BOLSA SOBE QUASE 2% COM BANCOS E DI TEM ALÍVIO COM TRÉGUA NOS ATAQUES CONTRA O BC

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CENÁRIO-2: BOLSA SOBE QUASE 2% COM BANCOS E DI TEM ALÍVIO COM TRÉGUA NOS ATAQUES CONTRA O BC

O Ibovespa correu aos 110 mil pontos nos melhores momentos desta quarta-feira, na contramão das perdas do mercado de ações americano. Aqui, o gatilho para esse refresco veio dos papéis do setor bancário, após o mercado receber bem o balanço do Itaú Unibanco, cuja ação preferencial disparou 8,27%. Para analistas, a expectativa é que o maior banco brasileiro em ativos tenha um bom desempenho em 2023, mesmo porque a exposição à Americanas já está totalmente coberta. Outras instituições surfaram na onda de otimismo com o setor, como Bradesco (ON +3,61% e PN +4,89%), Banco do Brasil (ON +2,37%) e Santander (Unit +4,86%). No fim do dia, o Ibovespa marcava 109.951,49 pontos, valorização de 1,97%. Como pano de fundo também na Bolsa, e em maior medida nos juros futuros e no dólar, esteve também a espécie de "trégua" do governo nas críticas à autonomia do Banco Central. Em evento com siglas aliadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pouco de economia, mas em compensação não fez - como nos últimos dias - ataques ao BC, à meta de inflação ou a Roberto Campos Neto. Em fala a jornalistas após a reunião política, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou que haja um processo de "fritura" por parte do governo em relação a Campos Neto ou ao BC. Em evento no fim da tarde, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra Fernandes, reforçou que a autarquia é uma instituição de Estado, e não de governo. A "bandeira branca" ajudou a tirar prêmios da curva de juros e a baixar, ainda que levemente, o dólar ante o real, contrariando a tendência externa. A moeda americana à vista terminou o dia em R$ 5,1965, recuo de 0,06%. Lá fora, dirigentes do Federal Reserve reforçaram que a batalha contra a inflação ainda não foi vencida. Assim, as bolsas de Nova York terminaram todas no vermelho - Dow Jones caiu 0,61%, S&P 500 cedeu 1,11% e Nasdaq perdeu 1,68%.

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

No embalo do forte desempenho das ações de bancos após o balanço do Itaú (PN +8,27%) - amanhã será a vez dos números trimestrais do Bradesco (ON +3,61%, PN +4,89%) -, o Ibovespa se desgarrou da cautela em Nova York, onde as perdas foram hoje a 1,68% (Nasdaq), para fechar nesta quarta-feira em alta de 1,97%, aos 109.951,49 pontos. Enquanto a incerteza em torno da política monetária americana segurou o apetite por risco lá fora, aqui os investidores foram às compras em busca de descontos, com o Ibovespa ainda acumulando perda de 3,07% no mês, mas voltando hoje ao positivo no ano (+0,20%), tendo permanecido em baixa em 7 das últimas 10 sessões - neste início de fevereiro, em 6 sessões, houve duas altas com a de hoje.

Além da dinâmica positiva mostrada pelos grandes bancos, Petrobras (ON +2,02%, PN +1,68%) e mesmo Vale (ON +0,34%) remaram na mesma direção do Ibovespa, dando fôlego para que o índice da B3 renovasse máximas da sessão ao longo da tarde, chegando no melhor momento aos 110.175,02 pontos, em alta de 2,17%. O avanço de 1,97% no fechamento foi o maior desde o ganho de 2,04% em 17 de janeiro.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Itaú e Itaúsa (+8,46%), após o balanço da instituição financeira - um contraponto positivo ao recente início de temporada pelos números do Santander Brasil (hoje, Unit +4,86%). No lado oposto do Ibovespa na sessão, destaque para Gol (-5,38%), Pão de Açúcar (-5,17%) e Hapvida (-3,66%).

Após ter se mostrado muito enfraquecido nas duas primeiras sessões da semana, o giro financeiro na B3 subiu para R$ 28,9 bilhões nesta quarta-feira, em que o Ibovespa oscilou entre mínima de 107.830,39 - quase igual à abertura, aos 107.832,11 pontos - e a máxima pouco acima dos 110 mil pontos, que não se via desde a última sexta-feira.

