TEMOR DE RECESSÃO PESA EM NY E TRAZ CAUTELA, APROFUNDADA LOCALMENTE COM FALAS DE LULA

Blog, Cenário

Se pela manhã a percepção era de que as quedas do varejo e da produção industrial nos Estados Unidos embasariam uma postura menos dura do Federal Reserve (Fed, o BC americano), à tarde emergiu a visão de que esses indicadores podem anteceder uma recessão na maior economia do planeta. Também na segunda etapa dos negócios o Livro Bege alertou que a inflação alta continuou a reduzir o poder de compra dos consumidores e que o mercado de trabalho segue apertado, o que embasaria uma política monetária apertada por um período mais extenso, como sinalizou hoje o presidente do presidente da Fed em St. Louis, James Bullard. Assim, o alívio da deflação do índice de preços ao produtor (PPI) ficou no passado, e as bolsas de Nova York tiveram perdas fortes - Dow Jones caiu 1,81%, S&P 500 cedeu 1,56% e Nasdaq recuou 1,24% - e o dólar ganhou força externa. Aqui no Brasil, temores relacionados à política fiscal, dada a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de rever a tabela do Imposto de Renda e a defesa de que o valor do salário mínimo tem de acompanhar o crescimento do PIB, pesaram adicionalmente nos ativos locais. A Bolsa aparou os ganhos de mais cedo, com os setores mínero-metalúrgico e financeiro segurando a alta do índice. Com salto de Vale (+1,31%) e CSN (+3,16%) na esteira da valorização do minério de ferro, o Ibovespa subiu aos 112.228,39 pontos (+0,71%). A recuperação dos papéis de bancos, prejudicados nos últimos pregões pela crise das Americanas, também deu fôlego ao mercado de ações brasileiro hoje. O papel do BTG Pactual avançou 2,21%, após conseguir bloquear cerca de R$ 1,2 bilhão em recursos da varejista, que derreteu 8,42%. O dólar virou para o positivo à tarde, para encerrar em alta de 1,12%, aos R$ 5,1626, no segmento à vista. Nos juros futuros, a maioria das taxas subiu.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Renovados temores de recessão da economia americana contaminaram o sentimento de risco nos mercados acionários de Nova York, na segunda metade da sessão desta quarta-feira. Dessa forma, os juros dos Treasuries e petróleo caíram, ao passo que o índice DXY do dólar conseguiu se fortalecer ao longo dia. Apesar de o índice de preços ao consumidor (PPI) ter desacelerado, dados de varejo e de produção industrial caíram mais que o esperado, ao mesmo tempo em que reverberam notícias de redução de pessoal por parte de empresas que temem a desaceleração econômica. Enquanto dirigentes do Federal Reserve (Fed) continuam ressaltando a importância da continuidade de aperto monetário, o Livro Bege mostrou que os empresários acreditam que alta inflação continua a reduzir o poder de compra dos consumidores.

"As ações dos EUA caíram depois que os traders digeriram leituras econômicas mais fracas que estão aumentando as preocupações com o crescimento. O rali 'más notícias são boas notícias' perdeu força quando os investidores começaram a perceber que uma recessão pode estar chegando", analisa Edward Moya, da Oanda. Segundo ele, os riscos estão aumentando após um declínio do PPI maior do que o esperado, uma grande redução nas vendas de varejo e queda na produção industrial. "A economia está claramente em modo de desaceleração e os temores de crescimento serão difíceis de abalar daqui para frente", acrescentou Moya.

O PPI dos EUA teve uma inesperada desaceleração em dezembro ante novembro, enquanto as vendas no varejo americano sofreram queda mensal de 1,1% em dezembro, acima do esperado. Para a Capital Economics essa queda nas vendas no varejo indica que a economia americana deve entrar em recessão no primeiro semestre. A Stifel faz análise semelhante: "sem consumidores felizes e saudáveis gastando no mercado, no contexto de uma trajetória presumivelmente contínua de alta nas taxas de juros, o crescimento negativo provavelmente retornará mais cedo ou mais tarde, aumentando a possibilidade de recessão". Ademais, a produção industrial dos Estados Unidos caiu 0,7%, acima do esperado. O Wells Fargo destaca que o setor manufatureiro do país "já está em recessão".

