META ESTRESSA ATIVOS LOCAIS NA SEMANA, ENQUANTO EUA VEEM CHANCE DE JURO A 5%

Blog, Cenário

O governo e seus aliados no Congresso entraram de cabeça nas discussões sobre o papel do Banco Central e de seu presidente, Roberto Campos Neto, ao longo desta semana, penalizando os ativos domésticos. As tentativas de "bandeira branca" por parte de ministros até surtiram efeito pontualmente, mas o investidor teme que o destino final de toda essa disputa seja o BC ceder e haver uma alteração na meta de inflação. Isso desaguou na inclinação da curva de juros, na alta do dólar e na baixa da Bolsa. Hoje, dada a escassez de noticiário neste front, houve até alguma acomodação dos preços locais. Embalado pelas commodities, o dólar à vista terminou o dia cotado a R$ 5,2219, recuo diário de 1,08% e alta semanal de 1,44%. O Ibovespa foi aos 108.078,27 pontos, tímida alta de 0,07%, mas baixa de 0,41% ante a sexta-feira passada. No exterior também houve alguma tentativa de fôlego, depois da cautela ao longo da semana. Por lá, dirigentes do Federal Reserve reforçaram o discurso de juro alto por mais tempo, dada a resiliência da economia e da inflação. Hoje, números da Universidade de Michigan mostraram que as expectativas de inflação para um ano nos Estados Unidos subiram na leitura preliminar de fevereiro, o que fez o mercado ampliar a aposta de taxa terminal acima de 5%. Os índices de Nova York tiveram quedas semanais entre 0,17% (Dow Jones) e 2,41% (Nasdaq).

•JUROS

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JUROS

O mercado de juros operou sem tendência definida ao longo da sexta-feira, com oscilações comedidas, e alternando viés de alta e de queda. No fechamento, as taxas longas estavam de lado e as demais, em alta moderada. Embora o assunto que marcou a semana - a possível mudança nas metas de inflação -, hoje não tenha tido novidades, a possibilidade do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ter acedido à pressão do governo para alterar o objetivo mantém o mercado desconfortável para assumir riscos. Num contexto de nova rodada de alta dos rendimentos dos Treasuries, Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) acima do esperado e decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a cobrança de ICMS nas tarifas de energia, a cautela foi a palavra de ordem.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,46%, de 13,42% ontem no ajuste, e a do DI Para janeiro de 2025 passou de 12,86% para 12,92%. O DI para janeiro de 2027 encerrou estável em 13,12%, e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 13,40%, de 13,45%.

No balanço da semana, as taxas curtas caíram cerca de 30 pontos-base e as longas subiram pouco mais de 10 pontos ante os ajustes da última sexta-feira, numa configuração mais inclinada para a curva, refletindo justamente a piora da percepção de risco para o Brasil, de ingerência política sobre o trabalho do BC. Há consenso entre os economistas de que o debate sobre as metas se dá em timing ruim e que um eventual aumento vai desancorar ainda mais as expectativas ante metas já ajustadas para cima, exigindo retomada do aperto monetário.

Para Igor Seixas, sócio da Inove Investimentos, embora as taxas não tenham hoje necessariamente subido, o mercado continuou sob estresse envolvendo não só a questão das metas mas também outros fatores, como a decisão do STF sobre a quebra das decisões definitivas em temas tributários, e sem modulação. "Depois de um dia de alta como o de ontem, hoje seria normal vermos uma correção. Só de não termos tido hoje esse ajuste nas taxas já é muito ruim", avalia. Sobre a decisão do STF, Seixas aponta que traz insegurança jurídica para empresas, elevando ainda mais o risco País.

Na próxima semana, haverá reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 16. O debate sobre as metas por enquanto ainda não entrou na pauta do encontro, mas não se descarta que possa ser incluído. Seja qual for a decisão, o mercado pede por uma definição o quanto antes, pois a incerteza ainda é o pior dos cenários.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse nesta tarde que a pasta não pautou o debate sobre a mudança da meta.