Sem novos comentários do presidente Lula sobre atribuições legalmente exercidas pelo BC com autonomia - busca do cumprimento das metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e calibragem da Selic em conformidade ao objetivo perseguido pela autoridade monetária -, os investidores voltaram a abrir o olho para fundamentos, como os resultados de empresas, deixando o ruído político em segundo plano na sessão.

Também contribuiu a indicação, que teria sido colhida por interlocutores do presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL), de que a ideia articulada por parlamentares de PSOL e PT para colocar fim à independência do BC não tem chance de prosperar na casa, observa Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "O governo atira em várias frentes, mas sabe que não vai ganhar algumas batalhas, no afã de confrontar o mercado. A questão da independência (do BC) traz reação institucional, de defesa também no Congresso", diz Cima.

No exterior, após ganho acima de 3% no fechamento anterior, o Brent manteve viés de alta nesta quarta-feira, agora em torno de US$ 85 por barril nos contratos para abril, o que contribuiu para a recuperação de Petrobras na sessão. Ontem, as ações da petrolífera haviam se descolado da commodity, refletindo então a preocupação sobre a política de preços da estatal, após anúncio de redução do diesel nas refinarias em 8,8% - mesmo com o petróleo e o câmbio pressionados.

Em Nova York, as "falas ambíguas" do dia anterior, do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, contribuíram para a falta de fôlego dos índices de ações por lá nesta quarta-feira, com preocupação sobre o grau de atividade econômica e o nível dos juros americanos, sem muito consenso, aponta Rafael Germano, especialista em renda variável da Blue3. Esta falta de clareza persistiu hoje, em outros pronunciamentos de autoridades do Fed, que enfatizaram o ponto de que a inflação ainda não é uma questão superada.

Na B3, por outro lado, o dia foi de "alívio", com um "respiro" em relação a risco político e fiscal, na medida em que o "presidente Lula parece ter seguido os conselhos de sua equipe, evitando críticas ao BC", diz Germano - ao menos nesta quarta-feira.

Falas do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também foram recebidas de forma positiva pelo mercado, em sessão favorecida por ingresso de fluxo e pelo avanço das ações do setor financeiro, com grande peso no Ibovespa, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Padilha negou que haja uma "fritura" ou "fervura" deliberada do governo em relação ao Banco Central, e sinalizou que o presidente Lula indicará "nomes qualificados" para a diretoria do BC, que auxiliem o cumprimento das metas da instituição. No fim do mês, expiram os mandatos dos diretores Bruno Serra (Política Monetária) e Paulo Souza (Fiscalização) - e a possibilidade de escolha de nomes alinhados às teses de Lula, para essas vagas com direito a voto no Copom, vinham assombrando o mercado.

O ministro disse também que o governo continua disposto a alterar a Lei das Estatais, que permanece travada no Senado. Mas, segundo ele, "não existe da nossa parte qualquer vontade de mudar aquilo que está no centro, as questões principais da Lei das Estatais, como compromissos de governança, de acompanhamento, de segurança em relação às estatais". (Luís Eduardo Leal- [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109951.49 1.96769

Máxima 110175.02 +2.17

Mínima 107830.39 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.88B

Volume (US$ Bilhões) 0

18:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110290 2.04478

Máxima 110485 +2.23

Mínima 108430 +0.32

JUROS

A curva de juros continuou devolvendo prêmios, com as taxas curtas e intermediárias completando a terceira sessão seguida de queda. Hoje o alívio também se deu na ponta longa, mas em menor magnitude que os demais trechos. O presidente Lula voltou a falar nesta quarta-feira, mas desta vez poupou de novas críticas o Banco Central (BC), o nível dos juros e as metas de inflação, o que abriu espaço um ajuste em baixa nas taxas. À tarde, o recuo se consolidou quando o ministro Alexandre Padilha tentou desfazer o mal-estar, rechaçando qualquer tentativa de "fritura" contra o BC. A oscilação em baixa no rendimento dos Treasuries em boa parte do dia também contribuiu, a despeito da volatilidade do câmbio. Na reta final da sessão, o discurso do diretor de Política Monetária Bruno Serra deu gás extra para o recuo das taxas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,50%, de 13,661% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 13,10% para 12,77%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 12,84% (13,10% ontem) e a do DI para janeiro de 2029, em 13,12%, de 13,32%. Com os longos caindo menos que os demais, a curva ganhou mais inclinação, com o diferencial entre os vencimentos de 2029 e janeiro de 2025 subindo para 35 pontos-base, de 22 pontos ontem.

