O endurecimento do Banco Central (BC) para assegurar a convergência da inflação à meta seguiu dando o tom dos negócios na tarde desta quinta-feira. No curtíssimo prazo, as taxas passaram a embutir uma Selic ao fim do ano em 13,25%, de 13,00% ontem. O diferencial entre os contratos de janeiro de 2025 e janeiro de 2029 zerou, fazendo com que a curva de juros mantivesse o processo de desinclinação visto mais cedo. Além de movimentos técnicos, os contratos mais longos foram beneficiados pela alta do real, este beneficiado pela visão de atratividade da renda fixa brasileira por mais tempo. No câmbio, contudo, a baixa observada pela manhã perdeu bastante o ímpeto. Depois de tocar o menor valor intraday desde 10 de junho do ano passado, a R$ 4,9408, a moeda americana foi se recompondo aos poucos e fechou a R$ 5,0454, em baixa de 0,30%. O movimento veio na esteira da valorização do DXY, que subiu aos 101,75 pontos (+0,53%), em dia de desvalorização forte do euro e da libra depois de decisões de política monetária de seus respectivos bancos centrais. Em Nova York, ainda na esteira de uma percepção menos hawkish do Federal Reserve ontem, o dia foi de rali para ações de tecnologia. Com aumento da recompra de ações e receita melhor que a estimada no quarto trimestre, o papel da Meta, controladora do Facebook, disparou 23,28%, levando junto pares do setor. Assim, o Nasdaq terminou o dia em alta de 3,25%, tendo tocado no pico o território de bull market. Em menor grau de otimismo, o S&P 500 subiu 1,47%, ao passo que o Dow Jones recuou 0,11% pressionado por ações de energia e de bancos. Aqui no Brasil, o Ibovespa sentiu o peso da queda das commodities e cedeu aos 110.140,64 pontos (-1,72%), com recuo forte de Vale (-4,62%) e Petrobras (ON -4,74% e PN -4,63%).
•JUROS
•CÂMBIO
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
JUROS
A curva de juros cumpriu o script e perdeu inclinação nesta quinta-feira de ajustes tanto ao comunicado do Copom quanto à sinalização lida majoritariamente como "dovish" do Federal Reserve. As taxas de curto prazo e, sobretudo, as intermediárias subiram com força e a ponta longa passou o dia em queda para terminar de lado, refletindo a redução das apostas de corte da Selic e a melhora da perspectiva sobre o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. Diante da expectativa mais conservadora para a trajetória do juro básico, o apetite dos investidores por papéis prefixados de curto prazo ficou reduzido no leilão do Tesouro.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,69%, de 13,58% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,88% e rompeu os 13%, a 13,05%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou estável a 12,90% e a do DI para janeiro de 2029, também estável, fechou em 13,07%. O recado do Copom igualmente teve efeito sobre a inflação implícita das Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B) no mercado secundário, com queda generalizada.
Os ajustes às mensagens dos bancos centrais catapultaram o giro de contratos, com o DI para janeiro de 2025 tendo movimentado 1,5 milhão, ante média diária de 590,7 mil nos últimos 30 dias. Para se ter ideia do impacto sobre a inclinação da curva, o diferencial entre os vértices janeiro de 2029 e janeiro de 2025, que vinha rondando o nível de 20 pontos-base nos últimos dias, estava zerado no fechamento dos negócios. O alívio dos longos contou não somente com a sinalização do Copom, mas também com a queda do rendimento dos Treasuries, em resposta ao Fed.
O desenho da curva, curtos em alta e longos em queda, manteve-se o mesmo desde a abertura, com variação apenas na intensidade durante a sessão. Ontem, após o Copom, os especialistas já contavam com pressão de alta até os vértices intermediários, na esteira do alerta dos diretores de que o atual nível de desancoragem das expectativas pode exigir Selic estável por mais tempo do que o previsto, somado às incertezas fiscais. Embora os dirigentes não tenham descartado retomar o aperto caso não haja convergência às metas, o plano de voo da autoridade monetária parece ser o de esticar o período de manutenção do juro em nível elevado.
Nos DIs, a precificação para a Selic no fim de 2023, que ontem era em torno de 13%, hoje subiu para 13,25%. A aposta para o início do ciclo de quedas em agosto que prevalecia ontem, hoje é residual. "Em setembro mesmo que começa a ter precificação mais clara", afirma Flávio Serrano, economista da BlueLine Asset. Para 2024, a curva embute um orçamento total de 110 pontos de redução na taxa básica. Nos Departamentos Econômicos, boa parte dos players está com o dedo no gatilho para elevar suas estimativas para a Selic, mas preferem aguardar a publicação da ata do Copom na terça-feira.
