Em compasso de espera pela participação o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Roda Viva desta noite, o mercado local pegou carona no bom humor externo antes de indicadores de preços e, de alguma forma, reagiu ao que não foi dito pelo presidente Lula. Afinal, depois de voltar dos Estados Unidos, ele participou de um evento público e não criticou o BC nem as metas de inflação, como repetiu diversas vezes nos últimos dias. Mesmo assim, diante de nova rodada de piora nas medianas de inflação, PIB e Selic na pesquisa Focus, os ativos locais acompanharam Nova York mantendo certa distância, em meio à cautela que cerca o debate sobre a política monetária e fiscal. No mercado de juros futuros, que melhor reflete a sensibilidade deste tema, as taxas curtas e intermediárias subiram, em dia de reunião de economistas com o BC para a confecção do Relatório de Inflação e no qual o tema, para variar, foi meta de inflação e autonomia da autoridade monetária. As longas recuaram, alinhadas ao movimento do câmbio. Mesmo assim, Wall Street com mais fôlego ao longo da tarde, puxada pelas techs Microsoft e Meta, e o avanço do petróleo, sustentado pelo otimismo com a reabertura da China, empurraram o dólar para baixo e ajudaram a Bolsa a engatar o segundo pregão de ganhos. A moeda dos EUA, que recuou ante a maioria das demais divisas emergentes e de países ricos, terminou a segunda-feira com desvalorização de 0,87% ante o real, a R$ 5,1765. Houve relatos de entrada de fluxo estrangeiro para o mercado acionário brasileiro, venda de exportadores e desmonte parcial de posições defensivas no mercado futuro de câmbio. Nesse cenário, o Ibovespa teve alta de 0,70%, aos 108.836,47 pontos, com destaque para os ganhos de Petrobras (ON +0,50% e PN +0,30%).
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•MERCADOS INTERNACIONAIS
•CÂMBIO
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JUROS
Os juros futuros fecharam a segunda-feira em alta nos contratos curtos e intermediários e com viés de baixa na ponta longa, com o mercado mesclando cautela com os eventos locais a um clima mais ameno no exterior, que viabilizou a melhora do câmbio, influenciando também as taxas. Internamente, a percepção é de que a pressão política segue crescente sobre o Banco Central. Em meio à espera da entrevista de Roberto Campos Neto esta noite ao programa Roda Viva, boa parte do mercado em São Paulo reuniu-se com diretores da autoridade monetária, no encontro trimestral que ajuda na confecção do Relatório de Inflação (RI). Como esperado, no encontro, as metas de inflação e a autonomia do BC estiveram no centro do debate, num dia de nova piora nas medianas de inflação, PIB e Selic na pesquisa Focus.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,51%, de 13,44% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,87% para 12,95%. O DI para janeiro de 2027 encerrou a 13,08%, de 13,10% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa de 13,33% (de 13,41%).
Após encerrar a última semana com ganho nos níveis de inclinação, hoje a curva até reverteu o movimento, mas no chamado "bear flattening", ou seja com as taxas curtas pressionadas para cima e sem queda relevante na ponta longa. A pesquisa Focus trouxe uma combinação perniciosa de alta nas medianas de IPCA 2023 (5,78% para 5,79%), 2024 (3,93% para 4,0%) e 2025 (3,50% para 3,60%) e Selic, e de crescimento menor do PIB.
A expectativa para a taxa básica no fim de 2023 avançou de 12,50% para 12,75%, indicando que o mercado agora trabalha com um a ideia de corte de apenas 1 ponto porcentual para a Selic este ano. Ainda assim, tal cenário é mais otimista do que o precificado na curva do DI, que aponta, após ajustes de alta no primeiro semestre, taxa básica no fim de 2023 com uma queda residual de cerca de 0,25 ponto porcentual ante o atual patamar de 13,75%. Já a mediana para o PIB de 2023 aponta agora aumento de 0,76%, de 0,79% na semana passada.
"Os temores associados ao possível aumento da meta de inflação continuam a influenciar as perspectivas para inflação e juros, em meio às pressões sobre o Banco Central e o receio de intervencionismo de governo nas definições de política monetária", resumiu a analista da Tendências Luiza Benamor.