Os vértices intermediários, que já voltaram a rodar abaixo de 13%, têm sido destaque no movimento de correção do excesso dos prêmios acumulados desde que o comunicado do Copom indicou Selic em 13,75% por um período mais longo. O DI para janeiro de 2025 devolveu quase 40 pontos desde segunda-feira. O volume de 1,24 milhão contratos deste DI ficou acima da média diária dos últimos 30 dias (715 mil), assim como o do DI janeiro de 2026, de 340.578, cuja média diária é de 238.475 contratos, sugerindo ajustes de posições mais fortes no miolo da curva.

As mínimas foram atingidas no período da tarde, inicialmente a partir da sinalização de Padilha e depois com a melhora no segmento de títulos dos Tesouro norte-americano. Após as reiteradas críticas de Lula ao trabalho e ao status de autonomia do BC terem deteriorado os preços dos ativos, o ministro tratou de botar "panos quentes" na situação, em declarações dadas após reunião com o presidente com líderes partidários no Planalto. "Não tem aquecimento nenhum, fervura nenhuma, fritura nenhuma", disse a jornalistas. "Garantiu" que não há intenção de alterar a lei de autonomia nem de pressionar os mandatos do BC.

Mais cedo, Lula falou após reunião com o conselho político, mas não tratou do BC. O presidente tem sido aconselhado por ministros a moderar o tom, alertando que o confronto só tem contribuído para aumentar o prêmio de risco nos leilões do Tesouro, impactando a curva de juros e pressionando o câmbio.

"Há um time dentro do Executivo atuando como bombeiro para tentar dosar as críticas ao BC, atenuando a percepção de risco no mercado. Temos uma descompressão nos ativos com essas sinalizações recentes", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, retribuiu o aceno feito pelo Banco Central na ata do Copom, dizendo que o documento havia sido mais "amigável" que o comunicado.

Alexandre Padilha hoje afirmou também que não houve qualquer discussão sobre revisão da meta de inflação na reunião de Lula e que o presidente vai indicar "nomes qualificados" para a diretoria do Banco Central para ajudar a autoridade monetária a cumprir as metas. O atual ocupante da pasta, Bruno Serra, disse que vai cumprir seu mandato até o fim deste mês e que pode ficar no cargo até a indicação de um substituto.

A equipe política da Warren Rena lembra que nos últimos dias Lula convocou a sociedade, empresários, a base aliada e "deu sinal verde" para a cúpula do governo ampliar a pressão contra a atual política monetária. "Diante do atual cenário, não descartamos a possibilidade de Lula indicar um nome próximo do atual governo para a diretoria de Política Monetária do Banco Central, sem uma chancela do presidente Campos Neto", disseram os profissionais, alertando que o clima para aprovação no Senado "é bem tranquilo" para o governo.

Apesar da fala de Padilha e da aparente "trégua" de Lula, o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos, vê a trajetória das taxas mais relacionada ao exterior, dada a queda no rendimentos dos Treasuries e dólar mais fraco na parte da tarde. "Ainda tem muito ruído internamente. Olhando para a perspectiva dos gastos, não é possível imaginar corte de juros", disse. Mais cedo, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o objetivo do governo é chegar ao final do ano com a taxa básica de juros em 8% ou 7%.