Nesse contexto, há grande expectativa pela participação de Campos Neto no programa Roda Viva, na segunda-feira à noite, em meio à pressão para que vá ao Congresso explicar por que os juros estão altos. O mercado quer saber se ele vai confirmar que teria concordado com um ajuste nas metas, lembrando que as informações que circularam ontem na imprensa não foram desautorizadas pelo Banco Central até o momento.

O Goldman Sachs considera provável o aumento da meta, mas improvável a mudança de status do BC autônomo. Para Seixas, o embate entre o governo e o BC começa a colocar em xeque o modelo da autonomia. "A indicação é de que o próximo presidente do BC atue como um ministro, como vimos no governo Dilma", comentou.

O mandato de Campos Neto vence só no fim de 2024, mas os dos diretores Bruno Serra (Política Monetária) e Paulo Souza (Fiscalização) terminam no fim do mês. Serra já avisou que se dispõe a ficar até que encontrem um substituto. "Tem ficado cada vez mais evidente que a indicação dos novos diretores da instituição será do presidente Lula. Ou seja, não passará por Campos Neto", afirma a equipe da Warren Rena. Segundo os profissionais, o sentimento é de que os futuros diretores sejam um "contraponto" a Campos Neto e à atual política monetária. "Lembramos que a escolha dos dois novos diretores ainda deve passar pelo Senado", dizem os analistas, cujo cenário base é a aprovação pela Casa das indicações de Lula.

Um alívio maior nas taxas esbarrou ainda na decisão do ministro Luiz Fux de suspender mudanças na base de cálculo do ICMS, sobre energia elétrica, ontem à noite. A Warren Rena calcula impacto de até 15 pontos-base no IPCA de 2023, para o qual as expectativas futuras já estão bastante desancoradas. A decisão tem caráter liminar e ainda precisa ser confirmada pelo pleno da Corte.

O entendimento dos economistas é que o efeito da liminar é imediato, no IPCA de fevereiro. "No entanto, caso o plenário do STF decida por retroagir a retirada do imposto desde o início da sua vigência, o efeito na inflação poderá ser maior e também recair no IPCA de março e abril, a depender da decisão modulada ou não pelo STF", dizem os economistas Felipe Salto e Andréa Angelo. "Este último ponto é bastante relevante para a inflação implícita curta que pode capturar o efeito de até 15 pontos ou maior no mesmo vértice."

No exterior, as taxas dos Treasuries subiram mais, com o retorno da T-Note chegando a 3,74% no fim da tarde. Mais um indicador de atividade superou o consenso das previsões, reforçando a ideia de que pode não haver espaço para queda de juros nos Estados Unidos em 2023. O índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan subiu de 64,9 em janeiro a 66,4 na leitura preliminar de fevereiro. Analistas esperavam 65,1.

Internamente, o volume de serviços prestados no País em dezembro subiu 3,1%, superando o teto das estimativas, de 2,2%, segundo o Projeções Broadcast. O setor renovou o recorde da série histórica no mês, indicando um quadro ainda mais desafiador para a política monetária via inflação de serviços. (Denise Abarca - [email protected])

Volta

CÂMBIO

O dólar recuou no mercado doméstico de câmbio na sessão desta sexta-feira, 10, em sintonia com as perdas da moeda americana frente a pares do real com o peso chileno e mexicano. Operadores relataram ajustes de posições no mercado futuro, entrada de fluxo estrangeiro e internalização de recursos por parte de exportadores, estimulada pela valorização da moeda americana nos últimos dias.

Afora uma alta pontual na abertura dos negócios, quando superou momentaneamente a barreira de R$ 5,30 ao registrar máxima a R$ 5,3092, o dólar trabalhou em terreno negativo ao longo do dia. Com mínima a R$ 5,2157 à tarde, a divisa encerrou a sessão a R$ 5,2219, em baixa de 1,08%. Apesar do refresco hoje, o dólar termina a semana com ganhos de 1,44%, o que leva a valorização acumulada em fevereiro para 2,86%.