Economistas em São Paulo estiveram hoje com os diretores Diogo Guillen (Política Econômica) e Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais), além de técnicos do BC. Também participou do encontro a subsecretária de Política Macroeconômica do Ministério da Fazenda, Raquel Nadal. As duas reuniões foram dominadas pelas incertezas sobre o futuro das metas. Na primeira, pela manhã, segundo apurou o Broadcast, a percepção majoritária entre os presentes foi de que a discussão é “fora de propósito", mas houve opiniões divergentes sobre como o BC deve proceder diante do debate. Alguns defendem que o BC resista e outros, que tenha uma postura de "redução de danos", uma vez que a alteração pode ser inevitável. No encontro da tarde, os analistas convergiram na avaliação de que o debate deverá agravar a desancoragem das expectativas.
O economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira viu o mercado de juros hoje bastante "de lado" em comparação ao bom desempenho do real e das ações, num ambiente externo hoje menos tensionado. "O mercado está bastante ansioso pela participação de Campos Neto, no Roda Viva", lembrou.
No programa, o comandante do BC terá a oportunidade de esclarecer uma série de questões envolvendo as críticas desferidas pelo presidente Lula e integrantes do PT ao trabalho do BC, em especial à autonomia da instituição, cuja eventual mudança para o mercado é algo ainda mais temível do que a alteração das metas. O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou que o governo não fará uma orientação sobre a meta ao Conselho Monetário Nacional (CMN), em referência à reunião da quinta-feira.
Enquanto isso, bancários preparam para amanhã atos em cidades como São Paulo e Brasília não só a favor da redução da Selic mas também pedindo a saída de Campos Neto. Do mesmo modo, 17 entidades e partidos de esquerda organizam-se para protestar na sede do BC no Rio contra Campos Neto, a autonomia da instituição e contra a manutenção dos juros no patamar atual. Ainda, no fim da tarde, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, afirmou que o partido decidiu pela convocação de Campos Neto ao Congresso.
Na política fiscal, num momento em que a nova regra que vai substituir a do teto de gastos é aguardada com grande expectativa, o Broadcast apurou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deu aval para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, participar das discussões sobre o novo arcabouço fiscal do País. Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que tem sido vista pelo mercado como contraponto importante a arroubos populistas dentro do governo, disse que trabalhará com Haddad na elaboração do arcabouço fiscal, o que ela considerou como a "bala de prata" para se colocar a questão fiscal em ordem.
No exterior, os juros dos Treasuries estiveram bem comportados e o dólar caiu ante boa parte das moedas, incluindo o real, o que ajudou a ancorar um pouco a ponta longa, antes do CPI de janeiro nos EUA nesta terça-feira. O consenso é de alta de 0,5% para o índice cheio e de 0,4% para o núcleo. (Denise Abarca - [email protected])
MERCADOS INTERNACIONAIS
Microsoft e Meta lideraram uma onda de ordens de compras que turbinou as ações de tecnologia e impulsionou os ganhos das bolsas de Nova York ao longo desta tarde. O movimento foi amplificado pelos sinais de que as expectativas de inflação nos EUA permanecem estáveis, de acordo com pesquisa conduzida pelo Federal Reserve (Fed) de Nova York. O quadro geral de risco foi favorável às moedas rivais ao dólar e ao petróleo, que devolveu as perdas de mais cedo e fechou a sessão em alta. Já os juros longos dos Treasuries ficaram sem direção única, com aprofundamento da inversão entre os retornos dos títulos de 2 e 10 anos. Agora, o foco se volta para a leitura de janeiro do índice de preços ao consumidor (CPI) americano, que será divulgada amanhã e deve mostrar aceleração na base mensal e alívio na comparação anual.
No levantamento mensal do Fed de Nova York, que ouviu 1,3 mil chefes de famílias nos EUA, as expectativas de inflação no horizonte de um ano ficou estável em 5,0%, e as de três e cinco anos apresentaram variações marginais. O estudo revelou ainda que as perspectivas de aumento salarial se estabilizaram no mês passado.
