1984. Lá fora, a moeda americana apresentou leve queda frente a pares fortes e teve desempenho misto na comparação com divisas emergentes e de exportadores de commodities, com investidores digerindo a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em janeiro. Pares do real, como o peso mexicano e o peso chileno, contudo, se fortaleceram ante o dólar.

Segundo analistas, pesou contra a moeda brasileira a informação, apurada pelo Broadcast com fontes, de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já bateu o martelo a favor de uma elevação da meta de inflação deste ano, que é de 3,25%, em 1 ponto porcentual - o que, na visão do presidente, abriria espaço para que a taxa Selic cedesse dos atuais 13,75% para 12% no fim do ano, abaixo da mediana do Boletim Focus (12,75%). Com o mercado à vista já fechado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que meta de inflação não está na pauta da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) desta quinta-feira, 16. Isso levou a uma forte desaceleração da alta do contrato de dólar futuro para março, que passou a ser negociado abaixo da cotação de fechamento no mercado spot.

Em todo caso, a suposta ofensiva de Lula eclipsou o tom amistoso e conciliador do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista ontem ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e hoje pela manhã em evento do BTG Pactual. Campos Neto negou que seja a favor de mudar a meta de inflação, rumor que causou estresse no mercado na semana passada, e defendeu a autonomia da autarquia. Por outro lado, pregou uma aproximação com o governo, se dispôs a ir ao Congresso e disse achar "justo questionar os juros altos".

"Mercado abriu com a expectativa de distensão na relação do governo com o BC. Mas aí tivemos mais uma rodada de declarações no sentido contrário. Vira de baixa para alta (movimentação do dólar). Mas, afinal, ninguém come dólar", ironizou no twitter o gestor Sérgio Machado, sócio da NCH Capital.

Pela manhã, ao ser questionado hoje se o CMN poderia mudar a metas de inflação, Campos Neto desconversou. "Vocês vão ter que esperar mesmo porque o presidente do CMN é o ministro da Fazenda, o Banco Central tem um voto de três", disse, em referência ao fato de que são dois votos de ministros (Fazenda e Planejamento) e um do presidente do BC.

"O mercado está muito sensível a essa conflito do governo com o BC. O dólar ameaçou romper o suporte de R$ 5,13 pela manhã, mas acabou subindo com essa notícia de que devem mexer mesmo nas metas de inflação", afirma o economista Bruno Mori, sócio fundador da consultoria Sarfin. "Governo quer atacar o problema da inflação mudando a meta, em vez de atacar as causas. Essa pressão política provoca muita insegurança".

Segundo apurou o Broadcast, economistas do mercado financeiro que participaram da reunião trimestral com diretores do BC hoje, no Rio de Janeiro, precisaram passar por manifestantes que pediam a saída Campos Neto, para deixar a sede da autarquia após o fim do encontro. "Está grande o protesto. Tem a CUT, os sindicatos, pedindo juro baixo e o 'fora Campos Neto'", comentou um economista, sob a condição de anonimato.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), voltou a atacar a gestão da política monetária no lançamento da Frente Parlamentar contra "juros abusivos. Uma das principais vozes da ala política do governo, mesmo sem cargo na Esplanada dos Ministérios, Gleisi disse que não há risco fiscal e que o BC "não pode aplicar remédio errado" que "compromete o crescimento". O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou hoje à tarde que não vê possibilidade de mudança na autonomia do Banco Central ou de exoneração de Campos Neto.

Nos EUA, dados da inflação ao consumidor em janeiro não autorizaram apostas mais fortes em uma interrupção iminente do aperto monetário pelo Federal Reserve e em taxa de juros terminal abaixo de 5%. O CPI subiu 0,5% em janeiro e o núcleo, 0,4% - ambos em linha com a expectativa. Na comparação anual, tanto o índice cheio (6,4%) quando o núcleo (5,6%) mostraram desaceleração, mas vieram acima do previsto por analistas.

Para o economista da XP Francisco Nobre, tanto o CPI quando o relatório de emprego (payroll) de janeiro nos EUA são "consistentes com pelo menos" uma nova alta da taxa básica americana em 25 pontos-base, o que já está "precificado" pelo mercado. "Para o encontro [de política monetária do Fed] em maio, a avaliação se altas adicionais serão necessárias vai depender largamente da inflação por vir (especialmente de serviços) e dos números do mercado de trabalho", afirma Nobre, em relatório.

Dirigentes do Fed disseram hoje à tarde que os índices de preços estão arrefecendo, o que permitiu desacelerar o ritmo de alta de juros, mas que ainda há trabalho a fazer para que garantir a convergência da inflação para a meta de 2%. "Ainda não acabamos [de subir juros], mas estamos muito perto", afirmou o presidente da distrital do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, que vota neste ano nas reuniões de política monetária do BC americano.