A depreciação do real nos últimos dias é atribuída, sobretudo, ao estresse doméstico provocado por temores de desancoragem das expectativas de inflação. Azedou o humor dos investidores a sequência de ataques abertos do presidente Lula e da ala política do Palácio do Planalto à gestão da política monetária e ao nível das metas de inflação.

"O real vinha numa toada boa e no fim da semana passada chegou até a operar abaixo de R$ 5,00 por um período curto. Mas entramos em um cenário mais turbulento com o conflito do governo com o BC e as dúvidas sobre a meta de inflação", afirma o sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac, acrescentando que intervenção direta do governo na política monetária tende a provocar mais inflação e afugentar o investidor estrangeiro. "Hoje, tivemos um movimento clássico de ajuste e realização de lucros. E os exportadores aproveitaram para trazer recursos. Mas o ambiente continua ruim para a nossa moeda".

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que o ponto de mais estresse ocorreu ontem justamente quando houve uma "aparente" capitulação do Banco Central aos desejos do governo, em meio a rumores de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, teria admitido mudar a meta de inflação deste ano, e não apenas para 2024 e 2025.

"Isso causou muito desconforto ao investidor. Falta um arcabouço fiscal efetivo e agora veio esse imbróglio com o BC, o que aumenta a percepção de risco", afirma Galhardo, que também vê o recuo do dólar hoje como um movimento de acomodação e ajuste após uma forte rodada de alta.

Hoje à tarde, o secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse, em live promovida pela Bradesco Asset Management, que a Fazenda não pautou o debate sobre mudança na meta de inflação. Em relação o arcabouço fiscal, Mello repetiu o mantra do governo de que a ideia é combinar sustentabilidade fiscal com políticas sociais e investimentos públicos.

Cresce a expectativa para a divulgação, na segunda-feira, 13, do Boletim Focus, que pode trazer nova rodada de piora das expectativas de inflação. Investidores podem adotar também uma postura defensiva na abertura da semana que vem, em compasso de espera pela participação, na segunda à noite, do presidente do BC no programa Roda Viva, da TV Cultura.

Na próxima quinta-feira, 16, está marcada reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), com participação dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) - em tese, dois votos alinhados ao desejo do presidente Lula - e de Campos Neto.

Lá fora, o índice DXY - que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em alta ao longo do dia, com ganhos fortes da moeda americana frente ao euro. Quando o mercado do local fechou, o Dollar Index subia 0,37%, aos 103,600 pontos, com máxima aos 103,683 pontos.

Entre os indicadores nos EUA, destaque para o avanço do índice do sentimento do consumidor americano, calculado pela Universidade de Michigan, de 64,9 em janeiro para 66,4 em leitura prévia de fevereiro, acima do esperado por analistas (65,1). Houve desconforto também com o aumento das expectativas de inflação em 12 meses, de 3,9% em janeiro para 4,2% em fevereiro.

Após dados do relatório de emprego (payroll) de janeiro nos EUA surpreenderem com geração bem acima do esperado no número de vagas, as atenções se voltam para a divulgação na próxima semana do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na terça-feira, 14. Confirmada a expectativa de continuidade de arrefecimento da inflação, abrindo espaço para uma postura menos dura do Federal Reserve, o dólar pode experimentar nova rodada de baixa no exterior. (Antonio Perez - [email protected])

18:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.22190 -1.0779 5.30920 5.21570

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5227.000 -1.55382 5324.000 5223.500

DOLAR COMERCIAL 5341.500 09/02    

BOLSA

O Ibovespa se manteve dentro de faixa de flutuação estreita desde a abertura da sessão, mostrando algum equilíbrio entre o avanço em torno de 3% nas ações da Petrobras, embaladas pelo corte de produção anunciado pela Rússia - que deu fôlego extra à recuperação em curso nos preços da commodity -, e perdas entre 6% e 8% para os papéis do Bradesco, refletindo a decepção do mercado com o balanço trimestral do banco. Ao fim, a referência da B3 se firmou em leve alta de 0,07%, a 108.078,27 pontos no encerramento da semana, em que acumulou perda de 0,41%, vindo de retração de 3,38% no intervalo anterior. No mês, recua 4,72%, em baixa de 1,51% no ano.