A divulgação dos números contribuiu para o clima benigno que imperou em Wall Street nesta segunda-feira. O índice Dow Jones fechou em alta de 1,11%, a 34.245,93 pontos; o S&P 500 avançou 1,14%, a 4.137,29 pontos; e o Nasdaq ganhou 1,48%, a 11.891,79 pontos. Entre os destaques, o papel da Meta subiu 3,03%, após o jornal Financial Times informar que a empresa se prepara para adotar mais medidas de cortes de custos. Já Microsoft avançou 3,12%, com investidores animados quanto aos planos de inteligência artificial da companhia.
O bom humor nos negócios impôs particular pressão sobre o dólar no exterior. O índice DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais fortes, encerrou em baixa de 0,28%, a 103,345 pontos, com euro em alta a US$ 1,0724 e libra, a US$ 1,2137 no fim da tarde.
No mesmo horário, o dólar avançava a 132,36 ienes, em meio às especulações de que Kazuo Ueda será indicado presidente do Banco do Japão (BoJ), no lugar de Haruhiko Kuroda. "Independentemente de quem assuma as rédeas, as expectativas de normalização da política monetária continuam altas", afirma o Julius Baer.
O dólar mais fraco zerou as perdas do petróleo, que é beneficiado pelo contraste da demanda aquecida pela reabertura chinesa com as incertezas sobre a oferta russa. O barril do WTI para março fechou em alta de 0,53% em Nova York, a US$ 80,14, e o do Brent para abril subiu 0,25%, a US$ 86,61, em Londres. O analista Edward Moya, da Oanda, vê fatores positivos à commodity energética. "A demanda por combustível de aviação está sendo liderada pelos EUA e pela Europa, o que significa que o petróleo provavelmente subiria se a China ganhasse impulso [econômico]", cita.
O ambiente propício a risco, no entanto, não impediu um movimento de busca pela segurança dos Treasuries na ponta longa. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos aumentava a 4,545% e o da T-note de 10 anos caía a 3,708%, em uma tendência de intensificação da inversão da curva, isto é, o retorno de curto prazo maior que o do longo.
O fenômeno reflete, em parte, a expectativa por mais altas de juros nos EUA. Durante a manhã, a diretora do Fed Michelle Bowman reforçou o coro de dirigentes que defendem a manutenção da política restritiva para garantir uma queda sustentada da inflação. Bowman reiterou que o resultado forte do emprego em janeiro complicou o cenário inflacionário.
Uma visão mais clara dos planos do Fed poderá ser inferida a partir da divulgação do CPI dos EUA, amanhã, às 10h30 (de Brasília). A mediana de analistas consultados pelo <b>Projeções Broadcast</b> aponta para um avanço de 0,5% em janeiro ante o mês anterior, maior que a alta mensal de 0,1% em dezembro. Na comparação anual, o consenso é de uma elevação de 6,2%, o que representaria um arrefecimento após o aumento de 6,5% no mês final de 2022.
A escalada nos preços de gasolina e mudanças na metodologia de cálculo do dado adicionam um grau de incerteza ao indicador. "Uma surpresa em alta para 0,5% ou mais, em nossa opinião, marcaria uma clara recuperação nas pressões inflacionárias subjacentes mais amplas", alerta o Danske Bank.
Ainda em segundo plano, investidores monitoram o estado das relações sino-americanos. Em meio à troca de acusações sobre supostos balões espiões, a Bloomberg informou hoje que o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, avalia se encontrar com o vice-ministro das relações Exteriores da China, Wang Yi, no final desta semana, em uma conferência de segurança na Alemanha. (André Marinho - [email protected])
CÂMBIO
O dólar abriu a semana em queda no mercado doméstico de câmbio, alinhado ao sinal de baixa da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes, em dia marcado por valorização de ativos de risco no exterior. Operadores voltaram a relatar entrada de fluxo estrangeiro para a bolsa brasileira, venda de exportadores e desmonte parcial de posições defensivas no mercado futuro de câmbio, para ajustes e realização de lucros.
Tirando uma alta pontual e bem limitada na abertura dos negócios, quando atingiu máxima a R$ 5,2288 (+0,13%), o dólar operou em baixa ao longo de toda a sessão. Com mínima a R$ 5,1606 (-1,17%) no início da tarde, a moeda fechou cotada a R$ 5,1765, queda de 0,87%. Foi o segundo pregão seguido de recuo do dólar no mercado local, com perdas acumuladas de 1,93% no período. Em fevereiro, a moeda ainda apresenta valorização de 1,97%.
