REAL E BOLSA SOBEM EM JANEIRO COM FLUXO, MAS FISCAL E META PESAM EM DIS NO MÊS

Blog, Cenário

O fluxo de recursos estrangeiros para o Brasil garantiu a alta do real e do Ibovespa no mês de janeiro. O fato de o País estar com preços 'descontados' em relação a pares, uma perspectiva de política monetária menos dura nos Estados Unidos e a aposta em uma retomada forte da atividade na China após o fim da política de Covid Zero foram os ingredientes para a boa performance de emergentes e, por consequência, do Brasil. Internamente, a expectativa com o plano fiscal do novo governo e uma relativa calmaria política após a transição e os primeiros dias de governo conturbados também ajudaram. Assim, o dólar chegou ao encerramento desta terça-feira com queda diária de 0,75% e mensal de 3,85%, aos R$ 5,0767. O Ibovespa subiu aos 113.430,54 pontos, valorização no dia de 1,03% e no mês de 3,37%. Ainda que tenham tido alívio hoje, com descarte de volta da TJLP pelo BNDES, compromisso com nova âncora fiscal e negativa de debate sobre a meta de inflação, os juros futuros acumularam prêmios no consolidado do mês. O pano de fundo são as dúvidas sobre o futuro das contas públicas do País na mudança de governo e ainda as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à meta de inflação e ao nível da Selic - cuja primeira decisão do ano será dada amanhã, mesmo dia do Federal Reserve. Em Nova York, a expectativa com um Fed menos hawkish e a chance de os EUA não entrarem em uma recessão alimentaram o apetite pelo mercado acionário. Assim, Dow Jones subiu 1,09% no dia e 2,83% no mês; S&P 500 ganhou 1,46% e 6,18%, respectivamente; e Nasdaq saltou 1,67% e 10,68%. O índice DXY desceu a 102,097 pontos, recuo diário de 0,17% e mensal de 1,35%. E a T-note de 2 anos cedeu a 4,199% - queda de 6 pontos-base hoje e 22 pontos em janeiro.

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

Após um início de pregão em alta, quando atingiu R$ 5,14 em meio à disputa técnica pela formação da última taxa Ptax de janeiro, o dólar à vista se firmou em baixa no fim da manhã em sintonia com perda de fôlego da moeda americana no exterior e passou a tarde oscilando ao redor de R$ 5,08. Com renovação sucessiva de mínimas nos últimos minutos do pregão, quando desceu até R$ 5,0712 (-0,86%) na esteira de máximas do Ibovespa, o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 31, cotado a R$ 5,0767, em queda de 0,75%.

Com o tombo de hoje, a moeda acumulou baixa de 3,85% em janeiro, mês marcado por valorização expressiva das divisas emergentes, impulsionadas pela reabertura da economia chinesa e apostas em altas menores de juros nos Estados Unidos. Como nas sessões mais recentes, operadores voltaram a relatar entrada de fluxo estrangeiro para ativos domésticos, em especial para ações.

Dados da economia americana divulgados hoje - como índice de custo de emprego e PMI de Chicago - reforçaram a aposta de que o Federal Reserve vai reduzir o ritmo de aperto e anunciar amanhã uma alta de 25 pontos-base na taxa básica de juros, para a faixa entre 4,50% e 4,75%. E já há quem veja possibilidade de o BC americano encerrar o ciclo de alta dos juros em março, dado o arrefecimento da inflação e da atividade nos EUA.

"O índice de custo do emprego nos EUA no quarto trimestre subiu 1% ante o terceiro, ligeiramente abaixo do esperado. É mais um dado que corrobora a ideia de que o Fed pode optar por elevar os juros em 25 pontos amanhã", diz a economista-chefe da Coface para América Latina, Patrícia Krause.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - chegou a operar em alta pela manhã, mas perdeu força à medida que investidores digeriam indicadores dos EUA e, quando o mercado local fechou, era negociado aos 102,105 pontos, em baixa de 0,17%. Em relação a divisas emergentes pares do real, o desempenho foi misto.

"Os indicadores de hoje são um bom balizador para a reunião do Fed, que, depois de uma alta de 25 pontos amanhã, pode até parar de subir em março e sinalizar que não vai mexer mais nos juros em 2023", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

Segundo analistas, o provável desenlace da chamada "super quarta", com decisão de política monetária aqui e nos EUA, sustenta uma visão positiva para o real. À desaceleração da alta de juros pelo Fed deve se somar não apenas a manutenção da taxa Selic em 13,75% como um tom ainda duro do colegiado no comunicado, dada a deterioração das expectativas de inflação reveladas pelo Boletim Focus e a indefinição na área fiscal.

Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participou hoje de encontro na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), sobre reforma tributária e contas públicas foram bem recebidas. O ministro pregou necessidade de reduzir o déficit primário neste ano, com eventual recomposição de receita via reoneração de combustíveis, e voltou a prometer divulgação de nova regra fiscal para abril.

Em contraposição ao desejo de Haddad, na primeira semana do ano, o governo publicou uma medida provisória prorrogando a isenção de impostos sobre álcool e a gasolina até dia 28 de fevereiro. O ministro disse que desde 1º de janeiro não discute o tema da reoneração de combustíveis. "Não ouvi de Lula novidades para a Fazenda", disse.

Para o operador de câmbio Hideaki Iha, da Fair Corretora, os estrangeiros parecem menos preocupados que os investidores locais com a incerteza no campo fiscal e a possibilidade de mudança da meta de inflação, sob ataque do presidente Lula. "Temos muitos problemas para serem resolvidos, mas não podemos esquecer que Selic a 13,75% estimula arbitragem de juros", diz Iha, para quem o dólar pode até operar pontualmente abaixo de R$ 5,00, caso haja continuidade de fluxo estrangeiro e o Fed "fale o que o mercado está querendo ouvir" amanhã. "Está todo mundo muito animado. Se vier uma surpresa, a reação pode ser bem negativa". (Antonio Perez - [email protected])

18:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.07670 -0.7488 5.14550 5.07120

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5099.000 -0.46848 5141.000 5094.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5099.000 -0.95183 5170.000 5096.000

BOLSA

O Ibovespa quebrou hoje sequência de três perdas e retomou a linha dos 113 mil pontos, após ter chegado na semana passada aos 114 mil, então nos melhores níveis desde novembro passado. Ao fim, em sessão positiva também para as três referências de Nova York, o índice da B3 avançou 1,03%, aos 113.430,54 pontos, entre mínima de 112.144,78 e máxima de 113.691,16 (+1,26%), saindo de abertura aos 112.273,01 pontos. Ainda moderado, o giro desta terça-feira ficou em R$ 25,4 bilhões.

Em janeiro, o Ibovespa conseguiu acumular ganho de 3,37%, o primeiro desde outubro, vindo de perdas de 2,45% em dezembro e de 3,06% em novembro. Em dólar, a referência da B3 fechou o mês aos 22.343,36 pontos, após ter encerrado o ano passado aos 20.783,06. Em forte retração nas duas primeiras sessões de 2023, o índice chegou a tocar os 19.105,61 pontos na moeda americana, com o dólar à vista atingindo no encerramento do dia 3 de janeiro o maior nível desde julho, na casa de R$ 5,45.

Com o apetite por risco prevalecendo nesta véspera de decisão sobre juros nos Estados Unidos e também no Brasil, apenas Vale (ON -0,49%) cedeu terreno entre as principais blue chips na B3, após recuo do minério na China nesta terça-feira. O dia também foi moderadamente negativo para Eletrobras (ON -0,12%) e para Banco do Brasil (ON -0,27%). Na ponta ganhadora da sessão, destaque para Cogna (+10,19%), Hapvida (+9,57%), Yduqs (+7,16%) e Dexco (+6,95%), com Assaí (-5,44%), JBS (-3,97%) e Klabin (-1,78%) no lado oposto. Petrobras subiu hoje 1,62% (ON) e 1,24% (PN). Na semana, o Ibovespa avança 0,99%.

"A Bolsa fechou o mês com melhora razoável. Não há grandes motivos para uma realização, com ruídos políticos acalmados e nada que desagrade muito ao mercado. Há fluxo estrangeiro para cá, com o humor lá fora em recuperação, ajudando não só a Bolsa mas também o câmbio, por aqui", diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos. Hoje, véspera de decisão do Fed sobre juros, o dólar à vista fechou em baixa de 0,75%, a R$ 5,0767.

Em relatório, a Guide Investimentos aponta que "nos últimos dias tem chamado atenção o forte fluxo comprador de investidores estrangeiros". "Acreditamos que o fluxo se deve ao valuation baixo das ações no Brasil além do maior crescimento econômico (menor risco de recessão) e chances de redução de juros ainda em 2023", observa a casa, acrescentando que a situação dos mercados desenvolvidos (como EUA, zona do euro, Inglaterra) é bem diferente desta". A Guide destaca, no relatório, que os lucros das empresas vêm crescendo no Brasil e que o mercado local é favorecido também pela recuperação de preços das commodities.