"Embora resultado de inflação nos EUA tenha vindo dentro do esperado e, na sequência, houve comentários de dirigentes do Fed com tom mais neutro, o dólar voltou a subir por aqui, sinalizando que a pressão vem mesmo do cenário interno", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest. Possivelmente as críticas que o presidente continua fazendo ao Banco Central continuam gerando desconforto no mercado". (Antonio Perez - [email protected])

18:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.19840 0.4231 5.22870 5.12910

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5201.000 0.53156 5239.500 5140.000

DOLAR COMERCIAL 5242.000 0.3451 5242.000 5206.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

Ao longo da tarde, dirigentes do Federal Reserve (Fed) reforçaram a mensagem de que a instituição pretende seguir firme no processo de aperto monetário. Junto com o resultado de janeiro do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, os comentários levaram o mercado a praticamente descartar a possibilidade de cortes de juros este ano. Em resposta, os retornos dos Treasuries subiram, e o da T-note de 2 anos atingiu nível máximo de 2023. No entanto, a reação de outros ativos no exterior foi distinta: o dólar recuou ante pares europeus e avançou diante do iene, de olho na sucessão do Banco do Japão (BoJ). As bolsas de Nova York tiveram dificuldade para firmar direcionamento, em um pregão volátil que terminou com Nasdaq no azul. Já o petróleo foi pressionado pela venda de reservas estratégicas americanas, apesar de previsões otimistas da Opep para a demanda.

O coro de integrantes do Fed continuou a indicar um compromisso firme pela estabilidade de preços, no mesmo dia em que o CPI de janeiro apontou aceleração na comparação mensal, mas um retardamento na taxa anual. A presidente da distrital do Fed em Dallas, Lorie Logan, defendeu que o banco central americano deve estar preparado para manter a política restritiva por um período mais longo do que o esperado, caso seja necessário conter um indesejado relaxamento das condições financeiras.

Já o líder da regional da Nova York, John Williams, disse que as quedas nos preços de bens e commodities não são suficientes para reduzir a inflação nos EUA de forma sustentada. O chefe da distrital da Filadélfia, Patrick Harker, por sua vez, destacou que o Fed ainda não acabou de subir juros, mas está bem perto.

Em meio às declarações, o mercado diminuiu drasticamente as apostas por afrouxamento monetário este ano, um movimento que já tinha sido deflagrado pela divulgação do CPI. Plataforma de monitoramento do CME Group mostra, no fim da tarde em Nova York, um aumento considerável nas chances de que os juros básicos nos EUA terminem o ano acima de 5%.

A reavaliação das perspectivas refletiu de forma mais clara na renda fixa. No fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 4,634%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,759%, e o do T-bond de 30 anos aumentava a 3,794%. Para o economista Edoardo Campanella, do UniCredit, os dados de hoje sinalizam que o Fed verá a incipiente trajetória desinflacionária como um processo acidentado. "Manter a inflação de forma sustentável na meta de 2% exigirá política monetária apertada por algum tempo", resume.

Apesar disso, o dólar não conseguiu capitalizar de maneira consistente do cenário de riscos pronunciados. O índice DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais fortes, fechou a sessão em baixa de 0,11%, a 103,233 pontos, com euro em alta a US$ 1,0743 e libra, a US$ 1,2178, no fim da tarde em Nova York. No horário, o dólar avançava a 133,05 ienes, após a confirmação da nomeação de Kazuo Ueda à presidência do Banco do Japão (BoJ).

Em Wall Street, o salto de mais de 7% na ação da Tesla ajudou a conduzir o Nasdaq a um ganho de 0,57%, aos 11.960,15 pontos. A fabricante de carros elétricos informou ter observado sinais positivos de recuperação das vendas na China. Entre os demais índices, S&P 500 caiu 0,03%, a 4.136,13 pontos, enquanto Dow Jones perdeu 0,46%, a 34.089,27 pontos. O papel da Coca-Cola caiu 1,68%, depois que a gigante de bebidas informou ter amargado queda no lucro do quarto trimestre.

Na contramão, Boeing subiu 1,30%, após a empresa confirmar acordo avaliado em US$ 34 bilhões de venda de mais de 200 aeronaves para a Air India. Já Ford perdeu 0,99%, depois que a montadora paralisou a produção de um dos seus modelos elétricos para resolver um problema na bateria.

A Capital Economics prevê que as expectativas de inflação de investidores, nos próximos meses, cairão ainda mais nos EUA, o que deve pesar sobre os prêmios dos títulos públicos. "Mas duvidamos que isso evitaria que os mercados de ações caíssem se a economia dos EUA entrasse em recessão", pontua. (André Marinho - [email protected])

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