Com giro financeiro a R$ 25,2 bilhões nesta sexta-feira, o Ibovespa oscilou entre 107.619,93 e 108.646,51, pouco mais de mil pontos, saindo de abertura aos 108.001,55 pontos. Além de Petrobras (ON +2,73%, PN +3,05%) e de Bradesco (ON -6,08%, PN -8,19%), destaque também para a forte correção em Alpargatas (-18,68%), muito pressionada na sessão pelos resultados trimestrais, com as ações da empresa indo à leilão nesta sexta-feira em função do grau de ajuste.

O dia foi negativo para Azul (-7,46%) e BRF (-6,69%), esta afetada após indicação de dirigente da Associação Brasileira de Proteína Animal, em entrevista ao Broadcast Agro, de que gripe aviária pode chegar ao País. Na ponta oposta do Ibovespa, TIM (+4,44%), outra empresa a divulgar balanço trimestral, à frente na sessão de Banco Pan (+3,98%), CPFL (+3,61%) e Cielo (+3,48%).

Com o presidente Lula em viagem oficial aos Estados Unidos, os investidores deixaram em segundo plano o cabo de guerra entre governo e BC sobre Selic e metas de inflação, podendo se concentrar nesta última sessão da semana na fornada de resultados trimestrais e no noticiário corporativo.

“Mudança da meta de inflação talvez seja o caminho mais natural para resolver esse imbróglio, considerando também que é muito baixa, para este e o próximo ano, definida lá atrás, em 2018, 2019, então num contexto de ausência de inflação no mundo: algo totalmente alterado pelo contexto da pandemia, com transformações produtivas estruturais, de impacto inflacionário bastante grande”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. “É um mundo de muito mais inflação do que quatro, cinco anos atrás. O nível de sacrifício para atingir uma inflação muito baixa, de 3%, é muito alto nesse contexto”, acrescenta o economista.

“O mercado repercutiu hoje a temporada de balanços, e o que pegou negativamente foi o Bradesco, principalmente pelo aumento de provisionamento para devedores, muito por conta de Americanas, o que acabou puxando para baixo também as ações do setor, na sessão”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Ele destaca também o efeito negativo do rebaixamento das notas da Fitch para o setor aéreo, com alerta da agência de classificação de risco de crédito para dificuldades que as empresas poderão ter na rolagem de dívidas, afetando o desempenho das ações do segmento nesta sexta-feira.

Por outro lado, cresceu fortemente o otimismo do mercado financeiro com relação ao comportamento das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 70% acreditam que a próxima semana será de alta para o Ibovespa e apenas 10% esperam queda. Os que preveem estabilidade são 20%. No Termômetro anterior, 25% esperavam ganhos para o índice nesta semana; 25%, queda; e 50%, variação neutra. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Amélia Alves)

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108078.27 0.06501

Máxima 108646.51 +0.59

Mínima 107619.93 -0.36

Volume (R$ Bilhões) 2.52B

Volume (US$ Bilhões) 4.80B

18:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108160 0.07402

Máxima 108800 +0.67

Mínima 107125 -0.88

MERCADOS INTERNACIONAIS

Após Universidade de Michigan informar que as expectativas de inflação para um ano nos Estados Unidos subiram na leitura preliminar de fevereiro, o mercado ampliou as apostas de que o Federal Reserve (Fed) encerrará este ano com juros acima de 5%. Como resultado, os juros dos Treasuries avançaram, e o dólar se fortaleceu ante pares ao longo da tarde. O movimento na renda fixa impôs pressão sobre as ações de tecnologia em Nova York, o que impediu o Nasdaq de se juntar aos demais índices acionários no território positivo. O petróleo, por sua vez, foi impulsionado por restrições na oferta de Rússia e Turquia. Também no radar, investidores monitoram a piora das relações sino-americanas, após Washington confirmar que derrubou mais um objeto não identificado em seu espaço aéreo, embora não tenha informado a origem.