Na reta final da sessão, as taxas ampliaram a queda em meio à fala de Bruno Serra, em evento 'Futuro e Cenários Econômicos', da iniciativa Repensar Macaé, no Rio. Para alguns operadores, o discurso foi dovish, ao citar a desaceleração no ritmo de criação de empregos e otimismo sobre a taxa de câmbio. Profissionais também mencionam que o diretor "marcou posição" ante as críticas à autonomia que o Banco Central vem recebendo, ao afirmar que a instituição "é de Estado e não de governo". Em outra suposta resposta, disse ser importante que a meta de inflação seja "crível" e que esse foi o mesmo BC que colocou a Selic em 2%. (Denise Abarca - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista caiu 0,06% em hoje, a R$ 5,1965, interrompendo uma sequência de três dias em alta. Agentes do mercado atribuem o resultado a falas conciliadoras do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, além de uma entrada de capital estrangeiro no País. Como resultado, a moeda brasileira teve o melhor desempenho entre as divisas emergentes e exportadoras de commodities.

Após uma reunião com o presidente e líderes partidários no Planalto, Padilha negou que haja um processo de “fritura” do BC, garantiu que o governo não tem ações voltadas a reverter a lei de autonomia da autarquia e disse que o conselho político da coalizão não discutiram hoje as metas de inflação. As notícias foram bem recebidas pelo mercado, diante da ofensiva conduzida por Lula contra o BC e seu presidente, Roberto Campos Neto.

“Vieram os bombeiros de plantão, para tentar apaziguar o incêndio que o presidente colocou no mercado com as falas dele”, diz o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. “O ponto que o mercado está monitorando é para onde vai a política em relação aos gastos públicos, para onde vão as reformas, e o ponto do Banco Central, para ver se é algo que pode ser contornado, se pode mudar a posição do presidente.”

O distensionamento do cenário doméstico levou o real a ter o melhor desempenho entre as principais divisas emergentes latino-americanas e exportadoras de commodities, em um dia de ganhos acima de 1,5% nos preços do petróleo. Hoje, a moeda americana subiu 0,28% em relação ao peso mexicano e ganhou 1,05% na comparação com o peso chileno. O dólar também ganhou frente às moedas da Austrália (+0,54%) e do Canadá (+0,37%).

Além das sinalizações positivas na política, o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, atribui o desempenho do real à queda das taxas dos Treasuries nos Estados Unidos. Mesmo com falas de diversos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) hoje, o sinal dado ontem pelo presidente da autoridade, Jerome Powell, que falou em um processo de “desinflação” no país, prevaleceu.

Não à toa, o dólar tocou a mínima de R$ 5,1677 (-0,67%) ainda no começo da manhã, enquanto os mercados repercutiam as declarações de Powell. Depois, engatou alta e atingiu a máxima de R$ 5,2450 (+0,87%) por volta de 13h30, antes das falas de Padilha. Em seguida, a moeda americana moderou continuamente o ritmo de alta ante o real, em linha com a baixa dos Treasuries, até firmar-se em queda nos últimos 40 minutos da sessão.

Para Velloni, da Frente Corretora, o movimento no fim do pregão refletiu o ingresso de fluxo estrangeiro para a Bolsa. Por volta desse horário, o Ibovespa acelerou os ganhos e chegou a retomar os 110 mil pontos, em alta acima de 2,0%.

Hoje, o BC informou que o fluxo cambial total em janeiro foi positivo em US$ 4,176 bilhões, em dados preliminares, contra um saldo negativo de US$ 13,808 bilhões em dezembro. “O fluxo cambial, com o estrangeiro entrando em Bolsa e renda fixa, é o que tem segurado um pouco mais o estresse do cenário doméstico”, observa o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha.

Apesar da queda de hoje, o dólar continua próximo do limite superior do seu intervalo de variação, nas contas de Velloni, da Frente. “A nossa banda de dólar mostra um ponto mínimo de R$ 5,08 e um ponto máximo de R$ 5,20, sendo claro que pode oscilar para um pouco mais ou um pouco menos. Se tiver um noticiário um pouco mais favorável, pode cair para perto de R$ 5,08”, diz. (Cícero Cotrim - [email protected])

Volta

MERCADOS INTERNACIONAIS

Dirigentes de bancos centrais no exterior reforçaram, nesta quarta-feira, a narrativa de que a guerra contra a inflação ainda não foi vencida. Nos Estados Unidos, o presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) em Minneapolis, Neel Kashkari, indicou que os juros básicos alcançarão 5% este ano e podem subir ainda mais. Assim, Wall Street reduziu apostas por relaxamento monetário este ano e dissipou a interpretação positiva do discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, ontem. As perdas nas bolsas de Nova York foram amplificadas pelo tombo de 8% da ação da Alphabet, que teve problemas no teste de um serviço de chatbot. Já o dólar avançou ante emergentes, mas teve maior dificuldade em sustentar ganhos contra divisas europeias. Na renda fixa, os Treasuries diminuíram prêmios, depois de um leilão do Tesouro americano com demanda forte.