"Esta [dados de hoje] foi uma boa notícia para o Fed", disse Sam Millette, estrategista da Commonwealth Financial Network, ao The Wall Street Journal. "A desaceleração da demanda e a da inflação ao produtor no final do ano são um sinal positivo de que a política monetária mais restritiva está tendo um impacto real no combate à inflação". O ING avalia ainda que a atividade fraca e o rumo da inflação reforçam alta de 25 pontos-base pelo Fed em fevereiro.

Hoje, o presidente da distrital do BC americano em St. Louis, James Bullard, afirmou que a instituição deve se mover rapidamente até atingir os 5% nos juros básicos. Ele alertou que a inflação irá desacelerar em 2023, mas não "tão rapidamente e drasticamente" quanto o mercado espera. Dessa forma, para ele, o BC americano deve se manter mais hawkish para garantir que a inflação está sob controle. Já Loretta Mester, também dirigente do Fed, disse que evidências crescentes de que a alta inflação está finalmente diminuindo mostram que os fortes aumentos nas taxas de juros estão funcionando conforme o planejado, mas ainda são necessários novas altas. Presidente da distrital de Filadélfia, Patrick Harker, por sua vez, ressaltou que aumentos de 25 pontos-base nos juros serão apropriados daqui para frente.

Investidores também analisaram o Livro Bege do Fed, que mostrou que a alta inflação continua a reduzir o poder de compra dos consumidores, e que a empregabilidade cresceu de forma modesta a moderada na maior parte dos distritos nos Estados Unidos. Na opinião da Oxford Economics, não há nada no Livro Bege que tire o Fed de seu atual curso de política.

Neste cenário, o índice Dow Jones registrou queda de 1,81%, aos 33.296,96 pontos, o S&P 500 caiu 1,56% aos 3.928,84 pontos e o Nasdaq recuou 1,24%, aos 10.957,01 pontos. No front corporativo, a Microsoft disse que demitirá 10 mil funcionários até fim do terceiro trimestre, tornando-se a mais recente gigante de tecnologia a anunciar uma rodada adicional de cortes em meio a preocupações com a saúde da economia global. Também com temor pela possibilidade de recessão, de acordo com a Bloomberg, o Bank of America (BofA) começou a orientar os executivos a pausar as contratações, exceto para os cargos mais vitais. Papéis de ambas as empresas caíram 1,89% e 2,32%, respectivamente.

Na renda fixa, por volta das 18h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos recuava a 4,089%, o da T-note de 10 anos cedia a 3,384%, e o do T-bond de 30 anos baixava a 3,538%. O índice DXY, que mede a divisa americana ante seis rivais fortes, caiu 0,03%, aos 102,363 pontos. O dólar subiu a 128,84 ienes, o euro avançava a US$ 1,0794 e a libra teve alta a US$ 1,2340.

Os contratos futuros mais líquidos do petróleo também fecharam em baixa, em meio à aversão ao risco e fortalecimento do dólar. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março fechou em baixa de 0,81% (US$ 0,65), a US$ 79,80 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em baixa de 1,09% (US$ 0,94), a US$ 84,98 o barril.

Por outro lado, relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) indicou que a demanda do óleo poderá atingir níveis recordes com a rápida reabertura da China. Já segundo a Moody's, a previsão é de que os preços médios do petróleo bruto permaneçam abaixo da média de US$ 100 o barril, mas que exceda a faixa de médio prazo de US$ 50 a US$ 70 por barril. De acordo com análise, a trajetória do preço da commodity segue incerta e depende de resultados econômicos nas principais economias.

Apesar de o dia ter sido norteado pela possibilidade de desaceleração global, o Citigroup cortou a probabilidade de que a economia mundial entre em recessão, de 50% para 30%, devido ao relaxamento das restrições contra a covid-19 na China, da resiliência na atividade americana e dos sinais de que a zona do euro será capaz de evitar uma crise energética mais grave.(Letícia Simionato - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa contrariou as bolsas de Nova York e os demais ativos domésticos e encerrou o dia com ganho de 0,71%, aos 112.228,39 pontos, a segunda alta consecutiva no fechamento. Enquanto a queda dos preços do petróleo pesou sobre os papéis da Petrobras, empresas ligadas a commodities metálicas tiveram desempenho positivo e ajudaram a sustentar o índice. A recuperação dos papéis de bancos, prejudicados nos últimos pregões pela crise das Americanas, também deu fôlego à Bolsa brasileira hoje.