Na avaliação do economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel, a comunicação agressiva do Copom vem na esteira de um mês "deletério" em termos de sinalização do governo, com questionamentos sobre as metas de inflação induzindo a deterioração das expectativas. Para ele, não há espaço para reduzir a Selic enquanto perdurar a discussão sobre as metas e se não houver recuo nas projeções de IPCA. "O ambiente é pouco convidativo para qualquer alívio e segue desafiador enquanto não se resolverem questões políticas de forma crível", acrescenta o economista. Hoje, a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou a taxa de juros de 13,75% e defendeu que o Brasil precisa "urgente" de crescimento. "O País não pode ficar esperando que o Banco Central caia na real", publicou nas redes sociais.
"Apesar da taxa de juros real ex-ante estar bastante restritiva, próxima de 8%, o impacto da potencial expansão de gastos fiscais e parafiscais já está sendo incorporado nas expectativas de inflação", aponta a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, para quem a Selic deve permanecer em 13,75% pelo menos até agosto. Por outro lado, o novo arcabouço fiscal, com perspectivas mais positivas para o alcance do equilíbrio, pode reverter parte da desancoragem, considerando o cenário externo mais favorável e preços de commodities em reais em acomodação.
O cenário de Fed menos agressivo e Copom conservador pode ser atrativo à entrada de capital externo para a renda fixa, mas a cena fiscal conturbada, por outro lado, pode limitar o fluxo. O dólar hoje, nas mínimas do dia, caiu abaixo de R$ 5, o que é uma boa notícia para a inflação, mas à tarde ganhou força e fechou em R$ 5,0454 (-0,30%) no mercado à vista.
A redução do espaço para a flexibilização da política monetária parece também ter afetado a demanda por papéis prefixados no leilão do Tesouro. Das 7 milhões de LTN ofertadas, o Tesouro vendeu apenas 1,085 milhão, não aceitando propostas no vértice mais curto (1º/4/2024). Já o lote de 600 mil NTN-F, bem menor do que a oferta de 1,5 milhão na semana passada, teve demanda integral.
Com isso, o Tesouro encerrou a semana emitindo um volume muito abaixo do que é visto como necessário para conseguir rolar 100% da dívida este ano, em torno de R$ 25 bilhões em média por semana. De acordo com a Necton, foi a segunda pior semana do ano em termos financeiros - R$ 10,9 bilhões -, só acima da terceira, que somou R$ 8,5 bilhões. (Denise Abarca - [email protected])
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CÂMBIO
Após furar o piso de R$ 5,00 pela manhã e descer até R$ 4,9408 (-2,36%) na mínima, o dólar reduziu bastante o ritmo de queda ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quinta-feira, 2, em baixa de 0,30%, cotado a R$ 5,0454, perto da máxima da sessão (R$ 5,0509). Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para março apresentou giro expressivo, movimentando mais de US$ 16 bilhões. Isso sugere que pode ter havido desmonte relevante de posições defensivas, em especial na primeira etapa de negócios.
Operadores atribuíram a perda de fôlego do real a movimentos de ajuste e realização de lucros intraday, estimulados pela aceleração dos ganhos da moeda americana ao longo da tarde, em especial na comparação com o euro e a libra esterlina. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje elevação dos juros em 50 pontos-base e acenou com nova alta de igual magnitude em março, mas, segundo analistas, abriu a porta para uma pausa no processo de aperto em seguida. As divisas emergentes, que surfaram ontem a decisão do Federal Reserve, ensaiaram nova alta pela manhã, mas acabaram em baixa com o tombo das commodities. As exceções foram o peso chileno e o real, além da lira turca.
Ontem, o Banco Central dos EUA, como esperado, desacelerou o ritmo de alta de juros ao anunciar elevação dos Fed Funds em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,50% e 4,75%. Fala do chairman Jerome Powell sobre sinais de desinflação na economia americana estimularam apostas de que o aperto monetário não vai tão longe. Mais: levaram a chance de corte de juros ainda neste ano a superar 60%, segundo monitoramento do CME Group.