De acordo com dados divulgados hoje pela B3, até o dia 27 os investidores estrangeiros aportaram R$ 10,899 bilhões na Bolsa, em janeiro. O montante é resultado de compras acumuladas de R$ 277,301 bilhões e vendas de R$ 266,401 bilhões. No dia 27, quando o Ibovespa fechou em queda de 1,63%, aos 112.316,16 pontos, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 976,074 milhões na B3.

No Brasil, do início de janeiro para cá, a percepção de risco foi se inclinando em direção melhor após os primeiros sinais, desencontrados, na largada do novo governo especialmente com relação às contas públicas. Hoje, além da ajuda proporcionada pelo avanço dos índices de Nova York nesta véspera de deliberação do Fed sobre os juros americanos, o mercado recebeu bem nova participação do ministro Fernando Haddad (Fazenda) em reunião da Febraban, após os comentários do dia anterior sobre "harmonizar" as políticas monetária e fiscal.

"Haddad disse que o governo trabalha para diminuir o déficit primário este ano, e deu indicação de que a desoneração sobre os combustíveis termina mesmo em fevereiro. Com isso, os juros futuros caem e o dólar se manteve abaixo de R$ 5,10", diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.

Em revisão de cenário hoje, a Bradesco Asset reduziu a estimativa de déficit do governo central de R$ 180 bilhões para R$ 150 bilhões em 2023, trabalhando com déficit de R$ 125 bilhões em 2024. As previsões foram alteradas com o anúncio de medidas de ajuste pelo governo, diz nota assinada pelo economista-chefe, Marcelo Cirne de Toledo.

"Se por um lado traz efeito para a inflação, por outro a perspectiva de reoneração dos combustíveis melhora a arrecadação, contribuindo para o fiscal. Lá fora, nos Estados Unidos, a leitura da manhã sobre dados de salários, acompanhados de perto pelo Fed, foi positiva para o mercado, corroborando a ideia de uma inflação que já vinha dando sinais de moderação. Na prática, não muda nada para o Fed de amanhã, mas é uma impressão positiva, na margem, o que contribuiu para o apetite por risco hoje, em Nova York", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.

O índice de custo de emprego dos EUA subiu 1,0% no quarto trimestre de 2022, em comparação com o terceiro trimestre do mesmo ano, segundo dados com ajustes sazonais publicados hoje pelo Departamento do Trabalho. Analistas consultados por The Wall Street Journal esperavam alta levemente maior, de 1,1%.

Aqui, na primeira semana do ano, o novo governo publicou medida provisória prorrogando a isenção de impostos sobre álcool e a gasolina até dia 28 de fevereiro. A desoneração foi determinada ainda no governo Bolsonaro e tinha como prazo final 31 de dezembro passado. Hoje, Haddad disse que desde 1º de janeiro não discute mais o assunto da reoneração de combustíveis. "Não ouvi de Lula novidades para a Fazenda", respondeu o ministro nesta terça-feira, ao ser questionado sobre o tema. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Renata Pedini)

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 113430.54 1.031

Máxima 113691.16 +1.26

Mínima 112144.78 -0.11

Volume (R$ Bilhões) 2.53B

Volume (US$ Bilhões) 4.97B

18:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 113970 0.8138

Máxima 114265 +1.07

Mínima 112495 -0.49

JUROS

A última sessão de janeiro foi de alívio nos prêmios de risco na curva de juros, com o mercado à espera dos principais eventos da semana: as reuniões do Copom e do Federal Reserve amanhã. Num dia de agenda fraca, a sinalização do governo para a política fiscal agradou nesta véspera da decisão sobre a Selic. Do exterior, foram bem recebidos dados da economia da China, enquanto nos Estados Unidos a expectativa de que o Fed deve desacelerar o ritmo de alta de juros foi endossada por indicadores mais fracos de atividade. O dólar teve queda generalizada e os rendimentos dos Treasuries cederam, favorecendo o ajuste de baixa nos juros, que, no entanto, acumularam alta ao longo do mês.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou com taxa de 13,54%, de 13,55% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,87% para 12,84%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,83%, de 12,85%. A taxa do DI para janeiro de 2029 terminou a sessão em 13,00%, de 13,05%. No acumulado de janeiro, a ponta curta abriu em torno de 15 pontos-base e a longa, pouco mais de 20 pontos.