Na manhã, dados de atividade e inflação ao produtor mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos reforçaram a expectativa de desaceleração do ritmo de aperto monetário no país e levaram o índice a operar acima dos 113 mil pontos, até a máxima de 113.306,24 pontos (+1,68%), alcançada às 12h45. Mas, no período da tarde, o temor de que os indicadores prenunciem uma recessão prevaleceram e levaram a uma queda das bolsas dos Estados Unidos, que limitaram o desempenho do Ibovespa.

O cenário doméstico também contribuiu para reduzir o ímpeto da Bolsa brasileira, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciar a criação de um grupo interministerial para elaboração de uma política de valorização do salário mínimo. Em evento com sindicalistas para discutir o tema, o petista defendeu que o piso salarial tem de crescer de acordo com a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e reiterou a promessa de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda para abarcar quem recebe até R$ 5 mil.

“Vários ativos globais pioraram principalmente depois do meio dia, refletindo também o discurso do [presidente do Fed de St. Louis, James] Bullard, que sugeriu que, se o Fed for errar, vai errar do lado de apertar demais a política monetária”, nota o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. “Houve uma ‘azedada’ a nível global, mas as falas de Lula quanto ao salário mínimo sinalizaram maior intervenção na economia e uma nova piora na perspectiva fiscal e fizeram acelerar a tendência do exterior.”

Esse cenário enfraqueceu o Ibovespa, mas não foi suficiente para impedir que a Bolsa brasileira registrasse o segundo dia seguido de ganhos. A expectativa pela reabertura da economia chinesa manteve o vetor positivo para o minério de ferro e beneficiou as empresas relacionadas às commodities metálicas, com destaque para Vale (+1,31%), Gerdau (+3,28%), CSN (+3,16%) e Usiminas (+2,39%). O índice setorial de materiais básicos subiu 0,99%, no segundo pregão seguido de fortalecimento.

Os papéis dos bancos também mantiveram a tendência de recuperação, amparados pelo fluxo de capital estrangeiro que retornou à Bolsa brasileira após os temores com a exposição das empresas à Americanas. O índice setorial financeiro encerrou o dia em alta de 1,32%, liderado por Santander (+2,78%) e BTG Pactual (+2,21%), que garantiu na Justiça o bloqueio de R$ 1,2 bilhão em recursos da varejista.

Na ponta negativa do índice, as quedas de 0,81% do petróleo WTI para fevereiro e de 1,09% do Brent para março penalizaram os papéis da Petrobras, que cederam 1,76% (PN) e 1,28% (ON), enquanto o mercado aguarda detalhes sobre a reunião do futuro presidente da empresa, Jean Paul Prates (PT), com diretores da petroleira hoje. O analista da Empiricus Research Matheus Spiess afirma que o noticiário político também pesou sobre a empresa, controlada pelo governo federal.

“Como houve um murmúrio político grande com as falas das centrais sindicais, o investidor acaba encontrando um motivo para realizar a Petrobras”, diz Spiess, para quem a empresa ainda pode se beneficiar de novos ganhos do petróleo à frente. (Cícero Cotrim - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112228.39 0.70825

Máxima 113306.24 +1.68

Mínima 111441.08 0.00

Volume (R$ Bilhões) 3.80B

Volume (US$ Bilhões) 7.46B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112985 0.4088

Máxima 114330 +1.60

Mínima 112835 +0.28

CÂMBIO

O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira, 18, em alta de 1,12%, a R$ 5,1626, insuflado por receio de piora fiscal, na esteira de declarações do presidente Lula sobre salário mínimo e imposto de renda, e pelo fortalecimento da moeda americana frente a divisas emergentes diante dos temores de recessão nos EUA. O dia foi marcado por extremos, com oscilação de mais de 10 centavos entre a mínima (R$ 5,0668), na primeira etapa do pregão, e a máxima (R$ 5,1743), à tarde. A despeito do repique hoje, o dólar ainda acumula baixa superior a 2% em janeiro.