O ponto central que fez a moeda brasileira se destacar entre pares hoje foi a perspectiva de manutenção de um diferencial de juros interno e externo em níveis elevados, após o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizar que pode manter a taxa Selic congelada em 13,75% por mais tempo. No que foi interpretado como recado duro ao governo Lula, que teceu críticas a atuação do BC, o colegiado dedicou um parágrafo de seu comunicado para salientar que a "incerteza no campo fiscal" eleva "o custo de desinflação". Em um cenário alternativo, em que a Selic segue inalterada no chamado horizonte relevante da política monetária (que abrange 2024), o IPCA caminharia para a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
"O BC foi enfático ao mostrar preocupação com a questão fiscal. A Selic pode ficar em 13,75% por tempo prolongado e isso levou a queda do dólar aqui, porque garante taxa de juros mais atrativa", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, ressaltando que é cedo para falar em tendência mais forte de apreciação do real, uma vez que ainda há muito "ruído político" e dúvidas sobre a política fiscal.
"O BC desta vez foi bastante duro na comunicação e mostrou que parte fiscal precisa colaborar para que comece a cortar juros ainda em 2023. E juros mais altos levam o real a se valorizar", afirma o economista-chefe de RPS Capital, Victor Candido, observando que houve também o "vento positivo" vindo de fora com a postura mais amena do Fed.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, entrou hoje em campo nas negociações com o Congresso e, após encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que não é possível aprovar uma reforma tributária em menos de seis meses. Tebet afirmou também que o foco do Planejamento será a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), que deve caminhar junto com a aprovação da nova regra fiscal, que deve ser divulgada, segundo promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, até abril.
Em mensagem presidencial no início do ano legislativo, o presidente Lula afirmou que o governo vai "construir um novo regime fiscal para o Brasil" em substituição ao teto de gastos, com regras que "assegurem previsibilidade e credibilidade", e que a proposta será submetida ao Congresso "ainda no primeiro semestre".
Para o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, a mensagem do Copom ontem em seu comunicado foi direcionada aos políticos. "As expectativas de inflação mais longas estão subindo. Se não fosse o 'risco fiscal', o juro estaria em 10,50% e o câmbio a R$ 4,80", escreveu Weigt, no Twitter. (Antonio Perez - [email protected])
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.04540 -0.2984 5.05090 4.94080
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5072.500 -0.16729 5078.500 4963.500
DOLAR COMERCIAL 5100.000 -0.89507 5100.000 5100.000
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MERCADOS INTERNACIONAIS
Impulsionado pelo salto de 23% dos papéis da Meta, o Nasdaq se descolou do resto dos mercados acionários de Nova York e subiu mais de 3%, chegando a atingir o bull market durante a tarde. Por outro lado, os juros dos Treasuries se estabilizaram após a forte queda de ontem, à medida que aumenta a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) deve ceder à precificação do mercado e cortar juros ainda este ano, na contramão do discurso oficial da instituição. Essa expectativa também se aplica ao Banco Central Europeu (BCE) e ao Banco da Inglaterra (BoE) - o que vai de encontro com comentários dos dirigentes de ambos os BCs após as respectivas decisões de política monetária. Em reação, o euro e a libra se desvalorizaram hoje, o que favoreceu a cesta do dólar ante rivais.
O analista da Oanda Edward Moya comenta que o que está favorecendo o sentimento de risco em Wall Street é o aumento das ações da Meta. "Meta fez tudo certo ontem [na divulgação do balanço]. Eles registraram ganhos sólidos acima do esperado com resultados impressionantes de receita publicitária, cortaram despesas e anunciaram um enorme plano de recompra de ações de US$ 40 bilhões. No ajuste do fechamento, o índice Dow Jones caiu 0,11%, aos 34.053,94 pontos, o S&P 500 avançou 1,47%, aos 4.179,76 pontos, e o Nasdaq fechou em alta de 3,25%, aos 12.200,82 pontos. Papéis da Meta saltaram 23,28%. Amazon (+7,38%) e Alphabet (+7,28%) também tiveram ganhos robustos.
"Os mercados financeiros acreditam que a inflação cairá mais rapidamente do que o Fed está pensando atualmente. Com alguns traders esperando um corte de juros de meio ponto porcentual até o final do ano, os investidores estão lutando para voltar às ações de crescimento", acrescenta Moya. O chefe de fundos multiativos da Legal & General Investment Management, John Roe, comentou, ao The Wall Street Journal, que existe o risco de o presidente do BC americano criticar mais explicitamente os mercados financeiros e dizer que eles "cometeram um erro"."Foi quase como se a ausência de más notícias fosse suficiente para elevar os preços dos ativos", destaca Roe.