"A guerra contra a inflação ainda não acabou", alertou o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, em uma mensagem consensual não apenas entre membros do BC da zona do euro, mas também entre dirigentes de autoridades monetárias em boa parte do Ocidente.

Pela manhã, o presidente da distrital do Fed em Nova York, John Williams, defendeu que a política deve ficar "suficiente restritiva" por alguns anos para estabilizar os preços. À tarde, o líder da regional de Minneapolis, Neel Kashkari, opinou que os mercados estão mais confiantes" do que o próprio Fed de que a inflação voltará à meta de 2% no ano que vem. Os diretores Lisa Cook e Christopher Waller também afirmaram esperar mais alta de juros.

Em meio às indicações, investidores mantiveram em cerca de 7% a precificação de que o BC dos EUA corte juros em 2023 - há uma semana, essa probabilidade chegou a superar 60%. "As condições financeiras estão se relaxando desde outubro e é por isso que o Fed precisou conter a maneira como os mercados vêm precificando os cortes de juros no final do ano", explica o analista Edward Moya, da Oanda.

A visão de um Fed mais agressivo do que se esperava contaminou o apetite por risco em Nova York, que ontem havia reagido bem às falas de Powell. O índice Dow Jones fechou em queda de 0,61%, a 33.949,07 pontos; o S&P 500 perdeu 1,11%, a 4.117,88 pontos; e o Nasdaq cedeu 1,68%, a 11.910,52 pontos.

A liquidação de ações de tecnologia foi impulsionada principalmente pela queda de 7,68% da Alphabet, depois que o jornal britânico The Telegraph informou que o serviço de assistência de busca por inteligência artificial testado pela empresa forneceu respostas erradas em um evento de lançamento. Na esteira dessa notícia, Microsoft fechou com queda mais amena, de 0,31%. Como as duas companhias travam uma corrida na área de buscas por inteligência artificial, o tropeço da controladora do Google é encarada no mercado como uma primeira "vitória" da rival.

A cautela na renda variável favoreceu a demanda pela segurança dos Treasuries, cujos rendimentos se acomodaram em baixa no fim da tarde depois de oscilarem em direções opostas ao longo do dia. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,420%, o da T-note de 10 anos baixava a 3,634% e o do T-bond de 30 anos recuava a 3,686%. Um leilão de US$ 35 bilhões em T-notes de 10 anos registrou demanda acima da média hoje, de acordo com o BMO Capital Markets, o que contribuiu para pressionar os juros dos títulos públicos americanos.

No câmbio, o dólar operou em alta ante emergentes e ficou sem direção única ante as divisas mais fortes. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais fortes, fechou em baixa marginal de 0,02%, a 103,409 pontos. No fim da tarde, euro caía a US$ 1,0716, mas libra subia a US$ 1,2071. Ante emergentes, o dólar aumentava a 189,8571 pesos argentinos e a 18,9463 pesos argentinos.

O economista-chefe da Moody's, Mark Zandi, alertou hoje que o risco de recessão na economia global é "alto", ainda sob efeitos da guerra na Ucrânia e da pandemia de covid-19. "Se entrarmos em recessão, isso deve acontecer por volta do fim deste ano ou início de 2024", projetou.

Apesar disso, o petróleo conseguiu vencer a cautela geral e fechou em alta, em meio a perspectivas de demanda aquecida no mundo. A reabertura da China, em particular, fortalece o argumento em favor das commodities. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do WTI para março fechou com ganho de 1,72%, a US$ 78,47, enquanto o do Brent para abril avançou 1,67%, a US$ 85,09, na Intercontinental Exchange (ICE). (André [email protected])

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