As taxas até chegaram a operar em alta moderada em alguns momentos do dia, mas o que prevaleceu foi o sinal de baixa, amparado principalmente no aumento do apetite ao risco no exterior. O PMI Industrial da China (50,1) em janeiro cruzou a linha de 50 que denota expansão da atividade, o que favorece a perspectiva para as commodities, sendo o Brasil um grande exportador.

Adicionalmente, nos Estados Unidos, caíram o índice de confiança do consumidor, o índice de gerentes de compras, enquanto o que mede o custo do emprego cresceu menos do que o esperado. No conjunto, reforçaram a ideia de que há espaço para o Fed reduzir o ritmo de alta de juros na reunião de amanhã, para 25 pontos-base.

Com isso, o dólar ficou enfraquecido, voltando no Brasil a operar na casa de R$ 5,07 nas mínimas do dia. As taxas dos Treasuries também arrefeceram, com a da T-Note de dez anos voltando a 3,51% no fim da tarde.

Para a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, as expectativas para as decisões do Fed e Copom estão bem precificadas, com apostas de manutenção da Selic e aumento de 25 pontos no juro americano, mas os comunicados geram certa ansiedade. Para o Copom, em especial, o mercado quer saber se e como o BC vai reagir às recentes críticas do presidente Lula e outros integrantes do governo aos níveis elevados de juros e às atuais metas de inflação. "O governo está batendo no BC e o mercado espera uma resposta, mas que poderá não vir", afirma Veronese.

Apesar das críticas de Lula às metas, lidas como intenção de ajustá-las para cima, hoje o secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que "a meta de inflação não é um tema em debate na pasta". Segundo ele, o ministério tem concentrado as atenções no novo arcabouço fiscal e na reforma tributária.

Após acenar ontem para a indústria em encontro na Fiesp, hoje o ministro Fernando Haddad se reuniu hoje com pesos pesados do mercado financeiro, no Conselho da Febraban, para tratar da questão do crédito, reforçar aposta do governo na reforma tributária e tranquilizar os agentes sobre a política fiscal. Afirmou que a nova regra já está contratada e que a equipe econômica está formulando a proposta que deverá ser apresentada até abril.

Disse ainda que a redução do déficit previsto para 2023 é uma grande preocupação do governo com relação à inflação, dentro do contexto de desoneração de tributos federais sobre combustíveis.

Segundo ele, desde 1º de janeiro não discute mais o assunto. "Não ouvi de Lula novidades para a Fazenda", disse ao ser questionado sobre o tema. A medida provisória que prorroga a isenção de impostos sobre álcool e a gasolina é válida até dia 28 de fevereiro. O governo está no dilema entre estender a isenção, prejudicando a arrecadação, ou voltar a cobrar os impostos, gerando pressão sobre a inflação.

Por fim, o mercado também gostou de ouvir do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que a retomada da Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP), acusada de enfraquecer a política monetária, não está nos planos da instituição. Mercadante descartou ainda que o banco possa receber aportes do Tesouro, o que também alivia no mercado o risco de medidas parafiscais.

"Num dia de agenda esvaziada, um conjunto de declarações como esse acaba agradando", diz Veronese, destacando ainda que Mercadante defendeu que o governo melhore sua comunicação sobre as ações econômicas, como forma de reduzir o juro de longo prazo.

O Tesouro Nacional realizou hoje leilões de venda de NTN-B e LFT. Da oferta de 1,4 milhão de NTN-B, vendeu quase tudo (1,255 milhão), com risco para o mercado (DV01) calculado em US$ 598 mil, de US$ 510 mil no leilão da semana passada, segundo a Necton. As taxas saíram dentro do consenso, com exceção da NTN-B 2033, que ficou acima. No Twitter, o especialista em renda fixa Alexandre Cabral afirmou que as taxas da NTN-B 2033 e 2050 foram as maiores do ano. "Volume excelente, mas as taxas me assustaram", disse. O giro financeiro somou R$ 5,05 bilhões. Já o leilão de LFT foi fraco, com venda de 365.450 títulos, menos da metade da oferta de até 750 mil nos vencimentos de 1/3/2026 e 1/3/2029. (Denise Abarca - [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em "modo espera" pela decisão do Federal Reserve (Fed) amanhã, que preocupa por poder trazer sinalizações hawkish sobre os próximos passos do banco central, os mercados acionários em Wall Street ganharam fôlego hoje e confirmaram um janeiro positivo. Na sessão desta terça-feira, as bolsas de Nova York foram ajudadas pela desaceleração do índice de custo do emprego dos Estados Unidos - que representa mais um indicativo de que a inflação americana está arrefecendo. Também em reação, os juros dos Treasuries oscilaram ao longo da sessão, mas, por fim, acabaram caindo, assim como o dólar. Balanços corporativos também continuam em foco, como o da petroleira ExxonMobil, Caterpillar e General Motors. O óleo, por sua vez, subiu no mercado futuro, favorecido pela informação do Departamento de Energia (DoE) de que a produção de petróleo nos EUA caiu em novembro.