A mesma "esperança" está sendo vista do outro lado do Atlântico. Hoje, tanto o BCE quanto o BOE elevaram juros em 50 pontos-base. Em seguida, o presidente da instituição Andrew Bailey advertiu que os "riscos seguem altos" e que o BC inglês já "fez bastante com a taxa de juros, mas é muito cedo para declarar vitória". Já o presidente do BC do bloco da moeda comum, Christine Lagarde, destacou que, em todos os cenários, altas significantes de juros serão necessárias. "Não penso em cenário que não tenha uma alta de 50 pontos-base em março, só em caso extremo. Sabemos que não terminamos".
O economista-chefe da CMC Markets, Michael Hewson, acredita que, embora o tom de ambas as coletivas de imprensa pareça sugerir que os dois bancos centrais têm que ir mais longe no aumento das taxas, "os mercados parecem ter a visão de que estamos perto de um pico no que diz respeito às taxas, e mesmo que não tenhamos chegado lá, estamos próximos". . Ele também cita a mesma percepção com relação BC americano: "os mercados parecem que não acreditam nos BCs e acham que, mesmo que subam novamente, terão que cortar até o final do ano". Monitoramento do CME Group mostrava que, em dezembro, que a probabilidade mais alta (34,5%) é de que os juros nos EUA estejam na faixa entre 4,25% e 4,50% - o que representa um corte em relação à faixa atual, de 4,50% a 4,75%.
Neste contexto, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subiu a 4,108%, o da T-note de 10 anos tinha baixa de 3,403%, e do do T-bond ficou estável em 3,552%. Já o dólar recuava a 128,69 ienes, o euro baixava a US$ 1,0913 e a libra tinha queda a US$ 1,2239. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, sobe 0,47%, a 101,750 pontos.
O ING destaca que é possível perceber uma desconfiança dos mercados em relação à reiteração da retórica hawkish dos bancos centrais. Dessa forma, para a casa, outro grande rali do euro não deve acontecer antes do terceiro trimestre, já que as reuniões de março podem mostrar o Fed recuar contra a especulação de corte de taxa. Ademais, o BCE ainda luta para vender seus planos de aperto ao mercado.
O enfraquecimento do dólar, por sua vez, pressionou algumas commodities. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2023 fechou em baixa de 0,69% (US$ 0,53), a US$ 75,88 o barril, enquanto o Brent para abril, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em baixa de 0,81% (US$ 0,67), a US$ 82,17 o barril. Além disso, para a CMC Markets, os investidores de petróleo parecem não estar tão seguros quanto à percepção do mercado financeiro de que os grandes bancos centrais do planeta podem estar perto de interromper o ciclo de aperto monetário.(Letícia Simionato [email protected])
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BOLSA
A dissonância de sinal entre o Fed (dove) e o Copom (hawk), nas respectivas comunicações do dia anterior sobre as decisões de política monetária, desgarrou o Ibovespa de ganhos que chegaram a superar 3% nos melhores momentos e também no fechamento desta quinta-feira em Nova York, no índice que concentra as ações de 'crescimento', o Nasdaq, mais sensível ao nível de juros americano. Aqui, a referência da B3 se manteve em baixa na maior parte da sessão, após ter beliscado os 112.943,15 na máxima do dia, pela manhã, em avanço de cerca de 870 pontos ante o fechamento de ontem.
Se, nos minutos iniciais da sessão, o Ibovespa buscou máxima perto dos 113 mil pontos, passou a renovar mínimas a partir das 16h22, chegando a ceder, no pior momento, a linha dos 110 mil, no menor nível intradia desde 17 de janeiro. Assim, entre a mínima e a máxima de hoje, oscilou cerca de 3,2 mil pontos, atingindo no piso desta quinta-feira os 109.746,74.
No encerramento, o Ibovespa mostrava perda de 1,72%, aos 110.140,64 pontos, menor fechamento desde 16 de janeiro (109.212,66), saindo hoje de abertura aos 112.071,61 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 30,3 bilhões, um pouco mais fraco do que o do dia anterior. No mês, em baixa nessas duas primeiras sessões de fevereiro, o Ibovespa acumula perda de 2,90%. Na semana, o Ibovespa cede 1,94%, reduzindo o ganho deste começo de ano a 0,37%.