Contribuiu para a calmaria no mercado de câmbio a ausência de nova fala crítica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central, em cerimônia no Palácio do Planalto hoje para assinatura de decretos recriação de programas para catadores e reciclagem. As expectativas giram em torno de entrevista do presidente do BC, Roberto Campos Neto, hoje à noite no programa Roda Viva, da TV Cultura, e para o encontro do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira, 16, em meio ao debate público sobre mudança da meta de inflação.
"Sem ruído político hoje, o mercado local acompanhou o apetite ao risco lá fora, com as bolsas em Nova York subindo e o dólar perdendo força com a espera pelo CPI", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, em referência à divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em janeiro nos EUA. "Se o CPI vier em linha, será o sinal verde para nova valorização dos ativos de risco. Está se consolidando a leitura de que a inflação vai ceder sem que a economia americana entre em recessão. Se não houvesse esse barulho local, o dólar poderia estar abaixo de R$ 5,00".
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em baixa firme ao longo do dia e, quanto o mercado local fechou, era negociado aos 103,325 pontos, em queda de 0,29%. Com raras exceções, o dólar caiu frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real, como peso chileno, peso mexicano e rand sul-africano.
O Itaú Unibanco alterou hoje sua projeção para o câmbio deste ano e do próximo. A expectativa para a taxa no fim de 2023 passou de R$ 5,50 para R$ 5,30, em meio a um ambiente internacional mais favorável. "A melhora se dá exclusivamente pelo ambiente externo mais benigno, ainda que com momentos voláteis", afirma o relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita. De acordo com o banco, o prêmio de risco doméstico segue em nível elevado e deve impedir uma apreciação maior da moeda. "Projetamos a taxa de câmbio em R$ 5,40 por dólar em 2024", afirma.
Para Jolig, do Alphatree Capital, o real foi prejudicado recentemente pelo aumento da temperatura política local, com a possibilidade de mudança da meta de inflação e ataques à autonomia do Banco Central. Contudo, ainda há certa expectativa em torno de que o novo arcabouço fiscal seja crível, o que pode abrir uma janela para melhora dos ativos locais.
Fontes ouvidas pelo Broadcast Político afirmaram que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deu aval para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, participar das discussões sobre o novo arcabouço fiscal. O BNDES vai organizar em março um seminário sobre o tema, que contará com a participação da Fazenda. Ainda assim, a postura de Mercadante irritou alas do PT e foi lida como "fogo amigo". Em conversas reservadas, petistas dizem que Mercadante tenta competir com Haddad.
Entre os indicadores, a balança comercial registrou superávit de US$ 958,3 milhões na segunda semana de fevereiro, segundo dados divulgados à tarde pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O saldo acumulado em fevereiro chegou a US$ 1,566 bilhão e, no ano, o superávit é de US$ 4,145 bilhões.(Antonio Perez - [email protected]. Colaboração Maria Regina Silva)
18:26
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.17650 -0.8694 5.22880 5.16060
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5173.000 -1.12768 5241.500 5171.500
DOLAR COMERCIAL 5341.500 09/02
BOLSA
Na mesma direção embora a uma certa distância de Nova York nesta segunda-feira, o Ibovespa obteve hoje sequência de duas sessões em que conseguiu evitar perdas, algo que não ocorria desde os dias 24 e 25 de janeiro. Após ter fechado a sexta-feira em leve alta de 0,07%, o índice da B3 avançou neste começo de semana 0,70%, aos 108.836,47 pontos, com o patamar dos 108 mil tendo predominado em fechamentos desde 3 de fevereiro, vindo do encerramento de janeiro aos 113,4 mil pontos - mês em que acumulou ganho de 3,37% após recuos de 2,45% em dezembro e de 3,06% em novembro.
Em fevereiro, a falta de dinamismo tem se refletido também em giro mais fraco, hoje a R$ 24,2 bilhões. No mês, o Ibovespa cai 4,05% e, no ano, cede 0,82%. Entre a mínima e a máxima do dia, o índice oscilou dos 107.419,59 aos 109.192,91, saindo de abertura aos 108.074,15 pontos.