Pela manhã, o real se apreciou alinhado à onda externa de apetite ao risco que dominava os negócios. A queda de 0,5% do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos EUA em dezembro (ante previsão de +0,1%) reforçou as apostas em uma postura mais branda do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) na condução do aperto monetário. Também jogava a favor da moeda brasileira a valorização de commodities, com o petróleo em alta superior 2%.

Ao longo da tarde, contudo, o quadro externo se deteriorou. A moeda americana zerou baixa frente a pares fortes e se firmou em alta em relação a emergentes. As bolsas em Nova York aprofundaram perdas e renovaram mínimas, enquanto o petróleo trocou de sinal. O contrato do Brent para março fechou em queda de 1,09%, a US$ 84,98 o barril. Em vez do alívio com arrefecimento da inflação, falou mais alto o medo de um quadro recessivo nos EUA, dado o recuo acima do esperado das vendas no varejo e na produção industrial em dezembro. Principal falcão do BC americano, o presidente da distrital de St. Louis do Fed, James Bullard, voltou a dizer que a taxa básica tem que atingir rapidamente os 5% e projetou Fed Funds entre 5,25% e 5,5% no fim do ano.

"O mercado se animou com dados de inflação, reforçando hipótese de que o Fed não precisará subir juros depois da alta na próxima reunião. Mas a notícia de que um grande banco americano vai congelar contratações afetou as bolsas em Nova York e trouxe aversão ao risco, contaminando os mercados emergentes", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, em referência à informação de que o Bank of America (BofA) orientou executivos a frearem contratações em antecipação a uma possível retração da economia.

À virada do humor no exterior somou-se desconforto com fala de Lula após encontro com centrais sindicais para debate sobre o novo salário mínimo. Primeiro veio o anúncio da criação de um grupo de trabalho interministerial com prazo de até 90 dias para propor uma política de valorização do salário mínimo. Lula disse que o "mínimo tem que crescer conforme o PIB". O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o atual salário mínimo de R$ 1.302 valerá pelo menos até maio

Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, há uma queda de braço no Planalto, com a ala política pregando um mínimo em 2023 maior do que os R$ 1.320,00 previstos no Orçamento. Argumenta-se que a despesa com reajuste mais elevado poderia ser custeada com parte do corte de R$ 50 bilhões em gastos propostos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada.

Lula foi além do debate sobre o salário mínimo e garantiu que fará mudanças no Imposto de Renda para aumentar a faixa de isenção para quem recebe até R$ 5 mil, como prometido na campanha eleitoral. "Vamos mudar a lógica, diminuir imposto para o pobre e aumentar para o rico. Vamos colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda", disse o presidente.

Nas mesas de operação, comenta-se que as declarações de Lula mostram força da ala política do Planalto e dificultam a tentativa de Haddad de dar credibilidade à gestão das contas públicas. Ontem, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, Haddad disse que o debate sobre o novo arcabouço fiscal será aberto em fevereiro e que a regra será apresentada, no máximo, até o fim de abril. O ministro prega o fatiamento da reforma tributária: discussão a respeito da incidência de tributos sobre consumo no primeiro semestre e apreciação do imposto de renda, incluindo lucros e dividendos, no segundo.

"As falas de Lula reverteram o otimismo do mercado e levaram o dólar para as máximas. O ceticismo quanto ao controle fiscal ainda pesa no mercado", afirma o diretor de produtos da Venice Investimentos, André Rolha, ressaltando que o real tem se beneficiado neste início do ano do aumento dos preços de commodities, com a reabertura da China diminuindo o receio de desaceleração mais forte da economia global.