As ações de Vale e Petrobras, que juntas correspondem a cerca de 27% do índice, acentuaram perdas em direção à hora final dos negócios, recuando mais de 4,5% na sessão, em dia negativo para o petróleo e o minério de ferro. Com o desempenho ruim desta quinta-feira, Petrobras ON vira para o negativo no acumulado deste começo de ano (-1,89%), com Vale ON limitando o ganho de 2023 a 0,29%. Tanto Petrobras como Vale, assim como os grandes bancos, costumam concentrar o interesse do investidor estrangeiro, que vinha se mostrando comprador. Pelo peso conjunto na composição do índice, para onde essas ações vão, costumam carregar junto o Ibovespa.
"Todo o complexo de commodities, especialmente as metálicas, caiu forte hoje. Parece um pouco de refluxo da entrada intensa de estrangeiros nas últimas semanas, que parecem ter comprado ações de commodities aproveitando a reabertura da China, o que levou papéis como os de Vale, Gerdau e CSN Mineração a preços máximos do período recente. Há então uma realização desse movimento", diz Luiz Adriano Martinez, gestor de renda variável e sócio da Kilima Asset, para quem o ajuste desta quinta-feira derivou "mais de fluxo do que de fundamento", algo perceptível também no desempenho das ações de bancos, em alta apesar de números "não tão bons" do Santander, que abriu hoje a temporada de balanços das instituições financeiras.
Na ponta ganhadora do índice de referência da B3, destaque hoje para as companhias aéreas Gol (+13,12%) e Azul (+7,15%), beneficiadas pela apreciação do real frente ao dólar, em sessão na qual a moeda americana, no cômputo conjunto de Fed e Copom, chegou a ser negociada a R$ 4,94 na mínima do dia - no fechamento do segmento à vista, marcava R$ 5,0454, em baixa de 0,30%. O sinal oposto dos BCs trouxe descompressão ao câmbio, o que ofuscou hoje o efeito do aumento do querosene de aviação, da Petrobras, sobre as ações das aéreas.
No lado oposto do Ibovespa, BRF (-7,70%), CSN Mineração (-7,12%), Usiminas (-5,95%), Braskem (-5,67%) e CSN (-5,46%), além de Vale e Petrobras. O desempenho do setor de mineração e siderurgia refletiu na sessão a queda de 3,33% da commodity em Dalian, China, em dia marcado também por recuo do dólar ante o real.
Na B3, neste dia de ajuste aos sinais tanto do Fed como do Copom, o desempenho positivo dos grandes bancos à exceção de BB (ON -1,89%) - na largada da temporada de balanços trimestrais das instituições financeiras pelos números do Santander Brasil (Unit +0,18%) - foi o contraponto ao sinal negativo de outras ações de peso no Ibovespa, especialmente Vale (ON -4,62% no fechamento) e Petrobras (ON -4,74%, PN -4,63%).
No quadro mais amplo, ontem, após a decisão de política monetária do Federal Reserve, seu presidente "(Jerome) Powell passou mensagem mais 'dovish', suave, falando em expectativas de inflação ancoradas, o oposto do que tem acontecido aqui no Brasil, onde o BC endureceu o tom no comunicado do Copom (de ontem à noite) por conta de expectativas desancoradas", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Nos Estados Unidos, por outro lado, "a inflação está bem ancorada para dois, três anos adiante, convergindo para 2%", acrescenta o economista. "Powell falou também que não quer 'overtightening', ou seja, apertar demais a taxa de juros, embora tenha reconhecido que o processo de aumento não acabou, referindo-se à possibilidade de mais duas altas - a 'couple', conforme disse - para as próximas reuniões."
"Ao manter a Selic em 13,75% ao ano, o Copom mostrou ontem que o balanço de riscos ainda tem incerteza elevada. E que há possibilidade inclusive, num cenário de que a expectativa de desinflação em direção às metas não ocorra, de subir ainda a taxa de juros. Não é o cenário central, mas foi mais uma vez mencionado - acredito que para mostrar que o BC, como foi dito no texto, vai perseguir a convergência às metas do CMN (Conselho Monetário Nacional), e também trabalhar para ancorar as expectativas de longo prazo", diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 110140.64 -1.72468
Máxima 112943.15 +0.78
Mínima 109746.74 -2.08
Volume (R$ Bilhões) 3.03B
Volume (US$ Bilhões) 6.07B
18:33
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 110400 -2.04082
Máxima 113440 +0.66
Mínima 110110 -2.30