À noite, o mercado aguarda posicionamento do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na qual um dos assuntos principais será a recente crítica do presidente Lula e de outras autoridades do governo não apenas ao nível da Selic e das metas de inflação, mas também à lei que assegurou independência ao Banco Central.
A viagem de Lula aos Estados Unidos e alguns comentários públicos de autoridades, como o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), contribuíram para acalmar um pouco os ânimos sobre o BC, mas o sinal de que Campos Neto poderia aceitar revisão antecipada da meta, para cima, foi recebido de forma mista pelo mercado perto do fim da semana passada.
Por um lado, há a percepção de que pequeno aumento antecipado da meta seria uma solução de compromisso que neutralizaria incertezas sem ferir a credibilidade do BC, mas, por outro, o pensamento é de que, por menor que seja o ajuste, viria em momento de pressão sobre a autonomia de autarquia que deveria ser guiada apenas por critérios técnicos, blindada de interesses políticos. Os argumentos de governo e aliados contra a autonomia desceram ao ponto de associar Campos Neto ao "bolsonarismo", com convites para que dê ao Congresso explicação sobre decisões.
Hoje, pela primeira vez desde maio de 2021, representante do Ministério da Fazenda esteve presente à reunião trimestral entre BC e economistas do mercado, mas a participação foi descrita como silenciosa por fontes que estiveram no encontro - sem interferências, perguntas ou comentários, reportam os jornalistas Cicero Cotrim e Marianna Gualter, do Broadcast.
Segundo fontes que participaram do encontro, os analistas convergiram na avaliação de que o debate sobre aumento da meta de inflação deve agravar a desancoragem das expectativas. Nesse cenário, a maior parte dos participantes apresentou cenários de Selic estável em 13,75% até o fim de 2023 - acima da mediana do último relatório Focus, de 12,75%.
Em outro desdobramento do dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deu aval para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, participar das discussões sobre o novo arcabouço fiscal. O BNDES vai organizar em março um seminário sobre o tema, que contará com a participação da Fazenda. Segundo apurou o Broadcast Político, a ideia do seminário sobre arcabouço fiscal, uma das prioridades do governo federal, partiu de Mercadante e foi aceita por Haddad.
“O tema no Brasil continua a ser o debate sobre o regime de metas de inflação, e o estresse entre governo e Banco Central. Além de importante, o Roda Viva de hoje promete ser emocionante”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, para quem o mais provável é que a meta vá a 3,5% “em caráter permanente”, o que seria “mais razoável” do que buscar níveis de 3% ou 3,25%. Para o economista, 3,5% ou mesmo 4% como meta não fariam tanta diferença - e, dessa forma, um balizador maior, viável, contribuiria para aliviar a “carga de juros” no Brasil.
Na B3, o começo de semana foi majoritariamente positivo para as ações de maior peso e liquidez, à exceção de Vale (ON -0,10%). Destaque para o bom desempenho das ações de bancos, com Bradesco (PN +3,55%) e Itaú (PN +3,53%) à frente. O dia também foi de ganhos, embora discretos, para Petrobras (ON +0,50%, PN +0,30%). Na ponta do Ibovespa, destaque para a recuperação de BRF (+7,63%) na sessão, à frente de Via (+5,37%) e Soma (+4,30%), com Azul (-4,31%) e Méliuz (-3,09%) no canto oposto.
“A semana promete ser agitada, com dados e eventos importantes nos Estados Unidos, como o CPI (inflação ao consumidor) de janeiro, as vendas do varejo, e alguns discursos de autoridades do Fed”, diz Gabriel Matesco, especialista em renda variável da Blue3, destacando, no Brasil, os aguardados resultados trimestrais de empresas como Banco do Brasil, B3, WEG e, especialmente, Vale, a de maior peso individual no Ibovespa e que “trouxe prévias um pouco abaixo das expectativas, em função do minério”. (Luís Eduardo Leal, [email protected])
18:20
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 108836.47 0.70153
Máxima 109192.91 +1.03
Mínima 107419.59 -0.61
Volume (R$ Bilhões) 2.41B
Volume (US$ Bilhões) 4.66B
18:26
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109055 0.92078
Máxima 109340 +1.18
Mínima 107460 -0.56