O presidente da distrital do Fed na Filadélfia, Patrick Harker, disse hoje que os juros devem superar 5% ainda em 2023 para controlar a inflação. No fim da tarde, a plataforma de monitoramento do CME Group indicava 29,9% de chance de que os juros básicos nos EUA cheguem a dezembro na faixa entre 5,00% e 5,25%, de 4,50% a 4,75% atualmente. Nos minutos seguintes à divulgação dos dados da Universidade de Michigan, a ferramenta chegou a precificar uma bem remota (0,1%) probabilidade de a taxa dos Fed Funds atingir 6%.

Embora as expectativas de inflação no longo prazo estejam ancoradas, no horizonte de um ano, houve aumento de 3,9% a 5,2%. O cenário ampliou as preocupações quanto à estabilidade de preços, que já vinham reforçadas desde o surpreendente payroll da última sexta-feira. "A economia ainda parece forte, o que pode acabar sendo inflacionário", resume o analista Edward Moya, da Oanda.

Em resposta à precificação de um aperto mais agressivo pelo Fed, os rendimentos dos Treasuries subiram. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos avançava a 4,510%, o da T-note de 10 anos aumentava a 3,738%, e o do T-bond de 30 anos se elevava a 3,823%.

O foco, agora, se volta para a divulgação da inflação ao consumidor (CPI) de janeiro nos EUA, agendada para a próxima terça-feira. Nesta manhã, o Departamento do Trabalho do país revisou a variação mensal do CPI em dezembro, de uma queda de 0,1% para um avanço de 0,1%. "O núcleo da inflação apontará para a necessidade 'óbvia' de o Fed avançar ainda mais em território restritivo ou refletirá o progresso que os formuladores de políticas fizeram para garantir a âncora das expectativas de inflação", especula o BMO Capital Markets.

No câmbio, o dólar também surfou nas preocupações sobre os preços: o euro caía a US$ 1,0681 e a libra, a US$ 1,2060. Assim, o índice DXY subiu 0,40%, a 103,221 pontos. Por outro lado, a moeda americana recuava a 131,41 ienes, depois de relatos de que o governo japonês nomeará Kazuo Ueda para suceder Haruhiko Kuroda na presidência do Banco do Japão (BoJ). Na visão da Capital Economics, a indicação não muda a expectativa de que a autoridade monetária abandone o controle da curva de juros, o que deve impulsionar a moeda do país.

Em Wall Street, as ações do setor de tecnologia sucumbiram à escalada dos prêmios dos Treasuries, uma vez que são empresas mais expostas à evolução dos juros. Com isso, o índice Nasdaq terminou o pregão em queda de 0,61%, a 11.718,12 pontos.

Na outra ponta, o S&P 500 ganhou 0,22%, a 4.090,46 pontos, mas recuou 1,11% na semana - a maior queda semanal em 2023 até o momento. Já o Dow Jones avançou 0,50% hoje, a 33.869,27 pontos, com a ação da Chevron (+2,10%) na dianteira dos índices. A petroleira foi beneficiada pela firme valorização das cotações da commodity energética, que capitalizou de questões de oferta. Na Turquia, os efeitos dos terremotos que mataram mais de 23 mil pessoas ainda afeta as exportações do petróleo na região. O quadro amplificou as dúvidas sobre a oferta, no dia em que a Rússia anunciou corte de 500 mil barris por dia (bpd) na produção do ativo.

Tudo somado, o barril do WTI para março negociado em Nova York fechou a sessão em alta de 2,13%, a US$ 79,72, enquanto o do Brent para abril subiu 2,24%, a US$ 86,39, em Londres. Na semana, os contratos tiveram ganhos superiores a 8%. A escalada também recebe impulso de uma demanda aquecida pela reabertura chinesa, embora a segunda maior economia do planeta tenha registrado avanço da inflação em janeiro - ainda bem abaixo dos níveis europeus e americanos.

A China, aliás, criticou veementemente uma resolução aprovada na Câmara dos Representantes dos EUA que condena o país asiático pelo suposto balão espião abatido em águas americanas. Hoje, o Pentágono confirmou a derrubada de um outro objeto não identificado, mas não deu detalhes da origem. (André Marinho - [email protected]

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