"As ações dos EUA estão se recuperando depois de dados econômicos que sugerem que as tendências de desinflação devem permanecer por um tempo. Wall Street está lentamente ficando confiante de que o aumento da taxa de juros do Fed pode acabar sendo o último neste ciclo de aperto", analisa Edward Moya, da Oanda.

Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, o índice de custo de emprego desacelerou de 1,2% para 1,0% no quarto trimestre de 2022, em comparação com o terceiro trimestre do mesmo ano. "Alguns analistas temeram que pudéssemos ver uma leitura tão alta quanto 1,5%, então este relatório apoia a ideia de que as tendências de desinflação devem permanecer. A leitura do índice de custo de emprego é uma das principais estatísticas que o presidente do Fed, Jerome Powell, segue, então os mercados rapidamente reduziram as apostas de aumento da taxa de março", acrescenta Moya.

Dessa forma, o Dow Jones subiu 1,09%, a 34.086,04 pontos; o S&P 500 avançou 1,46%, a 4.076,60 pontos; e o Nasdaq teve alta de 1,67%, a 11.584,55 pontos. No mês de janeiro, os ganhos foram de cerca de 2,8%, 6,0% e 10,6%, respectivamente. O do Nasdaq foi o maior porcentual desde julho do ano passado. Papéis da ExxonMobil subiram 2,16%, mesmo após receita da empresa frustrar previsões de analistas. Os da General Motors saltaram 8,35%, com o balanço mostrando que a companhia superou a previsão de lucro. Além disso, ações da Caterpillar perderam 3,52%, depois de mostrar queda no lucro líquido. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos recuava a 4,199%, o da T-note de 10 anos tinha baixa de 3,503% e do do T-bond caía a 3,627%.

O Citi comenta que, embora dados salariais mais suaves sejam reconfortantes para o Fed, o aperto contínuo no mercado de trabalho representa um risco de alta para os salários em janeiro. Hans Olsen, diretor de investimentos da Fiduciary Trust Company, pondera ao The Wall Street Journal (WSJ) que, com o desemprego em 3,5% e a economia ainda criando mais de 200 mil empregos por mês, é muito prematuro sugerir que o trabalho do Fed está concluído. "As expectativas dos investidores estão se antecipando um pouco,estamos nos estágios iniciais de normalização da inflação", destaca.

No câmbio, o dólar recuava a 130,21 ienes, o euro avançava a US$ 1,0869 e a libra tinha baixa a US$ 1,2320. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, caiu 0,17%, a 102,097 pontos. Na variação mensal, o índice recuou cerca de 1,40%. O Brow Brothers Harriman comenta que espera um tom muito hawkish do Fed. "Com os riscos para as taxas dos EUA ponderados para cima, é provável que o dólar se beneficie de qualquer reavaliação do mercado de títulos da política do Fed", diz o banco. Ivan Asensio, do Silicon Valley Bank, destaca ao WSJ que ultimamente o dólar não está recebendo tanta influência do aumento das taxas e da aversão ao risco. "No ano passado, era tudo sobre o Fed e os EUA. Este ano é sobre o que está acontecendo no exterior e, a propósito, estamos esperando por dois grandes aumentos de 50 pontos-base do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE). Se isso acontecer, a taxa de juros diferencial encolhe ainda mais", afirmou.

Além do dólar fraco, o petróleo também foi beneficiado após dados indicarem que produção de óleo dos Estados Unidos recuou de 12,410 milhões de barris por dia (bpd) em outubro para 12,375 milhões de bpd em novembro, uma queda de 0,28%. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março fechou em alta de 1,24% (US$ 0,97), a US$ 78,87 o barril, enquanto o Brent para abril, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 1,14% (US$ 1,90), a US$ 84,50 o barril. Na variação mensal, o WTI registrou perdas em torno de 2% e o Brent baixa marginal em torno de 0,1%.(Letícia Simionato - [email protected])

Gostou do post? Compartilhe:
Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?