Dados do fluxo cambial divulgados à tarde pelo BC comprovaram relatos de operadores e analistas de forte retorno do apetite do estrangeiro por ativos locais. Na semana de 9 a 13 de janeiro, houve entrada líquida de US$ 1,048 bilhão pelo canal financeiro. Como saiu US$ 1,729 bilhão via comércio exterior, o saldo cambial total acabou negativo em US$ 681 milhões no período. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.16260 1.1184 5.17430 5.06680

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5203.000 1.74032 5203.000 5078.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5199.500 1.04324 5199.500 5115.000

JUROS

Os juros futuros não sustentaram a queda vista na primeira etapa dos negócios, invertendo o sinal no começo da tarde. As taxas curtas fecharam estáveis e as demais, em alta. A piora do mercado teve componentes internos e externos. Lá fora, dados fracos da economia norte-americana seguidos pelo discurso "hawkish" do presidente da Fed em St. Louis, James Bullard, trouxeram aversão ao risco, ajudando também na virada do dólar para cima. Aqui, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abordando mudanças na tabela do Imposto de Renda e volta da política de valorização do salário mínimo atrelada ao PIB, foram vistas como "populistas" e na contramão da sinalização de austeridade fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,47%, de 13,48% ontem no ajuste, e a do DI janeiro de 2025, em 12,58%, de 12,51% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,45%, de 12,36% ontem. A taxa do DI janeiro de 2029 avançou de 12,47% para 12,55%.

Pela manhã, as taxas davam sequência ao alívio de prêmios visto ontem, alinhadas ao comportamento favorável do câmbio, com o dólar em baixa e chegando à casa dos R$ 5,06 nas mínimas do dia, no aguardo do desfecho da reunião que Lula teria com as centrais sindicais e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. No começo da tarde, o recuo das taxas começou a perder força até que viraram para cima, assim como o dólar ante o real.

Um dos gatilhos foi o ambiente externo, ampliadas as tensões sobre a economia norte-americana, primeiramente com os dados fracos da inflação no atacado e de atividade nos Estados Unidos, abaixo do consenso. Num segundo momento, o efeito nos ativos se potencializou com Bullard defendendo que o Fed mova os juros "rapidamente" em direção aos 5%. "Preferimos errar pelo lado de mais aperto monetário", disse Bullard, para quem a inflação irá desacelerar em 2023, mas não "tão rapidamente e drasticamente" quanto o mercado espera.

Adicionalmente, outros sinais negativos para a economia dos EUA foram a orientação do Bank of America (BofA) a seus executivos para pausar as contratações, enquanto tenta conter os custos e se preparar para uma possível crise, e o anúncio da Microsoft de que demitirá 10 mil funcionários até o fim do terceiro trimestre.

Indicativo da busca pela segurança, o rendimento dos Treasuries de dez anos despencava a 3,37% no fim da tarde, ante nível de 3,54% ontem. Os títulos do Tesouro americano também foram influenciados pelo leilão de US$ 12 bilhões em T-bonds de 20 anos do Departamento do Tesouro dos EUA, com demanda acima da média.

Mal o mercado digeria a piora externa, vieram as declarações de Lula, avaliadas como inconsistentes com o plano de ajuste fiscal da Fazenda. Lula garantiu que fará mudanças no Imposto de Renda, para aumentar a faixa de isenção a quem recebe até R$ 5 mil, e defendeu a política de valorização do salário mínimo atrelada ao crescimento da economia. "Vamos colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda", afirmou. Dado que o IPI deve ser extinto e que o fim da desoneração dos combustíveis é uma questão em aberto, a mudança no IR eleva a pressão negativa sobre as receitas.

O valor de R$ 1.302 será válido, a princípio, até maio, mas antes disso pode ser revisado, segundo Marinho. Um grupo de trabalho (GT) interministerial vai formatar a política de reajuste, que deve voltar a utilizar o crescimento da economia como métrica para correção acima da inflação. Um aumento para R$ 1.320, como consta no Orçamento aprovado pelo Congresso, a partir de maio traria impacto extra de R$ 4,3 bilhões em 2023 às contas públicas. Pelos cálculos da equipe econômica, cada R$ 1 de aumento no piso das remunerações tem custo bruto de R$ 389,8 milhões ao ano nas despesas do Governo Central (Tesouro, Banco Central e Previdência).

"Haddad vem usando um tom mais austero nas sinalizações em Davos, mas sabe-se que a última palavra não é dele. Lula quer gastar no modo tiro de canhão, enquanto o pacote de Haddad deve arrecadar a conta-gotas", disse a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, para quem as declarações do mandatário hoje tiveram caráter "populista". (Denise Abarca - [email protected])

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